quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Gandhi, um grande filme para homenagear um grande homem
"Deus é verdade", Gandhi.
Mais um daqueles filmes imperdíveis.
O ator Ben Kingsley está magnífico no papel de Gandhi.
Com uma direção irretocável de Richard Attenborough, o filme de 1982 impressiona pela grandiosidade, mostrando a peregrinação desse fascinante líder em busca da pacificação e independência de um povo.
Cena do filme "Gandhi", com Kingsley na melhor atuação de sua carreira.
O filme começa com o assassinato do grande líder e sequencialmente com o seu cortejo fúnebre.
Em flashback, volta-se ao passado, para o tempo em que o jovem advogado Gandhi encontrava-se na África do Sul, período esse em que teve contato pela primeira vez com um regime dolorido de extrema discriminação racial: o Apartheid.
Acredita-se que o episódio em que fora expulso de um trem, com ele ainda trabalhando como advogado, por se recusar a deixar a primeira classe, tenha sido o evento que despertou sua consciência social, sua visão humanista e universal.
Gandhi na frente de seu escritório, na África do Sul
A partir de então, começam as inúmeras manobras de desafio às autoridades britânicas em nome dos direitos civis da minoria hindu na África do Sul, contestando o sistema social baseado na desigualdade e se apropriando da desobediência como instrumento para tanto.
Quando Gandhi tombou, por obra de três balas de um fanático assassino, muito da consciência da humanidade ficou sem porta-voz, como disse o general George Marshall, então secretário de Estado dos Estados Unidos.
A humanidade empobreceu.
Em sua terra e no estrangeiro, com as armas da doçura, da franqueza, da honestidade, da humildade, da não-violência, ele construiu uma história, uma narrativa de êxito desusado, com meios também inusitados.
Um dos termos mais usado para defini-lo foi “satyagraha”,termo sânscrito para “firmeza na verdade”.
Em 31 de janeiro de 1948, às margens das águas sagradas do Jumna, perto de Nova Deli, quase meio milhão de pessoas esperou, ao sol, que a procissão fúnebre chegasse ao sítio da cremação.
Naquele dia predominava o branco—o branco dos sáris de algodão, das mulheres, bem como das vestimentas, dos capuzes e dos turbantes dos homens.
Procissão fúnebre de Gandhi, em 1948.
Quando morreu, Gandhi era o que sempre fora: um cidadão comum, sem riqueza, sem bens de raiz, sem títulos, sem posição oficial, sem distinção acadêmica e sem realizações científicas.
Não obstante, os chefes de todos os governos, exceto os do governo soviético, e os líderes de todas as religiões, prestaram-lhe homenagens.
O presidente Truman, o rei da Inglaterra, o presidente da França, o arcebispo de Canterbury, o papa Pio XII, o rabino-chefe de Londres, o dalai-lama do Tibete e mais de três mil outras personalidades estrangeiras enviaram mensagens de condolências, não solicitadas, à Índia.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas interrompeu as suas deliberações para render tributo a Gandhi e enaltecer a sua devoção à paz, bem como as suas qualidades espirituais.
Philip Noel-Baker, delegado britânico, louvou Gandhi como tendo sido “o amigo dos mais pobres, dos mais abandonados e dos perdidos” e colocou que as grandes realizações de Gandhi ainda estavam por vir.
“Gandhi tornou a humildade e a verdade mais poderosas do que impérios”, disse o senador norte-americano Arthur H.Vandenberg.
“Não conheço outro homem, de qualquer época, e, com efeito, nem na história recente que haja demonstrado, tão poderosa e convincentemente, o poder do espírito sobre as coisas materiais” declarou Sir Stafford Cripps, estadista britânico.
“Eu nunca vi Gandhi, não conheço seu idioma. Nunca pus os pés em sua terra.
E, contudo, sinto o mesmo pesar, como se eu houvesse perdido alguém próximo e caro.
O mundo inteiro foi lançado à tristeza, devido à morte desse homem extraordinário” escreveu Léon Blum, antigo primeiro-ministro francês.
Sugestão de leitura
Outra sugestão ainda: se quiser conhecer melhor ainda a vida deste líder leia o livro mais recente da Companhia das Letras, “Mahatma Gandhi e sua luta com a Índia”, de Joseph Lelyveld.
Esse autor nos conta passagens bem curiosas da vida dele, nos fazendo seguramente conhecer mais um pouco sobre a riqueza de sentimentos de uma das maiores figuras da humanidade.
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