quinta-feira, 22 de agosto de 2013
A história do leque e o uso no Brasil
Leques Japoneses
Diz-se que há relevos e pinturas que atestam a antiguidade do uso de leques remontando à dinastia egípcia, existindo também testemunhos de seu uso na Assíria, Pérsia ou Índia.
Originalmente, eles não podiam ser abertos e fechados como os conhecidos de hoje.
Tinham um grande porte, sendo manuseados por escravos.
O uso destinado aos leques era ligado a momentos cerimoniais das classes mais elevadas. Representava uma grande honra poder abanar o Faraó.
Os gregos, no século V a.C., adotaram o uso dos leques.
Abanar a esposa enquanto ela dormia era uma prova de amor.
Há uma lenda que diz que Eros, Deus do Amor, criou o leque ao arrancar uma asa de Zéfiro, o Deus do Vento do Oeste, para refrescar sua amada Psique enquanto ela dormia em um leito de rosas.
Estes leques eram bem diferentes dos atuais e geralmente eram de tecidos ou penas.
Em um primeiro contato com o Oriente, durante as Cruzadas, entre os séculos XII e XIII, teriam chegado novos tipos de leque à Europa.
Mas o tipo de leque mais conhecido até os dias de hoje teve origem na China do século VII.
Ao que consta, um inventor inspirado nas asas de um morcego elaborou um leque de pequeno porte que abrisse e fechasse com facilidade, surgindo os leques retráteis, antepassados dos que conhecemos hoje.
Este mesmo leque inventado na China chega até o Japão e é lá que os europeus descobrem a novidade, trazendo para a Europa em fins do século XV pelas mãos dos portugueses, quando começaram a estabelecer rotas comerciais com o Oriente.
O leque tornou-se um item indispensável no vestuário das damas.
Somente no século XVII ganha a forma com a qual é conhecido até hoje, tornando-se não apenas um instrumento utilitário, mas como uma espécie de vitrine para expressar os gostos de uma época.
Foram introduzidos barrados, relevos, incrustações e adicionados materiais nobres em sua fabricação.
Leque trabalhado com franja, pedras preciosas e renda.
Exibição no Museu Carlos Costa Pinto, em Salvador/BA
O leque acabou por converter-se em forma de comunicação, em momentos em que as palavras poderiam não ser adequadas.
Assim, criou-se uma linguagem própria do leque, servindo para enviar mensagens, tudo muito discretamente.
Esta linguagem do leque ao que consta, nasceu na Corte Francesa do século XVIII, tendo nas cortes dos reis Luis XIV e Luis XV o seu período áureo.
Nesta época, tornou-se complemento indispensável no vestuário de uma grande dama.
No Brasil, a moda e o uso dos leques chegam mais tarde, com a chegada da Família Real Portuguesa e boa parte da Corte ao Brasil.Com D. João VI, foi introduzido no Brasil o costume dos leques comemorativos, nos quais eram retratados momentos importantes.
No período do Império, estes leques comemorativos eram feitos na China e importados para o Brasil, tendo em um lado a cena comemorativa e do outro, motivos orientais decorativos.
A era dos leques enquanto utilitários chega ao fim nos anos de 1930, mas até os dias atuais, em alguns países e em ocasiões especiais continua sendo um sinônimo de elegância.
A fabricação de leques é reduzida no Ocidente, tendo uma faixa de preços bem variável, custando desde uma simples moeda até uma pequena fortuna.
O país que mais produz leques atualmente é a China, justamente a terra onde o leque articulado foi criado.
A LINGUAGEM DOS LEQUES:
Durante seu período áureo, o leque era utilizado pelos homens e mulheres como forma de comunicação.
Como dito, o leque não exercia apenas a função de refrescar as damas, era uma fonte de linguagem. Uma dama deveria saber se portar com um leque.
Alguns exemplos desta linguagem:
Eu amo-o: Esconder os olhos com o leque aberto;
Aproxime-se: Andar com o leque, conduzindo-o aberto na mão esquerda.
Amo outro: girar o leque na frente do rosto com a mão esquerda.
Quando nos veremos? Leque aberto no colo.
Não me esqueça: Tocar o cabelo com o leque fechado.
Adeus: Abrir e fechar o leque.
Sim: Apoiar o leque no lado direito da face.
Não: Apoiar o leque no lado esquerdo da face.
Preciso falar com você: Tocar o leque com as pontas dos dedos.
Desculpe: Manter o leque aberto na altura dos olhos.
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