quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Amar foi minha ruína





SINOPSE:

Um clássico melodrama.

Exuberante cinematografia aclamada como vencedor do prêmio da academia.
Nele, é possível ver a belíssima e impecável artista Gene Tierney conseguindo retratar fielmente o retrato de uma mulher ciumenta e doentia, um caso que é interpretado, inclusive, como um fantástico estudo de desvio de personalidade e que a fez merecer, na ocasião, a justa indicação ao Oscar de Melhor Atriz.
De fato, ela está maravilhosa neste papel.

Embora seu personagem apareça inicialmente como noiva de um político (Vincent Price), Ellen (Tierney) seduz Richard (Cornel Wilde) e casa-se com ele após conhecê-lo há poucos dias, como se fosse uma paixão fulminante.
Mas Richard logo descobre com sua irmã (Jeanne Crain) e sua mãe (Mary Philips) que o egoísmo e o amor possessivo de Ellen já arruinaram a vida de outras pessoas.

Quando seu próprio irmão se afoga sob os cuidados de Ellen, que assiste sentada friamente o ocorrido de um barco, incapaz de mover-se ou de qualquer reação para salvar o garoto (tudo para não dividir o afeto do seu marido com ninguém), fica evidente que para Ellen não há limites para seu possessivo ciúme.

Em seguida, ela perde o filho que esperava e, assim, a suspeita de Richard sobre a insaciável devoção de Ellen fica evidente.
Ela trama jogar-se grávida de uma escada para obter a atenção exclusiva do marido, mesmo que isto custe a perda de uma gravidez.


Cena clássica de Amar foi minha ruína

Este filme é imperdível.
A linda Tierney está em um desempenho irretocável, que contrasta, inclusive, com sua vida particular.
Do outro lado do glamour artístico, sua vida pessoal foi sempre de uma mulher belíssima, talvez uma das mais bonitas do cinema, nascida em uma família de posses, que estudou nas melhores escolas da costa leste estadunidense e na Suíça, mas que teve uma vida absolutamente atormentada, cheia de grandes problemas e conflitos.

Foi casada com o estilista francês Oleg Cassini, com quem teve duas filhas.
Em 1957 foi hospitalizada em razão de depressão, levou muito choques elétricos numa clínica para tratamento em decorrência de seus problemas mentais e com sérios problemas psicológicos, originados pelo fracasso de seu casamento, por novos insucessos em outros relacionamentos seguintes e, principalmente, pelo fato de sua filha mais velha ter nascido com retardo mental.


Gene Tierney e Oleg Cassini

Gene Tierneymorreu em consequência de enfisema, com sinais de demência, alguns dias antes de competar 71 anos de idade.
Com sua vida sofrida e atribulada, acabou sendo submetida a uma série de passagens por diversas clinícas psiquiátricas ao longo de sua vida.

Entre tantos bons filmes que fez, desceu tristemente da cena da vida uma das grandes artistas do cinema, inesquecível em Amar foi minha ruína.
Confira, você vai ficar impressionado com o desempenho artístico dela. 


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Incomparável Bette Davis



Bette Davis


Tudo o que se falar sobre a grande diva Bette Davis parece pouco para reconhecer o seu enorme talento em praticamente todas as suas aparições no cinema.
Uma formidável artista.

Conhecida por sua vontade de interpretar personagens antipáticos, Bette Davis foi venerada por suas atuações numa variada gama de gêneros cinematográficos: de melodramas policiais a filmes de época e comédias, embora seus maiores sucessos tenham sido em romances dramáticos.

Para indicá-los a mais um clássico imperdível, escolhi aqui um dos seus filmes inesquecíveis que, segundo ela, foi um dos melhores roteiros que ela tinha lido.


A MALVADA



A Malvada é uma das piores traduções de um título para português.

Olhando este cartaz e sabendo da fama de má que Bette Davis possuia, se entende que a malvada do título seja ela, não é verdade?
Um grande equívoco, pois a malvada aqui é justamente Eve.
A Malvada foi um filme americano de 1950, do gênero drama, escrito e dirigido por Joseph L. Mankiewicz e baseado na obra The Wisdom of Eve, de Mary Orr.
Juntamente com Titanic e Ben Hur, o filme possui o maior número de indicações ao Oscar: foram quatorze, das quais levou seis estatuetas.
Alguns acham uma quantidade exagerada de indicações para este filme.
No entanto, o filme de fato tem grandes qualidades, a começar pelo roteiro.
Um verdadeiro clássico!
Este filme é a afirmação que um bom roteiro é essencial para um longa de sucesso.
As atuações do elenco são impecáveis .
Em um brilhante e inesquecível trabalho, Bette Davis encarna a personificação de uma diva do teatro que vive o dilema de estar envelhecendo para os papéis mais jovens.



Cartaz de divulgação de A Malvada


SINOPSE

Margo Channing, personagem da grande diva, é uma das maiores estrelas da Broadway, o retrato de uma grande atriz: imponente e dona de sua carreira.

Eve Harrington, papel de Anne Baxter, é uma garota pobre que acompanha a carreira de Margo de perto todos os dias, até que um dia ela é apresentada à seu ídolo por Karen Richards (Celeste Holm) e consegue encantar a todos com seu charme juvenil e sua triste história.

Aos poucos, ela vai ganhando a confiança de todos e consegue o emprego de assistente de Margo.

Quando ela consegue finalmente estabelecer um laço de amizade e companheirismo com Margo, mais que depressa ela põe um plano sombrio em prática: tomar o lugar da diva nos teatros, para assim se tornar a maior atriz da época.

Eve é apresentada como uma indefesa jovem, que tem o simples sonho de conhecer sua estrela e aos poucos ela vai se mostrando uma mulher má, rancorosa, mas que nunca deixa de perder a cara de inocente.


Eve e Margo em cena inesquecível na escada em A Malvada

Por falar em Bette Davis, é sempre bom lembrar que ela simplesmente não encontra rivais na história do cinema mundial e neste filme ela está especialmente soberba.
É possível afirmar que a grande diva Davis é incomparável.

Indispensável para coleção de bons filmes, A Malvada é imperdível!

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Testemunha de Acusação




Uma vez a cada cinquenta anos surge um suspense como este:
Testemunha de Acusação


Este filme estadunidense de 1957 foi dirigido pelo grande Billy Wilder – responsável pela direção de tantos outros grandes filmes, mas que nesse, especialmente, ele fez um excelente trabalho.

Baseado em uma peça teatral de Agatha Christie, a produção contou com um elenco de primeira: Tyrone Power, Marlene Dietrich, o grandeCharles Laughton (que está simplesmente maravilhoso no seu papel de advogado criminalista) e a magnífica Elsa Lanchester.

SINOPSE:


Leonard Vole (Tyrone Power) é preso sob a acusação de ter assassinado uma rica viúva de meia idade, tudo arquitetado para ficar com o dinheiro dela.
O Sir Wilfrid Robarts (Charles Laugton), um veterano matreiro e muito astuto advogado, concorda em defendê-lo, mesmo ainda se recuperando de um recente e quase fatal do coração.
Wilfrid é um dos mais afamados criminalistas do país, todos os “casos perdidos” são enviados para ele, que tem fama de transformá-los em “casos vencidos”.

O advogado está sob intenso cuidado médico, com uma recomendada dieta que o proíbe de tomar seus tragos de bebidas alcoólicas e de envolver-se em casos complicados e estressantes, como o do personagem Leonard Vole.
No entanto, a atração que ele tem por processos e pelas cortes criminais fala mais alto.
Do lado de seu trabalho de advogado, ele é sempre acompanhado por uma eficiente enfermeira que o vigia rigorosamente, tomando conta de sua saúde.
A convivência com sua cuidadosa enfermeira por si só, já vale o filme.


'Quer eu feche a janela Sir Wilfrid?' - pergunta a cuidadosa enfermeira.
' Por Deus, mulher, quero que feche a sua boca!
Se soubesse que falava tanto assim jamais teria saído do meu coma'.

E tudo se desenrola nesta trama da morte da viúva.
O único álibi a favor do acusado é o testemunho de sua esposa Christine Vole.
Mas eis que, de repente, acontece uma surpresa: a esposa, testemunha da defesa, fria e calculista, vira o lado de seu depoimento e passa a ser testemunha da acusação, para surpresa de todos.

Durante os últimos minutos, o desfecho do filme muda várias vezes, surpreendentemente.
Um suspense com toda categoria de um grande filme.
Imperdível!

Mas, quem foi afinal que matou a viúva rica?
Você vai se surpreender com a resposta!


Na maior parte do filme o que se pode ver é uma verdadeira batalha de gigantes interpretações, dos personagens Wilfrid e Christine, fazendo com que cada parte saia vencedora.

Inesquecíveis as cenas de Laughton (no papel do velho advogado) usando o seu monóculo para ver se as pessoas estão falando a verdade e o jeito como ele descobre se as cartas que possui em mãos são realmente de Christine.

CURIOSIDADES:

Três fatos curiosos chamam atenção deste filme:

Este foi o último filme do galã Tyrone Power, que morreu logo em seguida ao término das filmagens por seus velhos problemas cardíacos, aos 44 anos.

Nos créditos finais do filme original, aparece uma voz (um tanto cheia de suspense) pedindo aos expectadores para que ninguém revele o final às pessoas que ainda não tenham assistido ao filme. Pedido que faço a você também: não conte o final para ninguém.

Acredite se quiserem, mas todas as pessoas que participaram das filmagens ou entraram nos sets de filmagem, naquela época, tiveram que assinar um compromisso de não revelar o final surpreendente deste filme!

Assim, eu realmente recomendo que assistam.
Só não posso contar como acaba o filme, afinal, foi o pedido decretado na edição originária do mesmo.
Vocês vão ficar surpresos com o final.
Perfeito!
Confiram...



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A Felicidade não se compra





SINOPSE:

Na pequena cidade de Bedford Falls, no Natal, George Bailey (James Stewart), que sempre ajudou a todos de sua comunidade, depois de alguns eventos desencontrados em razão das maquinações de Henry Potter (Lionel Barrymore), o homem mais rico da região, decide pôr fim a sua vida saltando de uma ponte.

Naquela noite, Clarence (Henry Travers), um anjo que espera há 220 anos para ganhar asas, é então mandado a Terra para tentar fazer George mudar de ideia, demonstrando sua importância na vida de todos de Bedford Falls através de flashbacks.

Assim, ele vai descobrindo como seria o mundo sem ele...



Na época de seu lançamento, este filme nem fez muito sucesso.
Hoje, no entanto, é uma verdadeira mensagem para o final do ano, principalmente nesta época de Natal.

Frank Capra foi um gênio incomparável na arte de fazer fábulas grandiosas e, inegavelmente, é um dos maiores diretores que já existiu.

Comparado aos filmes deste diretor, o cinema atual literalmente morreu.

Em certa ocasião, Steven Spielberg, disse que este era um dos seus filmes preferidos e que ele o revia sempre antes de iniciar um novo trabalho.

Título original: It's a Wonderful Life
Lançamento: 1946 (EUA)
Direção: Frank Capra
Atores: James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore, Thomas Mitchell e Henry Travers.

 
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Natalie Wood em "Clamor do Sexo"



 

No final do ano de 2011, noticiou-se a reabertura do caso sobre a morte da bonita artista Natalie Wood, que morreu, em 1981, sob estranhas circunstâncias.
A artista, que sempre declarou que não sabia nadar e nunca escondeu seu medo de água, acabou morrendo da forma que sempre temera.

Wood estava passando o final de semana de Ação de Graças em um iate juntamente com seu marido, Robert Wagner, e o amigo Christopher Walken.
Seu corpo foi encontrado na praia da Ilha de Catalina, Califórnia.

A versão oficial foi morte acidental, mas há quem diga que não passou de um crime passional e a recepção de novas evidências dão margem a novas especulações.

Quando se pensa nesta artista é inevitável não se lembrar deste bom filme da década de 60.

Aparentemente, era um texto singelo e poderia transparecer ser um filme comum.
Com a direção de Kazan, Clamor do Sexo foi um grande filme.


CLAMOR DO SEXO


SINOPSE:

É a história de Bud (Warren Beatty) e Deanie (Natalie Wood), um casal de estudantes, no estado do Kansas, no final dos anos 1920.
Apesar da grande paixão do casal, o romance sofre forte resistência pela repressão sexual da sociedade da época.
O crash da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, ainda atinge as respectivas famílias de diferentes maneiras, dificultando ainda mais o sucesso deste amor.

Kazan, o diretor, deu a Warren Beatty o seu primeiro papel de destaque e o jovem ator se saiu muito bem; mas é Natalie Wood, que já tinha provado ser uma grande atriz no eterno musical Amor, Sublime Amor e em Juventude Transviada, quem rouba a cena.

O filme mostra a depressão gradativa da personagem de Natalie Wood por conta do afastamento do namorado Bud.
Ela está extraordinária no papel.
Esse aspecto não deixa de ser um pouco forçado por parte do roteirista Willian Inge, que exagera melodramaticamente ao internar, muito rapidamente, Deanie num hospício.

Não nos é mostrado com clareza o afastamento do casal, e, de repente, Deanie já está aos berros histéricos na banheira de sua casa, num descontrole mental absurdo.
Entretanto, como Wood trabalha com muita competência, acabamos nos convencendo que ela esteja mesmo fora de controle, e, assim, tudo se torna aparentemente bem real.

A passagem imperdível mesmo no filme é ela lendo um poema de William Wordsworth, romântico poeta inglês, que resume de forma apropriada todo o conteúdo da película.
A beleza disto tudo é simples: ver duas formas de arte se comunicando na tela, unindo-se para criar um trabalho consistente e delicado - cinema e poesia juntos - e, por isto, o filme não deixa de ser um clássico; importante tanto no seu aspecto artístico quanto histórico.

Vale a pena conferir!


Leia parte deste lindo poema, que justifica, inclusive, o nome original do filme:

Ode: Prenúncios de imortalidade em recordações da primeira infância, verso X:

"Que importa agora que não mais me encante aquele antigo e vívido fulgor?
Mesmo que nada nos devolva o instante  de esplendor para a relva e glória para a flor
No que restou, vamos achar, sem mágoas, um poder similar
Na simpatia primordial, que tendo sido, é eternal..."


Para quem tiver interesse, achamos a cena na internet (em inglês):
http://www.youtube.com/watch?v=lWbd8uOsbBE

Título original: Splendor in the Grass
Lançamento: 1961 (EUA)
Direção: Elia Kazan
Gênero: Drama/ Romance

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"A festa de Babette": um cardápio que entrou para a história


 
Cena de "A Festa de Babette", com Stéphane Audran no papel da francesa Babette

Simplesmente um grande filme.

Uma história singela e regada com champagne Veuve Clicquot, tradicional marca que é facilmente distinguida pelo seu rótulo laranja.

Você vai se deliciar vendo o verdadeiro ritual de uma noite com todos os sabores franceses.

Em 1871, em uma noite de tempestade, Babette chega a um vilarejo protestante na Dinamarca, fugindo da França durante a repressão à Comuna de Paris.

Ela se emprega como faxineira e cozinheira na casa de duas solteironas, filhas de um rigoroso pastor, sem qualquer remuneração.

Ali ela vive por quatorze anos, até que um dia, ganhado uma inesperada fortuna, ela pede permissão para preparar um jantar em comemoração aos centésimo aniversário do pastor e suas obras.

A princípio, os convidados ficam assustados com o que Babette, uma católica e estrangeira, poderia servir e temiam ferir alguma lei divina ao aceitar um jantar francês, mas acabam comparecendo.




Babette e as duas adoráveis senhoras que a acolhem em sua casa.

O sentido do filme é mesmo revelar que comer, de alguma maneira, é ser enfeitiçado.

Babette é uma artista que conhecia os segredos de produzir alegria pela comida.

Ela sabia que, depois de comer, as pessoas não permaneciam as mesmas.

Para isto, ela prepara um jantar memorável.

E coisas mágicas acontecem neste jantar.

Desconfiavam os endurecidos moradores daquela aldeota, que tinham medo de comer do banquete que Babette lhes preparara, pois achavam que ela era uma bruxa e que o banquete era um ritual de feitiçaria.

Achavam que Babette iria por suas almas a perder e que não iriam mais para o céu.

De alguma maneira, eles estavam certos mesmo.

Babette é uma autêntica feiticeira na cozinha.

Só que não do tipo que eles imaginavam.



Jantar memorável preparado por Babette para os membros de uma pequena igreja protestante em um vilarejo dinarmaquês.

O cardápio começa com a sopa de tartaruga com quenelles de vitela, acompanhada do vinho Clos de Vougeot de 1845 e continua com a deliciosa codorniz en sarcophage (codornizes recheadas de foie gras e trufas).

A festa gastronômica de Babette tem o blinis demidof (panqueca com creme azedo e caviar), servido com o champagne Veuve Clicquot de 1860 e vinho Amontillado, vinho espanhol de Jerez de La Frontera.

Depois a salada e os queijos.

Na sobremesa, baba ao rum, frutas, café, e um cálice de Marc Fine Champagne, destilado de uvas viníferas que os franceses apreciam como digestivo.

Assim, as durezas e rugas do corpo são sensibilizadas pelo paladar, os rostos endurecidos vão ficando bonitos pelo riso.

É este o conteúdo do grande filme “A Festa de Babette”.

O cardápio servido converteu-se numa espécie de cult da alta gastronomia, cozinheiros de todas as épocas e lugares clamando pela inspiração da quituteira francesa para reproduzi-lo em cada detalhe.
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Cidadão Kane, uma obra imortal do cinema




Orson Welles tinha pouco mais 20 anos de idade e mesmo assim dirigiu, produziu e roteirizou uma das maiores obras-primas da história do cinema.

Mais do que simplesmente um filme, a obra é um marco para a evolução das técnicas cinematográficas.

Produzido em1941 nos Estados Unidos, o filme foi considerado muito à frente do seu tempo, devido à abordagem dada a manipulação da massa através do meio de comunicação em questão: o jornal.


Cartaz do Filme Cidadão Kane


Filme baseado em fatos reais, inspirado na vida do magnata da comunicação Willian Randolph Hearst, nascido e criado em berço de ouro, que foi herdeiro de um jornal que ambicionava o crescimento do seu veículo de comunicação.

É até dificil definir com clareza a grandeza desta obra prima ou falar de Cidadão Kane: é complexo assistí-lo, é difícil medir até mesmo a dimensão de sua importância para o cinema.

É ainda impossível falar do filme sem levar em conta a época que fora realizado.

Se ainda hoje a produção tem impacto e denuncia toda a sujeira por trás do sistema jornalístico mundial, imagine o apocalipse que causou na tradicionalista e cheia de regras de conduta década de 40?

Um personagem sujo, egoísta e egocêntrico no meio de tantos galãs?

Uma guerra começando e a denúncia ali, na tela?

Era muito para as pessoas.

Na época de seu lançamento, diversas pessoas chegaram a abandonar as salas de cinema revoltadas e o filme foi muito mal em diversas críticas.

O filme começa com uma cena bem curiosa: um castelo, que em breve sabemos que se chama Xanadu, com uma placa de “afaste-se” pendurada na grade e uma câmera que vai passeando por ele, como se desfilasse até uma janela.

Até aí, nada demais para quem, de alguma maneira, está familiarizado com uma certa linguagem de boa qualidade no cinema.

No entanto, tudo isto teve um significado muito maior na época.

Depois a cena de transição passa para dentro do castelo e então, por um outro recurso técnico inovador, vemos uma pessoa segurando uma bola dizendo Rosebud.

Logo depois, ele a solta, entra uma enfermeira na sala e vemos que o homem está morto.



O último suspiro do poderoso Kane, um homem obcecado pelo acúmulo do poder, e Rosebud

Tem-se início um documentário.

Através dele, descobrimos que quem acabara de morrer é ninguém mais ninguém menos que Charles Foster Kane, um dos homens mais importantes da época.

O documentário tem duração de mais ou menos 10 minutos e mostra tudo resumidamente o que será aprofundado pelas próximas duas horas em Cidadão Kane.

A partir daí, vemos quem está realizando o tal documentário e que o mesmo não está satisfeito com o resultado provisório apresentado.

Na tentativa de tornar o conteúdo mais interessante, ele coloca seus jornalistas atrás da resposta sobre uma questão que será a espinha dorsal do filme: O que diabos significaria Rosebud, a última palavra proferida pelo gigante Kane?

Pode ser que nem todos achem a história de Cidadão Kane tão interessante, mas, analisando a sua importância, o filme é grandiosamente impecável.

Um destes clássicos do cinema que deve ser assistido por todos, não importa a idade, os valores humanos, as preferências ou sei lá mais o quê.

É um filme inesquecível e estará vivo facilmente por mais alguns sessenta anos.



Cena em Cidadão Kane

O filme foi considerado, por grande parte da crítica especializada, como o maior filme da história do cinema, figurando em primeiro lugar na lista do American Film Institute (AFI).

Os especialistas elegem pelo menos cinco razões que fazem Cidadão Kane aparecer em todas as listas dos grandes filmes:

1) A revolucionária estrutura do roteiro de Welles e Mankiewicz;

2) A singular composição fotográfica em claro-escuro, que leva às últimas consequências o estilo expressionista;

3) O efeito dramático obtido com o rebaixamento dos tetos do cenário;

4) O audacioso paralelo proposto entre o personagem Charles Foster Kane e o real magnata da imprensa William Randolph Hearst;

5) A permanência do mistério que envolve a palavra Rosebud.



Noite de estreia de Cidadão Kane

Para quem gosta do que é bom, Cidadão Kane é uma obra prima do cinema, verdadeiramente imortal.

Em qualquer lista de quem conhece bons filmes ele estará, com certeza, entre os melhores

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A LISTA DE SCHINDLER




Cartaz do filme A Lista de Schindler, 1993.


Simplesmente imperdível.

Este é um dos filmes que, seguramente, ficou na história do cinema e na mémoria de toda pessoa que o viu.

Em 2007, o American Film Institute elegeu A Lista de Schindler como o oitavo melhor filme americano da história.

É também considerado pela crítica especializada como um dos melhores filmes já produzidos e diga-se de passagem que o filme é verdadeiramente perfeito, irretocável em toda a sua concepção, mesmo que em seu conteúdo tenham cenas tão doloridas do holocausto.

Merecidamente, este filme foi um verdadeiro sucesso de bilheteria; recebendo sete Oscars, incluindo melhor filme e diretor, sete BAFTAs e três Golden Globes.

O filme tem ainda uma singularidade que nao dá para esquecer: foi filmado todo em preto e branco, para criar um efeito sombrio e ambientar-se à história retratada.


SINOPSE:

Ele nos conta a história de Oskar Schindler, um empresário alemão que salvou a vida de mais de mil e duzentos judeus durante o Holocausto ao empregá-los em sua fábrica.

O filme foi dirigido por Steven Spielberg e escrito por Steven Zaillian, baseado no romance Schindler's Ark, escrito por Thomas Keneally.

É estrelado por Liam Neeson como Schindler, Ben Kingsley como o contador judeu de Schindler Itzhak Stern e Ralph Fiennes como o oficial da SS.


Cena do filme com Liam Neeson e Ben Kingsley, quando Schindler e seu contador redigem uma das listas.


Cena do filme com Liam Neeson e Ben Kingsley, quando Schindler, sua esposa e seu contador judeu caminham pela fábrica.


Schindler tornou-se membro do Partido Nazista em 1938. No início da Segunda Guerra Mundial, mudou-se para a Polônia com um único objetivo: ganhar dinheiro aproveitando-se da situação da guerra.

No entanto, ao enxergar a dor dos judeus ele jogou a sua fortuna fora para salvar judeus.

Em Cracóvia, ele abre uma fábrica de armas esmaltadas, onde passa a empregar trabalhadores judeus. A origem destes trabalhadores era do Gueto de Cracóvia, local onde as pessoas começaram a ser divididas.

Em março de 1943, o gueto foi ativado e os moradores que não foram para o local, foram enviados para o campo de concentração de Plaszow.

Os operários de Schindler trabalhavam o dia todo em sua fábrica e à noite voltavam para Plaszow.

Quando, em 1944, os administradores de Plaszow receberam ordens de desativar o campo, devido ao avanço das tropas russas (o que significava mandar os seus habitantes para outros campos de concentração onde seriam mortos), Oskar Schindler convenceu-os através de suborno que necessitava desses operários "especializados" e é assim que se cria a famosa Lista de Schindler.

Os judeus integrantes desta lista foram transferidos para a sua cidade natal de Zwittau-Brinnlitz, onde Schindler colocou-os em uma nova fábrica adquirida por ele.


Treze páginas da lista de Schindler, encontradas em meio às anotações de pesquisa de Thomas Keneally em uma biblioteca na Austrália.

A lista, datada de 18.04.1945, salvou 801 judeus nos dias finais da Segunda Guerra Mundial.

Ao término da guerra, 1.200 judeus entre homens, mulheres e crianças foram salvos.

Nos últimos dias da guerra, antes da entrada do exército russo na Morávia, Schindler conseguiu ir para a Alemanha, em território controlado pelos Aliados.

Ele livrou-se de ser preso devido aos depoimentos dos judeus a quem ajudara.

Passada a guerra, ele e a esposa Emilie foram agraciados com uma pensão vitalícia do governo de Israel em agradecimento aos seus atos humanitários.

O seu nome foi inscrito, junto a uma árvore plantada no centro da cidade por ele, na Avenida dos Justos entre as Nações do Museu do Holocausto em Jerusalém, ao lado do nome de outras cem personalidades não-judias que ajudaram os judeus durante o Holocausto.

Durante a guerra, Schindler tornou-se próspero, mas gastou o seu dinheiro com a ajuda prestada aos judeus que salvou e com empreendimentos que não deram certo após o término da guerra.

Viveu na Alemanha e morreu pobre num hospital com 66 anos de idade.
Católico, mas não praticante, foi enterrado no cemitério cristão no Monte Sião, em Jerusalém, com honras de herói.


Memorial de Oskar Schindler em sua cidade natal de Svitavy, na República Tcheca.


Schindler (com chapéu na mão) e um grupo de judias salvas por suas listas, em 1946.


"Ele que salva uma única alma, salva todo o mundo"
A inscrição judia em um anel presenteado a Schindler pelos judeus de Brunnlitz.

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Ben-Hur




Cartaz Original de Ben-Hur


Ben-Hur é um drama épico bíblico dirigido por William Wyler.
O roteiro foi baseado no romance de mesmo nome do escritor Lew Wallace.
O contexto da história narrada no filme reporta-se ao sétimo ano do reinado de César Augusto e, nesta época, temos o aparecimento da vida do princípe hebreu Judah Ben-Hur, praticamente no mesmo período de Jesus Cristo.
A história é linda.


SINOPSE:

Em Jerusalém, no início do século I, vive Judah Ben-Hur, um rico mercador judeu.
Com o retorno de Messala, o amigo de sua juventude que agora é o chefe das legiões romanas na cidade, há um desentendimento entre os dois devido a visões políticas divergentes.
Messala, então, condena Ben-Hur a viver como escravo em uma galera (navio movido a remos) romana, mesmo sabendo da inocência do ex-amigo.




Todo o filme é desenvolvido a partir de um tolo incidente que teve a mãe e a irmã de Ben-Hur como protagonistas, sem nenhuma culpa.
Uma telha cai da casa de Ben-Hur na hora da passagem dos guardas de Cesar Augusto.

Agravado pela recusa de Ben-Hur em denunciar os patriotas hebreus em luta contra o ocupador romano, Messala destrói a casa e a família do antes amigo Ben-Hur.
A mãe e a irmã são jogadas numa masmorra e Ben-Hur é condenado às galés.

Cerca de três anos depois, escravizado, Ben-Hur, quem sabe também por uma providência divina, numa batalha no mar, salva Quintus Arrius de um naufrágio e, assim, o almirante romano liberta Ben-Hur, adotando-o como filho legítimo de sua fortuna.
Ben-Hur, então, é alçado a posição de um patrício romano, herdeiro de Quintus Arrius e herói das corridas de quadrigas.



Em busca de sua mãe e da irmã, ele decide partir para a Judeia e vai ajustar as contas com Messala, numa corrida emocionante de quadrigas, que por si só já justifica o filme.
As cenas da corrida são impressionantes!


Cena de Ben-Hur

Seguramente, Ben-Hur foi o grande acontecimento de 1959: uma das maiores experiências da história do cinema; recorde de premiação na época, levando onze oscares da Academia; consagrou Charlon Heston como o herói de todos os filmes épicos; foi um estrondoso sucesso de bilheteria e uma das grandes super produções do cinema americano.

Definitivamente, trata-se mesmo de um épico grandioso e espetacular sobre a vida agitada de um princípe hebreu, que se torna escravo, depois nobre romano, héroi popular nas corridas de quadrigas entre Jerusalém e Roma e que cruza o destino de Jesus Cristo.

Os encontros de Ben-Hur com Jesus Cristo são de uma delicadeza também muito marcante.
William Wyler assinou um filme admirável, pela sua dimensão de ser uma aventura romântica, mística e heróica.

Mais de cinquenta anos depois, o filme ainda impressiona pela sua grandiosidade, pela comovente narrativa humana e com cenas que são impossíveis de serem esquecidas.
Ben-Hur buscando sua mãe e irmã no Vale dos Leprosos e a corrida de bigas, são cenas que perseguem sempre a memória de quem ama o cinema de qualidade.

O filme ainda carrega algumas curiosidades:
A produção de Ben-Hur foi uma bem-sucedida tentativa da MGM de sair da ameaça de falência e o ator Burt Lancaster recusou o papel de Judah Ben-Hur porque, segundo o ator, a história continha conceitos violentos aos quais discordava.
Além deLancaster, os atores Marlon Brando e Rock Hudson também recusaram o papel-título.

Todo o visual deslumbrante de Ben-Hur é resultado de um trabalho técnico da mais alta qualidade, tudo muito esmerado.
A perfeccionista direção de arte da dupla Edward C.Carfagno e William A.Horning, trabalhou detalhadamente em cada uma das muitas locações que o longa utilizou.

Tudo sugere bastante realismo, ambientando perfeitamente o espectador à trama: os belíssimos figurinos de Elizabeth Haffenden; os cavalos brancos e escuros como uma sutil representação simbólica do lado bom e mau da disputa; a direção de fotografia de Robert Surtees que aproveita ao máximo a beleza da região para criar um esplendor visual repleto de cores vivas e intensas e a trilha sonora impecável de Miklos Rozca.

Os adjetivos são poucos para definir este filme: grandioso, magnífico, impecável...

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Gandhi, um grande filme para homenagear um grande homem

"Deus é verdade", Gandhi.
 

Mais um daqueles filmes imperdíveis.
O ator Ben Kingsley está magnífico no papel de Gandhi.
Com uma direção irretocável de Richard Attenborough, o filme de 1982 impressiona pela grandiosidade, mostrando a peregrinação desse fascinante líder em busca da pacificação e independência de um povo.

Cena do filme "Gandhi", com Kingsley na melhor atuação de sua carreira.
 
O filme começa com o assassinato do grande líder e sequencialmente com o seu cortejo fúnebre.
Em flashback, volta-se ao passado, para o tempo em que o jovem advogado Gandhi encontrava-se na África do Sul, período esse em que teve contato pela primeira vez com um regime dolorido de extrema discriminação racial: o Apartheid.
Acredita-se que o episódio em que fora expulso de um trem, com ele ainda trabalhando como advogado, por se recusar a deixar a primeira classe, tenha sido o evento que despertou sua consciência social, sua visão humanista e universal.
Gandhi na frente de seu escritório, na África do Sul
A partir de então, começam as inúmeras manobras de desafio às autoridades britânicas em nome dos direitos civis da minoria hindu na África do Sul, contestando o sistema social baseado na desigualdade e se apropriando da desobediência como instrumento para tanto.
Quando Gandhi tombou, por obra de três balas de um fanático assassino, muito da consciência da humanidade ficou sem porta-voz, como disse o general George Marshall, então secretário de Estado dos Estados Unidos.
 
A humanidade empobreceu.
Em sua terra e no estrangeiro, com as armas da doçura, da franqueza, da honestidade, da humildade, da não-violência, ele construiu uma história, uma narrativa de êxito desusado, com meios também inusitados.
 
Um dos termos mais usado para defini-lo foi “satyagraha”,termo sânscrito para “firmeza na verdade”.
Em 31 de janeiro de 1948, às margens das águas sagradas do Jumna, perto de Nova Deli, quase meio milhão de pessoas esperou, ao sol, que a procissão fúnebre chegasse ao sítio da cremação.
Naquele dia predominava o branco—o branco dos sáris de algodão, das mulheres, bem como das vestimentas, dos capuzes e dos turbantes dos homens.

Procissão fúnebre de Gandhi, em 1948.

Quando morreu, Gandhi era o que sempre fora: um cidadão comum, sem riqueza, sem bens de raiz, sem títulos, sem posição oficial, sem distinção acadêmica e sem realizações científicas.
Não obstante, os chefes de todos os governos, exceto os do governo soviético, e os líderes de todas as religiões, prestaram-lhe homenagens.
 
O presidente Truman, o rei da Inglaterra, o presidente da França, o arcebispo de Canterbury, o papa Pio XII, o rabino-chefe de Londres, o dalai-lama do Tibete e mais de três mil outras personalidades estrangeiras enviaram mensagens de condolências, não solicitadas, à Índia.
 
O Conselho de Segurança das Nações Unidas interrompeu as suas deliberações para render tributo a Gandhi e enaltecer a sua devoção à paz, bem como as suas qualidades espirituais.

Philip Noel-Baker, delegado britânico, louvou Gandhi como tendo sido o amigo dos mais pobres, dos mais abandonados e dos perdidos” e colocou que as grandes realizações de Gandhi ainda estavam por vir.
Gandhi tornou a humildade e a verdade mais poderosas do que impérios”, disse o senador norte-americano Arthur H.Vandenberg.
 
Não conheço outro homem, de qualquer época, e, com efeito, nem na história recente que haja demonstrado, tão poderosa e convincentemente, o poder do espírito sobre as coisas materiaisdeclarou Sir Stafford Cripps, estadista britânico.
 
Eu nunca vi Gandhi, não conheço seu idioma. Nunca pus os pés em sua terra.
E, contudo, sinto o mesmo pesar, como se eu houvesse perdido alguém próximo e caro.
O mundo inteiro foi lançado à tristeza, devido à morte desse homem extraordinárioescreveu Léon Blum, antigo primeiro-ministro francês.

Sugestão de leitura


Outra sugestão ainda: se quiser conhecer melhor ainda a vida deste líder leia o livro mais recente da Companhia das Letras, “Mahatma Gandhi e sua luta com a Índia”, de Joseph Lelyveld.
Esse autor nos conta passagens bem curiosas da vida dele, nos fazendo seguramente conhecer mais um pouco sobre a riqueza de sentimentos de uma das maiores figuras da humanidade.

Cerveja e doces, boas heranças da família real portuguesa no Brasil





Fotografia do Museu da Bohemia em Petrópolis, RJ. Cervejas produzidas pela Imperial.



Um dos primeiros rótulos da brasileira "Brahma"

Conta-se que a origem da cerveja é muito antiga.
Atribui-se que qualquer bebida que tenha sido elaborada com cereais nos últimos 8.000 anos possa ser considerada como cerveja, mesmo que ela tenha mudado a sua apresentação ou o seu gosto ao longo dos anos.

Estima-se que os sumérios e egípcios produziam cervejas há mais de 5.000 anos.
Também os babilônios já fabricavam mais de dezesseis tipos de cerveja de cevada, trigo e mel há mais de 4.000 anos antes de Cristo.
De fato, a bebida é muito antiga.

Na América do Sul, séculos antes da chegada dos espanhóis, os incas já bebiam cerveja de grãos de milho.
O mais antigo código de leis conhecido, Hamurabi, declarava que a pena de morte poderia ser imposta àqueles que diluíam a cerveja que vendiam.

Papiros egípcios, de cerca de 1.300 antes de Cristo, já se referem ao regulamento de venda de cerveja. Na Idade Média, a cerveja foi utilizada como mercadoria para comércio, pagamento e impostos.

Os monges aperfeiçoaram a tecnologia cervejeira e serviram, de certo modo, como vendedores por atacado.
No século 14, a cidade de Hamburgo, no norte da Alemanha, era o centro cervejeiro da Europa, com mais de mil mestres cervejeiros.

A Lei da Pureza (“Reinheitsgebot”), que é o mais antigo código de alimentos do mundo vigente no mundo, determinava que apenas água, malte, lúpulo e levedura podem ser utilizados na elaboração da cerveja. Ela foi instituída pelo Duque Guilherme IV da Baviera, em 1516.

"Cerveja Marca Barbante" foi a denominação genérica dada às primeiras cervejas brasileiras que, com sua fabricação rudimentar, tinham um grau tão alto de fermentação que, mesmo depois de engarrafadas, produziam uma enorme quantidade de gás carbônico, criando grande pressão.
A rolha era, então, amarrada com barbante para impedir que saltasse da garrafa.
Refrescante e de baixo teor alcoólico, a cerveja foi aos poucos conquistando popularidade em nosso país tropical.


No Brasil, a cerveja demorou a chegar, pois os portugueses temiam perder o filão da venda de seus vinhos.
A cerveja chega ao Brasil em 1808, trazida pela família real portuguesa, acompanhando a mudança para o então Brasil-Colônia. Consta que Dom João VI, grande apreciador de cerveja, não podia ficar sem consumir a bebida.
Com a abertura dos portos às nações amigas de Portugal, a Inglaterra foi a primeira a introduzir a cerveja na antiga colônia.




Companhia Antarctica Paulista

A bebida consumida pela população era a“Gengibirra”, feita de farinha de milho, gengibre, casca de limão e água, essa infusão descansava alguns dias, sendo então vendida em garrafas ou canecas, ao preço de 80 réis.
A “Caramuru” feita de milho, gengibre, açúcar mascavo e água, esta mistura fermentava por uma semana e custavam 40 réis o copo.

Bem antes, entre mitos, lendas e a história propriamente dita, pesquisas apontam ainda a ocorrência de menções à cerveja ao longo da história brasileira e a principal narrativa conta que ela começa com a chegada de Maurício de Nassau ao Recife em 1637.
Ele veio rodeado de artistas, cientistas, astrônomos e médicos, mas não se esqueceu da cerveja.

Neste período próspero, a cidade de Recife tornou-se o principal porto da Companhia das Índias Ocidentais no Brasil, tendo também a primeira ponte, o primeiro observatório astronômico e a primeira fábrica de cerveja das Américas (Nassau trouxe uma fábrica de cerveja desmontada para o Brasil).


Cerveja Guarany, da Brahma




Propaganda das cervejas Brahma

Com esta influência europeia, sobretudo pela mão das senhoras portuguesas, nossa mesa brasileira ficou cheia de deliciosas maravilhas.
A ceia com peru, as bebidas, o bom vinho, as rabanadas, bolos, o bacalhau, as castanhas, o quindim, os pastéis e o cozido.
Fartamos nossos hábitos destes estrangeirismos, muito pelas mãos influenciadoras da família real, que nos ensinou e expandiu estas tradições.


Alguns dos famosos doces portugueses "conventuais".

Gilberto Freyre chegou a dizer que “sem o português não haveria a cozinha brasileira”.
Exatamente na maravilhosa confeitaria, por exemplo, é onde ainda se aplicam muitas das técnicas da gastronomia lusa, onde os doces já valem também pela história.
Em Portugal, as freiras usavam claras de ovos para engomar seus trajes.
Assim, sobravam as gemas e dessa forma surgiram os “doces conventuais” que, no início, eram vendidos apenas nos conventos: fios de ovos, barriga de freira, toicinho do céu, pastel Santa Clara, etc

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A história do leque e o uso no Brasil


 

Leques Japoneses

Diz-se que há relevos e pinturas que atestam a antiguidade do uso de leques remontando à dinastia egípcia, existindo também testemunhos de seu uso na Assíria, Pérsia ou Índia.


Originalmente, eles não podiam ser abertos e fechados como os conhecidos de hoje.
Tinham um grande porte, sendo manuseados por escravos.

O uso destinado aos leques era ligado a momentos cerimoniais das classes mais elevadas. Representava uma grande honra poder abanar o Faraó.

Os gregos, no século V a.C., adotaram o uso dos leques.

Abanar a esposa enquanto ela dormia era uma prova de amor.
Há uma lenda que diz que Eros, Deus do Amor, criou o leque ao arrancar uma asa de Zéfiro, o Deus do Vento do Oeste, para refrescar sua amada Psique enquanto ela dormia em um leito de rosas.

Estes leques eram bem diferentes dos atuais e geralmente eram de tecidos ou penas.

Em um primeiro contato com o Oriente, durante as Cruzadas, entre os séculos XII e XIII, teriam chegado novos tipos de leque à Europa.
Mas o tipo de leque mais conhecido até os dias de hoje teve origem na China do século VII.
Ao que consta, um inventor inspirado nas asas de um morcego elaborou um leque de pequeno porte que abrisse e fechasse com facilidade, surgindo os leques retráteis, antepassados dos que conhecemos hoje.

Este mesmo leque inventado na China chega até o Japão e é lá que os europeus descobrem a novidade, trazendo para a Europa em fins do século XV pelas mãos dos portugueses, quando começaram a estabelecer rotas comerciais com o Oriente.




O leque tornou-se um item indispensável no vestuário das damas.

Somente no século XVII ganha a forma com a qual é conhecido até hoje, tornando-se não apenas um instrumento utilitário, mas como uma espécie de vitrine para expressar os gostos de uma época.


Foram introduzidos barrados, relevos, incrustações e adicionados materiais nobres em sua fabricação.



Leque trabalhado com franja, pedras preciosas e renda.

Exibição no Museu Carlos Costa Pinto, em Salvador/BA

O leque acabou por converter-se em forma de comunicação, em momentos em que as palavras poderiam não ser adequadas.


Assim, criou-se uma linguagem própria do leque, servindo para enviar mensagens, tudo muito discretamente.

Esta linguagem do leque ao que consta, nasceu na Corte Francesa do século XVIII, tendo nas cortes dos reis Luis XIV e Luis XV o seu período áureo.

Nesta época, tornou-se complemento indispensável no vestuário de uma grande dama.

No Brasil, a moda e o uso dos leques chegam mais tarde, com a chegada da Família Real Portuguesa e boa parte da Corte ao Brasil.Com D. João VI, foi introduzido no Brasil o costume dos leques comemorativos, nos quais eram retratados momentos importantes.


No período do Império, estes leques comemorativos eram feitos na China e importados para o Brasil, tendo em um lado a cena comemorativa e do outro, motivos orientais decorativos.

A era dos leques enquanto utilitários chega ao fim nos anos de 1930, mas até os dias atuais, em alguns países e em ocasiões especiais continua sendo um sinônimo de elegância.


A fabricação de leques é reduzida no Ocidente, tendo uma faixa de preços bem variável, custando desde uma simples moeda até uma pequena fortuna.

O país que mais produz leques atualmente é a China, justamente a terra onde o leque articulado foi criado.

A LINGUAGEM DOS LEQUES:



Durante seu período áureo, o leque era utilizado pelos homens e mulheres como forma de comunicação.

Como dito, o leque não exercia apenas a função de refrescar as damas, era uma fonte de linguagem. Uma dama deveria saber se portar com um leque.

Alguns exemplos desta linguagem:

Eu amo-o: Esconder os olhos com o leque aberto;

Aproxime-se: Andar com o leque, conduzindo-o aberto na mão esquerda.

Amo outro: girar o leque na frente do rosto com a mão esquerda.

Quando nos veremos? Leque aberto no colo.

Não me esqueça: Tocar o cabelo com o leque fechado.

Adeus: Abrir e fechar o leque.

Sim: Apoiar o leque no lado direito da face.

Não: Apoiar o leque no lado esquerdo da face.

Preciso falar com você: Tocar o leque com as pontas dos dedos.

Desculpe: Manter o leque aberto na altura dos olhos.

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A Moda Como Linguagem





 Vestir uma roupa é muito mais do que seguir as tendências da moda.
É como você se apresenta ao mundo e comunica as pessoas que estão ao seu redor a sua personalidade e individualidade.
Ao longo dos séculos a roupa feminina evoluiu, mas permanece a sua função de comunicação social. Um acessório que foi muito útil as mulheres das cortes européias foi o leque, usado como objeto de sedução e conquista e que mantém seu charme até os dias de hoje.




































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