sábado, 6 de outubro de 2012

Significado do Centro Espírita

 


Qual o significado do Centro Espírita para você?

Eu estive pensando sobre isso e identifiquei alguns aspectos importantes, por exemplo: que o Centro Espírita é experiência de uma vida comunitária, onde todos se voltam para todos, onde tudo está sob a responsabilidade de todos.

Para que assim aconteça, é preciso que o senso de organização esteja bem afinado, com equilibrada distribuição de tarefas, evitando superposições de atribuições, o que dificultaria a ação de tarefeiros em face das tarefas.
Cabendo a cada um reconhecer sua importância no contexto, mas não deixando de compreender e acatar que, da mesma maneira, todos os demais também são por igual importantes, sem distinção alguma.

Que o Centro Espírita é fonte de conhecimentos sobre a Doutrina Nova, que veio nos convidar para renovação da maneira de viver em família e em sociedade, de modo geral, tanto quanto para revisão sobre nossa relação com Deus.
Viver de maneira fraterna, harmoniosa, tendo a caridade como ação primordial para o bem-estar próprio e de todos.
Para tanto, a dedicação ao estudo do Espiritismo é fundamental para assimilar esses conhecimentos.

Que o Centro Espírita

é o núcleo de aproximação e convergência daqueles interessados em conhecer o Espiritismo para melhor compreender Jesus e mais poder viver de acordo com seus ensinos.
É ponto de encontro com o Divino Amigo.
E quem assim se permita, terá sua intimidade iluminada e dulcificada, saindo desse abençoado encontro em direção à Vida, irradiando alegria e entusiasmo renovado pelo bem.

No entanto, enquanto essas considerações se formatavam em meus pensamentos, outras se contrapunham, chamando minha atenção e pedindo exame comparativo entre o entendimento do Centro Espírita e o comportamento no Centro Espírita.

Assim, sendo o Centro Espírita, na minha concepção, uma experiência de vida comunitária exemplar, onde devo exercitar constante e rotineiramente virtudes que pretendo incorporar de vez por todas no meu modo de ser, eu não devo, por exemplo, compartilhar de “panelinhas”, estabelecendo preferências de convivência, pois isso indica tendência de divisão do grupo maior, que deve ser único, íntegro e homogêneo.


Esse comportamento alimenta a consolidação de grupos menores dentro do grupo maior, e a experiência tem demonstrado que isso provoca, em dado momento, antagonismos entre esses grupos menores, e as discórdias aceleram cisões, a ponto de acarretar ressentimentos e mágoas de difícil superação.
Você se recorda de que a sabedoria diz que a casa dividida rui?

Assim pensando, concluí que é uma clara manifestação de antagonismo a formação de várias chapas para concorrer a eleições para dirigentes de Centro, e que o simples fato de se apresentar mais que uma chapa para a disputa dá mostras da divisão já existente do grupo maior, o qual, para sobreviver produzindo na seara do bem, deve ser coeso e forte, pela união incondicional dos seus membros; que também é demonstração de antagonismo um confrade falar mal de outro confrade para um terceiro, ou quando se põe a criticar alguma realização sua, de maneira destrutiva, maldosa, o que se dá quase sempre longe da pessoa criticada, em momento e local inadequados.

Recordei-me ainda, como nasce e cresce rápido uma rivalidade por força de fuxico, de calúnia, de brincadeira maldosa, bem como pela omissão, pela indiferença a pessoas, pela ausência intencional, pelo orgulho, pelo melindre.


Concluí, também, que preciso contribuir mais ativamente com a comunidade ideal em construção, da qual sou membro, engajando-me como trabalhador e estudioso, intensificando conquistas de amizades, ampliando minha relação e forma de relacionamento com todos.
Escrever, telefonar, conversar, encontrar, visitar, conviver.
Trabalhar a amizade sendo amigo, como manda o figurino: sincero, dedicado, atencioso, zeloso, carinhoso, bondoso, fiel.

Já que eu vejo no Centro Espírita fonte de conhecimentos da Doutrina Espírita, na qual transcende fraternidade legítima em cada palavra ensinada, tenho que abandonar, em nome da coerência doutrinária e da harmonia entre todos, meus pontos de vista, minhas teimosias, minhas malícias, minhas máscaras, meus conflitos, minhas queixas, meus “achismos”.


E a fraternidade, sem remendos e sem disfarces, deve ser parte integrante dos meus sentimentos, do meu falar, de minhas ações, e, assim sendo, através de mim a fraternidade deve seguir seu abençoado curso, alcançando os demais irmãos do Centro Espírita.

Como sendo centro de convergência aproximando pessoas interessadas, vindas em busca de nova razão para viver com alegria sadia, de encontrar respostas e indicação de novos rumos libertadores do Espírito, deve o Centro Espírita ser um lugar o mais afável dentre todos, refletindo a alegria e o entusiasmo de todos.


Não combina, não tem lógica, não há espaço para ser um lugar soturnamente silencioso, onde as pessoas ajam como se estivessem numa clausura, pagando penitência de silêncio obrigatório.

Não combina Centro Espírita sem a movimentação das crianças, a conversação dos jovens, a manifestação de jovialidade dos demais e de todos, através das expressões de alegria, de maneira natural e espontânea.

A propósito, eu não consigo entender certos dirigentes espíritas que confundem seriedade com sisudez e alegria com vulgaridade e perturbação espiritual.

O fato de se ser alegre, fraterno, expansivo, não tira a seriedade e o respeito pelo trabalho e pelos trabalhadores do Centro Espírita.
Há dirigente que faz questão de que, na “sua” reunião, ninguém converse, entre mudo e saia calado, que andem na ponta dos pés.
Sorrir?
Nem pensar.
Se o fizer, passará a ser atendido como obsidiado.
Tudo em nome da “seriedade” do trabalho.
Essa conflitante e perturbada sisudez, assim imposta por alguém costuma ser a manifestação pura de ponto de vista desse alguém, sem nenhuma base doutrinária.

A bem da verdade, que mal há em se incentivar a imagem do Centro Espírita como fonte inesgotável de satisfação íntima, que traz alegria, diante da visão renovada que o Espiritismo enseja também sobre o viver?


Que mal há em se desejar um Centro Espírita para os vivos, onde haja intencional orientação e incentivo a que se viva a Vida com alegria, não só por dizer-se cristão e espírita, mas também por estar esforçando-se para viver como tal?

Não estamos falando de algazarra.

Estamos falando de regozijo e contentamento d´alma que o aprendizado e a vivência dos ensinos Espíritas propiciam a qualquer devoto fiel, freqüentador, trabalhador e dirigente de Centro Espírita.
Considero que essa exteriorização é o testemunho pessoal de que o Espiritismo lhe faz bem.

O Espiritismo tem um vigor tal que pode mover e modificar a mais entranhada das imperfeições humanas, desde que o ser assim se permita e facilite a própria renovação moral, trabalhando a mudança de seus pensamentos e conduta.

Você já imaginou o de que é capaz um grupo de pessoas, pensando, trabalhando e vivendo harmoniosamente os mesmos objetivos e ideais nobres, em nome da sua melhoria pessoal, mas também da melhoria dos demais, somando suas forças e seus esforços, reunidos humildemente num Centro Espírita que seja conduzido estritamente consoante a Doutrina Espírita?

Seria capaz de verdadeiros prodígios, você assim diria por certo.

Não, não é um sonho.

É um retrato do Centro Espírita idealizado por Allan Kardec.
Desculpe-me, falei muito sobre o que eu estive pensando.

E para você, caro confrade, o que significa o Centro Espírita?


Por Silmar O. Silva

Publicado originalmente no Jornal Mundo Espírita - edição Fevereiro de 2005

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