sábado, 29 de maio de 2010

Terapia Ayurveda





O corpo é composto de três doshas: vatta, pitta e kapha.
Vatta é feito de ar e espaço.
Pitta, de fogo e água.
Kapha, de água e terra.

Os doshas são as três forças energéticas fundamentais que representam todos os princípios psicofisiológicos do corpo.
Descobrir a composição dos doshas de cada paciente é o intuito central do diagnóstico do médico ayurvédico.
É a partir disso que o tratamento será desenvolvido.

Cada pessoa possui uma proporção única dos três no corpo que é determinada na data do nascimento.
A essa proporção imutável, uma espécie de DNA dóshico, dá-se o nome de prakriti.
É de acordo com o prakriti que todas as características físicas, psíquicas e espirituais do indivíduo se manifestam.

Então, existem só três tipos de pessoa?
Não é tão simples.
Cada indíviduo pode ter a predominância de um, dois ou até de todos os três doshas no corpo.
Isso faz com que cada paciente seja tratado de uma forma única.
Afinal, cada pessoa possui um prakriti exclusivo.

Além disso, de acordo com sua rotina, sua alimentação e até sua profissão, a constituição dóshica pode se distanciar do equilíbrio do prakriti e adquirir uma configuração instantânea diferente.
A ela se dá o nome de vikriti.
No ayurveda, a saúde só é alcançada quando o prakriti, a constituição natural, coincide com o vikriti, a configuração instantânea.
É o que se chama de equilíbrio.

E como se acha essa "constituição natural"?
Por meio de um longo diagnóstico que acontece em quatro etapas.
Primeiro o médico observa as caraterísticas físicas do sujeito.
Depois faz minuciosos exames que avaliam, entre outras coisas, a língua e a urina.
Aí vem um questionário para descobrir o perfil psicológico.
E, finalmente, o peculiar exame de pulso.

Enfim, a prática

Agora que já sei o meu prakriti, é só identificar as características físicas e psicológicas que me afastam da minha constituição natural e usar os tratamentos do ayurveda para restabelecer o equilíbrio do corpo.

Muitos desses tratamentos têm um caráter preventivo, como a prescrição de exercícios físicos que estejam de acordo com os doshas.
As pessoas que tem vata são agitadas.
Elas devem fazer exercícios que levam para dentro, para acalmar vata, como ioga, dança, alongamento e caminhada.
Da mesma forma, os com pitta têm fogo em excesso e precisam de jogging ou natação.
E, para kapha, gente calma por natureza, o ideal são exercícios aeróbios, como corrida, musculação e artes marciais.

Outro tratamento importante é a definição de uma dieta alimentar que equilibre os doshas.
Na medicina ayurvédica, os rasa (sabores) exercem papel significativo na regulação dos doshas.
Comidas doces, ácidas ou salgadas equilibram vata.
Os sabores adstringente, amargo e doce são bons para pitta.
E alimentos amargos, adstringentes e picantes são indicados para kapha.

De acordo com o ayurveda a comida não deve ser nem muito cozida nem muito crua.
E tem de ser ingerida morna, pois tudo o que é gelado apaga agni, o "fogo" digestivo.
O ayurveda é contra produtos enlatados, fermentados, refinados e quaisquer restos.
A comida tem de ser feita na hora, de preferência sem agrotóxico - alimentos industrializados não possuem prana (energia).

O arsenal terapêutico do ayurveda inclui ainda yoga, meditação, ervas e massagem. Na massagem ayurvédica a escolha do óleo é feita de acordo com o dosha.
Para vata, usa-se óleo de gergelim.
Para pitta, de coco e para kapha, de mostarda.
Sempre óleo vegetal, de sementes orgânicas prensadas a frio.

Mas não há só terapias leves e agradáveis.
No panchakarma, um tratamento para purificar o corpo, ocorre indução de vômitos, ingestão de purgantes, administração de enemas, inalação de fumaça e prática de sangria.

A verdade é que qualquer tentativa de entender o ayurveda com olhos ocidentais vai ser, no mínimo, incompleta.
O ayurveda é o fruto de um modo de pensar cuja origem se perde no tempo e propõe um estilo de vida baseado nessa experiência acumulada.
Tratar-se desse modo é um mergulho quase arqueológico numa visão bem diferente do Universo - o que não deixa de ser fascinante.

por Centro Integrado de Ciências Ayurvedicas

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