Diz-se que a meditação pode trazer benefícios físicos e mentais a quem a pratica com regularidade.
Segundo estudos médicos, os seus benefícios variam entre o desenvolvimento da capacidade de concentração e de raciocínio a melhorias na atividade do sistema imune, a alívio de insônias e problemas relacionados com pressão alta.
Os praticantes Zen não deixam, porém, de contrair doenças, de sofrer, de morrer.
A meditação não é um meio para se alcançar a imortalidade física ou para se libertar das leis da natureza.
Somos o que pensamos
Tudo o que somos provém dos nossos pensamentos.
Com os pensamentos
Fazemos o mundo
Ver as coisas como elas são, incluindo nós mesmos, é o principal motivo que leva os praticantes Zen a meditarem.
De um modo geral, não nos damos conta da relação entre os padrões habituais da nossa atividade mental e o sofrimento que eles nos causam a nós e aos outros.
A observação consistente da mente, durante a meditação e ao longo do dia, revela-nos que grande parte do nosso tempo é despendido a correr atrás de certas coisas e circunstâncias e a rejeitar outras.
Damo-nos conta que despendemos uma parte considerável do nosso tempo e da nossa energia a reciclar prazeres e agravos do passado ou ocupados em como podiam ou deviam melhorar as coisas no futuro, comparando constantemente pessoas e coisas, encarando-as segundo categorias dualistas como bem e mal, desejável e indesejável, certo e errado, culpado e inocente, amigo e inimigo, etc.
Ao meditarmos, passamos a ver com maior clareza os nossos preconceitos e apegos, e isto faz com que procuremos aperfeiçoar o nosso caráter.
A observação simples, honesta, não verbal dos nossos processos mentais e emocionais produz de fato uma mudança no modo como encaramos as situações e as pessoas que encontramos.
O efeito final é uma aproximação à vida que se manifesta em atitudes de não rejeição e de não apego, de não distorção da verdade, de abstenção do excesso de satisfação de desejos e de não cedência ao auto engano.
Esta maneira de viver manifesta-se quer num plano pessoal quer num plano social, e decorre mais de uma profunda compreensão interior do que de um ato de vontade.
Como consequência, tornamo-nos menos propensos, por exemplo, a explorar a natureza ou o próximo, a voltar as costas à vida por ingestão de químicos ou de drogas, a fechar os olhos às necessidades dos outros e aos efeitos das nossas vidas no meio ambiente.
Uma prática contínua de plena atenção ao longo de muitos anos pode dar origem a experiências de profunda compreensão interior que transformam a visão que temos de nós mesmos, ao ponto de podermos ver que o eu a que estivemos ligados prazenteiramente ao longo da nossa vida mais não é do que uma miragem auto-construída.
É como se descascássemos uma bananeira.
Os falsos pensamentos são removidos, camada após camada, até deixarmos de ver não só um eu dissimulado e fingido, mas também um eu desnudado.
Aspiras a descobrires o teu eu, mas acabas por descobrir que não há nada a descobrir.
Em termos mais concretos, praticar meditação faz diminuir gradualmente a errância dos teus pensamentos até experimentares um estado de “não-mente”.
Perceberás naturalmente que a tua vida no passado foi construída sobre um acumular de noções erróneas e confusas que não são o teu verdadeiro eu.
O teu verdadeiro eu é um que é inseparável de todos os outros.
A existência objectiva de todos os acontecimentos compreende todas as várias dimensões da existência subjectiva do teu eu.
Não tens, portanto, que procurar nada nem desprezar nada.
O que está diante de ti em cada momento é o que tens procurado, e não podes nem tens de lhe acrescentar nada para ele ser perfeito.
Ao alcançar este estádio, o praticante de meditação torna-se compassivo para com todos os humanos e todos os outros seres.
O seu carácter torna-se radioso, aberto, luminoso como a luz da Primavera.
Apesar de poder manifestar emoções em prol dos outros, internamente a mente do praticante de meditação está constantemente serena e límpida como a água num lago de Outono.
Uma tal pessoa pode ser considerada iluminada.
Um ensinamento essencial do Zen é que a porta interior está aberta a todos, homens e mulheres, velhos e novos, sábios e ignorantes, fortes e fracos, pessoas de todas as profissões, ofícios e origens, de qualquer religião e crença.
Todas estas palavras, no entanto, apenas falam do Zen, não são em si o Zen.
A meditação Zen requer a tua determinação em aprenderes e a tua persistência em praticares.
Falar do Zen sem o praticar só faz aumentar o conhecimento inútil e confuso da nossa já confusa mente.
Não te faz bem alimentares-te apenas com imagens de comida.
Luz
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