PERGUNTA: A incumbência de
dirigente de Umbanda, como denominam
popularmente de Pai ou Mãe de terreiro, é carma ou mérito?
VOVÓ BENTA: Nega véia costuma
dizer que a maioria dos presentes que ganhamos tem o papel do pacote mais bonito
do que o conteúdo.
E esse é um deles.
O médium que recebe da espiritualidade a
missão de dirigir um agrupamento de outros médiuns, o faz, em primeiro lugar por
necessidade de evolução e em segundo lugar porque possui a confiança daqueles
que lhe dão tal incumbência.
Vamos falar daqueles que receberam a missão do
plano espiritual, projeto realizado antes de sua encarnação na terra e não
daqueles dirigentes ” feitos” em cursos.
Tarefa mediúnica das mais difíceis e que exige
dedicação total daquele espírito reencarnado, além de dose extrema de paciência,
perseverança, humildade e amor.
Mas ao mesmo tempo, exige dele também pulso
firme e forte personalidade para impossibilitar que sua colheita seja
prejudicada pela invasão das pestes.
A dificuldade de cumprir a tarefa de dirigente
sempre se acentua dentro do terreiro, com os médiuns e muito pouco na caridade
com o povo.
Todo médium de tarefa, é um ser encarnado para curar seu espírito
endividado e o terreiro é o hospital onde vai se internar por um longo tempo de
sua vida na terra.
Sabemos que a maioria dos pacientes são impacientes, não é
mesmo?
E aí é que complica!
O dirigente também não deixa de ser um doente
que além de se tratar, agora pode estagiar ajudando aos médiuns de sua corrente
” hospitalar”.
Isso não o coloca como um semi-deus perfeito do qual não se
admitem mais erros, muito menos como alguém que tudo pode, em qualquer hora e em
qualquer situação.
Dele será exigido posturas mais firmes bem como
entendimento mais apurado.
Ele deverá se aprimorar constantemente com estudo e
reforma íntima, exigindo da corrente igual compromisso.
Tais posturas serão
necessárias em função do tamanho de sua responsabilidade e dentre elas está a de
cortar o mal pela raiz, priorizando sempre a corrente como um todo, sem
privilégios a quem quer que seja.
Ao assumir tal posto diante da espiritualidade,
antes de reencarnar, já estará consciente de que sua vida não será ” comum” e
que certamente terá que abdicar de muitas coisas materiais, em favor do lado
espiritual.
O termo Pai e Mãe agracia o médium com a postura
de se colocar como tal, amparando, educando e auxiliando a corrente como
verdadeiros filhos de seu coração.
Tarefa mais difícil ainda, pois esses ”
filhos” não vieram de seu ventre e não nasceram ontem. ão adultos, viciados e
com personalidade formada.
Cada um com seus egos aflorados, com suas
necessidades de reformulação e o fato de portarem a mediunidade, já os qualifica
como devedores em potencial.
E certamente, reeducar um adulto é muito mais
difícil do que educar uma criança.
É pepino torto.
Observo nos terreiros por
onde ando que muito se exige do dirigente e muito pouco se retribui. Falta nos
médiuns, desde respeito até aquilo que os deveria mover dentro da corrente, que
é amor. Humildade então, meus filhos, é coisa rara.
Em compensação sobra
bajulação, geralmente usada como meio de se fazer preferido na corrente.
Nega véia costuma dizer que criança que se cria
como bibelô, como tal vai quebrar quando adulto. Todo aquele que não teve rédea
firme na infância para domar suas más tendências, vai chegar no terreiro e
expô-las de modo a perturbar a ordem do lugar.
Hora e vez de impor as leis que
regem a Casa, independente do que possa pensar a respeito disso, o médium em
questão.
Se mesmo indisciplinado, tiver algo de humildade, vai receber o
chamamento como aprendizado e ali vai crescer, mas se pelo contrário, além da
indisciplina prevalecer nele a arrogância e o orgulho, acolherá como ofensa e
infelizmente, o remédio é amargo para essa doença.
A tarefa é tão árdua que muitos desistem na
metade da caminhada, outros se corrompem, mas, ainda bem que uma grande maioria
volta à casa com sua coroa iluminada pela luz do dever cumprido e a estes, o
mérito de conseguir dar um salto em sua evolução.
Por Vovó Benta – Psicografia Mãe Leni W.
Saviscki
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