domingo, 6 de junho de 2010

Kalil Gibran




Khalil Gibran



Gibran Khalil Gibran
Nascimento 6 de janeiro de 1883
Bicharre
Morte 10 de abril de 1931
Nova Iorque, Estados Unidos
Nacionalidade Libanesa
Ocupação ensaísta, filósofo, prosador e poeta
Magnum opus O Profeta
Gibran Khalil Gibran
Também conhecido simplesmente como Khalil Gibran, foi um ensaísta, filósofo, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa, cujos escritos, eivados de profunda e simples beleza e espiritualidade, alcançaram a admiração do público de todo o mundo.



Seu nome completo transliterado para línguas ocidentais (de base alfabética predominantemente neo-latina), é Gibran Khalil Gibran, assim assinando em árabe.



Em inglês (pois foi nos Estados Unidos da América que ele desenvolveu a maior parte da sua atividade produtiva), preferiu a forma reduzida e ligeiramente modificada de Khalil Gibran.



E assim se conhece em todo o mundo ocidental.
Em sua relativamente curta, porém prolífica existência (viveu apenas 48 anos), Khalil Gibran produziu obra literária acentuada e artisticamente marcada pelo misticismo oriental, que — por essa razão — alcançou popularidade em todo o mundo.



Tinha oito anos quando, um dia, um temporal se abate sobre sua cidade.
Gibran olha, fascinado, para a natureza em fúria e, estando sua mãe ocupada, abre a porta e sai a correr com os ventos.
Quando a mãe, apavorada, o alcança e repreende, ele lhe responde com todo o ardor de suas paixões nascentes:
"Mas, mamãe, eu gosto das tempestades. Gosto delas.
Gosto!" (Um de seus livros em árabe será intitulado Temporais).



1894 - Emigra para os Estados Unidos, com a mãe, o irmão Pedro e as duas irmãs Mariana e Sultane.
Vão morar em Boston.
O pai permanece em Bsharri.



1898/1902 - Vota ao Líbano para completar seus estudos árabes. Matricula-se no Colégio da Sabedoria, em Beirute.
Ao diretor, que procura acalmar sua ambição impaciente, dizendo-lhe que uma escada deve ser galgada degrau por degrau, Gibran responde:
"Mas as águias não usam escadas!"



1902/1908 - De novo em Boston.
Sua mãe e seu irmão morrem em 1903. Gibran escreve poemas e meditações para Al-Muhajer (O Emigrante), jornal árabe publicado em Boston.
Seu estilo novo, cheio de música, imagens e símbolos, atrai-lhe a atenção do Mundo Árabe.



Desenha e pinta numa arte mística que lhe é própria.
Uma exposição de seus primeiros quadros desperta o interesse de uma diretora de escola americana, Mary Haskell, que lhe oferece custear seus estudos artísticos em Paris.


1908/1910 - Em Paris. Estuda na Académie Julien. Trabalha freneticamente. Freqüenta museus, exposições, bibliotecas. Conhece Auguste Rodin. Uma de suas telas é escolhida para a Exposição das Belas-Artes de 1910.
Nesse ínterim, morrem seu pai e sua irmã Sultane.




1910 - Volta a Boston e, no mesmo ano, muda-se para Nova York, onde permanecerá até o fim da vida.
Mora só, num apartamento sóbrio que ele e seus amigos chamam As-Saumaa (O Eremitério).
Mariana, sua irmã, permanece em Boston.



Em Nova York, Gibran reúne em volta de si uma plêiade de escritores libaneses e sírios que, embora estabelecidos nos Estados Unidos, escrevem em árabe com idênticos anseios de renovação.
O grupo forma uma academia literária que se intitula Ar-Rabita Al-Kalamia (A Liga Literária), e que muito contribuiu para o renascimento das letras árabes.
Seus porta-vozes foram, sucessivamente, duas revistas árabes editadas em Nova York: Al-Funun (As Artes) e As-Saieh (O Errante).



1905/1920 - Gibran escreve quase que exclusivamente em árabe e publica sete livros nessa língua:
1905, A Música;
1906, As Ninfas do Vale;
1908, Espíritos Rebeldes;
1912, Asas Partidas;
1914, Uma Lágrima e um Sorriso;
1919, A Procissão;
1920, Temporais.
(Após sua morte, será publicado u m oitavo livro, sob o título de Curiosidades e Belezas, composto de artigos e histórias já aparecidas em outros livros e de algumas páginas inéditas).



1918/1931 - Gibran deixa, pouco a pouco, de escrever em árabe e dedica-se ao inglês, no qual produz também oito livros:
1918, O Louco;
1920, O Precursor;
1923, O Profeta;
1927, Areia e Espuma;
1928, Jesus, o Filho do Homem;
1931, Os Deuses da Terra.
(Após sua morte serão publicados mais dois: 1932, O Errante; 1933, O Jardim do Profeta.)



Todos os livros em inglês de Gibran foram lançados por Alfred A. Knopf, dinâmico editor norte-americano com inclinação para descobrir e lançar novos talentos.
Ao mesmo tempo em que escreve, Gibran se dedica a desenhar e pintar.



Sua arte, inspirada pelo mesmo idealismo que lhe inspirou os livros, distingue-se pela beleza e a pureza das formas.
Todos os seus livros em inglês foram por ele ilustrados com desenhos evocativos e místicos, de interpretação às vezes difícil, mas de profunda inspiração.
Seus quadros foram expostos várias vezes com êxito em Boston e Nova York.
Seus desenhos de personalidades históricas são também célebres.



1931 - Gibran morre em 10 de abril, no Hospital São Vicente, em Nova York, no decorrer de uma crise pulmonar que o deixara inconsciente, cirrose e tuberculose.
Sua obra, acentuadamente romântica e influenciada por fontes de aparente contraste como a Bíblia, Nietzsche e William Blake, trata de temas como o amor, a amizade, a morte e a natureza, entre outros.



Escrita em inglês e árabe, expressa as inclinações religiosas e mística do autor. Sua obra mais conhecida é o livro O Profeta, que foi originalmente publicado no idioma inglês e traduzido para inúmeros outros idiomas mundo afora.
Outro livro de destaque é Asas Partidas, em que o autor fala de sua primeira história de amor.
Todos os seus livros foram traduzidos para o português por Mansour Challita.



Estátua em sua homenagem em Belo Horizonte.



Busto de Gibran no jardim do Museu Gibran, em Bsharri, Libano


TEXTOS

Amai-vos...
Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão.
Que haja, antes, um mar ondulante entre as praias de vossa alma.
Enchei a taça um do outro, mas não bebais da mesma taça.
Dai do vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço.
Cantai e dançai juntos, e sede alegres, mas deixai cada um de vós estar sozinho.
Assim como as cordas da lira são separadas e, no entanto, vibram na mesma harmonia.
Dai vosso coração, mas não o confieis à guarda um do outro.
Pois somente a mão da Vida pode conter vosso coração.
E vivei juntos, mas não vos aconchegueis demasiadamente.
Pois as colunas do templo erguem-se separadamente.
E o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro.

Gibran Kahlil

Divina Música!
Filha da Alma e do Amor.
Cálice da amargura e do Amor.
Sonho do coração humano, fruto da tristeza.
Flor da alegria, fragrância e desabrochar dos sentimentos.
Linguagem dos amantes, confidenciadora de segredos.
Mãe das lágrimas do amor oculto.
Inspiradora de poetas, de compositores e dos grandes realizadores.
Unidade de pensamento dentro dos fragmentos das palavras.
Criadora do amor que se origina da beleza.
Vinho do coração que exulta num mundo de sonhos.
Encorajadora dos guerreiros, fortalecedora das almas.
Oceano de perdão e mar de ternura.
Ó música.
Em tuas profundezas depositamos nossos corações e almas.
Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos e a ouvir com os corações.

Kahlil Gibran

Os Filhos
(Do Livro "O Profeta")

Uma mulher que carregava o filho nos braços disse:
"Fala-nos dos filhos."
E ele falou:
Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa, ama também o arco que permanece estável.

Kahlil Gibran

O Amor
E alguém disse:
Fala-nos do Amor:
- Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir.
E quando vos falar, acreditai nele; apesar de a sua voz poder quebrar os vossos sonhos como o vento norte ao sacudir os jardins.
Porque assim como o vosso amor vos engrandece, também deve crucificar-vos
E assim como se eleva à vossa altura e acaricia os ramos mais frágeis
que tremem ao sol, também penetrará até às raízes sacudindo o seu apego à terra.
Como braçadas de trigo vos leva.
Malha-vos até ficardes nus.
Passa-vos pelo crivo para vos livrar do joio.
Mói-vos até à brancura.
Amassa-vos até ficardes maleáveis.
Então entrega-vos ao seu fogo, para poderdes ser o pão sagrado no festim de Deus.
Tudo isto vos fará o amor, para poderdes conhecer os segredos do vosso coração, e por este conhecimento vos tornardes o coração da Vida.
Mas, se no vosso medo, buscais apenas a paz do amor, o prazer do amor,
então mais vale cobrir a nudez e sair do campo do amor, a caminho do mundo sem estações, onde podereis rir, mas nunca todos os vossos risos, e chorar,
mas nunca todas as vossas lágrimas.
O amor só dá de si mesmo, e só recebe de si mesmo.
O amor não possui nem quer ser possuído.
Porque o amor basta ao amor.
E não penseis que podeis guiar o curso do amor; porque o amor, se vos escolher,
marcará ele o vosso curso.
O amor não tem outro desejo senão consumar-se.
Mas se amarem e tiverem desejos, deverão se estes:
Fundir-se e ser um regato corrente a cantar a sua melodia à noite.
Conhecer a dor da excessiva ternura.
Ser ferido pela própria inteligência do amor, e sangrar de bom grado e alegremente.
Acordar de manhã com o coração cheio e agradecer outro dia de amor.
Descansar ao meio dia e meditar no êxtase do amor.
Voltar a casa ao crepúsculo e adormecer tendo no coração uma prece pelo bem amado, e na boca, um canto de louvor.

Khalil Gibran

Ainda ontem pensava que não era
Ainda ontem pensava que não era mais do que um fragmento trémulo sem ritmo
na esfera da vida.
Hoje sei que sou eu a esfera, e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim.
Eles dizem-me no seu despertar:
" Tu e o mundo em que vives não passais de um grão de areia sobre a margem infinita de um mar infinito."
E no meu sonho eu respondo-lhes:
"Eu sou o mar infinito, e todos os mundos não passam de grãos de areia sobre a minha margem."
Só uma vez fiquei mudo.
Foi quando um homem me perguntou:
"Quem és tu?"

Kahlil Gibran


QUADROS

















Safo, aprox. 1908-14
(Uma bela pintura de Kahlil Gibran)




Duas fotografias: a primeira, um retrato de Mary Haskell feito por Gibran.



Gibran em 1898, com 15 anos

PPS

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LIVROS

1997_-_Cartas_de_Amor_do_Profeta_(Adaptação_de_Kahlil_Gibran).pdf

Kahlil_Gibran_-_O_Profeta.pdf

Kahlil_Gibran_-_O_PROFETA.TXT

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