Nossa essência é divina!

Com relação à natureza íntima de Deus, acredito que nunca, espírito algum, compreenderá a essência divina em toda Sua plenitude... nunca.
Por quê?

Em se tratanto de realidade divina, temos dois aspectos a considerar: Espírito e matéria.

Matéria (manifestação)

É toda a Criação, os universos (sim... multiversos, conforme a própria física quântica já coloca); a matriz de toda matéria/energia (Fluido Cósmico Universal). Também podemos incluir nesse nosso plano da realidade o espaço-tempo, ou como diriam os orientais, a roda de Sansara... ou seja, a roda dos renascimentos (na Terra ou em outros planetas), dentro do processo de evolução.

Podemos incluir nesse apecto tudo o que se manifesta... o pensamento, o sentimento... ou seja, é a expansão... a expiração... o som... a mutação (impermanência)... o imperfeito (no sentido de que não está pronto, ou seja, está se construindo... o caos).

Espírito (consciência)

O vazio (não o nada, que não existe), mas a realidade transcendental que permeia toda existência manifestada.
O Todo que está em tudo; a realidade imutável que sustenta a mutabilidade ou impermanência do universo.
O silêncio que permite o som existir; a perfeição em si mesma.

Os espíritos dizem, em O Livro dos Espíritos, que a origem do Fluido Cósmico Universal é desconhecida.
Pela lógica, a origem do Princípio Inteligente (espírito) também é.
Portanto, se temos a trindade universal (espírito, matéria e Deus, acima de tudo), e se temos Deus como a causa primária de todas as coisas, isso significa o seguinte:

1 - Que nossa origem é divina.

2 - Se Deus é Absoluto, onipotente, ele envolve tudo (ou seja, tudo é manifestação da realidade divina).
Nada existe separado de Deus... espírito é matéria são manifestações de Deus, sem que Deus se limite a isso.

3 - E, se o espírito é imortal, ou seja, não tem fim e transcende a matéria, pela lógica, também deve existir algo nele que nunca teve começo... que está além do universo manifestado... nunca foi criado... sempre existiu.
Neste caso, podemos considerar o princípio inteligente.
Sua essência é divina e não tem fim; provavalmente, não teve começo também.

Isso significa que alguns conceitos ocidentais precisam ser repensados.
Será que fomos criados? Nossa evolução teve começo, mas isso não significa que tenhamos sido criados.
Pois o que foi criado está além, e nada está além de Deus.
Todas as religiões ensinam que somos a própria manifestação de Deus... Não existimos separados de Deus.
Somos deuses, como Jesus afirmou.
Mas, não podemos nos esquecer do elemento transcendental... imanifesto... se somos a própria divindade manifestada no universo, o Absoluto transcende a tudo... inclusive a nós mesmos.

O Espírito é a eterna consciência, além do corpo, dos pensamentos e da mente.
É o Único Ser que existe, na verdade.
Ou seja, somos todos Um.

Apesar de nos manifestarmos como individualidades, nossa essência é Una, pois a Causa é uma só.

Por outro lado, existe um aspecto de Deus que transcende a tudo e a todos; é imanente em si mesmo; é aquele degrau que está sempre além.

Portanto, compreenderemos Deus em sua natureza íntima?

Sim, mas sempre de forma relativa, pois sempre teremos um passo a dar, caso contrário, seria limitar a Deus... por um fim.

Podemos ter um autoconhecimento perfeito, mas isso não significa que compreendamos Deus completamente.
Como compreender aquilo que não tem fim?
Que é ilimitado?
Impossível!

Essa é minha visão, não apenas estudando O Livro dos Espíritos, que não se aprofunda muito neste tema, mas estudando, também, o taoísmo, o zen budismo, o hinduísmo... e, principalmente, meditando...





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Victor Rebelo
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