quarta-feira, 14 de novembro de 2012

PRECISAMOS APRENDER A GUARDAR AS PESSOAS


 
Precisamos aprender a guardar pessoas.
Guardá-las sem maquiagem.
Guardá-las sem as brigas da rotina.
Sem as invejas que o consumo gera.
Sem as palavras rudes que, às vezes, os sentimentos mais agudos forjam no nosso pensamento e que pronunciamos quase sem querer.
Guardá-las a pé ou, no máximo, de bicicleta.
Sem direção hidráulica, nem ar-condicionado, air-bag ou roda de liga leve.
Guardá-las de pijama.
Na cozinha bagunçada e não na festa de final de ano com a roupa do shopping e a taça de champagne na mão.
Guardá-las sozinhas.
Individualmente.
Cada uma dentro de um micro-coração que carregamos e que pode ser acionado em caso de emergência.
Guardar sem misturar.
Cada textura diferente em um lugar diferente.
Se é meio azedo, no coraçãozinho temperado.
Se é doce, no coraçãozinho caixinha de bombom.
Mas também não precisa guardar com rótulo, nem etiqueta.
Basta saber guardar como são de verdade e com o melhor que existe para ser guardado: sorrisos, cheiros, beijos, abraços, carinhos.
Quando se guarda, não se perde.
Precisamos guardar quem amamos para olhar sempre.
Mas é um olhar diferente, que enxerga tudo só dando uma espiadinha n’Alma.
Guardar iluminando para ser iluminado porque daí ninguém vai embora.
Nem a gente.

Hudson José
 

Escrito pelo jornalista Hudson José
 para a jornalista Ruth Bolognese por ocasião da partida de Pedro Franco Cruz.
Veiculado no Blog do jornalista Zé Beto, no Site Jornale, nesta quinta-feira, 19.02.2009)
 

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