terça-feira, 2 de outubro de 2012
A vida e a obra de Allan Kardec
Grupo Espírita Apóstolo
Paulo
Hippolyte Léon Denizard Rivail, ou simplesmente Allan Kardec, foi o
codificador da Doutrina Espírita.
Antes de conhecermos melhor a vida deste
professor francês, mostraremos como foi seu primeiro contato com o mundo
espiritual, que conseqüentemente serviu de marco inicial para o Espiritismo.
Kardec e os Espíritos
Em 1855, Hippolyte Léon Denizard Rivail, professor francês de aritmética,
pesquisador de astronomia e magnetismo, foi convidado por um amigo seu a ver de
perto estas manifestações que ocorriam nos salões da capital francesa.
Rivail
era discípulo de Pestalozzi, chamado de pai da pedagogia moderna, e casado com
Amélie Gabrielle Boudet.
Nascido em 03 de outubro de 1804, na cidade de Lyon, já
ouvira sobre o assunto das mesas girantes e não entendia bem o que estava
acontecendo.
Homem criterioso, Rivail não se deixava levar por modismos e como
estudioso do magnetismo humano acreditava que todos os acontecidos poderiam
estar ligados à ação das próprias pessoas envolvidas, e não de uma possível
intervenção espiritual.
O professor então participou de algumas sessões, e
algo começou a intrigá-lo.
Percebeu que muitas das respostas emitidas através
daqueles objetos inanimados fugiam do conhecimento cultural e social dos que
faziam parte do "espetáculo".
Como os móveis, por si só, não poderiam mover-se,
fatalmente havia algum tipo de inteligência invisível atuando sobre os mesmos, e
respondendo aos questionamentos dos presentes.
Rivail presenciava a afirmação
daqueles que se manifestavam, dizendo-se almas dos homens que viveram sobre a
Terra.
Foi então, que uma das mensagens foi dirigida ao professor.
Um ser
invisível disse-lhe ser um Espírito chamado Verdade e que ele, Rivail, tinha uma
missão a desenvolver, que seria a codificação de uma nova doutrina .
Atento
aos dizeres do Espírito, e depois de muitos questionamentos à entidade, pois não
era homem de impressionar-se com elogios, resolveu aceitar a tarefa que lhe fora
incumbida.
O Espírito de Verdade disse-lhe ser sim uma falange de Espíritos
superiores que vinha até aos homens cumprir a promessa de Jesus, no Evangelho de
João, capítulo XIV; versículos 15 a 26: "E eu rogarei ao Pai e ele vos dará
outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de Verdade,
que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o
conhecereis, porque habita convosco e estará em vós...
Mas, aquele Consolador, o
Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as
coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito".
Através dos
Espíritos, Rivail descobriu que em uma de suas encarnações anteriores foi um
sacerdote druida, de nome Allan Kardec.
Foi então que resolveu adotar este
pseudônimo durante a codificação da nova doutrina, que viria a se chamar
Doutrina Espírita ou Espiritismo.
Kardec assim procedeu para que as pessoas, ao
tomarem conhecimento dos novos ensinamentos espirituais, não os aceitassem por
ser ele, um conhecido educador, quem estivesse divulgando.
Mas sim, que todos os
que tivessem contato com a boa nova a aceitassem pelo seu teor racional e sua
metodologia objetiva, independente de quem a divulgasse ou a apoiasse.
A partir daí foram 14 anos de organização da Doutrina Espírita.
No início,
para receber dos Espíritos as respostas sobre os objetivos de suas comunicações
e os novos ensinamentos, Kardec utilizou um novo mecanismo, a chamada
cesta-pião: um tipo de cesta que tinha em seu centro um lápis.
Nas bordas das
cestas, os médiuns, pessoas com capacidade de receber mais ostensivamente a
influência dos Espíritos, colocavam suas mãos, e através de movimentos
involuntários, as frases-respostas iam se formando.
Julie e Caroline Baudin,
duas adolescentes de 14 e 16 anos respectivamente, foram as médiuns mais
utilizadas por Kardec no início.
Com o decorrer do tempo, a cesta-pião foi
dando lugar à utilização das próprias mãos dos médiuns, fenômeno que ficou
conhecido como psicografia.
Todas as perguntas e respostas feitas por Kardec
aos Espíritos eram revisadas e analisadas várias vezes, dentro do bom senso
necessário para tal.
As mesmas perguntas respondidas pelos Espíritos através das
médiuns eram submetidas a outros médiuns, em várias partes da Europa e América.
Assim, o codificador viajou por cerca de 20 cidades.
Isso para que as colocações
dos Espíritos tivessem a credibilidade necessária, pois estes médiuns não
mantinham contato entre eles, somente com Kardec.
Este controle rígido de
tudo o que vinha de informações do mundo espiritual ficou conhecido por
"Controle Universal dos Espíritos".
Disto, estabeleceu-se dentro da Doutrina
Espírita que qualquer informação vinda do plano espiritual só terá validade para
o Espiritismo se for constatada em vários lugares, através de diversos médiuns,
que não mantenham contato entre si.
Fora isso, toda comunicação espiritual será
uma opinião particular do Espírito comunicante.
Com todo um esquema
coerentemente montado, Allan Kardec preparou o lançamento das cinco Obras
Básicas da Doutrina Espírita, a Codificação, tendo início em 1857 com o
lançamento de "O Livro dos Espíritos".
Estes livros contêm toda a teoria e
prática da doutrina, os princípios básicos e as orientações dos Espíritos sobre
o mundo espiritual e sua constante influenciação sobre o mundo
material.
Durante a codificação, Kardec lançou um periódico mensal chamado
"Revista Espírita", em 1858. Nele, comentava notícias, fenômenos mediúnicos e
informava aos adeptos da nova doutrina o crescimento da mesma e sua divulgação.
Servia várias vezes como fórum de debates doutrinários, entre partidários e
contrários ao Espiritismo.
A Revista Espírita foi a semente da imprensa
doutrinária.
No mesmo ano, Kardec viria a fundar a Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas.
Constituída legalmente, a entidade passou a ser a sociedade
central do Espiritismo, local de estudos e incentivadora da formação de novos
grupos.
Allan Kardec desencarnou em 31 de março de 1869, aos 65 anos, vítima de um
aneurisma.
Sua persistência e estudo constantes foram essenciais para a
elaboração do movimento espírita e organização dos ensinos do Espírito de
Verdade.
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