segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A Força de Liberação - A Morte como Transição



Boa tarde a todos.
À medida que continuamos com nosso tema, "Morte como Transição", vale a pena tomarmos um pouco de tempo para considerar como o ocidente leigo tem progressivamente se isolado do natural processo cíclico da morte.
Sempre em busca de novas sensações, a nossa desenfreada e agitada descida pelo caminho do materialismo resultou numa poderosa identificação com a nossa capa de pele; nos tornamos embaraçados nos seus sentidos e consequentemente fora de sintonia com nossa natureza interna.
Os sentidos são destinados a informar, não controlar, e somente nos desembaraçando deles e interiorizando nossa linha de investigação, podemos esperar ganhar alguma compreensão real da natureza da morte.
Temos que despertar os sentidos internos, esotéricos, e seguir a sua direção para alcançarmos o centro eterno do nosso ser que permanece inabalável e tranquilo durante os longos ciclos de vida, morte e renascimento.
Podemos, então, conhecer em primeira mão o belo segredo velado pelo processo da morte, que é a entrada na vida maior.

A atitude mental determinante no ocidente parece ser que uma vida é tudo que você tem e portanto focaliza nela o que for possível por qualquer meio.
Temos o mais moderno símbolo disto na preservação criogênica e a horrível imagem de corpos congelados aguardando voltar à vida se e quando a ciência tiver avançado suficientemente.
É uma testemunha triste de como nos tornamos insensíveis às verdades interiores que uma vez conhecemos instintivamente como nossa primogenitura.
Através da miopia espiritual, nossas vidas tornaram-se rápidas, tempestuosas, autodestrutivas e vazias.
Mas, afortunadamente, a crise mundial está rapidamente, embora de forma dolorosa, nos despertando deste perigoso sono egocêntrico.

Estamos mudando de atitude para nos enfrentar a nós mesmos e já era tempo.
A morte por guerra, fome, doença, terrorismo e desastres naturais é colocada em nossas casas diariamente pelos meios de comunicação - e as pessoas estão reagindo ao terrível sofrimento que veem.
Através destas cenas horríveis somos constantemente lembrados da nossa mortalidade e podemos perguntar se pode realmente haver um Deus ou uma vida espiritual após a morte para um mundo tão cheio de dor e dano, ódio e separatismo.
A desilusão das massas com as religiões ortodoxas é resultado da incapacidade delas para responder certas perguntas satisfatoriamente, com inteligência, inquirindo mentes que buscam por uma filosofia mais apropriada a esses atuais desafios mundiais.
Ao longo do rápido crescimento da psicologia e das ciências sociais, a nova era tem se desenvolvido, cheia de supostos contatos com os que estão do outro lado do véu da morte, comunicações com anjos, abduções por alienígenas, viagem astral e coisas parecidas, enquanto a pesquisa científica abre o campo de exploração e debate através de sua investigação da proximidade da morte e experiências fora do corpo.

Com tudo isso vem a consistente decadência dos tabus que envolvem o assunto da morte e um crescente interesse por sua natureza.
Por enquanto a classe científica não aceita nenhuma prova concreta para a vida após a morte e sua posição geralmente ateísta é parcialmente uma atribuição cármica à igreja, por seu antepassado dominador e subjugador.
E é digno de nota que agora a descrição pictórica do céu dos fanáticos religiosos é tal que a maioria dos cientistas a consideraria como um inferno perfeito, à medida que até ideias religiosas ortodoxas sobre o assunto parecem ter pouca relação ou relevância com as realidades do nosso mundo moderno, e portanto perdendo rapidamente o seu atrativo.
Somente pelo entendimento da vida após a morte como uma extensão desta vida que o processo da morte pode ser entendido como simplesmente uma transição - uma relocação da consciência de uma área da mente divina para outra.
Este descartar da forma e a adoção de uma nova, mais apropriada, é justamente parte de uma interminável espiral de progresso alinhado com o Plano divino.

Para entender a relação entre este mundo e o próximo, devemos adotar uma perspectiva mais desapegada e impessoal.
Devemos nos desfazer da nossa visão egocêntrica da vida para entrarmos no grande esquema das coisas; na verdade as personalidades individuais morrem logo que suas qualidades mais elevadas são reabsorvidas pela alma.
A alma é que persiste e que, ao longo de sucessivas encarnações, vai firmemente tomando controle dos seus veículos para poder se manifestar plenamente no plano físico.
Quando isto ocorrer em massa, a consciência coletiva da humanidade formará um vibrante centro de força - um posto avançado da divindade com responsabilidade de administrar o planeta e nutrir os reinos inferiores da natureza, cada um desempenhando seu papel no plano Divino.

Quando levarmos em conta este ponto de vista - a libertação da existência para a entrada na vida maior - começaremos a ver a morte de maneira positiva em vez de negativa, e a compreender que a única morte real é a limitação, que é aquilo que a encarnação na substância física densa é da perspectiva da mente iluminada.
Esta atitude inversa para o que nós chamamos vida e morte é o ponto de vista do iluminado e está belamente resumido na passagem seguinte do livro de Alice Bailey, Cura Esotérica:

"Guarde na memória, Ó Chela, que nas esferas conhecidas nada há senão luz que responde à PALAVRA.
Saiba que essa luz desce e se concentra; saiba que deste seu ponto de enfoque escolhido, ela ilumina sua própria esfera; saiba também que aquela luz sobe deixando na escuridão aquele que - em tempo e espaço - se iluminou.
Esta descida e subida os homens chamam vida, existência e morte; nós, que trilhamos o Caminho Iluminado, chamamos isto morte, experiência e vida."

É bonito e inspirador contemplar na mente este giro da perspectiva da vida e da morte.
Como os mundos foram criados pela enunciação da PALAVRA, assim, numa volta inferior da espiral, cada um de nós é uma palavra enunciada pela alma e manifestada no plano físico.
A PALAVRA atrai para si mesma a substância iluminada que então se solidifica em carne provendo nosso invólucro temporário ou casa.
Quando esta forma envelhece ou a sua utilidade é superada, como acontece com todas as formas, por que retê-la?

Este tomar e liberar forma é o lado espiritual do processo evolutivo, a consciência que reside em cada forma nunca se perde, pois o movimento evolutivo na ou fora das diferentes formas, treina, ajusta, informa e desenvolve em sintonia com o que apenas podemos chamar um plano de algum tipo de mente divina.
Refletindo sobre isto ganhamos um melhor senso de proporção à medida que nos distanciamos do nosso próprio destino pessoal em favor de uma perspectiva mais abrangente.
É através deste enfoque impessoal que nos tornamos plenos de reverência na medida que sentimos o amor incondicional que é a causa do processo universal e que dirige tudo pra frente para alguma meta desconhecida.

Alice Bailey nos diz que o trabalho da Grande Vida que anima o nosso planeta aplica energias e forças de acordo com as leis cósmicas, criando continuamente as novas formas necessárias a expressar a “vida mais abundantemente” e o “crescente propósito de Sua vontade” que o transcurso das épocas torna ciclicamente possível.
Vivemos atualmente num ciclo em que a Sua intensa atividade está utilizando a técnica da divina destruição para a libertação da vida espiritual.
Simultaneamente esta grande Vida está criando a nova estrutura de civilização que expressará mais plenamente a conquista evolucionária do planeta e os reinos da natureza, levando, eventualmente, à perfeita expressão de Sua vida e propósito divinos.
Afortunadamente nos é dito que este período de destruição está se aproximando do seu fim e que se iniciarmos as necessárias mudanças na consciência, emergirá uma era de amoroso entendimento.

Desta maneira vemos que a morte não é apenas algo que afeta os indivíduos - é parte de todo um enorme processo através do qual a alma se adapta às leis espirituais. Isto envolve a destruição periódica de tudo que está cristalizado e com necessidade de se libertar para novas formas.
Ocorre por toda parte e em todos os níveis e vemos gigantescos cataclismos como terremotos no reino mineral e a extinção de espécies.
Também no nível humano vemos o processo da morte operando no nível emocional e mental.
Assim, temos a morte e o renascimento constantes de instituições, religiões, movimentos políticos e tendências culturais.
Vemos construção, destruição e reconstrução por todos os lados ao nosso redor, e tudo isso é muito penoso pelo fato de que tentamos manter as formas familiares do passado.

É duro para nós que estamos tão identificados com o aspecto forma entender este importante propósito da morte, especialmente em casos de desastres naturais como vimos recentemente.
Segundo os Ensinamentos da Sabedoria Eterna, todos os assim chamados Atos de Deus ocorrem sob a Lei e o Plano, e isto causa compreensivelmente um paradoxo preocupante, pois, quem pode reconciliar tal terrível sofrimento com um Deus benévolo e todo amoroso?
Talvez parte da contradição esteja na tendência de se fazer uma imagem Dele como uma personalidade intimamente preocupada com os assuntos de cada indivíduo no planeta.
Entretanto, as Grande Vidas que residem no Centro onde a Vontade de Deus é conhecida, incluindo o Próprio Logos planetário, estão mais focadas nas relações interplanetárias e no direcionamento das forças cósmicas para o bem de todos os reinos da natureza.
Podemos inferir disto que, nos desastres naturais e em tempos de guerra, o destino individual e o carma são geralmente substituídos pelo carma grupal e racial, e até mesmo o carma planetário no caso de desastres naturais.
De fato, esotericamente morte é simplesmente a liberação da consciência dentro da grande vida por meio da relocação dela para outra área do esquema Divino.
Assim, embora desastres naturais tais como terremotos estão sob a guia de inteligências planetárias, a grande lei do Amor que rege o sistema solar nunca é violado.
É que a forma tem de ceder à “pressão da ideia divina”, ou dito de outra forma “A vestidura de Deus é lançada fora pela energia de Seus movimentos...”

No caso do conflito humano que dá a impressão de nada ter com o divino, mas muito mais com a estupidez humana, o grande pecado da separatividade (separatismo) é a causa principal de todas as guerras em todos os níveis - racial, nacional e individual.
Parece que causamos intenso sofrimento em nós mesmos até ao ponto da capitulação forçada.
Quando a vontade egoísta é esgotada, novas leis espirituais podem, então, assumir o controle.
Então, a personalidade egoísta torna-se a alma abnegada, desejosa em cooperar com a energia de síntese que enfim produz a unificação planetária.

A síntese vivente é, pois, a meta da evolução até onde podemos entendê-la, e é o senso de separatividade (separatismo) que tem de ser superado.
Esta separação advém da encarnação na substância densa num corpo físico grosseiro. Mas é através da nossa evolução na substância planetária que a substância é lentamente redimida e toda a ilusão de espaço e de tempo que emerge dela é dissipada.
Esta é a nossa missão e foi o impulso que trouxe a família humana à encarnação num fluxo de energia da constelação de Câncer.
Nesta conexão disse Alice Bailey no livro “Astrologia Esotérica”:

“É com a finalidade de finalmente negar o conceito de tempo e espaço e provar que isto é uma ilusão de que a porta, em Câncer, se abre para a alma que se sacrifica e serve.
Tenham isto sempre em mente ao estudar o assunto do renascimento.
As palavras renascimento e reencarnação são enganosas; ‘impulso cíclico’, ‘repetição de propósito inteligente’ e ‘inspiração e expiração conscientes’ descreveriam de modo mais acurado este processo cósmico. ...
Esotericamente falando, o ponto de maior interesse reside no fato que é um renascimento grupal que ocorre todo o tempo e que a encarnação individual é apenas incidental ao acontecimento maior. Isto tem sido largamente ignorado e esquecido devido ao intenso e egoísta interesse na vida e experiência pessoais...” (p.325)

Podemos fazer uma pausa agora para refletir sobre o padrão vida-morte como uma expiração e inspiração cíclica e então recitarei o antigo mantram Indiano, o Gayatri que tão poderosamente simboliza isto.
Aqueles que desejarem serão bem-vindos a unirem-se neste ato e no final poderemos pronunciar a palavra sagrada, o OM:

Oh Tu, sustentador do universo
De Quem todas as coisas procedem
A Quem todas as coisas retornam
Revela-nos a face do verdadeiro sol espiritual
Oculto por um disco de luz dourada
Para que conheçamos a verdade e cumpramos todo nosso dever
Enquanto nos dirigimos para Teus sagrados pés.
OM

O Processo da morte

Que exatamente ocorre na morte?
No final de um ciclo de vida, a alma exerce seu poder de atração de forma que ele contrabalança o poder atrativo inerente na própria matéria.
Neste sentido a morte é um toque da alma que é forte demais para o corpo.
É um ato de Amor da alma e envolve três processos principais para liberar o fragmento encarnado da alma nos mundos inferiores:

O primeiro deles é o Trabalho de Restituição.
Isto significa o retorno da substância que compôs o corpo físico ao reservatório básico de substância, deixando a pessoa permanecer no corpo etérico ou vital.
Do ângulo da alma, isto marca o início do retorno da divina energia espiritual à sua fonte nos níveis da alma.
Esta restituição é predominantemente o trabalho da alma humana no interior do corpo físico que trabalha através do coração e os centros da cabeça.

O segundo processo é A Arte de Eliminação, que acontece quando termina a restituição da substância física.
A pessoa agora se liberta de toda reação à força atrativa da matéria física, e permanece nos corpos sutis que reagem somente a três fatores predisponentes:

- A qualidade do seu equipamento astral-emocional.
- A condição mental na qual ela habitualmente vive, e
- A voz da alma

frequentemente não familiar mas às vezes bem conhecida e querida.
É-nos dito que isto é a ofuscação da alma, não a alma humana, mas a que trabalha na eliminação de todo o controle dos corpos astral e mental até a ascendente alma se refocalizar nos níveis concretos do plano mental como um ponto de luz radiante.

Finalmente, depois que a Arte de Eliminação estiver concluída, temos O Processo de Integração.
Isto diz respeito aos esforços da pessoa espiritual libertada para fundir-se com a alma (a superalma) nos níveis mais elevados do plano mental.
A parte retorna ao todo e a pessoa compreende o verdadeiro significado das palavras do Krishna:

“Tendo permeado o universo inteiro com um fragmento de Mim Mesmo, Eu permaneço.”

Da mesma forma, o fragmento consciente no caminho da experiência, tendo interpenetrado o pequeno universo da forma nos três mundos, ainda permanece e conhece a si mesmo como sendo uma parte do todo.

Estes três processos de Restituição, de Eliminação e de Integração são o que chamamos morte e com eles em mente podemos agora considerar a arte da morte um pouco mais detalhadamente.
Embora normalmente lembramos da morte como o abandono imediato do corpo físico, da perspectiva da alma, uma pessoa no plano astral ou plano mental inferior ainda permanece em encarnação, e o tempo necessário para completar este processo varia de acordo com a idade e experiência da alma encarnada.
A maioria permanecerá nos planos astral e mental inferior por um longo período na medida em que a arte da eliminação prossegue gradualmente até não haver nada mais para atraí-la magneticamente a esses níveis.

Dissolução e a Arte da Morte

No momento designado, a alma pronuncia uma “palavra de retirada”. O corpo etérico, que interpenetra o corpo físico durante a encarnação reage à nota da alma e se organiza para a abstração.
Em resposta a isto, as glândulas injetam uma substância na corrente sanguínea que afeta o coração, sendo isto uma das causas do coma e da perda de consciência. Finalmente, ocorre um tremor psíquico desprendendo a conexão entre o corpo etérico e o sistema nervoso - frequentemente resultando no relaxamento e ausência de medo que muitas vezes as pessoas agonizantes mostram.
O duplo etérico agora se prepara para deixar o corpo através da porta de um dos chakras maiores.
Este portão é usualmente o plexo solar, mas as pessoas de bem e os aspirantes do mundo saem através do centro do coração, enquanto os mais avançados saem através do centro da cabeça. Este ponto de saída normalmente determinará a nova situação da pessoa nos planos internos.

Durante este tempo a pessoa agonizante está regularmente retirando sua consciência dos veículos astral e mental, como preparatório para a completa abstração do seu corpo vital ou etérico.
Por esta razão é essencial que o aposento da morte esteja em silêncio.
O agonizante torna-se mais introvertido, e no caso da pessoa avançada este processo é efetuado conscientemente.
Muitas pessoas permanecem também conscientes das relações com outros mesmo no momento em que perde o domínio sobre a existência física.
Segue outra pausa e é neste ponto que o corpo físico pode recuperar sua influência sobre o corpo etérico se a alma o ver como parte do seu plano interno e a morte não tenha sido planejada.
Assim, tudo indica que é neste ponto que muitos retornam para relatar suas Experiências Próximas da Morte.
Às vezes, o conjunto do poder atrativo do corpo físico é tão forte que prolonga o processo agonizante por semanas.
Finalmente, entretanto, perderá a batalha se a morte for o plano da alma.

Depois da morte física

Depois da morte física, a mesma pessoa ainda está presente no planeta, entretanto agora intangível.
A consciência da pessoa durante a morte está focada ou no corpo emocional ou no mental (mais precisamente no corpo desejo-mente) e há pleno conhecimento do que está acontecendo.
A pessoa comum torna-se conscientemente desperta de si mesma com uma clareza de percepção desconhecida enquanto encarnada. Como o cérebro já não registra a consciência, como nós a percebemos no plano físico, ele já não existe. Invariavelmente neste ponto segue um momento de contato direto com a alma, mesmo na mais ignorante das pessoas, e isto é experimentado como um longo e forte puxão na corda de uma campainha.
A alma responde e a pessoa vê as experiências da encarnação passada se desenrolar diante dela.
Dessas experiências, 3 sementes ou fatores condicionantes são separados que contém as chaves para as formas que serão construídas na futura encarnação e que podem ser descritas como se segue:

Semente Um - determina a natureza do ambiente físico no qual a pessoa reencarnará - sua qualidade e campo de contato necessário.

Semente Dois - determina a qualidade do corpo etérico através do qual as forças do meio ambiente farão seu impacto no corpo físico e ao longo do qual circularão as energias entrantes.
Também especifica qual dos sete chakras maiores estará mais ativo durante a próxima encarnação.

Semente Três - determina a chave para o veículo astral.
Esta semente nos leva ao contato com aqueles previamente amados ou contatados.
Aqui, novamente, a ideia grupal governa toda encarnação, não somente através do desejo individual, mas também através do impulso grupal, de acordo com o carma grupal como também com o carma individual.

Estas sementes de “determinação do reconhecimento” como são chamadas, aplicam-se ao grupo, mas somente nos três níveis inferiores de consciência.
Para aqueles que são sensíveis à alma, um antigo Comentário esotérico diz: “Quando a alma conhecer a alma e no ponto de encontro ao alcance do chamado do Mestre, estas sementes desaparecerão.”
Isto significa que enquanto a maioria das pessoas volta à encarnação através do carma e o desejo por experiência, incluindo a reunificação com aqueles com os quais reforçou ligações no passado, aqueles trilhando o caminho e, em certa medida, “fundidos com a alma”, são atraídos à encarnação mais pelo trabalho que a alma deseja realizar de acordo com o Plano divino.

Seguindo esta experiência de Análise da alma e a separação das três sementes, a pessoa procura por aqueles a quem ele ou ela esteve emocionalmente ligado e reestabelece relações com eles.
No caso daqueles com os quais teve fortes ligações emocionais de amor ou de ódio, mas que ainda estão em encarnação física, ele ou ela será atraído magneticamente para eles e procurará ficar próximo deles e consciente de suas atividades. Entretanto, em ambos os casos, a atração do desejo desaparece lentamente à medida que a mente se torna mais dominante.
Agora a segunda morte se aproxima - a Arte de Eliminação - para se libertar do controle do corpo desejo-mente.

Da perspectiva da alma, o plano astral é um lugar de intenso desejo e, portanto, um mundo ainda mais cheio de ilusão do que o mundo físico em muitos sentidos.
Por esta razão uma das coisas mais eficazes que podemos fazer nesta vida é purificar nossas emoções e nos libertar do controle de suas forças - aí então o plano astral não nos reterá por muito tempo quando sairmos da encarnação física e tivermos desempenhado a nossa parte na destruição da miragem deste plano.

Três Tipos de Céu

Podemos passar um longo tempo no plano astral de acordo com a condição de nossas emoções e desejos, especialmente quando o estado de consciência que as religiões tradicionais chamam “Céu” é para ser encontrado aqui.
É uma condição de prazer sensual, efeito do desejo e vontade por descanso, paz e felicidade, e como cada indivíduo o constroi para si mesmo, tanto como ele (ou ela) tenta construir uma vida ideal no plano físico, há tantas variações dele como há participantes.
Entretanto, chegará o tempo, à medida que a arte da eliminação prosseguir, quando o corpo astral morrerá permitindo a consciência se retirar para o plano mental.

Também no plano mental há um céu, muitas vezes mencionado como Devachan.
É de ordem vibratória mais elevada do que o céu astral e a bem-aventurança que se goza nele é descrita como mais mental e intensa, o senso de realidade é mais marcante comparado com qualquer experiência no plano astral.
Mas ele ainda está imerso no mundo inferior da forma e aqueles que estão trilhando o caminho espiritual e aprendendo a servir também devem transcender este estado.
Isto somente pode ocorrer por meio da constante prática da imparcialidade e desapego em qualquer plano de consciência em que nos encontremos.
Incidentemente, pode não haver nenhum Devachan para os não evoluídos, para onde tem tido pouca inteligência, pouco pensamento reflexivo, existindo aí pouca experiência mental para começar um Devachan e, consequentemente, a consciência não pode operar nesse ambiente.
Nestes casos, há um impulso da Alma para encarnar quase imediatamente.

O terceiro céu é o Nirvana do qual tanto ouvimos falar.
A entrada nele somente é possível quando os três mundos inferiores já não mais retêm a pessoa através da inclinação ou do carma.
Embora o Devachan proveja o senso de unidade com os outros, ele continua um reflexo deste estado mais elevado e está colorido pelo egoísmo e o prazer do separatismo (separatividade).
O Nirvana, entretanto, é a verdadeira consciência grupal e neste elevado estado de consciência cada identidade separada, embora autorrealizada, participa da realização grupal.
Nisto está a bem-aventurança para o indivíduo - a separação não é mais sentida, somente a totalidade e a unidade essenciais são conhecidas.
É um estado de consciência que pode ser conhecido no plano físico por aqueles que alcançaram a iluminação.

Fatores que guiam a consciente decisão de reencarnar naqueles que estão ativos no caminho espiritual:

Sabemos que o impulso natural da alma é dar e servir e ser capaz de imprimir este desejo no discípulo parcialmente iluminado durante a encarnação.
Portanto, o único objetivo do discípulo depois da morte é livrar-se dos corpos mais sutis e adquirir novos corpos.
Enquanto aqueles que estão apenas começando no longo caminho espiritual para se libertarem da roda do renascimento, as almas avançadas são livres também enquanto em encarnação, porque sua consciência está alinhada e fundida com a alma, e é este desejo de servir à humanidade e ao Plano que determina se encarnam ou não.

Já descartado o corpo, a maioria das pessoas enfrentará duas grandes experiências, ou seja: um momento de contato com a alma e então uma reorientação relativamente violenta para a vida terrena. Resumidamente, este é um processo de “descida e chamado” onde a substância necessária para formar os novos corpos, entre outras atividades, é reunida e colorida com as qualidades e características já conquistadas.
Neste estágio, na expectativa da encarnação, é feita uma deliberada escolha dos pais.
Alice Bailey chama a atenção que os pais então somente dão o corpo físico denso, exceto quando a experiência da alma é longa e foi estabelecida uma verdadeira relação grupal.

Meditação:

Superar o processo da morte e transformá-lo em algo em que podemos participar conscientemente é o próximo passo à frente das pessoas inteligentes e de boa vontade em toda parte, e a meditação é a chave para o entendimento deste processo. Se pudermos nos remeter ao Gayatri por um momento, veremos que este mantram vela muitos níveis de consciência de acordo com nossa compreensão espiritual.
Para a maioria de nós, será a luz da alma - uma luz que muitos de nós busca invocar no dia-a-dia.
Entretanto, na maior parte do ciclo de encarnações a alma em seu próprio plano recebe pouca informação de nossos assuntos e atividades diárias, mas quando começamos a trilhar o caminho e deliberadamente invocar a sua luz, a primeira regra de Magia Branca nos diz que: O Anjo Solar se recolhe, não dissipa sua força mas, em profunda meditação, comunica-se com seu reflexo.

Quando isto ocorre, a personalidade experimenta o impulso para a introspecção e a meditação e começa a ocorrer o processo positivo de morte e destruição para tudo que obstrui a luz da alma.
São Paulo falou deste processo na sua epístola aos Corinthians quando disse “Morro diariamente”. Isto conduz plenamente à Crucificação (no Ocidente) ou à Grande Renúncia (no Oriente), com sua lição de sacrifício e seu apelo à morte da natureza inferior.
Esta era a lição que São Paulo conheceu, e a meta para a qual se esforçou.
“Morro diariamente”, disse, porque somente na experimentação diária da prática da morte, a Morte final pode ser enfrentada e suportada.
Através da redenção e ressurreição de nossa vivência mental, começamos a compreender que morte em si mesma é parte da Grande Ilusão e somente existe por causa da densidade dos véus da substância que acumulamos em nossas auras através de uma vida egocêntrica.

A função da meditação é fundamental para o conjunto do processo da morte e liberação porque ela constrói um percurso entre a mente concreta inferior e a mente abstrata superior e mais além.
Um dia isto assegurará a continuidade de consciência entre este mundo e os planos sutis que, no presente, nos são revelados somente quando abandonamos o corpo físico na morte.
O próprio ato de uma abstração diariamente treinada e consciente longe da identificação com nosso corpo, nossas emoções e pensamentos nos prepara para a “Arte da Eliminação” que procede da morte sob a jurisdição da alma.
Este processo de desapego purifica e eleva a vibração da substância dos nossos veículos e isto ajudará a viabilizar uma rápida e planejada liberação quando a alma nos chamar novamente, como tem feito muitas vezes.

Alice Bailey escreveu que a morte é um ato da intuição - intuição transmitida pela alma à personalidade e então levada a efeito.
Se examinarmos o significado de Intuição, veremos que é uma percepção direta da vontade da alma ou homem interno, sem a interpretação da mente ou colorida pelas emoções.
Para muitas pessoas, a morte pode ser o único momento na vida que elas experimentam verdadeira intuição porque ela não está interessada nos detalhes da vida da personalidade, mas com os propósitos mais amplos do grupo com os quais a alma está comprometida.
Aqui podemos nos referir ao que foi dito antes: que o processo inteiro de renascimento ou “impulso cíclico” é basicamente uma atividade grupal na qual o indivíduo é significante apenas incidentemente.

É importante considerar que morte, de certo modo, é algo que experimentamos todas as noites nas horas do sono.
Muitos não percebem que no sono morremos para o plano físico enquanto continuamos vivos e funcionando em outro lugar; e que é a relativa qualidade do cérebro que falha ao não registrar isto com precisão quando despertamos cada manhã.
Os processos do sono diário e o do ato de morrer são de fato muito parecidos, exceto que no sono o fio magnético ou corrente de energia ao longo do qual a força da vida flui é preservado intacto sendo o caminho de retorno ao corpo.
Na morte esse fio da vida está rompido ou cortado.
Quando isto acontece, a consciência não pode retornar ao corpo físico denso, e esse corpo, não possuindo o princípio de coerência, se desintegra.

A desintegração é o que acontece com todas as coisas quando o princípio de coesão da alma não mantém e relaciona de alguma maneira a substância na forma.
Resumindo a natureza da morte, Alice Bailey nos dá um pensamento muito profundo e poderoso:
A morte, realmente, é a deterioração no tempo e espaço, devido à tendência da matéria-espírito a se isolar enquanto em manifestação.
Embora não temos tempo para explorar isto em detalhe, talvez a melhor saída seja como um ponto para reflexão.
Este enunciado resume todo o processo de involução e evolução, de envolvimento na forma e um estado de consciência individualista e continuamente mais separado, e então o retorno à unidade no arco ascendente da evolução, de volta ao espírito levando conosco como qualidade os frutos da nossa experiência.
À medida que aprendemos a trabalhar conscientemente neste processo, estamos nos alinhando com a força de liberação da alma e conhecendo somente a grande Vida espiritual.

Finalmente, é tranquilizador saber que o medo e o horror da morte desaparecerão porque estão fundados no amor à forma - nossa própria forma, as formas daqueles que amamos e a forma do nosso ambiente familiar e nosso entorno.
Por ora este tipo de amor se opõe a todo o nosso ensinamento sobre as realidades espirituais.
A esperança do futuro e a esperança de nossa libertação desse medo sem fundamento estão na transferência de nossa ênfase para o fato da alma eterna e para a necessidade para que esta alma viva espiritualmente, construtivamente e divinamente nos veículos materiais.
Tristeza, solidão, infelicidade, decadência, perda - tudo isso são ideias que desaparecerão à medida que as pessoas aprenderem a viver conscientemente como almas, e considerarem a forma ou formas como simples modos de expressão.

Então, ocorrerá uma nova e mais alegre atitude para com essa grande experiência.

Christine Morgan
http://www.encontroespiritual.org

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