1) A Experiência de Quase Morte
(EQM) (=NDE (Near Death Experience ) e o Processo do Morrer;
2) A Travessia (percorrendo as
várias dimensões);
3) Adaptação à Vida Espiritual.
A EXPERIÊNCIA DE QUASE MORTE E O PROCESSO DO MORRER
Um sem-número de pessoas, no mundo todo, já passou e outro tanto
está passando, ou ainda vai passar, pela Experiência de Quase-Morte (EQM).
Segundo um estudo notável feito pelo Instituto Gallup, tendo por base a
população adulta dos EUA, 35% dos americanos que estiveram próximos da
morte (o que corresponde a 8 milhões de pessoas) tiveram essa
experiência.(1)
Mas, o que é na verdade uma EQM?
Raymond Moody Jr deu-nos um "modelo" para que tivéssemos
uma idéia do que ocorre a uma pessoa que passa por essa vivência: (2)
"Um homem está morrendo e, quando chega ao ponto de maior
esgotamento ou dor física, ouve seu doutor declará-lo morto.
Começa a
escutar um ruído desagradável, um zumbido estridente, e, ao mesmo tempo,
sente que se move rapidamente por túnel longo e escuro.
Em seguida,
encontra-se, de repente, fora do corpo físico, todavia em torno dele, vendo
seu corpo do lado de fora como um espectador.
Nesta posição privilegiada,
observa a tentativa de ressuscitá-lo e encontra-se em um estado de
excitação nervosa.
Em um momento, fica calmo e começa a acostumar-se à sua estranha
condição.
Dá-se conta de que segue tendo um 'corpo', ainda que de natureza
diferente, com poderes diferentes dos do corpo físico que deixou para trás.
Em seguida, começa a acontecer algo.
Outros vêm recebê-lo e saudá-lo.
Vê os
espíritos de parentes e amigos que já tinham morrido e aparece diante dele
um espírito amoroso e cordial que nunca antes havia visto - um ser luminoso
- .
Este ser, sem utilizar a linguagem, pede-lhe que avalie sua vida e o
ajuda, mostrando-lhe uma panorâmica instantânea dos acontecimentos mais
importantes.
Em determinado momento, encontra-se aproximando-se de uma
espécie de barreira ou fronteira que parece representar o limite entre a
vida terrena e a outra.
Descobre que deve regressar à Terra, que o momento
de sua morte ainda não chegou. Resiste porque começou a acostumar-se às
experiências da outra vida e não quer regressar.
Está inundado de intensos
sentimentos de alegria, amor e paz.
Apesar de sua atitude volta ao seu
corpo físico e vive.
Posteriormente, trata de falar com os outros, mas é problemático
fazê-lo, já que não encontra palavras humanas adequadas para descrever os
episódios não terrenos. Tropeça também com as piadas dos demais, por isso
deixa de falar-lhes.
Mas a experiência afeta profundamente a sua
existência, sobretudo, as suas idéias sobre a morte e a sua relação com a
vida".
Nesse modelo, Moody procurou colocar os quinze elementos mais comuns
encontrados nas muitas histórias que ouviu dos depoentes, apresentando-o
como uma idéia preliminar e geral do que pode experimentar uma pessoa que
está morrendo.
No entanto, nunca encontrou ninguém que tivesse tido todos
esses elementos na experiência do morrer.
Segundo suas observações, não existe uma EQM idêntica à outra, ainda
que as semelhanças sejam notáveis.
Às vezes, podem ser encontrados somente
dois desses elementos ou mais; em outros casos, a ordem não segue
rigorosamente à do modelo.
Quanto ao grau de profundidade da experiência, isto vai depender da
real ocorrência de uma morte clínica e, neste caso, do tempo em que o
paciente permanece nesse estado; quanto mais longo esse período, mais
profunda será.
Em geral, as pessoas que estiveram "mortas" dão um
relato mais vívido e completo da experiência do que as que só estiveram
próximas da morte.
George G. Ritchie, psiquiatra norte-americano, relatou no livro
Voltar do Amanhã, a EQM pela qual passou, aos 22 anos, nos 9 minutos em que
foi considerado clinicamente morto (3).
Ele conta, com todos os detalhes, a
sua desabalada corrida, na tentativa de apanhar o trem e voltar para sua
casa, no Estado da Virgínia, sem sucesso; o encontro com espíritos
diversos, mas principalmente com o Ser de Luz, que emanava amor
incondicional e que conhecia cada aspecto negativo do seu ser, cada
pensamento, cada ação má e egoísta, desde o dia em que nasceu e o aceitava
tal como era.
Na presença desse Ser de Luz, recapitulou todas as cenas, que havia
vivido em sua curta existência, em retrospectiva perfeita e detalhada.
Enquanto fazia essa revisão total, uma pergunta insistente
apresentava-se-lhe, com nitidez:
O Que fez você de sua vida?
A pergunta
referia-se a valores, não a fatos: o que Você realizou com as cotas de
tempo que lhe foram dadas ?
O que fez do Amor em sua vida ?
E ele tinha
certeza de que o Amor solicitado era no sentido mais universal que essa
palavra encerra.
Ritchie tinha consciência de que ainda não sentia esse Amor .
A psicóloga inglesa Margot Grey foi acometida de uma estranha doença
que teve a duração de três semanas, e nunca chegou a ser verdadeiramente
diagnosticada.
Em um momento impreciso, no curso dela, teve uma experiência
única em sua vida, uma EQM.
Viu-se flutuando na escuridão total,
encontrou-se com um "ser" do espaço infinito; depois viajou por um
túnel sem fim; ao término, emergiu para a luz; parecia-lhe estar perto da
"fonte" de vida e amor.
Após essa experiência a dra Grey visitou a Universidade de
Connecticut, onde colheu informações junto ao excelente material de
pesquisa do dr. Kenneth Ring, e tornou-se a primeira pesquisadora de EQM do
Reino Unido, investigando 38 casos característicos.
Entre estes, ouviu o
relato de um senhor , contando o tipo de ligação entre o dois corpos: (4)
"Foi como se um cordão me ligasse ao meu corpo na cama e eu não
podia sair.
Pensei que estava preso lá, e então tive a impressão de que o
cordão tinha sido cortado e eu cheguei a esse lugar."
Uma mulher que tinha tido uma experiência negativa também comenta:
"Ao voltar para o meu corpo, tive a sensação de um cordão
elástico, que é esticado até o limite e então solto.
Eu como que me choquei
de volta contra meu corpo, e tudo parecia vibrar com o impacto"
Segundo suas observações, as EQMs relacionadas às tentativas de
suicídio(5) não atingem a etapa final mas tendem a desvanecer-se antes de
atingir os elementos transcendentais característicos da "experiência
total".
Nesses casos, a EQM tende a terminar em um vácuo sombrio, um
sentimento de confusa flutuação na escuridão.
Com base em sua pesquisa, a dra. Grey aponta também, tal como já o
fizera Maurice Rawlings, para a incidência das EQM negativas, chamadas
assim porque, em alguns casos, essas ocorrências, no limiar da morte podem
tornar-se um verdadeiro pesadelo: o sobrevivente descreve lugares
nevoentos, sensações desagradáveis, sentindo-se mesmo nos prenúncios do
próprio inferno.(6)
Assistindo, em todo o mundo, cerca de trinta mil pacientes em estado
terminal, a psiquiatra dra Elizabeth Kübler- Ross teve oportunidade de
constatar que muitos deles tiveram "experiências fora do
corpo"(EFC) ou de quase morte .
Nesta última, o denominador comum é a
Experiência Fora do Corpo; as pessoas tiveram plena consciência de
abandonar seu corpo físico, muitas vezes, flutuando em torno dele.
E
pincela, com detalhes gerais, como as pessoas descreveram esses momentos,
vendo-se nas proximidades de onde foram originalmente abatidas: o cenário
do acidente, a sala de emergência, o próprio leito de sua casa etc.
Não
sentiram dor nem ansiedade.
Muitas descreveram a cena do acidente, detalhando-a,
minuciosamente, inclusive a chegada da ambulância e de pessoas que trataram
de tirá-las do automóvel, ou de apagar o fogo.
De acordo com o que observou, no curso de uma EQM, as pessoas
deficientes sentiam-se completas: "as mutiladas tinham seus membros
intactos, as que estavam em cadeiras de rodas, podiam dançar e mover-se de
um lado para outro sem esforço algum, e as pessoas cegas podiam ver."
Havia também "a percepção da presença de seres amados, entre os
quais figuravam parentes próximos, que os haviam precedido na morte.
Sempre
havia uma avó querida esperando uma netinha, um tio em especial que havia
morrido há dez meses, ou um companheiro de classes (...)" (7)
Com base em suas observações, a dra. Kübler-Ross desenvolveu um
projeto científico interessante, estudando a incidência de EQM em cegos,
sobretudo nos que não tiveram nenhum vislumbre de luz pelo prazo mínimo de
dez anos.
Aqueles que vivenciaram a EQM foram capazes de descrever, com
detalhes, como as pessoas estavam vestidas, a cor das roupas, o modelo e
assim por diante. (8)
Há também um caso impressionante descrito em dois de seus livros:
Una Luz que se Apaga e Morte: Um Amanhecer. (9)
Em uma de suas
conferências, um senhor pediu um aparte para narrar a sua própria história,
e a dra. Ross concedeu-lhe a palavra.
Ele teve oportunidade, então, de
descrever um episódio muito triste de sua existência, de uma só vez, havia
perdido toda a família: a mulher e os cinco filhos, quando a perua em que
viajavam fora colhida por um caminhão que transportava gasolina, todos os
corpos ficaram carbonizados.
Desde o pavoroso desastre, viveu em estado de
choque, de entorpecimento, com dificuldade em aceitar a idéia de estar
sozinho no mundo, de não ter ninguém.
Incapaz de enfrentar a situação,
passou a beber e a drogar-se.
Assim, de cidadão decente e trabalhador
passou à condição de mendigo que bebia de manhã até de noite.
Vejamos o
relato da dra Ross:
"A última lembrança que tinha era a de que, depois de dois anos
de mendicância, encontrava-se numa estrada suja à margem de uma floresta,
bêbado e dopado, tentando, desesperadamente, encontrar-se com a
família".
Lembrava-se de ter avistado um enorme veículo que vinha na sua
direção e passava sobre seu corpo.
Nesse momento, viu-se jogado na estrada, seriamente ferido, ao mesmo
tempo que, do alto, de poucos centímetros acima do chão, podia observar a
cena do acidente. Nesse estado,(...) começou a sentir que estava saindo do
seu corpo , sem dor nem ansiedade.
Apartou-se flutuando e viu acercar-se
uma luz.
De pronto, dessa luz surgiu sua família: sua esposa e seus filhos,
tão felizes , saudáveis e sorridentes como os recordava a todos".
E o senhor que pediu para dar o testemunho ressaltou:
"Não falaram , mas pude compreender tudo.
Subitamente soube que eles
estavam bem".
"Não tinham cicatrizes nem marcas de queimaduras.
Só estavam ali para mostrar-me que estavam bem e juntos".
"Tive consciência de que havia passado todo esse tempo tratando
de destruir minha vida, porque pensava que havia perdido toda minha
família, meus filhos..."
E o anônimo narrador voltou voluntariamente ao corpo, reiniciando
sua vida de homem decente e trabalhador.
Este depoimento foi a resposta de Deus às preces feitas pela dra.
Ross: ela havia pedido que alguém pudesse dar um testemunho vivo sobre a
importância da EQM na conferência que ia pronunciar.
ESTÁGIOS DO MORRER
Melvin Morse, pediatra de Seatle, EUA, pesquisou tanto sobreviventes
crianças, quanto adultos.
Em estudo que obedeceu a protocolo científico,
acompanhou, por oito anos, 26 crianças que passaram pela EQM e verificou
que o fenômeno é o mesmo em qualquer fase da vida humana.
No prefácio do seu livro, Transformados pela Luz ,consta o caso de
um menino de dez anos que sofreu uma parada cardíaca, viu-se depois em um
túnel, encontrando no final dele um grupo de pessoas: "Todas brilhavam
interiormente como lanternas. Todo o local resplandecia (...)Eu não conhecia
nenhuma das pessoas que encontrei ali, mas todas pareciam me amar
muito", afirmou.
Entre os adultos que entrevistou nesse mesmo livro , há o caso de um
senhor que foi atingido por um raio, enquanto jogava golfe; flutuou, então,
acima do seu corpo e sentiu-se sugado por um túnel, nada conseguia ver, mas
a sensação era a de avançar muito depressa dentro dele, vendo a luz do
final, tornar-se cada vez maior.
Para Morse, basicamente, existem nove indícios de EQM:
1) Uma
sensação de estar morto;
2) Paz e Ausência de dor;
3) Experiência Fora do
Corpo (EFC); 4) Experiência do túnel;
5) Seres da luz;
6) Ser de luz;
7)
Recapitulação da vida;
8) Relutância em voltar;
9) Transformação da
personalidade.
(10) Com seus estudos, concluiu que "a EQM é um acontecimento lógico
e ordenado que compreende flutuar para fora do corpo, entrar na escuridão e
vivenciar uma luz maravilhosa e indescritível.
As pessoas que as têm sabem
o que está acontecendo." (11)
Para o respeitado psicólogo social Kenneth Ring, existem cinco
estágios da experiência básica: paz, separação do corpo, entrada na
escuridão, visão da luz e entrada na luz.
(12) O sobrevivente pode ter
vivenciado dois ou mais desses estágios, como já vimos nos exemplos
anteriores.
Dr Ring e equipe colheram mais de uma centena de depoimentos, entre
estes, o de uma paciente que sofreu um ataque de asma quase fatal.
Nele, a
paciente descreveu o túnel pelo qual passou, uma espécie de tubo de água
muito largo, do qual emergiu para a luz. (13)
Michael Sabom, cardiologista de Atlanta, Georgia, EUA, investiga EQM
desde 1977. Em seu livro, Recollections of Death, relata os resultados de
100 pacientes pesquisados (71 do sexo masculino e 29 do feminino).
Ele
próprio entrevistou cada um deles, segundo um modelo muito semelhante ao do
dr. Ring.
Nas entrevistas, recolhia os dados demográficos dos
sobreviventes, consultava os registros médicos fornecidos pelo Hospital,
para confrontá-los com as informações colhidas e ouvia a descrição da EQM
vivenciada pelo paciente.
Baseado em suas pesquisas, dr. Sabom conclui que
27 a 42 por cento dos sobreviventes à morte clínica, haviam passado pela
EQM.
As pesquisas de Ring apontam para algo próximo aos 40%, enquanto a
pesquisa do Gallup indica 35%.
A maioria dos pacientes foi ressuscitada depois de poucos momentos
da parada cardíaca.
Segundo as observações do dr. Sabom, quando o paciente
ficava inconsciente por mais de 60 segundos tendia mais comumente a induzir
a EQM (14).
Esta descoberta levou o pesquisador de Atlanta a algumas
conclusões:
a) os que estão mais próximos da morte passam com maior
freqüência pela experiência;
b) as que passam por ela não sentem mais medo
da morte ou diminuem muito esse receio.
A equipe do dr. Ring chegou a essas mesmas conclusões,
confirmando-se, assim, os resultados dos dois pesquisadores, fato raro em
pesquisa parapsicológica.
Interessante observar também, nos casos do dr. Sabom, a descrição
feita pelos sobreviventes a respeito dos sofisticados procedimentos
utilizados nas cirurgias cardíacas que eles tiveram oportunidade de
observar, enquanto flutuavam ao redor de seus corpos físicos, na sala
cirúrgica.
Alguns descreveram a retirada da costela, o peito aberto e as
inúmeras e delicadas incisões, pinçamentos , aplicação de injeções
intra-cardíacas, manobras de ressuscitamento, etc.
Essas descrições são
ainda mais incríveis quando comparadas ao grau de conhecimento demonstrados
pelos pacientes quando em estado "normal".
Esses depoimentos são
evidências a mais de que algo se desliga do corpo físico e é capaz de
observar tudo o que se passa ao seu redor.
Ainda recentemente, dezembro de 2001, a conceituada revista Lancet
publicou um artigo científico de autoria de uma equipe de médicos da
Holanda, chefiados pelo cardiologista Pim Van Lommel, sobre a investigação
de EQM (NDE), realizada em 344 pacientes que sofreram parada cardíaca e
foram ressuscitados, com sucesso, em dez hospitais holandeses.
Os pacientes
foram entrevistados, logo nos primeiros dias, após terem tido a
experiência, e acompanhados, 2 e 8 anos depois, para a devida avaliação.
Do
total de sobreviventes pesquisados, 41 pacientes (12%) descreveram uma
experiência profunda, com elementos que caracterizam uma EQM.
A média de
idade foi de 62,2 anos (26 a 92 anos); 73% eram homens.
Os autores
concluíram que, quanto menor a idade do paciente, maior a freqüência de
EQM; verificaram, também, que a percentagem de ocorrência de EQM foi menor
do que em outros estudos, que revelaram a incidência de 30%, provavelmente
porque a média de idade, na investigação da Holanda, era muito elevada.
As pesquisas de EQM levam a muitos questionamentos: Consciência e
memória estariam, realmente, localizadas no cérebro, como querem os
reducionistas materialistas, ou estariam na alma e teriam, no encéfalo, o
seu reflexo, o seu instrumento de expressão, conforme pensam os
espiritualistas?
Como poderia o paciente experimentar uma clara
consciência, fora do corpo, no momento em que o cérebro é afetado por uma
parada cardíaca e o eletroencefalograma mostra-se plano?!
A explicação transcendental, espiritualista, sustenta que a EQM
estaria ligada a um estado alterado de consciência , durante o qual a alma
se deslocaria do corpo, conservando, porém, a sua capacidade de percepção
não sensorial, a sua identidade, cognição e emoção, independentemente, do
corpo inconsciente.
Aliás, esta é a explicação mais aceita por todos os que
passaram por este tipo de experiência.
Segundo as conclusões do dr. Ring, a EQM parece não ocorrer,
aleatoriamente, ela tende a se desdobrar em vários estágios seqüenciais.
Quanto mais profundamente o paciente penetra nela, mais estágios
experimenta; suas observações coincidem, portando, com as do dr. Moody e
dr. Sabom.
Ainda segundo as pesquisas de Ring, "a maioria das experiências
do limiar da morte parecem se desdobrar de acordo com um único padrão,
quase como se a perspectiva de morte servisse para liberar um
"programa" armazenado comum de sentimentos, percepções e
experiências."(15)
As comunicações mediúnicas parecem confirmar as observações do dr.
Ring: tudo indica que há um "programa" para o morrer, que pode
ser melhor acompanhado com as informações dos Espíritos, daqueles que já
passaram para o "outro lado da vida"
NOTAS:
1) A respeito da pesquisa do Instituto Gallup ver o livro Aventuras
na Imortalidade (Adventures in Immortality), de George Gallup Jr., citado
por Ring em Rumo ao Ponto Ômega.
2) Vida Despues de La Vida - cap. 2.
3) Voltar do Amanhã, pp. 45 a 48.
4) Voltando da Morte, pp.109 e 110.
5) Voltando da Morte, p. 43.
6) Voltando da Morte, p. 34.
7) Dra. Elisabeth Kübler-Ross - Una Luz que se Apaga, pp. 198 e 199.
8) Elisabeth Kübler-Ross - A Morte: Um Amanhecer, p. 16.
9) Una Luz que se Apaga, pp. 202 e 203; Morte: Um Amanhecer, p. 76.
10) Prefácio de Transformados pela Luz
11) Transformados pela Luz p. 207
12) Rumo Ao Ponto Ômega, p. 38.13) Citado por Scott Rogo - Volta à
Vida, p. 90.
14) Veja Scott Rogo - Volta à Vida, p. 98.
15) Veja também as observações de Rogo, Volta à Vida, pp. 91 e 92
COMO É MORRER
Embora obedeça a leis gerais que a tornam automática (16), a
desencarnação, para efetivar-se completamente, envolve lapsos de tempo
variáveis, conforme a evolução do Espírito. (17)
Allan Kardec detalhou o mecanismo de desprendimento da alma,
valendo-se dos ensinos do Espíritos benfeitores e das próprias entrevistas
que fez com centenas de desencarnados.
Com o Codificador aprendemos que
morrer é relativamente fácil, complicado, porém, é desencarnar,
desprender-se a alma dos laços que a retém ao plano material.
Vejamos os tópicos principais listados por Kardec no estudo da
desencarnação: (18)
. A extinção da vida orgânica acarreta a separação da alma, em
conseqüência do rompimento do laço fluídico que a une ao corpo, mas esse
desprendimento nunca é brusco e só se completa quando não mais reste um
átomo do perispírito unido a uma molécula do corpo.
. O número de pontos de contato existentes entre o corpo e o
perispírito é responsável pela maior ou menor dificuldade na separação.
Se
a união permanecer, a alma poderá sentir a decomposição do próprio corpo,
como freqüentemente acontece nos casos dos suicidas.
Na morte natural,
resultante da extinção das forças vitais por velhice ou doença, a separação
é gradual: para aquele que se desmaterializou durante a própria existência,
completa-se antes da morte real; para o homem materializado e sensual,
cujos laços com a matéria são estreitos, é difícil, podendo durar
"algumas vezes dias, semanas e até meses" (O Livro dos Espíritos,
Q. 155, nota).
Na morte violenta, o desprendimento só começa depois que ela
se efetiva, e não se completa rapidamente (OLE, Q. 162, nota).
Na transição da vida corporal para a espiritual, produz-se um
fenômeno de perturbação, considerado como estado natural.
Nesse instante, a
alma experimenta um torpor que paralisa, momentaneamente, as suas
faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações.
É por isso que
ela quase nunca testemunha, conscientemente, o derradeiro suspiro. Quando
sai desse estado, o Espírito pode ter um despertar calmo ou agitado,
dependendo do tipo de sono no qual se envolveu.
A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o
estado moral da alma.
Influem, pois, no processo de desencarnação: o número de encarnações
já vividas, as conquistas mentais ou o patrimônio no campo da ideação, os
valores culturais, o grau de apego aos bens terrenos, enfim, as qualidades
morais e espirituais, que constituem seu patrimônio.
A preparação para a morte incluiria todo um programa existencial: fé
ativa, aceitação da vontade divina nos impositivos da existência,
desprendimento dos bens terrenos, busca da expansão do amor, na vida
diária.
É, por isso, que não existe uma desencarnação igual à outra, do
mesmo modo que não há EQMs idênticas, apenas similares.
As desencarnações tanto quanto as reencarnações obedecem
simplesmente à Lei natural: ambas são automáticas.
Há um "programa" nos dois processos que, em linhas gerais,
é igual para todos os seres viventes.
A proximidade da morte física simplesmente detona a abertura desse
"programa", que se desdobra, então, em estágios definidos, mas
cuja duração varia em graus muito diversificados, porque depende da
aquisição evolutiva de cada ser.
O CASULO E A BORBOLETA: Em 1958, o espírito André Luiz explicou o
processo do morrer (19), comparando-o à metamorfose dos insetos .
Imaginemos a larva dos insetos de transformação completa, como a da
borboleta, por exemplo.
Chega um determinado momento em que a lagarta
começa a diminuir os seus movimentos, até paralisá-los completamente;
esvazia, então, os intestinos e não mais suporta a alimentação.
Nesse
estágio, permanece imóvel, transformando-se em crisálida ou pupa.
Fica,
então, dentro do casulo, protegida das intempéries pelos fios que produz com
a secreção das glândulas salivares, e pelos tecidos vegetais e pequenos
gravetos do meio ambiente.
Nesse estado, pode ficar alguns dias e até
meses.
Na posição de pupa, o organismo da lagarta sofre modificações
consideráveis com o aniquilamento de determinados tecidos (histólise), ao
mesmo tempo que elabora órgãos novos (histogênese).
Principalmente, o
aparelho digestivo e os músculos sofrem as alterações de cunho
degenerativo, reconstruindo-se, depois, em novas bases.
Nessa reconstrução
(histogênese), forma-se um novo sistema bucal e os elementos dos músculos
estriados são reutilizados, já agora para a configuração de outros órgãos.
Assim, um belo dia, uma linda borboleta deixa o casulo.
Ao deixar o corpo físico, a alma humana passa por um processo semelhante.
É discutível se será uma bela borboleta ou uma mariposa escura e sem graça,
mas de todo modo vai se apresentar com um envoltório diferente.
Somente após o esgotamento da força vital, em virtude da idade
avançada, da enfermidade ou de algum outro fator destrutivo externo, pouco
a pouco, declinam as forças fisiológicas, paralisam-se os movimentos
corpóreos.
O paciente em estado terminal não mais tolera a alimentação.
A imobilização no cadáver lembra a crisálida.
Assim como a lagarta
produz os filamentos com que se enovela no casulo, também o homem
envolve-se nos fios dos próprios pensamentos.
Nesse estado, há o predomínio
das forças mentais, tecido com as próprias idéias reflexas dominantes do
Espírito.
Este pode ficar nesse estado de pupa por um período que varia
entre minutos, horas, dias, meses ou decênios.
Com a cadaverização, os catalizadores químicos e outros recursos
próprios do quimismo orgânico operam a destruição dos tecidos corpóreos
(histólise).
Com isso, afetam os tecidos do corpo espiritual,
principalmente a morfologia dos músculos e dos aparelhos da nutrição, com
escassa influência sobre os sistemas nervoso e circulatório.
Ao mesmo
tempo, dá-se a reconstrução (histogênese) do corpo espiritual, com a
elaboração de órgãos novos.
Assim, o perispírito ou corpo espiritual inicia
a formação dos seus "tecidos" a partir dos elementos vivos,
desagregados do tecido citoplasmático que se mantinham, até então, ligados
à organização fisiológica entregue à decomposição.
Pela histogênese espiritual, os órgãos novos vão recompor o
perispírito, para que ele possa continuar servindo de veículo à atuação do
Espírito, já agora em nova dimensão.
Somente ao término desse processo, a borboleta abandona o casulo,
isto é, o Espírito larga o corpo físico, ao qual se uniu, temporariamente,
e que lhe serviu de sagrado instrumento de aprendizado.
Enverga, então, um veículo mais sutil, com novo peso específico,
segundo a densidade da vida mental em que se gradua, dispondo de novos
elementos para atender à própria alimentação e locomoção.
Tal como o organismo da borboleta, esse corpo sutil passou por
modificações no sistema muscular e no aparelho bucal.
Assim, vai ostentar
as chamadas trompas fluídico-magnéticas de sucção, novo meio através do
qual vai se alimentar no além. Com esses órgãos novos, esse corpo estará
muito mais ligado às emanações das coisas e dos seres que o cercam.
É sempre bom repetir que todo esse processo vai depender da evolução
espiritual do desencarnado.
O grau evolutivo alcançado vai se refletir nos
processos mentais que, por sua vez, vão conferir "peso
específico" ao psicossoma ou perispírito.
Em última análise, esse "peso específico" é quem vai
determinar a morada ou a dimensão em que o Espírito viverá no além.
Desde que iniciou seus Seminários sobre a Morte e o Morrer, em 1965,
a dra. Elisabeth Kübler-Ross tem aprendido muito com os que estão se
despedindo deste mundo.
Em seus livros e conferências, a grande mensageira da Esperança,
legítima representante da psiquiatria iluminada, tem utilizado bastante as
mesmas imagens veiculadas por André Luiz: a lagarta, o casulo e a
borboleta.(20)
Nas suas observações no leito de morte, a dra. Ross constatou essa
posição de pupa referida por André Luiz: o doente não deseja mais
conversar, pára de se alimentar, enfrentando os pródromos da passagem.
Nesse estágio, a dra. Ross conservava-se, silenciosamente, ao lado do
agonizante, mantendo a posição de companheirismo e solidariedade.
Muitos clarividentes têm descrito o que se passa no momento da
morte, em observações que puderam fazer assistindo a moribundos; essas
informações coincidem com as descritas nos livros da coleção André Luiz.
LIBERAÇÃO GRADATIVA: Em Obreiros da Vida Eterna,(20) aprendemos que
existem três regiões orgânicas fundamentais a merecer todo cuidado nos
momentos de liberação da alma:
1) O centro vegetativo ( sede das manifestações fisiológicas),
ligado ao ventre;
2) O centro emocional (zona dos sentimentos e desejos),
sediado no tórax;
3) O centro mental: sede da alma (o mais importante),
situado no cérebro.
Após a liberação desses três centros, dá-se a morte , mas não a
desencarnação, porque, em geral, por um período que varia de 50 a 72 horas,
permanece um liame fluídico, o chamado cordão de prata, ligando o cérebro
do perispírito ao cérebro do corpo físico.
Através desse cordão prateado, o
Espírito absorve os últimos remanescentes dos princípios vitais que ainda
circulam no campo fisiológico.
RECAPITULAÇÃO:
As informações do mundo espiritual referem-se ao
fenômeno da recapitulação ou hipermnésia post-mortem, através do qual o
Espírito tem uma visão panorâmica de toda a existência que acabou de
deixar.
Trata-se de um filme único, que contem milhares de cenas, com todos
os detalhes minuciosos da existência finda e que cada ser revive, no silêncio
de sua posição de crisálida, como uma espécie de balanço ou de julgamento
de sua própria consciência.
Mesmo alguns daqueles que voltaram a viver, após uma EQM, contam que
passaram por essa recapitulação.
Já citamos o caso do psiquiatra George
Ritchie, no livro Voltar do Amanhã, relatando uma EQM, aos 22 anos, quando
foi considerado clinicamente morto por nove minutos (21) :
"Tudo o que se passara comigo ali estava, visível a olho nu,
situado no tempo e animado de vida, parecendo acontecer no mesmo instante.
(...) Cada pormenor de vinte anos de existência estava ali para ser visto.
(...) no meio dessa visão de tudo o que ocorrera, surgiu uma questão. (...)
"Que fez você de sua vida?" (...) A pergunta parecia dizer
respeito a valores, não a fatos: "O que você realizou com as cotas de
tempo que lhe foram dispensadas?"
Nas 500 cartas-mensagens, enviadas pelos desencarnados aos seus
familiares, por intermédio de Chico Xavier, que tivemos a oportunidade de
analisar no livro Nossa Vida no Além, há também relatos de hipermnésia ou
recapitulação.
Foi o que descreveu Luiz Antonio Biazzio, residente do Departamento
de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, que teve morte
súbita, aos 29 anos, em carta-mensagem, enviada à sua mãe, Leda, quando ela
visitou o médium Xavier, em Uberaba (22):
"Rememorei meus estudos de medicina, revisei os meus doentes,
os meus apuros na psiquiatria para definir-lhes as emoções e, em seguida,
querida mãezinha, as recordações da infância e do lar desfilaram diante da
minha visão íntima.
"De tudo me lembrei (...) De seus sacrifícios e dos sacrifícios
do papai Caetano para que eu pudesse cumprir o meu ideal num curso
superior; revi a querida irmãzinha Maria Clara, a perguntar-me sobre o que
eu preferia para essa ou aquela merenda, e não me esqueci de nossas preces
do tempo de criança.(.. ) tudo, tudo estava ali comigo naqueles instantes
(...)"
Essa recapitulação faz parte do "morrer" ou do
"programa" natural da desencarnação e é conhecida nos círculos
espirituais como síntese mental.
SONO ARRASADOR: As 500 mensagens pesquisadas confirmam as questões
163 a 165 de O Livro dos Espíritos , que nos instruem sobre o estado de
perturbação pelo qual a alma passa, após a morte, em tempo variável,
conforme a elevação de cada um. Este estado de torpor manifesta-se no sono
profundo, irresistível, arrasador, a que se entrega o Espírito, no momento
da morte, podendo permanecer nele por horas, dias, meses e anos.
Vejamos um pequeno trecho da mensagem de Carlos Alberto Andrade
Santoro, jovem de 20 anos, residente na cidade paulista de Votuporanga,
falecido de acidente de avião, enviada em 11/3/1977:
Chorei, dentro de uma imobilidade que eu não saberia descrever, e,
em seguida, notei que mãos de enfermagem me anestesiavam.
Era o sono, o
sono da bênção, porque, entre a morte do corpo e o renascimento na Vida
Espiritual, Deus colocou um desmaio providencial.
Quando acordei, me vi sem
qualquer ligação com nosso amigo Denizard ( falecido também no desastre) e
com a nossa gente amiga de Votuporanga (23)
CORDÃO DE PRATA: Fazendo uma correlação entre o estudo da
metamorfose da alma, de crisálida a borboleta, e o desligamento dos três
centros de força mais importantes, concluímos que a manutenção do cordão de
prata está diretamente relacionada ao processo de histogênese espiritual.
O
perispírito que serviu de intermediário ao espírito para modelar o
organismo biológico e atuar sobre ele, tem, agora, de passar, por
modificações estruturais, especialmente no sistema digestório (aparelho
digestivo) e nos músculos, para servir-lhe de veículo na vida do além. (24)
O Benfeitor Espiritual Emmanuel afirma que a grande maioria das
criaturas humanas necessita de 50 a 72 horas para que haja o desligamento
do cordão prateado. (25)
O sono, a revisão panorâmica e o cordão de prata estão diretamente
implicados nessas modificações, ou seja, na construção dos órgãos novos do
perispírito; a duração dessas etapas obedecerá sempre ao estado mental ou
ao patrimônio espiritual alcançado pelo desencarnado.
Aprendemos que esse processo transformador do corpo sutil não
termina, necessariamente, aí, no limiar da vida nova, mas prossegue ao
longo da vida espiritual.
Enquanto esses órgãos novos do corpo espiritual
não estiverem concluídos, pelo menos na sua tecitura básica, a alma
permanece em estado de pupa ou crisálida, incapaz de sair do próprio
casulo.
FÉ TRANSFORMADORA:
Aí está sumarizado o processo do morrer.
São
vários estágios a percorrer, que podem ocorrer simultaneamente e cujas
dimensões, no tempo, variam ao infinito, em decorrência da grande
heterogeneidade evolutiva, característica do nosso planeta.
Cremos que é preciso aprofundar o estudo do transe, ou dos estados
alterados de consciência, uma vez que a morte física representaria, por
assim dizer, o clímax desse processo.
Basta lembrarmos o estado cataléptico
e a sua simulação da morte para compreendermos a relação com esses
desacoplamentos progressivos do Espírito.
Neste final de milênio, três quartas partes dos terráqueos continuam
negando a morte e, infelizmente, cultuando a matéria como gozadores
contumazes.
Temos necessidade imperiosa de escolas que ensinem as criaturas
a morrer, mas que possuam janelas escancaradas para o infinito, apontando
para a perenidade da vida espiritual e a necessidade de vivência do amor ao
próximo.
A dra. Kübler-Ross tem chamado a atenção sobre esse aspecto.
Ela
observou, em seus Seminários, que algumas pessoas que cultivavam religiões
tradicionais, diferiam pouco das outras não religiosas, quanto à aceitação
da morte. Segundo o que observou, a variável importante não é o
"quê" se acredita, mas sim o "quanto" se acredita
essencial e genuinamente.
Constatou que as pessoas que acreditam na
reencarnação, ou que descendem de culturas e religiões orientais,
geralmente, aceitam a morte com mais paz e serenidade , mesmo na juventude,
enquanto que muitos dos pacientes cristãos sentem dificuldade de aceitar a
morte. (26)
Ter uma religião, portanto, por si só não basta.
Antes de tudo, é
preciso que a pessoa tenha uma fé transformadora.
E só a vivência do amor aos
semelhantes consegue esse estágio superior de consciência, no qual o título
religioso é o que menos importa.
15) Obreiros da Vida Eterna - cap. XI, p. 172.
16)Ver O Livro dos Espíritos - todo o cap. III.
17)O Céu e O Inferno - cap. I da segunda parte.
18) Evolução em Dois Mundos - cap. XI.
19) A Morte: Um Amanhecer - pp.11 e 12
20) Ver Obreiros da Vida Eterna, cap. XI e XV
21) Voltar do Amanhã, pp. 45 a 48
22) Vozes da Outra Margem, p.47
23) Ver A Vida Triunfa, caso 14; Viajores da Luz, 1ª carta-mensagem,
p.17
24) Quanto à função do cordão de prata, veja Obreiros da Vida
Eterna, cap. XV
25) Ver os livros O Consolador e Caminhos de Volta
26) Perguntas e Respostas sobre a Morte e o Morrer, p. 167
NO LIMIAR DA VIDA NOVA
A TRAVESSIA
(PERCORRENDO AS VÁRIAS DIMENSÕES)
Uma vez liberta do casulo, a alma está preparada para a grande
travessia?
Qual o seu destino?
Ficaria na crosta terrestre ou demandaria
outras paragens?
São muitas as questões, mas, basicamente, a resposta é
sempre a mesma: tudo depende da condição evolutiva do Espírito.
Em última análise, o "peso específico" do perispírito,
fruto da elaboração mental, determinará o lugar que o desencarnado ocupará
nas várias dimensões da vida espiritual.
Antes, porém, de abordarmos alguns estudos sobre a Travessia, é
preciso discutir um aspecto importante: o momento exato em que o espírito
se desprende do corpo físico, para que tenhamos uma posição diante da
cremação e dos transplantes.
Sabemos que somente o desligamento do cordão prateado determina, de
fato, a desencarnação, e que o tempo é muito variável de alma para alma.
No livro Obreiros da Vida Eterna, vimos que esse desligamento pode
se dar no mesmo momento da morte física, como no caso Adelaide; após oito
horas, caso Fábio, ou cerca de vinte e quatro horas depois, caso Dimas.
Mas
pode demorar muito mais.
Para efetuar-se a cremação, é preciso, aguardar-se, pelo menos 72
horas, como já vimos na recomendação de Emmanuel, para evitar-se que o
perispírito sofra repercussões negativas.
Nos casos de suicídio, porém, o sofrimento estará presente seja qual
for a destinação do cadáver, para a decomposição ou a cremação, dada a
ligação estreita que persiste entre os corpos físico e espiritual.
De fato, "morrer é fácil, mas desencarnar não é fácil"
(27)
Irmão X, nome adotado pelo ilustre escritor Humberto de Campos, é
ainda mais cauteloso na análise da cremação(28).
Ele pensa que seria justo
conferir algumas semanas de preparação e refazimento ao Espírito
recém-liberto, tendo em vista os costumes a que está afeiçoado.
E explica
os motivos: para o comum dos mortais, afeitos aos "comes e bebes"
de cada dia, para os senhores da posse física, para os campeões do conforto
material e para os exemplares felizes do prazer humano, na mocidade ou na
madureza, a cadaverização não é serviço de algumas horas... Demanda tempo,
esforço, auxílio e boa vontade.
Ficam aí expostas as explicações dos dois Benfeitores Espirituais.
Que cada um medite sobre o assunto e tire suas próprias conclusões.
REPERCUSSÕES DOS TRANSPLANTES
Por onde quer que falemos sobre Transplantes, as perguntas são,
invariavelmente, as mesmas: "Há repercussão, no perispírito, quando se
retiram os órgãos do corpo físico?" "E se a equipe médica estiver
apressando a minha morte?" "Devo doar, não devo?".
Evidentemente, não há como decidir por ninguém.
Esta é uma questão
que, como todas as que concernem à vida humana, está relacionada com o
livre-arbítrio, com a livre decisão da alma. Para tomarmos uma posição, é
preciso interrogarmos a nossa consciência, procurando saber até que ponto
estamos vinculados à existência corpórea.
Certa vez, Chico Xavier deu-nos uma orientação importante sobre esta
questão, que publicamos no livro Lições de Sabedoria (29), uma coletânea
com todas as entrevistas que o médium deu, durante 23 anos, para o jornal
Folha Espírita.
Ele afirmou: sempre que a pessoa cultiva desinteresse
absoluto por tudo aquilo que ela cede para alguém, sem perguntar ao
beneficiado o que fez da dádiva recebida, sem desejar qualquer remuneração,
nem mesmo aquela que a pessoa humana habitualmente espera com o nome de
compreensão, sem aguardar gratidão alguma, isto é, se a pessoa chegou a um
ponto de evolução em que a noção da posse não mais a preocupa, esta
criatura está em condições de doar, porque não vai afetar o perispírito em
coisa alguma
Das 500 mensagens pesquisadas, destacamos duas com informações sobre
transplantes, de modo a favorecer a reflexão e o debate.
Roberto Igor Porto Silva foi o doador do primeiro transplante
cardíaco realizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Após o acidente, deu
entrada no hospital, com morte encefálica, sua irmã, Magali, foi consultada
pelos médicos e consentiu na retirada do seu coração para doação.
O
receptor morreu algumas horas depois do transplante.
No livro, Vozes da Outra Margem, há uma mensagem psicográfica do
jovem Roberto, dirigida à sua mãe, Izar, que ficara muito preocupada, com
medo de que o gesto de sua filha houvesse prejudicado o Espírito do filho.
Nela, ele afirma: (30) senti uma dor muito grande no tórax, relatando ainda
que os amigos espirituais que o assistiam, pediam para que esquecesse o
vigor daquela agulhada que me transtornava todo o ser, ajudando-o a
livrar-se da dor, através do magnetismo curativo.
Para Roberto, seu
coração, ainda pulsante, fora arrancado ( este o termo usado por ele) para
servir ao transplante; só depois de aceitar o ocorrido, apaziguou-se
interiormente.
Esta mensagem traz muitos questionamentos quanto ao transplante
cardíaco. Estaríamos, realmente, preparados para a retirada do coração de
forma tão cruenta?
Wladimir Cezar Ranieri - outro jovem - também foi doador. Conta-nos
Rubens S. Germinhasi, co-autor do livro Amor e Saudade: Wladimir deixou a
Terra num gesto de infelicidade.
Disparou um tiro de revólver contra o
peito.
Reconheceu no seu gesto infeliz estar envolvido, em hipnose, por
parte de criaturas espirituais e entende a sua responsabilidade,
considerada pelo livre- arbítrio.
Por esse gesto nefasto, reconhece-se, na mesma posição de tantos
outros irmãos em situação análoga, como um encarcerado sem algemas e sem
prisão real, porque ninguém consegue fugir de si mesmo.
Desencarnado em 12 de maio de 1981,aos 25 anos, enviou carta aos
seus pais, Dalva e Francisco, na qual reconhece o desgosto que deu a eles,
contando que só melhorou dos sofrimentos, quando (31) as preces de uma
pessoa que se beneficiara com a córnea que doei ao Banco de Olhos se haviam
transformado para mim num pequeno tampão que, colocado sobre o meu peito no
lugar que o projétil atingira, fez cessar o fluxo do sangue imediatamente.
Reconhece que o bem, mesmo feito involuntariamente, por uma pessoa
morta é capaz de revigorar as forças da alma que parte.
Evidentemente, o nosso objetivo não é discutir, nesta palestra, de
forma detalhada, a questão dos transplantes.
Nem poderia ser diferente.
Particularmente, cremos que a retirada do coração para doação
representa violência muito maior do que a que se tem com a retirada de
qualquer outro órgão, dada a sua importância como constituinte do centro
emotivo.
Sem dúvida, é preciso que a pessoa tenha bastante preparo mental e
desprendimento dos bens terrenos para doá-lo, sem riscos de desequilíbrio.
27) Expressão do jovem Ivinho, dirigindo-se à sua mãe, in Retornaram
Contando, cap. 4, p.51
28) Taça de Luz, pp. 57 a 59 (mensagem de 26/7/1952)
29) Lições de Sabedoria, p.47.
30) Vozes da Outra Margem, pp. 95 e 96
31) Amor e Saudade, pp. 110 e 111
COMISSÃO DE RECEPÇÃO
Se há algo realmente confortador na morte, é a presença dos seres
amados, dos parentes e amigos queridos, domiciliados no mundo espiritual,
os que fizeram antes a grande romagem, estendendo os braços para acolher o
viajante cansado, ao término da jornada terrestre.
Eles fazem parte da comissão de recepção, no limiar da Vida Nova, e
associam-se às equipes encarregadas dos traslados para a grande travessia.
Às vezes, essa comissão resume-se apenas a um único parente ou amigo, mas
há sempre alguém acenando do "outro lado".
Os Espíritos Superiores esclareceram a Allan Kardec que esse
encontro do desencarnado com os amigos e familiares que o antecederam dá-se
imediatamente após a morte, de acordo com a afeição que se votavam,
reciprocamente, sendo que muitos o ajudam a desligar-se das faixas da
matéria.
É uma graça concedida aos bons Espíritos o lhes virem ao encontro
dos que o amam, ao passo que aquele que se acha maculado permanece em
insulamento, ou só tem a rodeá-lo os que lhe são semelhantes.(32)
Nas pesquisas de William Barrett e Hyslop no início do século XX, e
naquelas efetuadas por Karlis Osis e Haräldson, nas décadas de 1960 e 1970,
as visões no leito de morte nada mais são do que a presença dos familiares
no limiar da Vida Nova, com a tarefa precípua de receber os entes queridos
nos momentos de transição.
Assistindo a milhares de agonizantes ao redor do mundo, a dra.
Kübler-Ross detectou-os de forma muito clara:
Na hora da transição, os seus guias, os seus anjos da guarda, as
pessoas que você amou e que já se foram estarão ali para ajudá-lo.
Podemos
comprovar isso, sem sombra de dúvida, e é na qualidade de cientista que
faço essa afirmação (...) Às vezes, são pessoas que você nem sabia que já
estavam "do outro lado" (33).
William F. Barrett iniciou suas pesquisas exatamente por causa de
uma observação semelhante à da dra. Ross.
A esposa de Barrett era obstetra
e relatou ao marido o caso de uma paciente em estado terminal que vira, em
seu leito de morte, o pai, desencarnado há algum tempo, e a irmã que
falecera enquanto ela estava no hospital.
A família a havia poupado, devido
ao agravamento do seu estado, e nada lhe contara acerca do falecimento
dessa irmã, somente quando a viu agonizante soube que ela já estava
"do outro lado".
Vejamos alguns trechos dos comunicantes para compreendermos melhor
como os parentes e amigos atuam, e quais os meios de resgate de que se utilizam,
para o recolhimento dos doentes.
Angelo Di Sarno dirigia-se à cidade de Valinhos, quando, no viaduto
de entrada da Rodovia dos Bandeirantes, acidentou-se com o seu veículo,
vindo a falecer aos 25 anos.
Em carta dirigida à sua mãe Rosa, descreveu o acidente
e falou da situação estranha de estar vendo tudo (34):
Os desconhecidos que me rodeavam lamentavam o meu desconforto,
outros queriam ver o veículo e se puseram a examiná-lo, até que os agentes
da polícia do trânsito chegassem e me anotassem a posição de imobilidade e
falaram em morte, o que realmente me assustou.
Quis reagir, explicar que eu estava vivo, que decerto as escoriações
deviam estar vertendo muito sangue, mas não consegui.
Uma inesperada fraqueza me assaltou e perdi o controle de mim próprio.
Eu devia estar muito quebrado e ferido, porque não pude articular palavra.
Mais adiante, prossegue: Então, senti que mãos amigas me carregavam
e me puseram dentro de outro carro, sem que eu pudesse saber, de momento,
que era uma ambulância.
Notei vagamente que o carro se pusera em movimento
e que me transportavam para algum lugar.
Uma senhora, falando um harmonioso italiano, convidou-o ao repouso:
Você está cansado e precisa repousar. Durma. Pode dormir sem medo
(...) Você será transportado, durante o sono, para o lugar de nossa
moradia. Durma... Durma!
Dormi pensando que eu ainda teria chance de ir a nossa casa para
abraçá-la e abraçar o Papai Aniello, e os irmãos Giovani e André, mas
acordei numa outra paisagem.
Não mais me senti dentro do carro e, sim, numa
casa acolhedora cercada por um bonito "giardino".
Embora muito fraco, perguntei quem era aquela senhora que me
socorrera no veículo, dirigindo-me a ela mesma.
Ela me disse sorrindo:
- Meu filho, somos tantos corações aqui reunidos que para alcançar a
sua compreensão, direi apenas que sou avó da avó de sua avó Ana Maria e
deixei a Itália há muitos anos.
Esta visão dos parentes é muito confortadora. Na EQM, que é um
ensaio para a morte, isto também ocorre.
Os sobreviventes que passaram por
ela, lembram-se, perfeitamente, de todos os detalhes, especialmente do
reencontro com os entes queridos.
Nos casos acompanhados pela dra.
Kübler-Ross, da Austrália à Califórnia, os que passaram por essa
experiência têm plena consciência de ter deixado o corpo físico e de que a
morte, como a entendemos em linguagem científica, na realidade não existe.
(35)
O mesmo podemos acompanhar nos relatos dos sobreviventes de todos os
outros pesquisadores - Moody, Ring, Sabom, Morse, Grey - daí a
transformação que ocorre na vida deles: o maior desapego aos bens
materiais, a ausência de medo da morte etc.
Laura Maria Machado Pinto, acompanhada das filhas, do pai, João
Evangelista Lana, e da afilhada de casamento, Zélia Aparecida Lana Fontes,
retornava, na noite de 22 de julho de 1982, à fazenda de seu genitor, em
São Sebastião do Paraíso, pela rodovia Cândido Portinari, quando um
caminhão colidiu frontalmente com o carro que dirigia. Com o choque
terrível, o carro pegou fogo, e tudo virou chamas em questão de minutos.
De um momento para outro, o sr. Henrique Pinto perdeu toda a sua
família.
Segundo declarou a Rubens Germinhasi, autor do livro Continuidade,
tinha idéia de acabar com tudo, inclusive com a própria vida.
A mensagem da
esposa , porém , trouxe-lhe calor, ânimo e vida:
Vamos destacar um trecho da carta de Laura ao marido (36):
Tivemos instantes de lucidez, fora da vestimenta corpórea, no
entanto, a Providência Divina jamais nos abandona.
Lá mesmo, ante a visão
do campo aberto, uma equipe de enfermeiros nos aguardava.
Agarradas comigo,
as nossas queridas filhas Patrícia e Beatriz me tomavam a alma toda. Gritos
e lamentações surgiam próximos de nós, no entanto, as ambulâncias que não
conhecíamos nos recolhiam com pressa. (...)
Sentia-me exausta, com o cérebro tangido por alucinações de
pavor(...), quando uma senhora de semblante simpático se abeirou de mim e
notificou-me que o acidente imprevisível na Terra, fora anotado na Vida
Espiritual antes de vir a ser e que ela estava junto de nós, com o fim de
estender-nos mãos amigas.
Apesar do espanto que me arrasava diante daquele montão de cinzas e
objetos fumegantes, ainda tive meios de perguntar-lhe a que vinha e quem
era que com tanta bondade se interessava por nós.
Ela me informou ser a
vovó Carmela. (...) Abracei-me a ela, a avó que naquele momento se me fazia
plenamente desconhecida e só então consegui dar vazão às lágrimas que meu
peito represava.
Rodrigo Junqueira Alves de Souza e mais quatro jovens, todos
adolescentes de tradicionais famílias de Frutal (MG), faleceram em um
trágico acidente que abalou a cidade, no dia 3 de fevereiro de 1985, quando
um "fusca" em que viajavam foi colhido por um caminhão
"Scânia".
Rodrigo, conhecido como Didido, de 14 anos, um dos
atingidos, voltou, através do médium Chico Xavier, trazendo notícias
confortadoras para seus pais.
Eis como descreveu o socorro (37):
Lembro-me de que saltamos do corpo, tão de improviso, que a cena me
lembrou o amendoim quando salta da casca.
Vimo-nos todos de pé, ao lado de pessoas que pareciam nos esperar.
Estávamos tontos e inseguros. (...)
Fomos então carregados para uma ambulância de grande tamanho, mas o
ambiente estava diferente.
As pessoas que nos aguardavam, ao que parece, sabiam que nós todos
íamos tombar ali mesmo, porque nos abraçaram qual se fôssemos crianças, e
seguiram conosco, à pressa, na direção da ambulância. (...)
Assim, que a ambulância deu partida, caímos todos num sono
esquisito(...)
Quando acordei, (....) vim a saber que o homem que carregara o
Português (...) era o dr. Sandoval de Sá. (...)
Ele me esclareceu que estávamos sob a proteção de nossas parentas, e
falou-me que a vovó Minerva me havia suportado nos braços; que o Romêro
havia sido transportado do carro para a ambulância pela nossa avó ou bisavó
Filhuca; que a tia Geralda carregara o Guto desmaiado; e a tia Luizinha
havia se encarregado de conduzir o Nadinho nos próprios braços.
32) O Livro dos Espíritos, Q. 160 e 289
33) Morte: Um Amanhecer, p. 41
34) Novos Horizontes, pp.25 a 30
35) A Morte, Um Amanhecer, p. 39
36) Continuidade, pp. 10 a 24
37) Estamos Vivos, pp. 28 a 32
MEIOS DE TRANSPORTE
Pelas descrições anteriores, vimos que o socorro prestado pelo mundo
espiritual às vítimas de acidentes, é feito, através de ambulâncias e
automóveis, presentes no campo da desencarnação, mesmo antes da ocorrência
da tragédia, como se obedecessem a uma organização perfeita.
E, de fato,
assim é.
Em geral, o recém-desencarnado, traumatizado por morte física
violenta e repentina, não descreve a travessia propriamente dita.
Nas
mensagens dirigidas aos familiares, não há referências a ela, a não ser por
um ou outro detalhe apreendido posteriormente, na fase de adaptação ao novo
plano. Verifica-se a travessia, enquanto eles adormecem, pesadamente.
Somente alguns dias ou mesmo meses depois, o desencarnado vai tomar
conhecimento de sua nova situação.
Na coleção André Luiz, há descrição de carros puxados por animais,
automóveis e ônibus de modelos diversos, helicópteros e aeronaves de
formatos variados; uma destas, é utilizada para visita aos encarnados, como
se pode acompanhar no livro E a Vida Continua...
Celso Maeda desencarnou, aos 39 anos, de acidente aéreo, no dia 18
de agosto de 1992, em Navegantes, Estado de Santa Catarina, juntamente com
seu irmão Francisco.
Na mensagem enviada aos seus familiares, depois de descrever todos
os lances do triste acontecimento, patrocinado por um ciclone de grandes
proporções, Maeda referiu-se à fugaz esperança que tiveram vendo o mar à
frente, para logo depois caírem sobre um banco de areia, onde todos os
ocupantes do avião morreram. Mas eles não estavam esquecidos de Deus (38):
A água marinha encharcada de areia penetrava-nos os pulmões e quando
me vi totalmente esmagado, nada sabendo de meu irmão e dos companheiros que
nos aguardavam a viagem, quando no auge do meu desespero íntimo, vi que uma
senhora caminhava naturalmente sobre as águas e, ao abraçar-me,
solicitou-me concentrar na fé em Deus e me disse:
"Meu filho, você está conosco. Sou a sua avó Ai, que venho
retirá-lo da areia. Seu avô Tsunezaemon retirará seu irmão. Haverá socorro
para vocês todos. O piloto e o co-piloto serão resguardados".
Depois de pronunciar estas palavras, aquela mulher que me parecia
tão frágil me carregou nos braços, colocando-me em terra firme. Francisco
chegou depois ao mesmo local em companhia do avô.
Celso continuou descrevendo a missão de socorro que se estendia aos
dois pilotos, o seu espanto ao ver dois corpos franzinos como os de seus
avós conduzindo-os nos braços e acentuou: fomos transportados por outro
avião mais complexo até um abrigo hospitalar que nos recebeu com espírito
de inesperada beneficência, onde estamos até hoje em reajustamento, mas com
a possibilidade de visitar as nossas famílias e confortar os nossos entes
amados.
Esperamos para bom tempo a matrícula em uma legião de trabalhadores
na Seara do Bem.
Vemos aqui a utilização de um avião aparelhado para salvamento que
levou os desencarnados para o hospital.
Quando deu esta comunicação, através do médium Chico Xavier, a 26 de
fevereiro de 1993, da qual extraímos um pequeno trecho, já haviam se
passado sete meses, desde o acidente, e Celso Maeda ainda estava em
tratamento, embora de forma mais atenuada.
O TÚNEL E A LUZ - Muitos dos sobreviventes da EQM descrevem o túnel
escuro ou algo assim; alguns chegam a afirmar terem sentido como se
estivessem atravessando um caminho constituído de canos muito largos,
semelhantes aos colocados para a circulação de água.
Creio que a volitação,
nesses casos, deve ser semelhante à trajetória de um torpedo, porém com
desenvolvimento de altíssima velocidade, superior à da luz, e as rotas
devem ser facilmente identificáveis e reconhecidas pela prática e pelo
automatismo, sobretudo, tendo em vista o assessoramento de Espíritos
desencarnados tarimbados.
André Albertini (1955-1981) era filho do advogado italiano Lino
Sardos Albertini, que foi presidente da Academia de Estudos Jurídicos e
Econômicos Cenáculo Triestino e da Junta Diocesana da Ação Católica de
Trieste.
Em junho de 1981, quando fazia uma curta viagem de descanso, antes
das provas finais de seu curso de Direito, foi assassinado.
A sua família de
convicção católica foi induzida por monges católicos a procurar notícias de
seu filho por meio da mediunidade, o que veio a ocorrer quando encontrou
uma médium de nome Anita.
A pedido da dra. Paola Giovetti, conhecida
parapsicóloga, o pai submeteu algumas questões a respeito das sensações da
morte e da entrada na vida espiritual, obtendo respostas significativas.
Do
livro que veio a publicar - l'Aldilà; Un'eccezionale Testimonianza
Rigorosamente Documentata, e tornar-se um best-seller na Itália (publicado em
1988 alcançou no mesmo ano sua 12a ed., a partir da qual se fez a tradução
brasileira - O Além Existe -, publicado pela editora jesuíta "Edições
Loyola"), transcrevemos (39):
Eu posso contar-lhe o que aconteceu a mim pessoalmente, porque há
diferentes maneiras de morrer.
Na verdade, a minha situação estava feia, à
mercê de indivíduos perigosos.
Quando fui morto, não me apercebi, porém,
via a cena do alto e acompanhei todo o acontecimento com desapego e
indiferença. Isso durou bastante, até a minha alma embocar pelo longo
túnel.
Em seguida, respondendo ao pedido de esclarecimento acerca do túnel,
acrescentou:
A entrada atrai porque vê-se uma grandiosa Luz que chama, mas nem
sempre se consegue logo alcançar a Luz.
Os mais afortunados, como eu, que
são acolhidos por amigos ou parentes, sim.
Outros, no entanto, devem
esperar muito tempo e isso faz sofrer, porque sabe-se que, além do túnel,
tudo é maravilhoso e se gostaria de chegar lá quanto antes. pp. 48-49 e
134)
38) Dádivas Espirituais, cap. 5
39) O Além Existe, testemunho extraordinário rigorosamente
documentado, pp. 48-49 e 134
RUMO À PONTE ILUMINADA
Tomemos agora, como exemplo, a travessia de dimensões, contada no
livro Voltei, pelo irmão Jacob.
Trata-se de uma excursão rumo às moradas do
Pai, vivida pelo autor e alguns companheiros, após a desencarnação. (40 )
Acompanhado da filha Marta, anjo bom que viera recebê-lo nos minutos
finais da existência física, Jacob (pseudônimo de Frederico Figner)
demandou a praia, onde deveria encontrar-se com os benfeitores espirituais,
Bezerra de Menezes e irmão Andrade.
Em meia hora, congregaram-se, ali,
amparados por Espíritos-guias, quinze "convalescentes da morte";
treze destes recém-desencarnados tinham o olhar vitrificado e se
movimentavam maquinalmente; alguns já haviam sido liberados há alguns dias,
mas não se apresentavam em condições de seguir adiante, senão naquela noite
que se apresentava particularmente bela e pacífica.
É muito difícil abandonar o plano dos homens sem ajuda.
Os próprios
pensamentos desordenados de milhões de almas encarnadas e desencarnadas do
ambiente humano criam verdadeiros campos de imantação dos quais a alma não
consegue livrar-se, facilmente.
Em virtude das turbulências, os Espíritos
superiores fizeram cordão de isolamento, a fim de que o grupo pudesse
partir em paz .
Andrade explicou também que, dada a circunstância adversa de estarem
conduzindo irmãos quase inconscientes, a rota da expedição deveria se
realizar sobre o campo ou sobre as águas, uma vez que a atmosfera, ao redor
desses elementos, é mais simples , mais natural.
Finalmente, o grupo completou-se com a chegada da última
recém-liberta, ladeada por dois benfeitores, e plenamente desperta para
seguir viagem; era respeitável senhora, de semblante calmo e sereno, que
havia sido professora na existência finda e refletia invejável elevação
espiritual, o que se via pela luminosidade sublime que emitia, o que não
acontecia com nenhum dos outros convalescentes.
Mas tal era a sua modéstia,
que parecia aflita por esconder sua evidente superioridade.
Bezerra de Menezes, depois de cumprimentar carinhosamente a
recém-chegada, deu, então, as últimas instruções, enfatizando a necessidade
de serenidade e desapego para que não caíssem em sintonia com as forças da
ignorância, inimigas do bem.
Era preciso centralizar os esforços em busca
da sublimação da vida, porque esta travessia constituía-se no primeiro
grande teste, para saber se desejavam, realmente, prosseguir para o alto,
deixando para trás as coisas perecíveis do mundo.
Depois da advertência, estavam, enfim, prontos para partir.
O irmão Andrade e Marta sustentavam Jacob com os braços, lado a
lado.
Os amigos espirituais acompanhavam um a um os recém-desencarnados, a
fim de que a excursão fosse feita, com êxito, pela volitação.
Segundo o que aprendemos, a capacidade de volitar está intimamente
associada à força mental, no caso, era o pensamento vigoroso de Bezerra de
Menezes que comandava a todos.
A travessia foi feita , com a utilização da capacidade de volitar;
seguiram não em formação de cordão contínuo, mas em grupos de dois, três e
quatro, unidos entre si.
Jacob não via embaixo dos pés senão uma sombra muito espessa,
rodeando o plano humano.
Andrade explicou-lhe que, durante o dia, a visão é
outra, porque o sol bombardeia as criações negativas dos homens e da
natureza, deixando mais límpida a paisagem.
A emissão dessa substância
negra é diferente sobre a cidade, sobre o campo ou sobre o mar.
O autor de Voltei expressou ainda a sua convicção de que não seguiam
pela verticalidade ou pela esfericidade, na verdade, não possuía palavras
para explicar o tipo de excursão que faziam.
Ruídos de vozes desagradáveis, formas monstruosas - bem piores que
as relatadas na mitologia - região vulcânica, solo com erupções, tudo isso
passava sob seus pés, na singular viagem, indicando que atravessavam a
vastíssima região do umbral.
De repente, a expedição estacou ante uma ponte maravilhosamente
iluminada.
Era preciso atravessá-la para adentrar a região superior, a
terceira esfera, onde os moradores eram mais felizes.
Perto da ponte, Espíritos inferiores faziam muito barulho, dispostos
a impedir a travessia da caravana.
Um dos irmãos recém-desencarnados
vacilou, acreditando não estar à altura de cruzar a ponte, porque tinha
assassinado uma pessoa. Bezerra interveio, dizendo que ele havia
trabalhado, durante 30 anos, em prol da regeneração íntima e do bem do
próximo e que seu ato infeliz já deveria pertencer ao seu passado
espiritual.
Com este estímulo, o companheiro se refez.
A pedido do benfeitor, Jacob proferiu sentida prece, lembrando o
Salmo 23: Ainda que andemos pelo vale da sombra e da morte, não temeremos
mal algum, porque Ele, o Senhor, está conosco; a sua vontade e a sua
vigilância nos consolam.
Logo em seguida, o grupo voltou a levitar, alcançando a magnífica
ponte, atravessou-a, conservando-se o tempo todo em prece. Todos os que
faziam aquela travessia pela primeira vez, choravam copiosamente. Amigos
surgiram de toda parte para abraçar os caravaneiros.
Afinal, haviam conseguido ultrapassar as zonas atormentadas do
umbral, adentrando, finalmente, o limiar das esferas superiores.
A TRAVESSIA
(QUANDO O CAMINHO NÃO LEVA À LUZ)
Segundo revelação do Espírito Emmanuel (41), existem mais de 20
bilhões de Espíritos compondo a humanidade desencarnada. Sabemos também que
mais da metade das criaturas encarnadas é constituída de Espíritos
semicivilizados ou bárbaros, enquanto apenas um terço está apto a trilhar
os caminhos da espiritualidade superior(42).
Torna-se fácil, portanto, compreender que a proporção se mantém
igualitária para os dois planos e deduzir também que as regiões sombrias,
em torno do nosso planeta, são ainda muito extensas.
Para termos uma idéia, ainda que muito pálida, das faixas mais
densas, onde estagiam os espíritos inferiores, vamos nos valer também das
informações do Espírito Efigênio S. Vítor. (43)
Acima da crosta terrestre comum, temos uma cinta atmosférica
classificada por "cinta densa", com a profundidade de 50
quilômetros; além dela, estende-se a "cinta leve", com a
profundidade de 950 quilômetros.
Nesses 1.000 quilômetros, acima do plano onde nos encontramos, há um
grande mundo aéreo composto de almas desencarnadas e variadas espécies de
criaturas sub-humanas, ainda em desenvolvimento mental no rumo da
Humanidade.
Em toda travessia para dimensões mais altas, é preciso levar em
conta essa imensa faixa, que circunda imediatamente o plano dos homens,
para que se avalie melhor os imensos obstáculos a vencer.
NAS ESFERAS DENSAS: Se, durante a vida terrena, a alma passou
distraída, sem outra preocupação senão a de satisfazer seu próprio egoísmo,
após a morte, pode não ultrapassar os planos grosseiros. Nesse caso, o
estacionamento verifica-se na extensa zona a que nos referimos
anteriormente, que possui 1.000 quilômetros de profundidade. Isto sem nos
referirmos às zonas das trevas, em regiões ainda mais densas e inferiores.
Há um certo amargor, quando isto ocorre, porque herdeiros da luz,
intuitivamente, todos desejamos usufruir das moradas sublimes criadas pelo
coração amoroso de nosso Pai Celestial.
A verdade, porém, é que dois terços dos 20 bilhões de habitantes do
mundo espiritual habitam as regiões mais densas e escuras, constituindo-se,
portanto, em um contingente muito alto.
Blaise Pascal, em texto claro e simples, que faz parte de O Evangelho
Segundo o Espiritismo explica onde está a nossa verdadeira propriedade(44).
Com ele, é possível compreender melhor a razão pela qual há tantos
espíritos nas esferas escuras. Diz ele:
O homem não possui de seu senão o que pode levar deste mundo.
O que
encontra ao chegar, e o que deixa ao partir, goza durante sua permanência
na Terra; mas, uma vez que é forçado a abandoná-lo, dele não tem senão o
gozo e não a posse real.
Que possui ele, pois?
Nada daquilo que é para uso
do corpo, tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as
qualidades morais; eis o que traz e o que leva, o que não está no poder de
ninguém lhe tirar, o que lhe servirá mais ainda no outro mundo do que
neste; dele depende ser mais rico em sua partida do que em sua chegada,
porque daquilo que tiver adquirido em bem depende sua posição futura.
Temos, pois, vários pontos importantes a considerar, quando
desejamos compreender a razão pela qual a alma estaciona nas zonas
inferiores, conservando-se mais ligada à crosta terrestre.
Allan Kardec lembra que a cada um será dado segundo as próprias
obras.
Na verdade, diz ele, a alma traz em si mesma o castigo ou prêmio,
onde quer que se encontre (...), de modo que o inferno está por toda parte
em que haja almas sofredoras, e o céu igualmente onde houver almas felizes.
(45)
O Codificador, valendo-se de médiuns confiáveis, entrevistou
centenas de Espíritos, em graus evolutivos diversos, realizando, assim,
pesquisa própria, que lhe trouxe vasto conhecimento da vida que se desdobra
no além.
Vejamos o que diz um dos entrevistados:
Um Espírito avarento - A Revista Espírita de outubro de 1859,
editada por Kardec, traz o depoimento de Pai Crépin, conhecido avarento,
acerca de sua vida no além.
Eis um trecho resumido de sua mensagem:
Não posso mais tocar no meu ouro, contá-lo e guardá-lo(...) Ainda
estou muito preso à Terra, e é difícil arrepender-me. (...) Minha única
idéia estava ligada às riquezas; visando acumulá-las, jamais pensei em
separar-me delas. (...) meu coração ainda é muito terreno, e ainda
experimento um certo prazer em ver o meu ouro. Mas não posso apalpá-lo.
Isto é um começo de punição na vida em que estou. (...) Parece que quanto
mais tempo se passar, mais sofrerei por minha avareza terrena.
André Luiz, médico e pesquisador desencarnado no Rio de Janeiro,
passou oito anos nas zonas inferiores, antes de ser recolhido à área
hospitalar de Nosso Lar, cidade situada na terceira dimensão. Ele resume,
assim, a condição espiritual que o levou à região densa: (46)
Filho de pais talvez excessivamente generosos, conquistara meus
títulos universitários sem maior sacrifício, compartilhava os vícios da
mocidade do meu tempo, organizara o lar, conseguira filhos, perseguira
situações estáveis que garantissem a tranqüilidade econômica do meu grupo
familiar, mas, examinando atentamente a mim mesmo, algo me fazia
experimentar a noção de tempo perdido, com a silenciosa acusação da
consciência. Habitara a Terra, gozara-lhe os bens , colhera as bênçãos da
vida, mas não lhe restituíra ceitil do débito enorme.(...) Deliciara-me com
os júbilos da família, esquecido de estender essa bênção divina à imensa
família humana, surdo a comezinhos deveres da fraternidade.
Em seu caso, passou diretamente do grande sono para a região
umbralina.
Embora não tivesse escolta visível, sua mãe o acompanhara, durante
todo o tempo, das regiões superiores onde habita, enquanto o Ministro
Clarêncio, ilustre morador da cidade espiritual, Nosso Lar, conhecia-lhe
todos os passos na zona escura.
Após oito anos, no início da década de 40, André Luiz foi,
finalmente, recolhido à zona hospitalar de Nosso Lar, cidade à qual tem
servido com desvelado amor por mais de 60 anos, demonstrando admirável
transformação interior e alto espírito de renúncia e sacrifício.
40) Voltei, cap. 6, 7 e 8
41) Roteiro, cap. 9, p. 39
42) Voltei, cap. 9
43) Instruções Psicofônicas, mensagem de Efigênio S. Vítor: "Um
Irmão de Regresso", cap. 31, pp.130 e 131
44) O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.XVI
45) O Céu e o Inferno, 1ª parte, cap. VII
46) Nosso Lar, cap. 1 e 2
ADAPTAÇÃO À VIDA NOVA
A adaptação "ao outro lado" da vida varia de conformidade
com o grau evolutivo do Espírito. Para a imensa maioria dos desencarnados
de evolução espiritual mediana, ela não se faz senão lentamente,
influenciada por inúmeros fatores.
Para os de condição inferior, a permanência nos planos da sombra
representa sofrimento em graus diversos, vida desorganizada, sevícias
cruéis ou aprofundamento nos caminhos improdutivos da ignorância, com
requintes de maldade. (47)
Os assuntos pendentes de toda ordem - financeiros, emocionais,
afetivos e, principalmente, os complexos de culpa - trazidos da Crosta, vão
exercer papel preponderante no estado de ânimo dos convalescentes
espirituais, influindo, diretamente, na adaptação deles à Vida Nova.
Quanto mais virtude o Espírito adquiriu - tolerância, perdão das
ofensas, bondade e humildade - melhor adaptação terá à vida no Além.
RECEBENDO ASSISTÊNCIA - Primeiramente, é preciso destacar a
importância dos tratamentos específicos, no âmbito da saúde, que o Espírito
recebe, logo após a morte física, nas diversas instituições do mundo
espiritual, quando tem merecimento para isso. São Postos de Socorro,
Hospitais-Escolas, Institutos de Saúde Mental, Hospitais de grande porte,
etc. à disposição do desencarnado. (48)
Vejamos alguns depoimentos das cartas-mensagens para que possamos
compreender melhor como os desencarnados conseguem essa adaptação.
Carlos Alberto Andrade Santoro contou aos pais: Acordei, achava-me
num educandário-hospital dirigido por antigos benfeitores de São José do Rio
de Preto. Meu bisavô Santoro me afagava e minha tia Maria me falava com
bondade, mas não precisaram doutrinar-me quanto à Grande Renovação.(...)
compreendi que, mesmo nós, os espíritas da mocidade e da madureza, ao que
penso, não nos achamos assim tão preparados para transferência de plano,
como julgamos, porque o choro do Antoninho Carlos me arrasava e as lágrimas
do senhor e de minha mãe caíam sobre minha alma como se fossem gotas de
algum ácido que me queimava por dentro todas as energias do coração. (49)
Wellington Ramon Monteiro Rodrigues - cursava a Faculdade de
Engenharia de Bauru, no interior paulista, quando veio a desencarnar de
acidente automobilístico na rodovia Piratininga, aos 21 anos. Filho caçula
de d. Helena (Edna) e do dr. André Monteiro Rodrigues, enviou várias
mensagens através do médium Chico Xavier. Eis um trecho de uma delas, na
qual relata a necessidade de tratamento do corpo espiritual (50):
Posso dizer-lhes que o nosso corpo aqui não está isento dos
resultados difíceis que remanescem dos acidentes.
Não temos um corpo de impressões e, sim, um veículo de manifestação
com fisiologia maravilhosamente organizada. E a qualquer estrago obtido no
mundo, nos casos de impacto, somos obrigados a tratamentos laboriosos, como
acontece em qualquer hospital de Ourinhos. ( cidade onde sua família vivia)
As observações de Wellington são justas. Em muitos casos, o
perispírito ou psicossoma demora meses e até anos para se recompor, de
acordo com a posição mental do desencarnado.
Como vemos nas cartas-mensagens, são inúmeras as referências a
hospitais e postos de socorro, onde os recém-desencarnados recebem
assistência. Essas instituições oferecem excelente qualidade de
atendimento, como podemos constatar por vários testemunhos.
Carlos Gataz Stur, desencarnado aos 17 anos, em São Paulo,
dirigiu-se aos pais, contando sobre o tipo de assistência que recebeu (51):
aí no mundo temos apenas um xerox da pessoa que realmente somos. Tudo aqui
mudou e, ao mesmo tempo, preciso dizer que a mudança não é assim
sensacional.
Estou muito bem tratado num hospital maior que o Sírio Libanês, e
onde os aparelhos para as minhas melhoras não me castigam tanto o estômago
e os intestinos.
O jovem refere-se ao Hospital Sírio-Libanês, da cidade de São Paulo,
um dos mais bem-equipados do Brasil, onde esteve internado em seus últimos
dias terrestres.
Wilson William Garcia - estava casado há pouco mais de 12 meses,
completaria 25 anos de existência uma semana depois de sua morte, quando
desencarnou, no incêndio do edifício Joelma, no dia 1o de fevereiro de
1974. Na carta aos familiares, referiu-se ao Edifício Joelma como sendo um
templo de transformação para Deus. A princípio, conforme explicou,
deixou-se conduzir pelo desejo natural de escapar, de lutar pela
sobrevivência. (52)
Depois, foi a tosse, o cérebro toldado, como se houvesse sorvido uma
bebida forte e , em seguida, um sono com pesadelos (...) Os pesadelos das
telas em derredor que vocês podem imaginar como tenham sido (...)
Posso dizer a você, Mamãe, que pensávamos em helicópteros que nos
retirassem das partes altas do edifício e com espanto, quando acordei ainda
estremunhado, fui transportado para um aparelho semelhante, junto de outros
amigos. Era assim tão perfeita a situação do salvamento que fui alojado num
hospital, como se estivéssemos num hospital da cidade para recuperação,
antes do regresso à nossa casa.
Relatou , então, que viu o avô, recordou cenas dos tempos de
criança, viu-se menino, na memória, e compreendeu que estava na Vida
Espiritual.
O hospital não era mais daqueles que conhecemos no mundo.
Viu e abraçou os antigos mestres do Colégio São Bento, entre eles
dom Lourenço Zeller.
Os que acreditam aí no mundo que a morte seja uma cortina de sombra
e esquecimento, saibam que das cinzas do mundo surgem os nossos
agradecimentos e os grandes benfeitores delas renascem para ajudar aos que
caminham em passos vacilantes para as verdades maiores.
Segundo informações mediúnicas, no mundo espiritual, são feitas
cirurgias, tratamentos clínicos e psicoterápicos, além de terapias de
vanguarda , com vistas à recuperação dos pacientes, sempre contando com
tecnologia avançada, que inclui alguns aparelhos ainda desconhecidos na
Terra. Esse período de tratamento e convalescença em Instituições de Saúde,
que inclui a presença de parentes e amigos, com seus conselhos e diálogos
terapêuticos, ao lado da modificação mental do recém-desencarnado,
constituem fatores importantes na sua adaptação.
COMANDO MENTAL E REJUVENESCIMENTO: No mundo espiritual, só teremos
rugas ou sinais de envelhecimento se habitarmos as regiões densas e
escuras, do contrário, poderemos treinar a mente, a fim de adquirirmos a
aparência desejada. Poderemos escolher a cor dos cabelos e o aspecto do
rosto, se mais maduro ou mais jovem, de conformidade com a preferência
pessoal. Sem dúvida, não deixa de ser muito alentadora a possibilidade de
livrarmo-nos das rugas, um dos desgostos da vida terrena, com o simples
poder do pensamento.
A aparência rejuvenescida já espelha, em certo grau, a adaptação do
Espírito à Vida Nova, conforme nos explicam os comunicantes.
Carmelo Grisi, faleceu aos 86 anos (1894 - 1980). Natural da bela
província de Trecchina, próxima ao Golfo de Policastro, no sul da Itália,
abandonou sua terra natal, com seus irmãos, ainda adolescente, para
fixar-se no Brasil, particularmente, no interior do Estado de São Paulo, na
cidade de São José do Rio Preto. Em 1918, já casado com Elvira Grisi,
portadora de grande potencial mediúnico destinado à cura dos obsediados,
converteram-se ao Espiritismo, trabalhando ambos, desde então,
extensamente, na seara das boas obras, em Rio Preto e região.
Em 1954, enviuvou, tendo se consagrado inteiramente aos familiares e
às tarefas do Lar Irmã Elvira, fundado com o auxílio dos filhos, na cidade
de Votuporanga.
Em seu livro - Carmelo Grisi, Ele Mesmo - que contém cartas
dirigidas aos seus familiares, através do médium Xavier, ele continua a
expressar-se com a mesma alegria e simplicidade, como demonstrara na vida
terrena.
Ele conta, em uma das mensagens, quais os exercícios que tem de
fazer para o seu rejuvenescimento no mundo espiritual: Acho engraçado
chegarmos aqui tão envelhecidos e recebermos instruções para pensar em
mocidade e saúde, robustez e agilidade mental e os professores e médicos
dos setores em que me vejo ensinam que tudo isso está dentro de nós mesmos
e que somos obrigados a reviver as células adormecidas de nosso envoltório
espiritual.
Em muitas ocasiões, chego a rir de mim, no entanto, faço o que me
mandam. Não nego que certas energias em mim estão acordando como se
estivessem paradas num grande sono (53).
47) Leia o excelente livro de André Luiz, Libertação, para
informar-se mais sobre os planos espirituais inferiores. Aliás, em toda
coletânea deste autor, há descrições das atividades nas diversas dimensões
extrafísicas.
48) Na coletânea André Luiz, leia, entre outros, E a Vida
Continua...
49) A Vida Triunfa, caso no. 14
50) Assuntos da Vida e da Morte, p. 103
51) Vivendo Sempre, p. 56
52) Somos Seis, pp. 231 e 232
53) Carmelo Grisi, Ele Mesmo, pp. 6,38,43,104, 120,127-129.
Dos filmes que abordam a vida no Além, Shangri-La, o Paraíso
Perdido, com Peter Finch, foi o que melhor retratou o rejuvenescimento ou a
aparência sempre jovem dos habitantes do Além.
REPERCUSSÕES DA VIDA TERRENA
DESPREPARO PARA A MORTE: É muito comum os Espíritos não se darem
conta de que morreram. No livro E a Vida Continua..., observa-se que
extensa comunidade atendida, no plano espiritual, em vários pavilhões
hospitalares, não tinha idéia de que havia desencarnado. Para muitos,
pairava uma dúvida no ar...
Um fenômeno mui freqüente entre os Espíritos de certa inferioridade
moral é o acreditarem-se ainda vivos, podendo esta ilusão prolongar-se por
muitos anos, durante os quais eles experimentarão todas as necessidades,
todos os tormentos e perplexidades da vida, escreveu Kardec(54), tomando
por base também suas investigações pessoais no trato com os desencarnados.
A dúvida quanto à própria morte está relacionada, com a formação
religiosa e o tipo de vida expresso nas atitudes. Infelizmente, as
religiões falam em sono ou descanso eterno e na impossibilidade de
comunicação entre os que partiram e os que ficaram, tornando muito difícil
a compreensão do que seja imortalidade e vida espiritual.
Nas esferas extrafísicas mais evoluídas, os sacerdotes das várias
religiões não são aferrados a dogmas, concepções estreitas, preconceitos e
fanatismos; todos trabalham em harmonia e entendimento, visando o bem dos
semelhantes; os que não agem dessa forma, ficam de fora das regiões
iluminadas, restritos às áreas das inteligências rebeldes e perturbadas
(55)
Os negócios pendentes, dívidas e transações não solucionadas,
constituem obstáculos à adaptação, do mesmo modo, como os transplantes e a
cremação, conforme já vimos. Outra dificuldade também são os maus hábitos
alimentares, porque na pátria extrafísica o corpo espiritual tem
necessidade de outros tipos de alimento e o Espírito terá de deixar de lado
os velhos desregramentos.
SEXO NO ALÉM: A heterogeneidade evolutiva no planeta Terra é muito
grande. Na sua psicosfera medram Espíritos de toda natureza, sendo que dois
terços do total deles apresentam graus predominantes de inferioridade.
Desse modo, os problemas sexuais inferiores pululam por toda parte. E não
há ninguém que possa considerar-se totalmente isento de comprometimentos
nessa área, praticamente, toda a comunidade humana encarnada e desencarnada
precisa evoluir na expansão do amor e diminuição da animalidade inferior.
Embora não exista a procriação ou a geração de filhos, no mundo
espiritual há casamentos e relacionamento sexual entre os cônjuges, mesmo
nos planos superiores. André Luiz ressalta : (56)
Enganam-se lamentavelmente quantos possam admitir a incontinência
sexual como regra de conduta nos planos superiores da Espiritualidade.(...)
Nos planos enobrecidos, realiza-se também o casamento das almas,
conjugadas no amor puro, verdadeira união esponsalícia de caráter
santificante, gerando obras admiráveis de progresso e beleza, na edificação
coletiva(...) .
Na Terra dá-se o mesmo. Para os casais que buscam a elevação
espiritual, a união sexual tem conotação diferente daquela que impulsiona a
grande maioria das criaturas humanas, eles não só produzem filhos carnais,
mas também se alimentam, mental e afetivamente, produzindo obras generosas.
Infelizmente, porém, esta vivência é para bem poucos.
Dante Alighieri na Divina Comédia reporta-se, entre as suas visões
dos vários planos da vida espiritual, às regiões de licenciosidade, onde as
relações sexuais entre Espíritos assemelham-se à poligamia desenfreada de
muitas paisagens terrestres.
No devido tempo, todos os seres humanos desregrados sexualmente
serão defrontados com a retificação natural, gerada pela Lei Universal do
Amor, uma vez que, por esse dispositivo, o próprio desregramento gera
sofrimento e perturbação.
Somente a evolução espiritual vai melhorar a qualidade da vida
sexual no planeta.
CASAMENTO: O Caso Tobias, descrito no livro Nosso Lar (57), ilustra
perfeitamente bem o tema do matrimônio. Ele vivia com Hilda, apresentando-a
como esposa, mas em sua casa morava outra mais jovem, Luciana, nomeada como
irmã. Todos moravam ali, em clima de fraternidade, mas na Terra ambas
haviam sido esposas de Tobias. Quando Hilda faleceu, deixou-o com filhinhos
pequenos, e ele veio a desposar Luciana que cuidou deles e da família que
se tornara maior. A princípio, Hilda não compreendeu a substituição, mas
depois de muita luta íntima e da colaboração de uma Benfeitora Espiritual
conseguiu vencer o monstro do ciúme e vivem agora em perfeita harmonia.
O Caso Odila-Zulmira, relatado no do livro Entre a Terra e o Céu ,
foi semelhante. Odila, a primeira esposa de Amaro, falecera, e depois de
algum tempo fora substituída por Zulmira. Inconformada com o que considerou
traição do marido, transformou-se em obsessora da substituta, contribuindo
para o seu desequilíbrio mental. Com a interferência de Clara, anjo bom que
a chamou à responsabilidade, Odila retrocedeu na conduta e passou a
proteger Zulmira e seu lar.
No final do livro E a Vida Continua... assistimos a um casamento no
mundo espiritual. Evelina e Fantini casaram-se, sob as bênçãos do irmão
Ribas e de todos os amigos da cidade onde residem.(57)
Mas, no mundo espiritual, há muitas inquietações quanto à libido.
Ivo de Barros Correia Menezes, o Ivinho, enviou vinte cartas para
sua mãe, através do médium Chico Xavier, seis delas estão no livro
Retornaram Contando, cinco outras em Gratidão e Paz, e algumas esparsas. Em
1983, cinco anos após a sua desencarnação, ocorrida aos 18 anos, desabafou
com a mãe Neide (58), dizendo que tinha anseio de casar e ser pai de
família.
LIBERAÇÃO DE COMPROMISSOS AFETIVOS: O cônjuge ou o noivo que parte
precisa ser muito desprendido para liberar o parceiro que deixou na Terra,
a fim de que ele venha a assumir outros compromissos afetivos.
Vejamos alguns testemunhos.
Elisabete Aluotto Scalzo Palhares - desencarnada em 1976, em
mensagem enviada à sua querida tia Nenem (Maria Philomena Aluotto Berutto),
liberou o esposo, José Maria, para uma nova união (59):
Aqui, se aceitamos Jesus, as afeições possessivas desaparecem, dando
lugar a uma compreensão que se nos afigura verdadeira bênção de Deus. De
muito pouco nos valeria uma dedicação agressiva, pronta a se prender nos
entes amados, sem liberá-los para que possam viver por si mesmos. Graças a
Deus entrei nessa embarcação do amor espiritual e tenho a felicidade de
verificar que o lar vai se reajustando, como é preciso.
Entregar, porém, o ser amado não é nada fácil.
Francisco Eduardo de Oliveira - tragado, aos 21 anos, pelas águas do
Rio Grande, reconhece essa dificuldade, diante da noiva que deixou (60):
Tantos esportes praticamos no plano físico, a resistência nos remos,
a agilidade no futebol, a força no salto, a energia nas corridas a pé;
entretanto, agora reconheço que estou aprendendo um esporte mais
importante, o esporte da renúncia, no qual devo entender que você é uma
valorosa menina de Deus e não propriamente minha.
Maria Cristina Summo - confessa essa dificuldade na carta que
escreveu aos pais: (61)
Era tão difícil dividir o esposo que me dera a alegria de viver e o
dom de esperar o melhor que houvesse no mundo...
Cristina confessa que se exercitou ao máximo, chorou, no íntimo,
lágrimas pesadas e só conseguiu superar com preces. Finalmente, enviou o
recado para o marido:
Digam por mim ao Milton que isso não é renúncia, e, sim,
compreensão. Ele que é tão sincero e tão digno de amor, encontrará quem me
substitua para formar ou reformar o lar com que sonhávamos.
54) O Céu e o Inferno, cap. VII, p. 97
55) E a Vida Continua... , cap.9
56) Evolução em Dois Mundos, 2ª parte, p. 169
57) E a Vida Continua, cap. 26
58) Ver Retornaram Contando, cap. 4; Gratidão e Paz, cap. 23;
Caravana de Amor, cap. 11, Anuário Espírita, 1988 e Jornal Folha Espírita.
59) Assuntos da Vida e da Morte, pp. 143 a 155
60) Novamente em Casa, p. 51
61) Continuidade, pp. 63-64
INFLUÊNCIA RECÍPROCA DE ATOS E PENSAMENTOS
No período que se segue à morte física, os habitantes dos dois
planos da vida continuarão a exercer influência recíproca acentuada, em
geral insuspeitada pelos encarnados. É claro que essa influência perdurará
sempre, mas não terá o grau de intensidade dos primeiros tempos de
separação. É natural que seja assim porque nós nos alimentamos do
magnetismo das pessoas amadas. Quando a morte nos impõe a separação
provisória, sentimo-nos lesados no âmago do ser, necessitados de recompor
energias básicas, de rearranjar o circuito de forças magnéticas no qual nos
equilibramos. Esse raciocínio é válido para os que se encontram nos dois
planos da vida.
A influência dos pensamentos e ações dos que permanecem na Crosta é
tão significativa que, muitas vezes, os desencarnados não conseguem se
adaptar à Vida Nova, vagando sem rumo, perturbados, sem condições de
assumir suas funções na verdadeira pátria.
Isso acontece porque há um despreparo generalizado diante da crise
da morte. Encarnados e desencarnados sofrem profundos desequilíbrios
psicológicos e espirituais, diante da separação que julgam definitiva,
porque, para a imensa maioria, sem "olhos de ver", somente o
silêncio dolorido responde aos apelos de parte a parte.
Tudo se passa como se os primeiros chorassem, desesperadamente, em
um compartimento da casa e os últimos em outro, unidos pelos laços
indestrutíveis do pensamento, mas incapazes de se entenderem, apesar da
proximidade, por absoluta falta de preparo em lidar com esse novo tipo de
comunicação.
Todos gritam, mas ninguém se entende.
João Jorge de Lima - falecido aos 25 anos, próximo de Mogi-Guaçu
(SP), em carta aos familiares, afirma que ninguém morre, mas há um total
despreparo para essa realidade (62):
Aí, não somos preparados na Terra para enfrentar o problema da vinda
para cá. Penso que a falta de conhecimento coloca 90% de dificuldades nos
problemas que a morte do corpo nos obriga a aceitar.
Muitos encarnados clamam, desesperadamente, pelos que partiram,
vertendo lágrimas de fel, quando não acalentam idéias de suicídio na
enganosa ilusão de reencontrá-los.
Muitas vezes, ouvi Chico Xavier referir-se à sua preocupação de bem
cumprir os seus deveres como médium, os quais sempre considerou como
simples obrigação, sobretudo, em relação às pessoas que o procuravam
firmemente determinadas ao suicídio.
Ronaldo Malafronto - as notícias de Ronaldo, falecido aos 23 anos,
por ruptura de aneurisma cerebral, foram decisivas na recuperação de sua
mãe Tereza, uma vez que, desde sua morte, ela quase não se alimentava mais,
sustentada praticamente por injeções. Na carta, ele respondeu a uma
pergunta que transtornava o coração materno: por que o seu corpo, já sem
vida, chorara durante o velório?
Muito cansada, dona Tereza não conseguira ficar para a reunião do
Grupo Espírita da Prece, apenas deixara uma carta, com essa pergunta, que o
médium não tivera tempo de ler. Na mesma noite, Ronaldo mandou a resposta,
dando detalhes impressionantes de sua desencarnação, em uma evidência
extraordinária da sobrevivência. Eis um trecho da mensagem (63):
Mamãe, porque a gente não pensa em dizer tudo o que se quer enquanto
a palavra pode sair da boca? Não sei. Aquilo tudo, com aquela impressão de
fim de existência, me fez chorar por dentro, mas as lágrimas eram iguais às
vozes que se mantinham presas comigo. Minhas pálpebras também estavam
cerradas e aquele orvalho de dor que me nascia no coração ficou
estancado... Por isso , mãezinha, é que a senhora e os nossos tiveram a
impressão de que eu chorava no corpo imóvel. Ver, eu não vi, mas as suas
perguntas nesse sentido eram muitas e minha bisavó Philomena, que me tomou
por outra mãe, explicou-me o que se passara. Quando me retiraram da forma
física extenuada, as comportas se abriram e as lágrimas que eram em mim
preces a Deus, rogando forças em vão para dizer alguma coisa, rolaram pela
face.
Não pense que seu filho estava sofrendo. Acontece que dormi e só
acordei em outro lugar com as suas exclamações.
Respondendo à dúvida angustiante de sua mãe, Ronaldo pediu-lhe
fortaleza de ânimo, abandono da idéia de solidão e
transformação da saudade em tarefas de amor ao próximo.
Essa fortaleza de ânimo lhe era necessária à própria adaptação ao
mundo espiritual
LÁGRIMAS DE FEL: Há chuvas que arrasam a plantação e outras,
"criadeiras" que estimulam o crescimento da lavoura. Assim
também, são os efeitos das lágrimas dos encarnados sobre os que partiram.
Maurício de Lima Basso - falecido em 5 de dezembro de 1972, aos 21
anos, de acidente rodoviário, pede, na mensagem, a compreensão dos pais
para o seu sofrimento (64):
Venho (...) rogar ao senhor e à mamãe não chorarem mais assim, com
tanto peso no coração. (...) quando choram fitando o meu retrato ou
recompondo os meus objetos não consigo estancar o pranto que me verte do
peito, complicando as melhoras que obtenho e perco (...)
Inúmeros outros comunicantes falam da dificuldade de adaptação ao
mundo espiritual por causa da perturbação dos familiares. Esse desequilíbrio,
muitas vezes intenso, não lhes permite a própria renovação no plano em que
se encontram.
Jair Presente - nasceu em Campinas a 10 de novembro de 1949 e
faleceu antes de completar 25 anos, a 3 de fevereiro de 1974, vítima de
afogamento. Cursava o 4o ano de Engenharia Mecânica na Unicamp. Aluno
exemplar, alegre, jovial, trabalhava para o próprio sustento, lecionando em
colégios de Campinas, ao mesmo tempo que prosseguia o curso e fazia outros
de extensão universitária. Madrugava todos os dias, para dar conta do
recado.
A 15 de março de 1974, 42 dias após sua morte, seu pai, ralado de
saudade, demandou Uberaba em busca de notícias do filho. As apresentações
foram rápidas, sem tempo para muitas informações ou detalhes. E qual não
foi a surpresa do sr. José Presente quando Jair escreveu contando: (65).
As vozes de casa chegam ao meu coração e, como se continuássemos
juntos, vejo-os no quarto, guardando-me as lembranças como se devesse
chegar a qualquer instante. E o meu pensamento não sai de onde me prendem. Agradeço,
sim, o amor em suas lágrimas. Agradeço o carinho em suas preces, mas venho
pedir-lhes para viverem. Viverem! E viverem felizes, porque assim serei
feliz.
Nesta primeira carta, Jair Presente afirmou que não desencarnou por
afogamento, mas porque o coração parou, ao modo de um motor, de que não se
descobre imediatamente o defeito.E enfatizou: Lembrem-me estudando, e não
morto, porque a vida não admite a morte.
CULTIVO DA CARIDADE: este é um pedido constante dos comunicantes aos que
ficaram na Terra, para que eles próprios tenham paz e tranqüilidade íntima,
realizando, juntos, um trabalho de amor ao próximo.
Roberto Salas - conhecido pelo apelido de Garibaldo, ressaltou, por
sua vez, a necessidade do serviço em favor do próximo para encontrar a paz interior
(66): (...) procuremos povoar o tempo com a felicidade para os outros,
porque nesse tipo de felicidade encontraremos a nossa
Sérgio Calamari - A melhor maneira de lembrar os que morrem é
justamente adquirir um espaço na Terra, para abrigar meninos e meninas que
começam a vida, às vezes rejeitados pelos próprios pais (15). É dessa forma
que Sérgio deseja ser lembrado.
Rosemari Daurício - afirma em carta dirigida à mãe, Terezinha de
Jesus Beraldo (67):
O fardo mais pesado que se carrega no mundo somos nós mesmos ,
quando não dividimos , o tempo e a vida, em favor de outras pessoas .
Roberto Muszkat - também tem muito a agradecer. Primogênito do casal
David Muszkat e Sonia Golcman Muszkat, constituía, com seus irmãos Rachel,
Renato, Rosana, Moises Aron e Ricardo, a alegria da constelação familiar.
Aos 19 anos, recém-admitido, após êxito no vestibular, no primeiro
ano da Faculdade de Medicina, preparava-se para seguir a carreira do pai,
quando fez-se o ponto e vírgula em sua linha existencial terrena. No dia 14
de março de 1979, depois de fazer uso de um tópico nasal, foi acometido de
um choque anafilático - reação alérgica súbita e extremamente grave - vindo
a falecer imediatamente. Todo o drama familiar e o intercâmbio através do
médium Xavier estão no livro Quando se Pretende Falar da Vida, realizado em
parceria com seu pai, David. Sua segunda mensagem também está coletada em A
Vida Triunfa.
Nas cartas aos familiares, Roberto deixa transparecer a elevação de
sua alma Nelas, encontramos dezenas de expressões judaicas, bem como
referências a rituais e costumes multimilenares de seu amado povo. Uma
prova extraordinária da sobrevivência!(68)
Sua mãezinha Sonia, seu pai e irmãos, desde a sua partida para a
pátria espiritual, têm comemorado o seu aniversário de nascimento em
Uberaba, no Lar da Caridade, anteriormente conhecido por "Hospital do
Fogo Selvagem", e em um dos bairros pobres da cidade, distribuindo
mantimentos, roupas e brinquedos. Sonia e amigas realizam, também, o mesmo
movimento, desde 1987, todas as quintas-feiras, no Cantinho do Leite
Roberto Muszkat, na sede do Lar do Alvorecer, em Diadema.
PERDÃO DAS OFENSAS
Há muito desassossego na vida psíquica dos desencarnados, toda vez
que os familiares não aceitam a separação ou procuram vingança, nos casos
de desencarnação por assassinato, alimentando os sentimentos inferiores,
muitas vezes, envolvidos nos processos penais.
Walter Perrone - jovem assassinado aos 23 anos de idade, agradeceu
aos pais e irmãos o terem desenvolvido idéias pacíficas que o vieram
fortalecer na vida além-túmulo:
Agradeço tudo o que meu pai e os meus fizeram contra as idéias de
ódio e ressentimento (69).
Nas mensagens recebidas por Chico Xavier, os "mortos"
nunca incriminam os "vivos" e nem apontam culpados à polícia. Já
os vimos, por diversas vezes, pedir clemência à Justiça pelos inocentes,
que respondiam a processo criminal nos tribunais terrenos. Constatamos
também a súplica de alguns, pedindo aos pais e amigos que perdoem o
assassino.
Carlos Teles Sobral Jr. - No livro A Vida Triunfa, (caso 43), consta
o caso deste jovem, que, embora nascido no Brasil, morava em Portugal, onde
apareceu morto aos 25 anos. A polícia de Cascais catalogou o caso como
sendo de suicídio. Três meses após sua morte, enviou mensagem aos pais, pelo
correio mediúnico de Uberaba, esclarecendo que tinha sido assassinado, mas
não revelou o nome do autor do crime e aconselhou-os a dar o caso por
encerrado.
Gilson Gravena de Souza - assassinado por um desconhecido, aos 26
anos, praticamente vetou qualquer tipo de ação judicial contra o algoz,
caso os familiares viessem a descobri-lo (70):
Se eles souberem de algum detalhe do sucedido, que me façam a
caridade de não cultivarem qualquer ressentimento. Estou bem, melhorando
sempre, e não desejo cair em depressões por motivo de ações que forem
movidas contra alguém, seja quem seja, em nome de minha memória.(...)
62) A Vida Triunfa, caso no. 12
63) A Vida Triunfa, caso no. 10
64) Novamente em Casa, p.98
65) Jovens no Além, pp. 108 a 113; A Vida Triunfa, caso no. 2
66) A Vida Triunfa , caso no. 31
67) A Vida Triunfa , caso no. 19
68) A Vida Triunfa, caso no. 33
69) A Vida Triunfa, caso no. 9. Ver ainda Amor Sem Adeus, com várias
cartas desse jovem.
70) Renascimento Espiritual, pp. 70 a 74
COMUNICAÇÃO DO ESPÍRITO MODIFICA SENTENÇA - A ausência de perdão e
as injustiças constituem motivo de desequilíbrio para os desencarnados,
impedindo-lhes a adaptação à Vida Nova. Por isso, alguns Espíritos voltaram
pelo lápis mediúnico, preocupados em esclarecer fatos relativos à sua
desencarnação, na ânsia de inocentar os encarnados, levados à barra dos
tribunais, por terem sido instrumentos, muitas vezes involuntários, da
morte deles.
Maurício Garcez Henrique - desencarnou em maio de 1976, aos 15 anos,
vítima de um tiro acidental. Morava com seus pais em Goiânia de Campinas,
cidade próxima da capital de Goiás. Dois anos depois, enviou comovente
carta-mensagem à sua mãe, pedindo-lhe que inocentasse o amigo, José Divino
Nunes, que respondia a processo, acusado de tê-lo assassinado (71):
Peço-lhes não recordar a minha vinda para cá, criando pensamentos
tristes. O José Divino e nem ninguém teve culpa em meu caso. Brincávamos a
respeito da possibilidade de se ferir alguém, pela imagem do espelho: e
quando eu passava em frente da minha própria figura, refletida no espelho,
sem que o momento fosse para qualquer movimento meu, o tiro me alcançou,
sem que a culpa fosse do amigo ou minha mesmo. (...) Se alguém deve pedir
perdão, sou eu mesmo, porque não devia ter admitido brincar, ao invés de
estudar. A assinatura de Maurício ao final da mensagem é idêntica, podendo
ser estudada grafoscopicamente.
À época do julgamento de José Divino, em 1979, o dr. Orimar de
Bastos, era o Juiz de Direito da Sexta Vara Criminal da capital goiana, onde
corria o processo. Na sentença que proferiu, a 16 de julho de 1979, dr.
Orimar inocentou o réu, levando em consideração, entre outras peças dos
autos, a carta psicografada por Chico Xavier. Consta da sentença os
seguintes tópicos (72):
Lemos e relemos depoimentos das testemunhas, bem como analisamos as
perícias efetivadas pela polícia, e ainda mais, atentamos para a mensagem
espiritualista enviada do além, pela vítima, aos seus pais. (...) Temos de
dar credibilidade à mensagem de fls. 170 , embora na esfera jurídica ainda
não mereceu nada igual, em que a própria vítima, após sua morte, vem
relatar e fornecer dados ao julgador para sentenciar.
Na mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, a vítima
relata o fato e isenta de culpa o acusado. Fala da brincadeira com o
revólver e o disparo da arma. Coaduna este relato, com as declarações
prestadas pelo acusado, quando de seu interrogatório, às fls 100/vs.
Foi esta a primeira sentença judicial em que o depoimento de um
desencarnado foi considerado como válido e importante. Como afirmou Freitas
Nobre pela Folha Espírita:
O Juiz Orimar Bastos teve o privilégio de iniciar uma nova visão
interpretativa do crime (73).
CRIANÇAS E JOVENS NO ALÉM: No mundo espiritual, há evidentes sinais
de crescimento do corpo espiritual, tanto de crianças quanto de jovens.
Artur Francisco Köller - o garotinho de Porto Alegre, caçula da
família, nasceu em 28 de maio de 1979 e desencarnou aos três anos e três
meses de idade, a 23 de agosto de 1982, em conseqüência de um câncer do
fígado.
Na primeira comunicação, enviada cinco meses depois, a 28 de janeiro
de 1983, enviou uma longa carta à sua mãe, da qual extraímos a frase (74):
Mãezinha Terezinha, o pintinho amarelo tomou a feição da estrela
pequenina novamente, mas quem diz que conseguirei voltar ao azul do Céu sem
a estrela que me deu a vida?
Por detrás desta linda estória está todo um testemunho de amor e de
certeza da sobrevivência.
Quando Artur estava muito doente, sua mãe perguntou-lhe se ele iria
morar com o Papai do Céu, e o menino respondeu afirmativamente. Mãe e filho
tiveram, então, o seguinte diálogo:
- Quando tu fores morar com o papai do Céu e a mamãe do Céu, a
mãezinha vai lá no Chico Xavier e tu prometes escrever para a mamãe?
- Sim, eu prometo.
- Mas vamos fazer um segredinho: se me escreveres pelo Chico ou por
qualquer outro médium, eu vou acreditar se falares estas palavrinhas:
estrela, estrelinha ou Estrela de Belém. Selado este acordo, o segredo foi
mantido, nem a mãe nem a criança falaram dele a quem quer que seja.
Eis que, pela extraordinária mediunidade de Chico Xavier, Artuzinho
voltou por inteiro ao coração da mãe, contando a estorinha com todos os
elementos de identificação.
Na segunda e terceira cartas , enviadas aos pais, Terezinha e Erny,
publicadas no livro Caravana de Amor, Arthur já se revelava um adulto,
tendo crescido, rapidamente, no mundo espiritual.
Carlos Augusto Ferraz de Lacerda (75) - desencarnou a 16 de setembro
de 1951, aos quinze anos e meio, em Campinas, quando o teto do cinema Rink
desabou em plena matinê, matando também dezenas de outros jovens. Era um
débito coletivo, uma conta do destino, desde a Idade Média, que eles
tiveram a oportunidade de resgatar, conforme Carlos Augusto explicou à sua
mãe, Inayá Ferraz de Lacerda, em carta psicografada por Chico Xavier.
Neste caso, desejamos ressaltar um fato comum na erraticidade: o
crescimento do corpo espiritual de crianças e jovens. No caso de Carlos
Augusto, podemos dizer que esse crescimento foi palpável. Expliquemos:
entre as inúmeras fotos de espíritos materializados nas sessões ocorridas
em Pedro Leopoldo, com a presença de Chico Xavier, e tendo como médium
principal de efeitos físicos Francisco Peixoto Lins, o Peixotinho, podemos
ver a de Carlinhos, nome pelo qual era mais conhecido. Estava em plena
maturidade, indicando o seu crescimento na vida espiritual. Dá para
comparar as duas fotos, vendo a estampada no livro Luz Bendita, pouco antes
de sua desencarnação e a obtida na sessão de materialização publicada no
livro de Lamartine Palhano Júnior e Wallace Fernando Neves, o Dossiê
Peixotinho. Observa-se, claramente, o processo de crescimento e maturidade
do Espírito no Além.
ESCOLAS NO PLANO ESPIRITUAL
Nas várias dimensões extrafísicas, há cidades, aldeias, postos de
socorro, e, sobretudo, muitas escolas.
Vejamos o que estas representam na recuperação das crianças no mundo
espiritual
Andréa Lodi - tinha nove anos quando partiu da Terra, vítima de
desastre automobilístico, na avenida dos Bandeirantes, em São Paulo.
Escrevendo a seus pais, Armando e Edinah, afirmou (76):
Sei que estou melhor e com o apoio do meu avô Sílvio estou num
grande colégio cercado de jardins (...)
Nossos professores, aqui, muitos deles informam que possuem filhos
na Terra e que nos amam da mesma forma como as crianças deles são estimadas
e protegidas por muita gente boa no mundo.
Eduardo Zibordi Camargo (Dudu) - faleceu a 6 de fevereiro de 1966,
no Hospital Samaritano, em São Paulo, em conseqüência de tumor cerebral. Na
primeira mensagem, falou do lugar aprazível onde se encontra (77):
Nossa escola é um parque marcado de fontes e flores. Céu azul e
muita beleza em tudo. Paz e ensinamentos, estamos amparados (...)
Indicamos aqui dois preciosos livros, Crianças no Além e Escola no
Além, com mensagens muito esclarecedoras sobre a vida infanto-juvenil na
erraticidade.
71) A Vida Triunfa, caso no. 21
72) Lealdade, pp. 25 a 28
73) A Vida Triunfa, caso no. 21
74) Vozes da Outra Margem, pp. 15 a 28; ver também Caravana de Amor,
cap. 3
75) Ver Luz Bendita, p.118 e Dossiê Peixotinho, p.241
76) A Vida Triunfa, caso 25
77) Vida nossa Vida, pp. 56 a 69
NINGUÉM MORRE
(CONCLUSÃO)
Um dos benefícios que o Espiritismo vem trazendo
à humanidade é ensiná-la a saber morrer.
Argemiro Acayaba de Toledo (Presença de Chico Xavier)
Afinal, o que é a morte? O que pensamos quando dizemos destino,
acaso, azar? Parece que uma série de eventos inexplicáveis se abate sobre
nós, algo que não conseguimos compreender. Tudo parece não ter lógica,
aquela lógica que nos guia em nossas ações cotidianas. Experimentamos uma
sensação de desconforto, de dor, diante de acontecimentos que não nos
parecem naturais. No entanto, o que pode haver de mais "natural"
do que a morte de uma pessoa querida? Por que não conseguimos
"aprender" de uma vez por todas que os corpos e as coisas do
mundo são perecíveis, transitórias?
Por uma razão muito simples: porque em nosso íntimo, acreditamos que
as coisas permanecem. É assim que agimos em nossa vida diária. Dizemos para
nós mesmos que, por trás das aparentes alterações, há algo que não muda, há
algo permanente. É, por isso, que podemos dizer que somos a
"mesma" pessoa, o mesmo "eu" de há dez anos atrás,
embora tenhamos envelhecido, sofrido, aprendido coisas novas.
Este livro vem mostrar que não há razão para nos desfazermos das
nossas crenças cotidianas. Não há razão para abandonarmos essa idéia tão
comum de que as coisas permanecem apesar de estarem em contínua mudança.
Não há razão para pensarmos que os eventos de nossa vida não podem ser
explicados racionalmente. Afinal de contas, não deve ser obra do simples
acaso que essa seja a maneira como pensamos. (78)
Reconhecemos, no entanto, que o ser humano convive com essa
contradição dilacerante: no seu inconsciente, não conhece o evento morte,
intuitivamente sabe que as coisas permanecem, apesar da contínua mudança,
no entanto, teme o "outro lado", a continuidade. Fecha-se à outra
face da mudança. Por falta de maturidade espiritual, perturba-se,
acreditando que somente a existência física é permanente, quando, na
verdade, a vida no Além é a única eterna, primitiva, pre-existente.
Se ao invés de fugirem ao debate, os seres humanos discutissem mais
os assuntos da vida e da morte, procurando facear, com naturalidade, a
questão da sobrevivência, a violência diminuiria em muito no planeta,
porque compreenderiam melhor a relatividade e a transitoriedade das coisas
terrenas.
A maioria, porém, ainda prefere agarrar-se à concretude da vida
material. Faz um século, no entanto, que a matéria deixou de ser trincheira
inexpugnável, apresentando-se, hoje, como "cordas" tangidas por
energias sutis. A física quântica encarregou-se de ampliar os horizontes
humanos, ressaltando o oceano imenso de energia pura em que estamos
mergulhados; a maioria, porém, permanece fixada em redutos inflexíveis, em
suas "realidades tangíveis".
Nesta palestra, citamos lições de Espíritos, que foram gente como a
gente, reconhecidos como autênticos pelos familiares, quando voltaram,
claramente vivos, para abraçá-los, através do correio mediúnico,
reiterando-lhes o amor imorredouro.
A certeza que temos da imortalidade, não podemos passar a ninguém,
no entanto, o volume de informações corretas que os desencarnados trouxeram
aos familiares, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, é tão
impressionante que está a merecer um estudo científico desapaixonado para
que se desvende mais amplamente a Vida no Além.
Emmanuel ensina que devemos cuidar do corpo como se ele fosse viver
eternamente e do Espírito como se fosse morrer amanhã. Cremos que isto
resume todo e qualquer preparo para a fatalidade da vida, seja em que plano
for.
Fundamentalmente, o grande obstáculo à nossa felicidade espiritual é
o egoísmo. As nossas maiores dificuldades, tanto no processo do morrer
quanto do despertar para a Vida Nova, estão nas nossas vinculações e
desvinculações afetivas, em geral, calcadas no egoísmo.
Ainda não sabemos amar sem escravizar, nem nos empenhamos em vencer
ódios milenares, incompatíveis com a Bondade Divina, porque nos acomodamos
à lei do menor esforço.
Na verdade, os habitantes da Terra não necessitam de outra regra
áurea para seguir, senão aquela exemplificada, há dois mil anos, pelo
Mestre Jesus: "Amar ao próximo como a si mesmo". Nela resume-se
toda felicidade real e duradoura do Espírito, seja qual for a região do
Universo que lhe sirva de morada.
Trecho do release feito por
Marcos Nobre para apresentação do livro A Vida Triunfa
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