sábado, 22 de dezembro de 2012
CULTIVANDO AS SEMENTES DA PAZ
Não é minha intenção te
dar idéias apenas para colocar em um caderno.
Ninguém pode dar a ninguém idéias
sobre a paz.
Ao invés disso, eu gostaria de te oferecer uma oportunidade de
reconhecer as sementes de paz que já estão em todos.
Quando chove, a chuva
penetra no solo.
Se há chuva suficiente então todas as sementes no solo serão
penetradas e terão a chance de brotar. (...)
Apenas permitimos que a chuva
penetre e repentinamente veremos que as sementes de entendimento, sabedoria e
amor brotarão.
As sementes de paz, alegria, felicidade e o reino de Deus já
estão em você, não fora.
Se você estiver procurando por Deus e acha que ele
está fora de você, nunca o encontrará.
Seria como a onda correndo para procurar
a água – nunca a encontrará.
Ela tem que voltar para o lar de si mesmo com a
firme convicção que a água está dentro dela.
Então há uma chance para a
paz.
(...) O presente mais
precioso que podemos oferecer ao nosso amado é a nossa energia de entendimento e
amor.
Se não tivermos entendimento e amor dentro de nós, não teremos nada para
oferecer para outras pessoas e para o mundo.
Como podemos cultivar entendimento
e amor?
Podemos cultivar isto quando estamos sozinhos.
Estar sozinho não
significa que você deva se desligar da sociedade, ir para uma montanha e viver
em uma caverna.
Viver sozinho significa que você é sempre você mesmo – você não
se perde.
Você pode sentar-se em um mercado e ainda sim estar sozinho.
Você é o
chefe.
Não é uma vítima.
Quando você pratica
caminhada em plena atenção, se concentra nos seus passos e em sua inspiração e
expiração.
Mesmo se estiver caminhando com duzentas ou trezentas pessoas, ainda
assim está sozinho.
Plena atenção e concentração estão em você, e cada
respiração e cada passo nutre e te enriquece trazendo a você a energia de
entendimento e amor.
Se você não for você mesmo,
não poderá amar e não poderá oferecer nada.
Ficar sozinho significa voltar ao
lar de si mesmo, se tornar o mestre de si mesmo e não se permitir ser levado
para longe.
Entendimento é a fundação do amor.
Se você não pode entender seu
amado, não pode amá-lo.
Suponha que você não
entende o sofrimento de seu amado, suas dificuldades ou suas mais profundas
aspirações.
Como pode dizer que o ama e o entende?
Você tem que ser você mesmo e
então quando olhar para ele, começará a entendê-lo.
Se não for você mesmo, como
poderá ouvir e ver profundamente?
Quando o entendimento está presente, então o
amor é possível.
O amor é a água que nasce da fonte do entendimento.
Uma relação
tem significado apenas quando cada pessoa é si mesma.
Se você e a outra pessoa
estão vazios de entendimento, amor e beleza não têm nada a oferecer um para o
outro.
Amamos falar, é um prazer.
Mas se não praticar a plena atenção, então você pode apenas deixar ser carregado
para longe pela fala.
Você não terá muito a oferecer e a outra pessoa também.
Quando há algo em você que é muito precioso, você pode oferecer e compartilhar.
Falar é uma maneira de oferecer e expressar a si mesmo.
Mas se você tem apenas
idéias vazias, não é um verdadeiro presente.
Você pode ter opiniões sobre tudo,
mas isso pode não ser o que a outra pessoa precisa.
O que a outra pessoa precisa
é seu entendimento, seu amor e seu insight – não idéias, mas uma realidade
viva.
Quando você incorpora
insight, compaixão e alegria, uma relação passa a ter significado.
Se você
conhece a arte de viver sozinho – a arte de saber como ser você mesmo e cultivar
a energia da paz, entendimento e compaixão em cada momento – então sua relação
se aprofundará.
Isto é bem simples.
Quando tiver cinco ou dez minutos livres,
use-os para enriquecer a si mesmo, para se tornar mais sólido, mais livre, mais
compreensivo e compassivo.
Quando amamos alguém, alegria, entendimento e
compaixão são as melhores ofertas que podemos fazer ao nosso amado.
Se você quer
ter algo para oferecer, então cultive isto através do estar
sozinho.
Imagine uma árvore
recebendo nutrição da Terra, da água e dos minerais.
Com tudo isso, ela nutre os
galhos e folhas e cria a s flores.
Uma árvore tem tantas coisas para oferecer ao
mundo.
Se perturbarmos as raízes da árvore, de forma que não estejam em contato
com o solo, a árvore não pode obter os nutrientes que precisa para fazer as
flores e frutos.
Cada um de nós é como uma árvore.
Se não sabemos como ir para a
cada dentro de nós mesmos, nos tornarmos plenamente presentes, cultivando e
praticando o olhar em profundidade, então não podemos receber os nutrientes que
precisamos e não teremos muito a oferecer para a pessoa que amamos.
Nosso tempo juntos é muito
precioso.
Queremos nos tornar um instrumento de paz para nós mesmos, para nossa
família e para nossa sociedade. (...)
(Do livro “Peace begins
here” – Thich Nhat Hanh)
(Traduzido por Leonardo
Dobbin)
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