quinta-feira, 5 de maio de 2011

O RESGATE DA HUMANIZAÇÃO



Todos nós precisamos de reconhecimento, valorização, afeto.

Se estes ingredientes estiverem presentes durante a nossa formação, e principalmente se eles se mantiverem presentes durante toda nossa existência, podemos evitar o desenvolvimento de comportamentos destrutivos que dificultam nossas relações, nosso convívio social.

Em casos mais graves, estas carências podem gerar indivíduos tão problemáticos que seu convívio social se torna simplesmente impossível.

Ações de humanização devem resgatar o respeito à vida humana .

Ferramentas como o diálogo, a tolerância, a compreensão e o auxilio ao próximo são fundamentais para uma convivência social saudável e primordial.

Compartilho com você um texto adaptado do futuro livro: "A Caricia Essencial" do Dr. Roberto Shinyashiki, que demonstra sua preocupação com o comportamento negativo das crianças e tenta ajudar os educadores nessa difícil arte:

"Todas as pessoas necessitam de uma quantidade mínima de estímulos para ter uma saúde mental razoável.

Nós chamamos essa quantidade de índice de sobrevivência, pois, abaixo dessa quantidade de carícias, a pessoa começa a apresentar um quadro de privação de estímulos, que pode levá-la à loucura.

Isso explica por que um aluno que não encontra carícias positivas em sua casa vai procurar ganhar qualquer tipo de carícias.

Ter de lutar para sobreviver leva as pessoas a atos jamais imaginados por elas mesmas.

Por exemplo, se neste momento alguém lhe oferecer um pão embolorado para comer, certamente você vai recusar e pensar: “Eu nunca comeria um pão embolorado”.

Porém, quando ouvimos falar de pessoas que passam fome extrema, sabemos que para elas a possibilidade de comer um pão embolorado pode ser a salvação.

Como explicar jovens adolescentes que participam de orgias sexuais?
Dão sexo em troca de atenção.

Como explicar jovens que entram em brigas das quais saem muito machucados? Dão sua saúde em troca de se sentirem aceitos pela turma.

Quando a pessoa está abaixo do índice de sobrevivência, qualquer carícia é bem-vinda, ainda que seja dolorosa, pois o importante é se sentir vivo.

Carícia negativa é como pão embolorado: dá energia para o indivíduo continuar seu caminho; entretanto, pode ser bastante nociva para o organismo se continuar se alimentando dela.

Quando nasce, a criança busca sempre carícias positivas. Se as receber, estará satisfazendo suas necessidades e poderá, então, desqualificar as carícias negativas, ocorrendo um bem-estar tanto da parte dela como dos que lhe estão dando carícias. Contudo, se isso não ocorrer, a criança entrará em depressão.

Para diminuir essa sensação de mal-estar, ela poderá iniciar uma luta para conseguir seu objetivo; mas, se a escassez for grande, acabará aceitando as carícias existentes no seu meio ambiente e desenvolverá esse padrão como o “padrão seguro” de carícias.

Passará a acreditar que o que ela realmente precisa é de carícias negativas, ou seja, que briguem com ela, que sintam ciúmes, etc.

Na escola, por exemplo, para sentir-se reconhecido, ou seja, para obter aquela carícia negativa a que está acostumado a receber, o aluno pode se mostrar rebelde, indisciplinado e brigão.

Foi assim que ele aprendeu a chamar a atenção, e é assim que ele se sente vivo.

De modo geral, essa situação é muito prejudicial ao indivíduo.

Seria o mesmo que se adaptar a comer pão embolorado e carne estragada como sua alimentação normal.

As pessoas se esquecem de que aceitaram os estímulos negativos em momentos de extrema necessidade, e podem acabar se acostumando à situação.

Quase sempre o indivíduo guarda para o resto da vida o padrão de caricias gerado na infância, tanto em relação aos tipos de carícias quanto ao modo de obtê-las.

Esquece-se de que, uma vez adulto, não necessita mais adaptar-se a um sistema de escassez de carícias, mas sim optar por buscar as carícias que realmente o alimentam e o mantém saudável.

Ou seja: se você quiser, pode sempre viver em um ambiente de abundância de carícias positivas.

Na escola, o professor pode sempre se empenhar em criar um convívio com os alunos em que prevaleçam as carícias positivas".
Afinal de contas .. o que é carícia ?

Na analise transacional, carícia significa que a pessoa está viva, precisando de reconhecimento, precisando de atenção e de afeto.

Em analise transacional costuma-se dizer que "um beijo é melhor que um tapa ... mas um tapa é melhor do que a indiferença".

Moral da estória, a falta de humanização é uma das maiores doenças da humanidade.

A vida ficou muito banal ... cada um com seus problemas como se costuma dizer .... ninguém percebe ninguém .. não existe mais preocupação com o próximo, fazendo com que a sociedade atinja um grau de degradação cada vez maior.

Ações de humanização que mencionei no inicio deste texto devem ser aplicadas buscando o resgate de uma sociedade mais ajustada a um conceito de humanidade que estamos perdendo, negligenciando.

Até quando precisamos ficar refletindo sobre a aplicação dessas ações ??


ROBERTO SHINYASHIKI

Nenhum comentário :