sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O rei e o falcão


Conta a lenda que, certa manhã, o guerreiro mongol Gengis Khan e sua tropa saíram para caçar.

Enquanto seus companheiros levavam flechas e arcos, Gengis Khan carregava apenas seu falcão favorito no braço.

O animal era melhor e mais preciso que qualquer flecha, porque podia subir ao céu e ver tudo o que o ser humano não conseguia ver.

Entretanto, apesar de todo o entusiasmo, o grupo não conseguiu encontrar nada.

Decepcionado, Gengis Khan voltou para o acampamento.

Mas, para não descarregar sua frustração em seus companheiros, separou-se da comitiva e resolveu caminhar sozinho.

Gengis Khan permanecera na floresta mais tempo que o esperado e estava extremamente cansado e com muita sede.

Por causa do calor do verão, os riachos estavam secos.

Ele não conseguia encontrar água para beber, até que avistou um fio de água descendo por um rochedo bem à sua frente.

Na mesma hora, retirou o falcão do braço e pegou o pequeno cálice de prata que sempre carregava consigo.

Era apenas um fio de água que corria pelo rochedo, por isso ele demorou um longo tempo para ele conseguir encher o cálice.

Mas quando estava prestes a levá-lo à boca, o falcão levantou voo e arrancou o copo de sua mãos, atirando-o longe.

Gengis Khan ficou furioso, mas era seu animal favorito, talvez também estivesse com sede.

Apanhou o copo, limpou a poeira e tornou a enchê-lo.

Após outro tanto de tempo, com a sede apertando cada vez mais e com o cálice já pela metade, o falcão o atacou novamente, derramando o líquido.

Gengis Khan adorava seu animal, mas sabia que não podia deixar-se desrespeitar em nenhuma circunstância, já que alguém podia estar assistindo à cena de longe e mais tarde contaria aos seus guerreiros que o grande conquistador era incapaz de domar uma simples ave.

Desta vez, tirou a espada da cintura, pegou o cálice, recomeçou a enchê-lo.

Manteve um olho na fonte e outro no falcão assim que viu ter água suficiente e quando estava pronto para beber, o falcão de novo levantou voo e veio em sua direção Gengis Khan, em um golpe certeiro, atravessou a espada no peito do falcão, matando-o.

Ele retomou o trabalho de encher o cálice.

Mas o fio de água havia secado.

Decidido a beber aquela água de qualquer maneira, Gengis Khan escalou o rochedo em busca da fonte.

Para sua surpresa, havia realmente uma poça de água e, no meio dela, morta, uma das serpentes mais venenosas da regia-o Se tivesse bebido a água, teria morrido imediatamente.

Gengis Khan voltou ao acampamento trazendo o falcão morto nos braços e dizendo para si mesmo:

- Hoje aprendi uma triste lição!

Muitas vezes nos precipitamos em jugar e agir, ferindo assim a quem mais nos ama e chega a dar a sua vida por nós...



Do livro: Valores Humanos – A revolução necessária
De: Izabel Ribeiro
All Print Editora

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