terça-feira, 19 de novembro de 2013

DEFEITOS É QUE CONSTITUEM A VERDADEIRA DOENÇA

 

Rebirth of Venus by Sheri Howe

O que conhecemos como doença é o estágio final de um distúrbio muito mais profundo; e, para assegurar um absoluto sucesso no tratamento, é óbvio que cuidar apenas do resultado final não será um procedimento de todo efetivo, a menos que a causa fundamental também seja suprimida.

Há um erro básico que o homem pode cometer: é o de agir contra a Unidade; esse tipo de atitude se deve ao egoísmo.

A partir disso, podemos também afirmar que há apenas um tormento básico – o mal-estar, a enfermidade.

E, assim como uma ação contra a Unidade pode ser de vários tipos, da mesma forma a doença – uma conseqüência dessa ação – pode ser dividida em grupos principais que correspondem às suas causas específicas.

A real natureza de uma enfermidade será um guia eficaz para que se identifique o tipo de ação que se está praticando contra a Divina Lei do Amor e da Unidade.
 
Se tivermos em nossa natureza amor suficiente por todas as coisas, não seremos causa de agravo a ninguém; pois esse amor sustará o gesto agressor, e impedirá nossa mente de se entregar a qualquer pensamento que possa magoar alguém.

No entanto, ainda não chegamos a semelhante estágio de perfeição; se já o tivéssemos alcançado, não haveria razão nenhuma para nossa existência nesta terra.
 
Mas todos nós estamos buscando e avançando rumo a esse estágio, e os que dentre nós padecem na mente ou no corpo estão sendo conduzidos por esse mesmo sofrimento em direção a essa condição ideal; se soubermos como interpretá-lo corretamente, não só poderemos acelerar nossos passos em direção à meta, como também nos guardaremos da doença e da angústia.

Desde o momento em que a lição é aprendida e o erro reparado, não há necessidade do corretivo, pois não podemos nos esquecer que o sofrimento é, em si mesmo, benéfico, sobretudo por mostrar-nos o momento em que estamos seguindo por alguma via enganosa, e por acelerar a marcha de nossa evolução para uma gloriosa perfeição.
 
As doenças reais e básicas do homem são certos defeitos como o orgulho, a crueldade, o ódio, o egoísmo, a ignorância, a instabilidade e a ambição; e se cada um deles for considerado
 
individualmente, notar-se-á que todos são contrários à Unidade.

Tais defeitos é que constituem a verdadeira doença (usando aqui a palavra com sua conotação moderna), e a continuidade desses defeitos, persistirmos neles, depois de termos alcançado um estágio de desenvolvimento em que já os sabemos nocivos, é o que ocasiona no corpo os efeitos prejudiciais que conhecemos como enfermidades.
 
O orgulho se deve, em primeiro lugar, à incapacidade de se reconhecer a pequenez da personalidade humana e sua absoluta dependência da Alma, e de aceitar que todas as vitórias que se possam ter não se devem a essa personalidade, mas são bênçãos com que nos agraciou a Divindade interior; em segundo, deve-se à perda do senso de proporção, da noção de quanto se é insignificante diante do complexo arranjo da Criação.

Como o orgulho se mostra invariavelmente relutante em se curvar com humildade e resignação à Vontade do Grande Criador, ele pratica ações contrárias a essa Vontade.
 
O ódio é o contrário do Amor, o reverso da Lei da Criação.

Ele se opõe a toda a Obra Divina e é uma negação ao Criador; conduz apenas a pensamentos e a ações que são adversos à Unidade e contrários àqueles que seriam prescritos pelo Amor.
 
O egoísmo é, também, uma negação à Unidade e ao dever que temos para com nossos irmãos humanos, pois ele faz com que coloquemos nossos interesses pessoais antes do bem-estar da humanidade, do carinho e da proteção que deveríamos dedicar aos que estão mais perto de nós.
 
(...) São esses os exemplos da real doença, a origem e a base de todos os nossos sofrimentos e aflições.

Cada uma dessas imperfeições, se mantiverem-se contrárias à voz do Eu Superior, provocarão um  conflito que deve, por força da necessidade, refletir-se no corpo físico, produzindo um tipo específico de enfermidade.
 
Agora veremos como qualquer tipo de doença que podemos vir a sofrer nos conduz à descoberta da falta que está por trás de tudo quanto nos aflige.

Por exemplo, o orgulho, que é arrogância e rigidez mental, despertará doenças que ocasionarão a rigidez e a ancilose do corpo.

A dor é o resultado da crueldade, e, por meio dela, o paciente aprende, através do próprio sofrimento, a não infligi-lo aos outros, do ponto de vista físico ou mental.

As penalidades resultantes do ódio são o isolamento, o temperamento violento e incontrolável, as perturbações mentais e os estados de histeria.

As doenças decorrentes da introspecção – a neurose, a neurastenia e os estados semelhantes – que acabam tirando da vida tantas alegrias, são causadas pelo egoísmo em excesso.
 
A ignorância e a falta de sabedoria criam suas próprias dificuldades na vida cotidiana e se, além disso, houver persistência na recusa em ver a Verdade quando a oportunidade é dada, a miopia e outras deficiências visuais e auditivas serão as conseqüências naturais.

A instabilidade da mente pode acarretar no corpo a mesma característica, com aquelas várias disfunções que afetam os movimentos e a coordenação motora.
 
As conseqüências da ambição e da vontade de dominar os outros são aquelas doenças que levam a quem delas sofre a ser escravo do próprio corpo, com os desejos e ambições refreados pela enfermidade.
 
Ademais, a parte afetada do corpo não é obra do acaso, mas obedece à lei de causa e efeito e, uma vez mais, pode servir de guia para nos ajudar.

Por exemplo, o coração, a fonte da vida e, portanto, do amor, é atacado especialmente quando o lado amoroso da natureza do indivíduo para com a humanidade não é desenvolvido ou é utilizado de modo errado; a mão lesada denota falha ou erro na ação; o cérebro sendo o centro de controle do corpo, se afetado, indica uma falta de controle na personalidade.

Tudo isso deve seguir o que a lei estabelece.

Estamos todos prontos a admitir as diversas conseqüências que se seguem a uma crise nervosa, a um choque emocional de más notícias que chegam de repente; se as atividades corriqueiras podem assim afetar o corpo, quão mais grave e profundamente enraizado deve ser um conflito que existe desde há muito entre a alma e o corpo!

Como podemos nos espantar com o fato de as conseqüências provocarem doenças tão graves como as que existem entre nós atualmente?
 
Contudo, não há motivo para depressão.

A prevenção e a cura acontecem quando localizamos o erro dentro de nós mesmos, e suprimimos esse defeito por meio do cuidadoso aprimoramento da virtude que o destruirá; não combatendo diretamente o erro, mas desenvolvendo tanto essas virtudes opostas que ele chegue a ser varrido de nossas naturezas.

 
Edward Bach, in
Cura-te a ti mesmo

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