quinta-feira, 25 de julho de 2013
A natureza dos anjos - sua hierarquia e seus serviços
Segundo as Sagradas Escrituras, os anjos, os seres humanos e toda a natureza foram criados por Deus.
Nas palavras, "No princípio Deus criou o céu e a terra" (Gen.1:1), nós temos a primeira indicação de que Deus criou o mundo espiritual.
Aqui, em contraste com a terra, o mundo da substancia, este mundo dos espíritos é chamado Céu.
Os anjos já estavam presentes durante a criação dos céus estrelados, o que está evidenciado nas palavras de Deus para Jó, "Quando as estrelas foram criadas, todos os Meus anjos entoaram cânticos de glorificação para Mim" (Jó 38:7).
Referindo-se à criação dos anjos, São Gregório o Teólogo expressa os pensamentos que seguem: "considerando que para a benevolência de Deus não era suficiente estar ocupado apenas com a contemplação de Si mesmo, era necessário que o bem se alastrasse cada vez mais, de forma que o número daqueles que recebessem a graça fosse o maior possível (porque esta é a característica da mais alta benevolência) - portanto, Deus planejou primeiramente o exército celeste dos anjos; e o pensamento se tornou dever, que foi completado pelo Verbo e tornado perfeito pelo Espírito...
E como as primeiras criaturas agradaram-No Ele planejou um outro mundo, material e visível, uma composição ordenada do céu e da terra e o que está entre eles."
Anjo no idioma grego significa mensageiro, Este termo denota principalmente a sua relação para com o homem.
Os anjos, como fossem nossos irmãos mais velhos, revelam a nós a vontade de Deus e assistem-nos para alcançarmos a salvação.
O homem, desde o tempo do paraíso tinha conhecimento da existência dos anjos.
Este fato está refletido nas muitas religiões antigas.
É difícil entendermos a vida dos anjos e o mundo onde vivem porque eles são muito diferentes de nós.
É sabido que os anjos servem a Deus, levam a Sua mensagem e O glorificam.
Como pertencem a um mundo espiritual normalmente são invisíveis para nós.
"Quando os anjos, através da vontade de Deus, aparecem aos justos, estes não os vêem na sua forma original mas transformados, tornados visíveis" - explica São João Damaceno.
No conhecido livro de Tobias (Antigo Testamento), o anjo que acompanhou Tobit e o seu filho fala de si mesmo: "Vós me observáveis, eu não comia em realidade, mas em visão é que me julgáveis comer" (Tobias 12:19).
Segundo João Damaceno, "os anjos são chamados espirituais e não-corporeos quando comparados a nós.
Na comparação com Deus tudo se torna grosseiro e material.
Porque somente a Divindade é verdadeiramente não-material e não-corpórea.."
Anjos são superiores aos homens na força espiritual.
Entretanto, mesmo estes, sendo seres criados, carregam em si a marca das limitações.
Desprovidos de corpo, são menos dependentes que os homens no tempo e no espaço. Entretanto, somente Deus é onipotente e oniciente.
As Sagradas Escrituras representam os anjos, ora descendo do céu para a terra ora ascendendo de volta para o céu.
Anjos foram criados imortais, como testemunham as Escrituras, ensinando que os anjos não morrem: "e já não podem morrer outra vez, porque são iguais aos anjos e filhos de Deus, sendo participantes da Ressurreição" (Lucas 20:36).
Mesmo assim, a sua imortalidade não é própria de sua natureza nem é incondicional mas tal qual a imortalidade das nossas almas, depende inteiramente da vontade e da misericordia de Deus.
Como são desprovidos de corpo, os anjos são capazes de um auto-desenvolvimento interior até um altíssimo nível.
O seu intelecto é superior ao do homem.
Pela sua força e poder, como explica o apóstolo Pedro, eles superam todas as autoridade terrenas e governos (2 Pedro 2:11).
Não obstante os seus altos atributos eles tem seus limites.
As Escrituras mostram que os anjos desconhecem a profundidade da essencia Divina, que é somente do conhecimento do Espírito de Deus (1 Corintios 2:11).
Eles desconhecem o futuro, que é tão somente do conhecimento Divino (Marcos 13:32). Da mesma forma, eles não tem compreensão plena dos mistérios da redenção onde almejam penetrar (1 Pedro 1:12).
Nem mesmo tem conhecimento dos pensamentos do homem (3 Reis 8:39). Finalmente, por eles mesmos eles não tem poder de fazer milagres sem a vontade de Deus.
Nas Sagradas Escrituras o mundo dos anjos é representado como extraordinariamente vasto.
Quando o profeta Daniel viu Deus Pai, ele também viu que "milhares de milhares serviam-No e dez mil vezes dez mil se postaram diante Dele" (Daniel 7:10).
Durante o nascimento de Jesus em Belém "de repente, ajuntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus" (Lucas 2:13).
São Cirilo de Jerusalém diz o seguinte: "Imagine como é numerosa a população romana, imagine como são numerosas as tribos bárbaras que hoje existem e quantos deles morreram durante cem anos, imagine quantos foram enterrados durante mil anos, imagine todo o povo começando por Adão até o presente dia, existe uma grande multidão.
Mesmo assim é ainda pequena quando comparada aos anjos, que são muitos mais!
Eles são noventa e nove ovelhas da parábola enquanto que a humanidade é apenas uma ovelha.
A terra inteira habitada por nós é como um ponto no céu e mesmo assim contem uma imensa multidão; que numerosa multidão existe no céu...
Está escrito que milhares de milhares serviram-No, e dez mil vezes dez mil se postaram diante Dele, isto porque o profeta não soube expressar um número maior."
Considerando tamanho multidão de anjos, é evidente que supomos, como acontece no mundo material, há vários graus de perfeição e portanto, vários estágios de hierarquia das forças celestes.
Assim, a palavra de Deus chama uns de Anjos e outros de Arcanjos (1 Tess. 4:16; Jud. verso 9).
A Igreja Ortodoxa, guiada pela orientação dos antigos escritores e Pais da Igreja, divide o mundo dos anjos em nove níveis de anjos e estes nove em tres hierarquias, cada uma delas tendo três níveis.
A hierarquia mais alta consiste daqueles que estão mais próximos a Deus que são, os Tronos, Querubins e Serafins.
Na segunda hierarquia estão as Autoridades, Dominações e Poderes.
Na terceira, que está mais próxima a nós, estão os Anjos, Arcanjos e Soberanos.
Assim, a existência dos Anjos e Arcanjos é testemunhada por quase todas as páginas das Sagradas Escrituras.
Os livros dos profetas fazem menção aos Querubins e Serafins.
Querubim significa estar próximo, assim, aqueles que estão próximos. Serafim significa impetuoso.
Os outros níveis são mencionados pelo apóstolo Paulo na sua epístola aos Efésios, dizendo que Cristo nos céus está "acima de todo Principado, Poder, Virtude, Dominação e acima de todas e qualquer outra dignidade que possa existir neste mundo ou no mundo que há de vir" (Efésios 1:21).
Além dos níveis angelicais, São Paulo nas epístolas aos Colossenses nos ensina que o Filho de Deus criou tudo, o visível e o invisível, "Tronos, Autoridades, Soberanias, Poderes" (Col. 1:16).
Consequentemente quando juntamos os Tronos aos outros quatro sobre os quais o Apóstolo fala aos Efésios, (Soberanias, Autoridades, Poderes e Dominação) completam-se cinco níveis; e a estes adicionamos Anjos, Arcanjos, Querubins e Serafins, aí temos nove níveis.
Além do mais, alguns Pais da Igreja são de opinião que dividindo-se os anjos em nove categorias, isto concerne apenas aqueles nomes que nos são revelados pela palavra de Deus e não englobam outros nomes de categorias que ainda não foram reveladas.
Por exemplo o apóstolo João, o Teólogo menciona no livro da Revelação criaturas misteriosas e os sete espíritos junto ao trono de Deus: "a vós, graça e paz da parte daquele que é, que era e que vem, da parte dos Sete Espíritos que estão diante do seu Trono" (Apocalipse 1:4).
O Apóstolo Paulo na sua epístola aos Efésios escreve que Cristo habita no céu muito além dos anjos enumerados e "todo nome que é chamado, não tão somente neste tempo mas também no tempo que virá."
Assim ele insinua que no Céu existem outras criaturas espirituais cujos nomes ainda não foram revelados à humanidade.
Nas Sagradas Escrituras alguns anjos são chamados pelos seus nomes próprios.
Por exemplo o profeta Daniel, o apóstolo Judas e livro da Revelação mencionam que o arcanjo Miguel (Josué 5:13, Daniel 10:13 e 12:1) Judas verso 9, Revelação 12:7-8).
O nome Miguel em hebraico significa Aquele que é como Deus. Nas Sagradas Escrituras ele é mencionado como o exército de Deus e é descrito como o principal lutador contra o diablo e seus servos.
Constuma-se representá-lo segurando uma espada flamejante.
O nome Gabriel significa força de Deus.
Tanto o profeta Daniel como o evangelista Lucas mencionam Gabriel (Daniel 8:16, 9:21; Lucas 1:19-26).
Nas Sagradas Escrituras ele é representado como mensageiro dos mistérios de Deus. Nos ícones ele é pintado com um lírio na mão.
As Sagradas Escrituras mencionam pelo nome mais tres anjos: Rafael - Assistencia de Deus, Uriel - Chama de Deus e Salatiel - o livro de Preces de Deus (Tobias 3:16 e 12:12-15; 3 Esdras 4:1 e 5:20; Esdras 5:16).
A que são designados os seres do mundo espiritual? Certamente eles são designados por Deus a refletir o mais perfeito reflexo de Sua magnitude e glória com a inseparável participação na Sua Graça.
Se, sobre o céu visível é dito, "os céus proclamam a glória de Deus" tanto mais é o objetivo do mundo espiritual.
O profeta Isaías teve a graça de vislumbrar "o Senhor sobre um elevado Trono, Seu manto enchia o santuário; serafins mantinham-se sobre ele, tendo cada um seis asas; duas para cobrir a Face, duas para cobrir os pés; e duas para voar.
E clamavam uns aos outros, dizendo: ' Santo, Santo, Santo é Javé dos exércitos '. Sua Glória enche toda a terra."
Isaias 6:1-4; Esequiel cap. 10).
Fonte: http://www.arcanjomiguel.net
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