Quem sente o cheiro de um incenso hoje talvez não imagine que, lá no passado, ele era um produto disputadíssimo e servia até como presente para reis e autoridades.
Raro e precioso, o incenso de resina, juntamente com a mirra e o ouro, foram os primeiros presentes oferecidos ao Menino Jesus pelos Reis Magos.
Usado desde tempos imemoriais, o incenso sempre teve um extraordinário valor e faz parte de diversas tradições religiosas.
A história do incenso na humanidade é bem antiga e tem origem no Oriente Médio e Norte da África, pois a matéria-prima para os primeiros incensos vem de árvores nativas daquela região.
Incenso, ou olíbano, é o produto na sua forma mais pura e natural, extraído da goma de plantas balsâmicas.
Os árabes chamaram a seiva leitosa da árvore do incenso de al lubn, da palavra ‘para o leite’.
A mesma palavra deu origem ao nome do Líbano, cujas montanhas sempre foram cobertas pela neve leitosa.
Al lubn passou a ser chamada de olibanum, que é outro nome para o incenso.
Hoje, mais do que uma adorável fragrância, o incenso na vida do cristão traz uma rica simbologia.
A fumaça que sobe aos céus, simboliza as orações do seu povo que chega até o coração de Deus “per fumum” (do latim: pela fumaça).
MIRRA
A Mirra é o nome dado à resina de coloração marrom-avermelhada obtida da seiva da árvore Commiphora myrrha.
A palavra origina-se do hebraico maror ou murr, que significa “amargo”.
Incenso e Mirra são duas das resinas mais importantes do mundo.
Nenhuma resina foi tão amplamente distribuída e universalmente utilizada, como economicamente importante, ou tão altamente considerada.
COMÉRCIO DO INCENSO
Acreditava-se que, além de muitas funcionalidades, o incenso era um produto sagrado, o que deu origem a muitas lendas.
Esse material que hoje, para nós, é tão acessível, foi objeto de cobiça de grandes culturas, como a chinesa, asiática e mediterrânea.
Disputado e caro.
O pico do comércio de incensos de resina foi no Império Romano, no primeiro século a. C.
Diz-se que a Rainha de Sabá construiu um palácio no antigo porto de Zafar, agora Salalah,
Omã, para onde ela viajava para comprar incenso.
Heródoto descreveu um grande número de criaturas parecidas com pterodátilos guardando árvores de incenso de resina na Arábia, tornando sua colheita um perigoso desafio.
Disfarçados em pele bovina, os lavradores espantavam as ‘criaturas’ com fogo e fumaça odorosa.
As valiosas árvores que derramariam lágrimas de bálsamo seriam guardadas por ferozes serpentes aladas que fariam um ataque letal ao intruso que se aproximasse.
O imperador Nero, por exemplo, queimava toneladas em cerimônias religiosas.
Em Alexandria, o incenso era tão valioso que os escravos que o colhiam eram obrigados a trabalhar quase nus, usando apenas uma pequena tanga, para não o roubarem em suas roupas.
Havia reis que pagavam por suas esposas favoritas seu peso em incenso.
Uma curiosidade sobre os primeiros milênios de uso do incenso é a “Rota do Incenso”.
Comerciantes árabes conduziram grandes caravanas de camelos por essa rota, que era bem longa.
O trajeto passava por Omã, Iêmen, Aden, Arábia Saudita, Petra e, finalmente, Terra Santa.
Era este o caminho por onde circulavam grandes quantidades de incenso de resina em direção aos impérios do velho mundo.
Algumas dessas caravanas compreendiam mais de mil camelos, carregando mais de 200 quilos de incenso, cada.
Era uma jornada perigosa que passava por montanhas rochosas e por desertos extremamente áridos.
O INCENSO NO CRISTIANISMO
Quem tem costume de ir à Missa, logo percebe quando o incenso está presente.
E é quase impossível não relacionar o incenso a algo especial, sagrado, extraordinário.
Entre os cristãos, o incenso foi adotado como ritual simbólico em celebrações durante o século IV.
Desde o século IX, instaurou-se o uso do incenso no início da Missa, e desde o século XI, o altar se transformou no centro da incensação.
O turíbulo era também levado na procissão junto com o evangeliário.
Além da Missa, o incenso também é queimado como um gesto de honra ao corpo de um falecido nas exéquias.
Da próxima vez que for à Celebração Eucarística, observe o movimento do turíbulo em forma de cruz.
Este gesto recorda principalmente a morte de Cristo e seu movimento em forma de círculo revela a intenção de envolver os dons sagrados e de consagrá-los a Deus.
O uso do incenso nas Celebrações Eucarísticas e em outros ritos litúrgicos é uma expressão valiosa da piedade e devoção do povo de Deus.
É a Igreja que clama “Suba até Vós, Senhor, como incenso, a minha oração”.
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