Eu tinha pressa de voltar e ensinar, curar, reconfortar e enxugar as lágrimas daqueles de quem eu tanto sentia piedade.
Eu ainda relutava em deixar este lugar “sagrado” onde eu tinha sido tão iluminado e transformado em espírito.
Por outro lado, que futuro maravilhoso me aguardava!
Passaria por todas as cidades, vilas e aldeias e contaria a todos os que eu encontrasse a BOA-NOVA!
“O Reino dos Céus”, aquele lugar onde toda a doença desaparece e cada necessidade é satisfeita, estava dentro deles!
Porque eu sabia que o “Pai” e eu éramos “um”.
Agora que minha mente havia sido purificada dos velhos pensamentos e ideias, iria direto curar suas doenças e enfermidades. Eu lhes ensinaria como aliviar sua pobreza.
Quando a CONSCIÊNCIA DO PAI começou a diminuir em mim e eu gradualmente comecei a voltar à consciência humana, dei-me conta da tremenda fome que estava sentindo e também do retorno do meu pensamento e condicionamento humanos.
Minhas reações às seis semanas de experiências começaram a mudar.
Meu habitual conhecimento humano, a respeito de “mim” mesmo e dos meus desejos, tomou conta do meu pensamento.
“Pois bem, a coisa mais surpreendente e completamente inesperada tinha me acontecido!” - exultei! “Foi-me dado conhecimento muito além do que qualquer outro homem já recebeu.”
Eu estava eufórico com a constatação de que, finalmente, as minhas dúvidas e rebeldia contra o “deus” vingativo dos Judeus ortodoxos tradicionais eram justificadas.
Eu estava certo, afinal!
Quem algum dia teria suspeitado de que a mente humana poderia ser tão altamente criativa, que um pensamento ou desejo fortemente mantido poderia manifestar-se no reino visível?
Percebi que Moisés teria sabido algo disso, porque ele havia feito algumas coisas estranhas quando os israelitas passaram grande necessidade.
Ele se tornou um líder e mudou o destino dos israelitas que tinham sido escravizados no Egito.
Eu poderia retornar agora e libertar o meu povo do rígido controle de seus Mestres.
Minha fome tornou-se dolorosa.
Ocorreu-me que poderia transformar pedras em pão e satisfazer minha necessidade de comida, pois me lembrava que o “Pai Poder Criativo” trabalhava por meio da minha mente e, portanto, tudo no universo estaria sujeito ao meu comando.
Estive a ponto de pronunciar a “palavra” que transformaria as pedras em pão, mas algo em mim interrompeu-me abruptamente.
Veio-me fortemente que o “Pai Consciência Criativa” era a perfeita proteção, nutrição, satisfação das necessidades e, assim, minha fome seria saciada, se eu pedisse ao “Pai” por alívio.
Compreendi que se o pequeno “eu”, meu “eu” humano, em minha necessidade, usasse o “Poder Criativo” por motivos egoístas, eu levantaria uma barreira entre mim e o “Pai Consciência Criativa” e tudo o que eu acabara de aprender poderia muito bem ser tirado de mim.
Isto me assustou, e rapidamente pedi ao “Pai Poder Criativo” para conceder-me novas forças e levar-me de volta às moradias e a Nazaré.
Também pedi o alívio da fome, da maneira que fosse a mais correta para mim.
Imediatamente a fome diminuiu e senti uma onda de energia fluir por todo o meu corpo.
Assim, eu comprovei que tudo o que eu tinha visto, ouvido e aprendido era “realidade” e não apenas imaginação decorrente do tempo em que estive no deserto, sozinho e em jejum.
Essa nova energia tornou-me capaz de andar depressa pelos ásperos caminhos de saída do deserto.
No caminho, encontrei um homem bem-vestido, de semblante agradável e doce.
Cumprimentou-me calorosamente, expressando preocupação ao ver minha aparência rude, descuidada e desalinhada.
Alegremente ele me fez sentar em uma pedra e compartilhou comigo sua excelente carne e pão.
Eu me perguntava de onde ele havia vindo e por que estava em um lugar tão desolado.
Em resposta ao meu questionamento ele somente sorriu e não pareceu surpreendido quando eu disse que havia estado tantos dias no deserto que tinha perdido a noção do tempo.
Expliquei-lhe como havia sido iluminado sobre a verdadeira natureza do Criador do mundo e que me haviam sido ensinadas as Leis naturais da Existência.
Ele apenas sorriu e acenou com a cabeça.
“Estou retornando ao meu povo para lhes ensinar tudo aquilo que aprendi”, falei alegremente, “pois serei capaz de curá-los e libertá-los de toda doença e problema”.
O estranho respondeu tristemente: “Vai demorar muitos milênios”.
Estive prestes a repreender sua falta de fé quando percebi que ele já havia ido embora.
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