O texto de hoje aponta algumas expressões idiomáticas e gestuais presente nos cultos a Exu na Umbanda e religiosidades afro-brasileiras.
Laroiê Exu!
A clássica saudação utilizada tanto para os Exus como para Pombagiras, é um termo que tem sua origem no grupo africano étnico-linguístico nagô-iorubá, e remete a algo como ‘Salve o mensageiro’, ‘Olhe por mim Exu’ e ‘Me guarde’.
Mojubá
No artigo ‘O Universo e sua existência segundo o yorubá‘, Roberto Lins e Genilson Leite da Silva explicam que a etimologia dos nomes de Deus presentes na cultura nagô-iorubá sempre irão definir uma intenção ou característica invocada no momento da fala.
Com os Orixás isso acontece mais claramente, por exemplo quando invocamos o nome de Xangô dizemos Kaô Kabecilê Xangô, que exprime além da saudação ao Orixá, sua característica enquanto rei.
No caso do Mojubá, ele é inserido na frase quando queremos dizer algo como ‘à vós meus respeitos’ , ‘eu te saúdo’ ou ‘eu o reconheço como superior’, por isso é comum saudar Exu evocando esse termo.
Elegbara ou Bará
É uma das qualidades atribuídas a divindade Exu na cultura africana, algumas casas também utilizam o vocábulo como saudação a entidade.
Elégbára réwà, a sé awo
O Senhor da Força é bonito, vamos cultua-lo
Bará Olóònòn àwa fún àgò
Exu do corpo, senhor dos Caminhos dê licença
E Elégbára Elégbára Èsú Aláyé
Senhor da Força, Senhor do Poder
Cumprimentamos o rei do mundo
No livro ‘Esu’ de Juana Elbein e Deoscoredes Maximiliano, os autores dedicam um capítulo inteiro a pesquisa sobre essa qualidade de Exu nas tradições africanas e afro-brasileiras, onde os autores pontuam que Bará é considerado um Exu pessoal “se alguém não possuir seu Exu no corpo, este alguém não poderia existir, ele nem saberia que está vivo – em outras palavras, ele não se reconheceria como ser, com vida própria, ele continuaria à massa de matéria indiferenciada“.
Elegbara portanto, remete a característica de força e virilidade de Exu, na cultura Jeje, onde o termo se originou ele é representado por um falo (ogó) e os itans provenientes dessa cultura falam sobre “elegbara aquele que é possuidor do poder“.
Ina Ina
Odara
Termo usado para dizer sobre tudo que é bonito, que carrega beleza e faz bem. No Candomblé estar Odara é algo muito importante, por isso as roupas e ornamentos usados pelos Orixás no Xirê são impecavelmente produzidos pelos filhos de santo num gesto de dedicação e reverência aos deuses africanos.
Ninguém quer ficar com a saia murcha, porque se não é Odara é sinal de desleixo.
Patricia Globo, ekedi e responsável pelo ensino sobre Candomblé da plataforma
Em algumas manifestações, Odara também é um Exu e essa terminologia irá simbolizar um exu de guia, um exu que abre os caminhos e que está a frente.
Ojixé
É a qualificação de Exu que remete a sua regência sobre os caminhos.
A pàdé olóònòn e mo juba Òjísè
Vamos encontrar o Senhor dos Caminhos
Meus respeitos àquele que é o mensageiro
Àwa sé awo, àwa sé awo, àwa sé awo
Vamos cultuar, vamos cultuar, vamos cultuar
Mo júbà Òjisè
Meus respeitos àquele que é o mensageiro
Patrono da comunicação das trocas de mensagens, o mensageiro, Ojixé é o senhor dos caminhos, L’onã.
O significado de oralidade em contextos pluriculturais
Koba Laroyê
É comum que se saúde Exu acrescentando o termo Kobá e em algumas casas ele se une ao laroiê, formando a expressão Koba Laroyê Exu!
Para algumas casas, normalmente as de culto de nação essa é prioritariamente a primeira saudação feita ao Orixá Exu.
Expressões corporais
Além das expressões idiomáticas, existem também alguns gestos que contemplam a saudação à Exu.
Observa-se também durante os ritos o gesto de – com os punhos cruzados – bater as costas das mãos três vezes ao chão.
Também veremos o bater três vezes de palmas e pés no chão, movimentos que evocam a tripolaridade, que é qualidade dessa divindade “além do polo positivo e negativo, há uma faixa neutra, que os divide e esta é chamada de polo neutro.
Todos os conteúdos divulgados nesse meio tem como base o acervo de pesquisa e estudos da plataforma Umbanda EAD, a bibliografia de Mestre Rubens Saraceni foi codificada e trazida para uma linguagem simples por meio do estudo online Teologia de Umbanda, ministrado há 20 anos por seu filho de santo Pai Alexandre Cumino.
Texto:
Júlia Pereira
Imagem:
Pedro Belluomini
Fontes de pesquisa:
Teologia de Umbanda com Pai Alexandre Cumino
O Universo e sua existência segundo o yorubá, Roberto Lins e Genilson Leite da Silva
Conteúdo do ensino sobre Candomblé da plataforma Umbanda EAD
Dicionário de Umbanda, Ademir Barbosa Junior, Editora Anubis.
Esu, Juana Elbein e Deoscoredes Maximiliano
Rubens Saraceni em Livro de Exu – Mistério Revelado
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