Um menino nasceu para nós: um filho nos foi dado!
O poder repousa nos seus
ombros.
Ele será chamado Mensageiro do Conselho de Deus.
Depois de contemplarmos o presépio vivendo ainda a oitava do
Santo Natal a Igreja, peregrina e santa, nos convida a refletir sobre a
realidade da família de Deus, que é a realidade de nossas famílias da terra.
A Sagrada Família passou por alegrias, dificuldades e também por grandes
sofrimentos.
Após o episódio do Templo, em que aparece no meio dos doutores da
lei, os pais de Jesus reconheceram a sua missão específica.
Eles não põem
nenhuma objeção à vontade do Pai.
Nesta família reinou a caridade e a ajuda
entre todos, a chamada ajuda mútua, os elementos fundamentais da vivência
familiar.
Porque celebrar a família de Deus?
Tudo isso para sublinhar
que Jesus teve um ambiente histórico e social.
Ele teve necessidade de afeto e
de cuidados como qualquer outra criança.
Isso tudo ilumina nosso itinerário
cristão para que os cristãos mirem na Sagrada Família para que, seguindo seus
exemplos, possamos crer no Filho de Deus, o Cristo Redentor da
Humanidade.
A Sagrada Família foi uma família do cotidiano.
Foi uma
família de pessoas normais. Jesus assume a profissão de seu pai votivo, São
José, e faz desta profissão o sustento de sua família.
Uma profissão é, verdade,
que fica bem em Jesus, porque ela lembra construção, e Cristo será o construtor
do Reino de Deus entre os homens, neste vale de lágrimas.
Construtor de nossas
caminhadas re-criando e aperfeiçoando as coisas, o mundo e, particularmente, as
pessoas.
Como era a família de Jesus?
Certamente como toda família de
hebreus, alicerçada sob a fé, profunda fé, observando as leis da antiga aliança,
pautando a sua vida pelos valores propostos pelos profetas, pelos livros
sapienciais e pelas Leis de Moisés.
Os pais de Jesus, Maria e José, eram
homens profundamente tementes a Deus, abertos completamente a misericórdia de
Deus Pai, tendo educado seus filhos na Lei e na constância do Senhor da Vida.
Uma família simples, pobre, que viveu a normalidade do tempo de antanho.
Contingenciados pela ocupação romana, sendo obrigados a recolherem impostos
elevadíssimos viviam uma vida difícil como todos os seus
contemporâneos.
E como era a vida do jovem Jesus?
Jesus foi levado ao
templo no seu 12o. ano. Isso significa que foi antecipado em um ano a sua
peregrinação.
Mas a simbologia é rica: Jesus vai aos 12 anos ao Templo para
demonstrar que vai passar a sua vida voltada para as coisas de Deus.
Jesus vai
viver uma missão que lhe foi confiada pelo Pai.
Não vai viver em benefício do
Templo Edifício, mas vai reerguer o próprio Templo, no terceiro dia, com a sua
Ressurreição Gloriosa.
Jesus está diante dos doutores para ser submetido
a um exame de seus conhecimentos da Lei de Deus.
Exame que poderia ser feita na
sinagoga de sua cidade ou no Templo de Jerusalém.
O Evangelista faz com que
Jesus vá espontaneamente ao exame no Templo.
Porque espontaneamente?
Para
demonstrar que ele assume a nossa humanidade e morre na Cruz pela nossa salvação
com grande gratuidade e imensa generosidade, profunda espontaneidade.
O
Evangelista faz com que os doutores admirem a sabedoria de Jesus.
Mas não
poderia ser diferente, afinal Jesus é a promessa, é o santo dos santos, é a cepa
de Jessé.
Maria e José procuravam com sofreguidão por Jesus: aqui está a
humanidade da sagrada família que sofre e quer proteger o seu Filho.
Este gesto
demonstra bem o fio condutor do novo Testamento: a criatura humana é um ser à
procura de Deus, que parece estar despreocupado conosco.
Todos temos essa
experiência. Se Maria e José, que conviviam fisicamente com ele, devem sair à
sua procura, quanto mais os que como nós só podem viver com ele pela
fé.
Mas, depois do desencontro, Jesus volta com seus pais para a sua
casa.
A obediência de Jesus é maior do que a obediência ao pai e a mãe terrenos;
ela se prende à vontade do Pai do Céu.
Em momento nenhum o Evangelista
fala em menino prodígio para Jesus, mas um menino comum, como seus colegas no
seu tempo.
Apesar da sabedoria demonstrada por Jesus no templo São Lucas exorta:
Jesus crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e diante dos
homens.
Por isso a festa de hoje nos vem lembrar que Jesus,
podendo ter escolhido outros caminhos para a sua encarnação, escolheu a via
natural da família como ponto de partida para criar a nova Família de Deus entre
os homens e a mulher neste vale de peregrinação.
Que a Sagrada Família, Jesus, Maria e José abençõe as
nossas famílias.
Amém!
Padre Wagner Augusto
Portugal
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