domingo, 11 de agosto de 2013
A SIMPLICIDADE DO SER
Seus pais deram a você
uma forma e um nome.
Sua educação e ambiente lhe atribuíram muitas qualificações
e você se identificou com elas.
Em outras palavras, a sociedade lhe deu uma
idéia de ser alguém.
Assim quando você pensa por si mesmo, você pensa em termos
de um homem com todos os tipos de qualificações que acompanham sua imagem.
Esta
acumulação passou por muitas mudanças, mas ainda assim você é consciente delas.
Você pode lembrar de quando tinha sete anos.
Você pode lembrar de quando não
tinha barba.
Isto indica que há um observador destas mudanças.
A habilidade para
observar as mudanças indica que a mudança está em você, não você nela, pois se
assim fosse, como poderia observá-la?
Assim, o que realmente pertence à
percepção (para usar sua palavra) é o que é imutável em você.
Você é a
testemunha de todas as mudanças, mas esta testemunha nunca muda.
Assim, a
questão real é, “Como eu posso conhecer a testemunha?”
A testemunha está sempre
presente, é sempre presença.
É o que não se identifica com a mudança, com as
circunstâncias, e então as “observa”.
Sempre que você atenta para uma mudança,
você o faz de uma posição do presente.
É um pensamento presente.
É esta presença
contínua por toda a vida que nos chamamos de testemunha.
Não se pode dizer que
nasceu, pois nascimento e morte são idéias, conhecimento de segunda mão, algo
que foi falado a você.
Conhecer a testemunha, portanto, significa experimentar o
estado de presença em todas as mudanças.
Chamar de “testemunha” à presença é
apenas um artifício pedagógico para mostrar-lhe que você não é a imagem que tem
de si mesmo, e para destacar o sujeito, não o objeto, em suas percepções.
No
fim, mesmo a testemunha se dissolve na presença da qual emergiu.
O que é o corpo?
O corpo é
um pensamento, uma invenção da mente.
Quando você olha para o céu, onde está o
corpo?
Quando você olha para o céu, onde está o homem?
Há um homem?
Há apenas
visão do céu.
Sem o pensamento de ser um homem, não há homem.
Você tem a idéia
de um corpo, mas na realidade ele não existe.
O corpo, o homem, são formas de
pensamento.
Você não desperta de manhã.
É a idéia de um corpo que desperta em você.
O que há antes que o corpo
desperte?
Você é!
Jean Klein
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