Quando comecei minhas práticas sozinha, a única coisa que tinha em mente era a certeza de um propósito legítimo de querer realmente viver o estado meditativo.
Silêncio mental era algo que eu nem conseguia imaginar ter algum dia.
Mas, mesmo assim, determinei que antes de dormir eu me sentaria em minha cama, com as pernas cruzadas, em posição de lótus, e com uma música suave tentaria relaxar.
Devo assumir que foi muito difícil.
Primeiro porque meu corpo doía, minhas pernas ficavam dormentes e todo esse desconforto fazia com que eu não conseguisse parar de pensar nele.
Além disso, todo tipo de pensamento vinha à minha mente, sem parar, dando muita aflição.
Como não conseguia silenciar, comecei a arranjar todo tipo de desculpa e aí surgiram as dúvidas: "será que minha cama era mesmo adequada para a Meditação?".
Afinal, naquele lugar eu dividia o sono e muito mais com meu marido.
Reprovava sempre o local escolhido, mas mesmo assim não achei, naquele momento, outro lugar mais tranquilo.
Sem opção, me mantive assim durante alguns meses.
Com o tempo senti vontade de tentar meditar pela manhã também, e percebi que era bom acordar e me preparar para o dia de forma otimista.
Sentir meu corpo, mentalizar e ter a intenção de silenciar a mente estava me ajudando a ficar mais tranquila no dia a dia.
O efeito era real, mas ainda difícil de realizar.
Encontrando o lugar ideal
Com o tempo, a necessidade de ter um pequeno espaço só meu ficou muito forte.
Aproveitei e coloquei minha criatividade para fora, transformando o espaço entre o criado mudo e a parede do lado em local para meditar.
Com um pequenino tapete e um banquinho de madeira - para minhas pernas doerem menos - defini o espaço de Meditação em minha casa.
Ali sentada me sentia separada de todo o resto do mundo.
Quando me dei conta, o meu lado da cama tinha se tornado um lugar especial até mesmo para minha família.
Todos acabavam indo para lá quando as coisas não iam bem.
Foi curioso, as pessoas diziam que por alguma razão inexplicável relaxavam e muitas vezes sentiam sono.
Com o tempo, percebi que a repetição de estar no mesmo lugar e na mesma posição corporal fazia a minha mente aceitar mais rapidamente que naquele momento diário eu deveria me observar e silenciar.
Tudo ficava cada vez mais fácil, levando em consideração que em alguns dias era simplesmente impossível acalmar meus pensamentos.
Quando viajava, escolhia um canto do novo quarto e só de me imaginar em minha casa e me sentar na mesma posição, conseguia realizar mais facilmente o exercício.
Hoje tenho um novo quarto, mas mantive a prioridade de ter um pequeno canto para Meditação neste ambiente.
Lá mantenho sempre o mesmo tapete, uma almofada - pois minha pernas não doem mais - e um vaso com flores naturais que me ajudam a constatar o silêncio da natureza em constante ação. Ver as plantas nascerem, abrirem suas pétalas e depois morrerem me aproxima da sabedoria de que a única coisa permanente na nossa vida é a impermanência.
Admirar sua beleza me traz uma agradável sensação que me leva ao amor incondicional rapidamente.
Isso é tudo que preciso ter neste altar para me reequilibrar através da Meditação e do contato mais profundo comigo mesma, pois compreendi que o meu corpo é também o meu templo.
Nestes anos de prática, aprendi a aceitar que cada momento é diferente do outro.
Em alguns dias o exercício de meditar fica ainda mais profundo e em outros preciso ler palavras de sabedoria para silenciar minha mente.
Espero que com este relato eu tenha levado você a entender o quanto é importante ter "o seu lugar" especial para silenciar sua mente e escutar suas respostas.
Ele realmente pode lhe ajudar muito e deve ser exatamente onde você achar mais adequado.
O que importa é a sua determinação em fazer dele "o lugar".
Sentado ali, no chão, no banquinho, na almofada, na cama, numa poltrona ou cadeira ou com os pés apoiados, está valendo.
Devo ressaltar que quando estamos deitados nossa mente naturalmente entende que devemos adormecer.
Por isso, deitar na cama pode não ser muito produtivo para quem quer viver a experiência de um estado de consciência alterado/meditativo.
Devo deixar claro que essa é a minha compreensão e experiência em relação à "Meditação do Bem-Estar" com a qual trabalho.
Existem inúmeras técnicas, mas tudo depende de seu comprometimento e determinação em primeiro lugar.
Cada pessoa se identifica com uma maneira específica, que pode ser usada como ferramenta auxiliar para entrar no estado meditativo.
Mas meditar é se sentar e mais "nada".
Não importa realmente qual técnica vai usar, qual postura vai adotar ou em qual lugar vai fazer.
O que interessa é a sua determinação para conseguir meditar cada vez mais profundamente e colher com isso todos os benefícios destes momentos.
O importante é se entregar e, aos poucos, se sentir avançando no propósito.
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