segunda-feira, 17 de junho de 2013

A Prece




A prece deve ser uma expansão íntima da alma para com Deus, um colóquio solitário, uma meditação sempre útil, muitas vezes fecunda.


É, por excelência, o refúgio dos aflitos, dos corações magoados.

Nas horas de acabrunhamento, de pesar íntimo e de desespero, quem não achou na prece a calma, o reconforto e o alivio a seus males?

Um diálogo misterioso se estabelece entre a alma sofredora e a potência evocada.

A alma expõe suas angústias, seus desânimos; implora socorro, apoio, indulgência.

E, então, no santuário da consciência, uma voz secreta responde: é a voz dAquele donde dimana toda a força para as lutas deste mundo, todo o bálsamo para as nossas feridas, toda a luz para as nossas incertezas.

E essa voz consola, reanima, persuade; traz-nos a coragem, a submissão, a resignação estoicas.

E, então, erguemo-nos menos tristes, menos atormentados; um raio de sol divino luziu em nossa alma, fez despontar nela a esperança.

Há homens que desdenham a prece, que a consideram banal e ridícula.


Esses jamais oraram, ou, talvez, nunca tenham sabido orar.

Ah! sem dúvida, se só se trata de padre-nossos proferidos sem convicção, de responsos tão vãos quanto intermináveis, de todas essas orações classificadas e numeradas que os lábios balbuciam, mas nas quais o coração não toma parte, pode-se compreender tais críticas; porém, nisso não consiste a prece.

A prece é uma elevação acima de todas as coisas terrestres, um ardente apelo às potências superiores, um impulso, um voo para as regiões que não são perturbadas pelos murmúrios, pelas agitações do mundo material, e onde o ser bebe as inspirações que lhe são necessárias.

Quanto maior for seu alcance, tanto mais sincero é seu apelo, tanto mais distintas e esclarecidas se revelam as harmonias, as vozes, as belezas dos mundos superiores.

É como que uma janela que se abre para o invisível, para o infinito, e pela qual ela percebe mil impressões consoladoras e sublimes.

Impregna-se, embriaga-se e retempera-se nessas impressões, como num banho fluídico e regenerador.



Do livro: “Depois Da Morte”



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