Um estudo recente realizado pelaUniversidade de Leeds, na Grã-Bretanha, e publicado no The Journal of Biological Chemistry descobriu que sustâncias presentes no vinho tinto e no chá verde têm o poder de bloquear um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento do Alzheimer.
Testes de laboratório concluíram que a EGCG, uma enzima encontrada no chá verde, e o resveratrol, um antioxidante achado no vinho tinto, impedem que uma proteína associada à doença, a beta-amiloide, conecte-se às células cerebrais, causando a morte destas.
O Alzheimer é caracterizado por um acúmulo anormal de beta-amiloide no cérebro.
Como foi realizado em laboratório, o estudo ainda precisa ser testado em humanos para a eficácia ser confirmada, porém, os pesquisadores estão entusiasmados com os resultados, uma vez que ainda não há cura para a doença.
"Este é um passo importante para aumentar a compreensão das causas e progressão do Alzheimer", afirmou o pesquisador Nigel Hooper.
Vinho tinto reduz risco de câncer de próstata
Pesquisadores do Centro de Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson, em Seattle, investigaram a relação do consumo de álcool com o câncer de próstata e descobriram que homens que tomam vinho têm menos chance de desenvolver a doença.
Eles analisaram os hábitos de 1.456 homens entre 40 e 64 anos de idade e os fatores que podiam influenciar o desenvolvimento da doença, como histórico familiar, peso, ingestão calórica diária, consumo de tabaco, vida sexual, estilo de vida e consumo de álcool.
Depois das análises, foi possível perceber uma diferença no risco de desenvolver a doença de acordo com o tipo de bebida alcoólica ingerida.
Homens que são consumidores assíduos de cerveja registraram um risco maior, enquanto os que beberam vinho, preferencialmente tinto, tinham menores chances de ter a doença.
Os pesquisadores ainda não sabem especificar o porquê, mas acreditam que o efeito seja por conta dos flavonóides e do resveratrol, antioxidantes presentes em maior quantidade nos tintos que diminuem a atividade dos genes das células que podem causar o câncer.
Os relatórios mostraram que até o baixo consumo pode ajudar, uma taça por semana chega a baixar em até 7% do risco de desenvolver a doença e sete por semana diminui as chances em 52%.
Os médicos ainda ficam relutantes em recomendar qualquer tipo de consumo de bebidas para ajudar a saúde dos pacientes, mas afirmam que beber vinho moderadamente pode sim trazer benefícios, não só contra o câncer de próstata mas para a saúde cardiovascular.
Antioxidantes do vinho tinto diminuem risco de câncer no pancreas
Um novo estudo, realizado na Universidade de East Anglia, Inglaterra, mostrou que uma
alimentação rica em antioxidantes pode reduzir o risco de desenvolver câncer no pâncreas em até 67%, uma ótima noticia para quem gosta de vinho tinto, que é rico em antioxidantes.
Os antioxidantes estão presentes em grande quantidade nas cascas de uvas tintas, e consequentemente bastante presentes nos vinhos também.
Os pesquisadores estudaram 24 mil homens e mulheres entre 24 e 70 anos e observaram suas dietas durante alguns meses.
O estudo, publicado no jornal Gut, observou que não são somente os antioxidantes que causam o efeito, é necessário também que a dieta também inclua vitaminas E e C.
Casca de camarão pode ajudar na prevenção de alergias ao vinho
Depois de beber uma taça de vinho, algumas pessoas sentem-se indispostas e têm dores de cabeça. Esse é um dos principais sinais da alergia ao vinho, uma reação que, apesar de pouco comum, atrapalha a vida de muitos enófilos.
O motivo da reação é o anidrido sulfuroso, ou dióxido de enxofre, uma substância utilizada no vinho para impedir a multiplicação de bactérias.
Porém, pesquisadores da Universidade de Aveiro, em Portugal, já têm uma pista para o fim da intolerância: um composto chamado quitosina, presente em grandes quantidades nas cascas de camarão.
A equipe de pesquisadores liderados Manuel A. Coimbra descobriu que a quitosina - que é produzida a partir de quitina, substância presente no exoesqueleto de crustáceos - é capaz de "anular" o efeito do anidrido sulfuroso e manter a sobrevida do vinho.
Embora tenham tido sucesso, não se sabe se as propriedades da quitosina realmente evitam o crescimento de microrganismos e a oxidação.
Por isso, novos estudos e artigos científicos serão produzidos.
Vinho e câncer Com quem está a verdade?
O que diz o INCa (agência francesa contra o câncer) sobre o estudo que relaciona o consumo de álcool com a doença e o que, realmente, diz a pesquisa em que ela se baseia
Recentemente, a imprensa do mundo todo repercutiu a entrevista do presidente do Institut National du Cancer (INCa) da França, Dr. Dominique Maraninchi.
A ele são atribuídas afirmações como: “o consumo de álcool, especialmente vinho, deve ser desencorajado para todas as pessoas”; “pequenas quantidades de álcool são mais prejudiciais para a saúde”; “não existe uma dose de álcool definida como segura para saúde”.
Afirmações como estas, ditas por pessoa que ocupa função tão relevante no sistema de saúde de um país desenvolvido, são impactantes.
O INCa da França produziu recentemente um documento oficial de 60 páginas intitulado “Alcool et risque de cancer” (Álcool e risco de câncer).
No entanto, nesse documento, não há nenhuma dessas frases.
Nele, consta que a incidência de alguns tipos de cânceres tem relação direta com a quantidade de álcool ingerida e não sendo encontrada diferença significativa entre as bebidas.
Refere ainda que, por isso, o consumo de bebidas alcoólicas deve ser desencorajado – e também por não existirem estudos consistentes que comprovem a redução do risco de doenças cardiovasculares pelo uso de álcool.
Esta pesquisa utiliza como referência para essa afirmação um estudo publicado em 1996.
As centenas de estudos com alto nível de evidência científica produzidas desde então – e que demonstram a proteção cardiovascular pelo álcool, e em especial pelo vinho – foram desconsiderados.
Na bibliografia desse documento também não constam dezenas de estudos que encontraram efeito protetor do vinho em relação às neoplasias (desenvolvimento de tumores).
Reações da comunidade científica
Essas são as principais críticas que se fazem a esse documento.
Muitos cientistas que têm como área de interesse os efeitos do álcool na saúde se manifestaram sobre esta entrevista no mundo todo.
Para citar alguns: Dr. Arthur Klatsky, Dr. Eric Rimm, Dr. Curtis Ellison, Dr. Michael S. Lauer, Drª. Susan M. Gapstur, Dr. Roger Corder, Dr. Luc Djoussé e Dr. Yuqing Zhang.
De uma maneira geral, todos dizem que esta questão, ao contrário de outras, não está clara e necessita de mais estudos.
Acham que não é correto tirar conclusões e dar orientações baseadas em apenas um estudo.
Poucos dias após a entrevista de Maraninchi, o Journal of the National Cancer Institute publicou um dos mais importantes estudos feitos sobre esse assunto.
A pesquisa coordenada pela Drª Naomi E. Allen, da Unidade de Epidemiologia do Câncer da Universidade de Oxford ,avaliou 1.280.296 mulheres de meia idade do Reino Unido.
Ela constatou que com uma ingestão média de 10 gramas por dia de álcool (o equivalente a 100 ml de vinho a 12,5% de álcool) havia uma incidência significativamente aumentada de câncer de laringe, boca, garganta, fígado, esôfago, mama e cólon, mas significativamente diminuída de câncer de rins, linfoma não-Hodgkin e de tireóide.
No entanto, quando se analisou separadamente as mulheres que bebiam preferentemente vinho, viu-se que, para os cânceres de laringe, boca, garganta, fígado e esôfago, houve apenas uma tendência, sem significância estatística.
Já para o câncer de cólon houve uma tendência à proteção, mas também sem significância estatística.
Este estudo foi reconhecido pela comunidade científica como de grande valor, principalmente pelo tamanho da população estudada.
Mas, não ficou livre de críticas.
Os principais pontos levantados são: ter sido feito apenas com mulheres; ser regional; ter considerado a média semanal de consumo de álcool.
O padrão de consumo de álcool parece ser importante.
Consumir 70 gramas de álcool em um único dia da semana deve ser diferente do que consumir 10 gramas diariamente.
Os dados foram obtidos por entrevista e há uma tendência de as pessoas informarem um consumo menor que o real.
Também não foram corrigidos os fatores de confusão.
Por exemplo: o câncer de garganta só foi aumentado para as mulheres que também fumavam.
Afinal, é o álcool ou o fumo o vilão?
Novos estudos reafirmam a proteção
Será publicado nos próximos dias um estudo feito na França, pelo Centro de Medicina Preventiva de Nancy – o COLOR (Cohorte Lorraine) Study. Nesse trabalho, 98.063 pessoas (homens e mulheres) de idade entre 45 e 60 anos foram observados por 21 a 28 anos.
Os dados foram analisados por um modelo de regressão logística e corrigidos para 12 fatores de confusão.
A saber: idade, instrução, pressão arterial, colesterolemia, glicemia, hábito de fumar, índice de massa corpórea, atividade física, consumo de refrigerante, consumo de água, consumo de vinho e consumo de outras bebidas de álcool.
A conclusão a que chegaram é de que as pessoas que tinham preferência por vinho apresentavam um baixo risco de morte prematura por todas as causas, especialmente por câncer digestivo.
Por fim, alguns dos componentes do vinho (resveratrol, quercitina, procianidina etc) têm mostrado um importante efeito anticancerígeno em pesquisas de laboratório.
Há a expectativa de que esses efeitos ocorram in vivo.
Com quem está a razão?
Estes foram apenas alguns exemplos de estudos conflitantes recentemente realizados.
O que faz desta, definitivamente, uma questão em aberto.
Ainda serão necessários algum tempo e muitas pesquisas para termos a resposta clara e definitiva sobre a relação vinho e câncer.
Esse tipo de investigação é muito difícil, porque envolve muitas variáveis e fatores de confusão. Fatores que podem ser ambientais e pessoais, pois a constituição gênica é única para cada indivíduo. Muito pouco, ou quase nada, sabemos da modulação gênica de todos os constituintes do vinho.
É muito provável que pessoas diferentes respondam diferentemente à presença de uma mesma substância.
Ainda temos muito o que aprender.
Nesse assunto, tirar conclusões definitivas e dar orientações baseadas em apenas um estudo é, no mínimo, uma insensatez.
Vinho, bebido de maneira responsável, não é medicamento.
Tão pouco veneno.
Ele é muito adequando para valorizar uma comida, uma conversa, uma companhia, um momento...
E, por isso, ele é saudável, mesmo sem ser remédio.
http://revistaadega.uol.com.br/
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