sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
ILUMINAÇÃO INTERIOR
Iluminar-se é dotar-se de
luz, a fim de clarear a própria vida. Iluminar o mundo interior é o mesmo que
adicionar energia à luz interna, chama divina do Criador da Vida, adquirindo a
consciência das potencialidades inerentes ao próprio Espírito.
O ser humano é mais do que
imagina e do que percebe que é.
Ele tem mais capacidades do que acredita que
possuí.
Mesmo as pessoas que ainda se encontram no início de sua caminhada
evolutiva, possuem esse sentido interior de crescimento, portanto
a potencialidade de
realizá-lo.
Esse sentido interno que o direciona a auto-realização chama-se
Self.
Essa iluminação interna não é uma simples descoberta de
algo que se encontra
escondido, mas se dá no encontro com a realidade externa.
Trata-se de um longo
processo de amadurecimento do Espírito, o qual vai a busca de si mesmo para
iluminar-se interiormente, não mais perdendo seu brilho.
Esse processo se dá por
etapas que sintetizamos em quatro para melhor compreensão.
São etapas dessa
longa, lenta e necessária caminhada:
a) autoconhecimento, ou o
conhecimento de si mesmo;
b) autodescobrimento, ou a
descoberta das potencialidades;
c) autotransformação, ou
mudança de comportamentos;
d) autoiluminação, ou a
manifestação do Espírito, essência divina pessoal.
Essas etapas não são
estanques e isoladas.
Elas podem ocorrer simultaneamente e em qualquer época da
vida.
Geralmente se iniciam na meia idade, quando alguns processos já foram
vividos.
Muitas vezes se iniciam após uma crise de valores ou crise de Vida.
Essas etapas levam várias existências, até que o espírito alcance determinadas
conquistas na evolução.
Uma vez alcançado o final do processo, o espírito poderá
escolher onde, com quem e de que forma voltará a uma nova existência.
Diante das
crises que propiciam as mudanças é necessário fazer silêncio.
Silêncio para
ouvir a voz interior que vem do Self, da intimidade do Espírito, senhor do
processo de encontro com Deus.
O silêncio na vida é como uma meditação para se
encontrar a paz de espírito desejada, para depois recomeçar a caminhar.
Ouvir a
voz interior é perguntar-se o que deve fazer em determinada situação, sem
apressar a resposta.
O processo de iluminação interior é a descoberta do deus
interno, parcela criadora gerada diretamente por Deus, em nós.
Há um Deus,
Absoluto, Único, Criador e Causa de todas as coisas.
Há um deus interno, imagem
e semelhança de Deus, descoberto inicialmente pelas manifestações da Natureza,
confirmado pela necessidade psicológica de sua existência e sentido pela
vivência do amor em plenitude. Iniciar um processo de auto-iluminação é passar a
espiritualizar o próprio olhar sobre o mundo, colocando o amor na consciência,
inundando a razão do sentimento de amorosidade.
Dessa forma, as idéias e
raciocínios passam a ser contaminados pelos sentimentos superiores oriundos do
Espírito, dotado de amor e sabedoria, proporcionando prosperidade e
tranqüilidade na vida.
Ser próspero é estar resolvido nas várias dimensões, e
isto ocorre quando se atua no mundo com respeito ao próximo e amorosidade na
vida.
Quando atuamos no mundo, quer captando a realidade quer desejando
transformá-la, fazemo-lo segundo condicionantes psíquicos já antes citados.
A
esses arquétipos, usando uma linguagem psicológica junguiana, se acoplam funções
psíquicas que enfeixam nossa maneira de perceber e agir, e que são formas de
captação da realidade, as quais, de tanto utilizarmos, acabam se confundindo com
a própria personalidade.
Tais formas de captação são utilizadas de acordo com
certos tipos característicos de indivíduos.
As formas ou funções são:
pensamento, sentimento, sensação e intuição.
A função pensamento nos permite
ver o mundo de forma lógica e pragmática e as coisas de acordo com sua
utilidade; a função sentimento, ao contrário da anterior, nos leva a ver o mundo
a partir de um sistema valorativo emocional; a função sensação nos
capacita a ver o mundo como ele é de forma bastante realística, isto é,
sensorial, no qual as coisas são como se nos apresentam; a função intuição nos
condiciona a ver a realidade de forma completa, projetando-a no tempo e no
espaço como uma totalidade.
Essas funções psíquicas
conseguem particularizar e separar a realidade de tal forma que acreditamos que
o mundo é daquela maneira que vemos.
No processo de iluminação interior
deveremos aprender a utilizar as quatro funções, bem como outras que venhamos a
descobrir durante as etapas.
A totalidade do ser humano, isto é, do espírito,
não pode se resumir a seus processos psíquicos.
Entendo que a mente ou o
aparelho psíquico, é instrumento do Espírito, portanto apenas expressa parte
dele.
A iluminação interior se dará por via desse complexo funcional, porém não
se restringe a ele, nem tampouco se limita à descoberta de capacidades
intelectivas, emocionais ou mediúnicas.
Iluminar-se é, como
Espírito, sentir a totalidade criada por Deus e viver segundo Seus objetivos.
É
sentir-se como se estivesse fora do corpo, num determinado lugar.
Num lugar onde não existe
ódio, no qual a felicidade é possível, onde não há crimes, ou guerras, onde não
há rancores ou tristezas, onde as pessoas se entendem, os deveres são seguidos,
onde todos têm oportunidades idênticas, onde vigora a mais perfeita justiça e
todos os direitos são respeitados, onde nenhum mal alcança, onde não há doenças,
onde não existe pobreza nem miséria, onde o forte respeita o fraco e não há
oprimidos, não há minorias nem maiorias, onde as pessoas não entram em depressão
nem têm medos, onde seus anseios são satisfeitos e as verdades são ditas de
forma amorosa, onde não há culpas, onde impera a fraternidade, não há inveja nem
cobiça, onde o amor é o sentimento máximo, onde as pessoas estão em paz e vivem
em plenitude de espírito, onde se pratica a verdadeira caridade, onde não há
traças nem ladrões, onde as virtudes são exercidas e o bem vigora sempre.
Lá,
não há tempo nem espaços vazios, não há condições de sofrimento, tudo é belo e
harmônico, onde a natureza fez sua morada,
onde Deus é cultuado em espírito e verdade.
Este lugar é a consciência do ser
espiritual que nós somos, essência divina criada simples e ignorante para, como
uma flecha arremessada pelo arqueiro, alcançar o alvo da perfeição. Em
nós, Deus habita e fez sua
morada.
Somos a mônada celeste em busca de realização.
Surgimos do leito
profundo e quente dos oceanos em busca da Terra-Mãe, carentes do encontro com a
superfície, na procura do solo para ancorarmos e, a partir daí, irmos a busca do
Universo infinito.
Crescemos sob a influência das forças telúricas da natureza
que forjaram nossa capa protetora do corpo físico.
Amoldando-nos às
contingências da natureza, suplantamos os desafios da matéria e das energias
envolvidas no processo de aprimoramento material e espiritual.
Somos fruto do
nosso próprio esforço pela conquista do encontro com o Criador. Impulsionados
pelo seu Augusto Amor, desafiando obstáculos sem fim, aprendemos a distinguir as
escolhas necessárias para o conhecimento de Suas leis.
Submetidos ao Seu impulso
criador aprendemos a viver e conviver nas várias espécies vegetais e animais,
nos vários reinos da natureza, formando as capacidades de sentir, pensar e amar,
para, finalmente, alcançarmos a condição de seres iluminados.
Adenauer Moraes,
in
Psicologia e
Espiritualidade
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