Aprendizados.
São todos
trabalhosos.
Podem ser doloridos.
E às vezes são difíceis.
Especialmente quando
envolvem uma grande mudança interna, uma mudança de padrões, uma mudança de
crenças e costumes pessoais, uma mudança que exija coragem e
esforço.
Quando o aprendiz está pronto, o aprendizado aparece.
Não
precisa pedir, não precisa encomendar, não precisa procurar.
Ele vem, sem aviso,
invade a nossa vida, desorganiza algumas coisas e põe de pernas para o ar aquilo
que estava bem acomodadinho.
A vida parece que sabe quando estamos
prontos para um aprendizado e nos leva pela mão, sem que a gente perceba, direto
para o olho do furacão, para aquela situação que, conscientemente, a gente não
escolheria, mas que o inconsciente escolhe a dedo para nos dar a lição para a
qual estamos prontos.
Prontos?
Quem falou que estamos prontos?
O
problema é que só o inconsciente parece saber que estamos prontos para um novo
aprendizado, e não nos comunica.
E somos seduzidos, arrastados, conduzidos por
situações, pessoas, ideias e sonhos que nos parecem sem nexo e até contrários ao
que supostamente queríamos.
A questão é que o que queremos dificilmente
será aquilo de que precisamos.
O que desejamos de modo consciente raramente
combina com as nossas necessidades e desejos inconscientes.
E aí... Bem, aí o
chão pode fugir dos nossos pés...
Deixando a perturbadora sensação de que
estamos passando por algo que não pedimos e que não sabemos como
administrar.
Mas não é bem assim.
Tudo o que nos chega, nos chega por uma
razão, atendendo a um anseio intrínseco e dentro de uma lógica que nos escapa à
lógica, pois é a lógica do inconsciente, que nos conhece muito melhor do que nós
mesmos, mas que nós praticamente não conhecemos.
Não que ele seja um ente
à parte, um observador atento ou algo assim.
Não.
Ele é parte, grande parte de
nós.
Tão grande que guarda tudo o que sabemos que somos e o que não sabemos que
somos, e o que nem desconfiamos que podemos ser ou queremos ser.
Tudo o
que nos chega vem na medida, personalizado para nos proporcionar exatamente a
experiência que melhor proveito nos dará.
Nem mais, nem menos.
Simples assim: na
medida.
E na medida significa, inclusive, que não é mais complexo, mais difícil,
nem maior do que a nossa capacidade para viver e sair bem da
experiência.
Só tem um pequeno porém: nós não sabemos disso...
Ainda...
E
dá um medo danado.
Quando a experiência chega, sem avisar, dá um medo enorme do
tumulto interno e externo que ela vem causando. Dá medo porque nos vemos
obrigados a largar o conhecido para entrar no desconhecido.
Mesmo que o
conhecido não seja lá essas coisas e o desconhecido nos pareça sedutor e
encantador.
O medo vem junto e nos faz resistir até não podermos mais.
E
resistindo, acaba doendo muito mais, pois nos debatemos e atritamos mais com
tudo aquilo que vem até nós e tentamos recusar ou rejeitar.
Não importa o que
façamos, essas coisas vão nos atingir e, quanto mais tentarmos nos desvencilhar
delas, maior será nossa área de atrito e maior o sofrimento.
Exercitando,
no entanto, a aceitação, a entrega, tudo suaviza.
Fluimos ao redor e por entre
as situações.
Sem resistência, o movimento, ainda que agitado, é leve,
constante, sem sobressaltos ou impactos.
Fluimos como a água que escorre por
entre os obstáculos que se apresentam à sua passagem, sem, no entanto, detê-la,
porque ela os contorna e acaba por envolvê-los totalmente, abraçando cada um
suavemente.
Sem resistir, passamos do pânico da morte para o êxtase do
renascimento e encontramos a nós mesmos renovados, revigorados e mais plenos de
nós.
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