segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Noni: você já ouviu falar??
• Especialistas dizem que
a fruta contém betacaroteno, precursor da vitamina A, e acubina, que agrega propriedades
antibióticas
• Possui escopoletina,
substância antibacteriana, antifúngica e antiinflamatória, que
também ajuda a dilatar os vasos sangüíneos — o que faria
baixar a pressão arterial
• A fruta é rica em vitamina C
É só uma questão de tempo
para as pessoas começarem a ouvir falar desse tal de noni e descobrir que não
se trata de um ser de outro planeta.
Com o nome científico de Morinda
Citrifolia e originário dos mares do Sul, esse alimento que tem gerado uma
certa curiosidade é, na verdade, uma fruta verdinha, com a aparência de fruta
do conde, e que — acredite — não pode ser encontrada em feiras nem
supermercados.
Isso mesmo: o noni está prestes a fazer parte do grupo de coisas
sobre as quais todo mundo fala, mas que ninguém vê por aí — algo como um
chester vivo, ciscando no terreiro.
A
fruta só existe por aqui em forma de suco engarrafado ou chá (embora atualmente
esteja sendo cultivada na Amazônia peruana e, talvez, possa ser encontrada à
venda em breve no Brasil).
Mesmo nos Estados Unidos, o noni é vendido apenas
sob forma de cápsulas, chás (feitos das folhas) ou sucos industrializados, para
dezenas de milhões de consumidores.
Ao
contrário de todas as frutas que são melhores quando consumidas frescas e com
casca, essa não é muito palatável ao natural.
“Parece fruta do conde, mas não
tem nada de doce.
O gosto é muito ruim e o cheiro não é dos mais convidativos”,
garante o nutricionista vegetariano George Guimarães, de São Paulo, que teve
oportunidade de prová-la.
Quanto ao suco, este vem misturado com sucos de
cranberry (ou de blueberry) e de uva, e, segundo o especialista, tem um sabor
curioso.
Febre
de consumo
Apesar da dificuldade de
encontrá- lo in natura, o maior mistério em relação ao noni — e que também
reforça sua popularidade — tem a ver muito mais com as suas supostas
propriedades terapêuticas.
Seu consumo no Brasil é recente, sendo mais popular
nos Estados Unidos e em alguns países da Europa.
De acordo com estatísticas de
2003, uma garrafa do suco era vendida a cada dois segundos (ou menos) pelo
mundo afora — sem falar das cápsulas e dos chás.
“O sucesso está diretamente
ligado ao fascínio que o homem sente por tudo que pareça mágico, milagroso e,
sem muitas explicações precisas ou de forma vaga, anuncie-se capaz de curar
várias doenças”, acredita o médico Leandro Pomini, de São Paulo.
Isso
não quer dizer que o noni não tenha propriedades benéficas.
Significa apenas
que ainda não existem provas consistentes do ponto de vista científico de que
realmente cure ou previna males.
Há poucos estudos isentos a respeito — e
nenhum com seres humanos, apenas ratos.
“Essa fruta pode até vir a ser algo
maravilhoso em termos de cura, mas ainda não existem provas conclusivas, nem
estudos populacionais que sirvam de base para afirmar isso hoje”, diz a
nutricionista Denise Schirch, de São Paulo.
Mesmo
com a falta de informações precisas — o maior fabricante do suco no Brasil não
quis dar informações nutricionais sobre o produto —, não se pode condenar a
fruta.
“Não faz mal algum consumir o noni”, garante George Guimarães.
“Só pode
haver algum risco se a pessoa deixar de seguir seu tratamento por causa disso”,
acrescenta.
É que os derivados do noni não são remédios, mas complementos
alimentares.
E o FDA e a Comissão Européia, organismos que funcionam como
agências reguladoras de saúde nos Estados Unidos e na Europa, concluíram que
não há evidências dos benefícios desse alimento para a saúde humana.
Motivo
da controvérsia
O
noni e seus subprodutos geram polêmica porque anunciam ter uma substância
chamada proxeronina, um precursor de um aminoácido denominado xeronina — que só
um pesquisador descobriu até hoje.
A xeronina foi encontrada e batizada pelo
médico Ralph Heinicke, nos anos 50, quando ele fazia estudos com o abacaxi.
Na
ocasião o cientista ficou tão convencido dos poderes curativos de sua
descoberta que passou anos estudando suas propriedades.
Quase
não há menções a essa substância fora dos trabalhos de Heinicke e dos
produtores de suco e de cápsulas obtidos a partir do noni.
Quem fizer buscas em
vários bancos de dados de pesquisa dificilmente encontrará algo sobre a
xeronina ou sua precursora.
O
professor Richard Mithen, chefe da equipe de pesquisa do Centro John Innes e do
Institute of Food Research, na Grã-Bretanha, afirma que nunca ouviu nada a
respeito da xeronina e também não encontrou documentos científicos
descrevendoa.
Mesmo assim, Mithen, que recentemente produziu com sua equipe um
superbrócolis que pode ajudar a prevenir câncer, acredita que o suco de noni é
boa fonte de antioxidantes.
Estas
substâncias são conhecidas por suas propriedades anti-radicais livres, capazes
de auxiliar na prevenção de tumores malignos — algo que, segundo o professor, o
suco de laranja também pode fazer.
“Todas as frutas contêm antioxidantes”,
completa o nutricionista George Guimarães.
Em
sucos industrializados com o noni, pode-se encontrar ainda a mistura com sucos
de cranberry e uva, estes sim com propriedades reconhecidas cientificamente —
podem ajudar a abaixar o nível de colesterol no sangue, por exemplo.
Em
tempo: o cranberry, uma frutinha vermelha do Hemisfério Norte, é parente da
groselha e, acredita-se, do nosso cupuaçu.
Tem
qualidades comprovadas no tratamento de cistite (infecção urinária).
fonte:
http://revistavivasaude.uol.com.br
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