A vida na matéria exige de cada um, pequenas porções de aceitação, principalmente quando se trata de família, a família de sangue como chamamos aqueles seres que são pais, mães, irmãos, avos, primos e tios.
Numa mesma família naturezas antagônicas costumam se encontrar e é nesse ponto que o cadinho de aceitação precisa ser oferecido.
Não é fácil para ninguém, nem mesmo para quem já compreendeu o sentido da vida de um modo mais abrangente e profundo, reconhecer que seu coração aperta e fica incomodado com a atitude de algum parente.
No primeiro momento a emoção agita o sangue e se não parar para contar até dez ou como tem sido recomendado ultimamente, contar até cem, coloca-se a perder projetos inteiros, derruba-se construções que levaram anos para serem construídas.
A imprevidência de algumas pessoas faz com que a sensação de infortúnio de outros aumente em proporções gigantescas, e a impotência ganha lugar colocando em risco o equilíbrio físico, mental e emocional de quem sentir-se prejudicado.
A conseqüência vem em poucos minutos, a tristeza instala-se e uma medida de força precisa ser imediatamente colocada em prática para impedir que a depressão fruto da tristeza venha a dominar aquele organismo abalado; uma luta intima intensa e poderosa deve ser travada.
Nestes momentos os caminhos desaparecem e fica-se a mercê das emoções comuns a todos os seres humanos que se sentem fracos.
A vítima que foi em tempos anteriores facilmente é acessada.
Os planos ficam diminuídos e a pessoa começa a desacreditar que conseguirá concretizá-los.
Os trabalhos iniciados ou por iniciar perdem o valor e ficam distantes demais para serem promovidos.
Os bens e valores como por enquanto escorrem por entre os dedos.
Até os amigos e os afetos ficam agressivos e frios.
O silencio pesa.
O som torna-se insuportável.
As companhias, incômodas.
A solidão parece ser a solução porque a mente precisa trabalhar sem interrupções, numa cobrança sem fim, o julgamento de si para si é impiedoso e cruel.
São esses os passos seguidos por uma pessoa que sofreu com situação familiar.
Ou pode ser diferente completamente.
Se houver compreensão a respeito das naturezas das pessoas.
Se houver largueza de raciocínio, conseqüência das reflexões meditativas, se houver o desenvolvimento da compaixão e a pessoa já conseguir ver as misérias alheias com o coração, os passos serão outros.
Haverá uma tristeza tênue atributo de todo ser em evolução, mas essa tristeza será simplesmente pela constatação das diferentes formas de visão de mundo, dos comportamentos.
A pessoa buscará conter-se não por força ou disciplina verduga, mas por saber que o outro que lhe tenta impingir dor o sofrimento é quem verdadeiramente sofre pois vive nas limitações dos conceitos.
Aceitar o outro como ele é.
É nossa busca pessoal, e aceitar o outro como ele está, no estágio que estiver, compreendendo, mesmo que se defenda com rigor mas com amorosidade, é um dos claros caminhos que Kuan Yin nos possibilita.
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