quarta-feira, 4 de maio de 2011
S E M E N T E I R A
Abre-se a floresta até antão intransitável e densa.
Definem-se dificuldades, pântanos, espinheiros...
O semeador, porém, não se confia ao desânimo.
Traça planos.
Ataca o serviço.
Realiza o milagre.
De início, é o desbravar.
Em seguida, surgem os imperativos de preparação do solo e de seleção dos recursos.
A cova minúscula e escura recebe a semente pequenina, que perde os envoltórios com a colaboração do tempo.
Só então, é possível a promessa do grelo tenro.
Todavia, não param aí os desvelos e as vigílias do semeador.
Hoje, é necessário proteger a plantinha frágil contra o esmagamento; amanhã, é imprescindível furta-la ao assédio dos vermes destruidores.
Agora, pede a lavoura iniciante adequada medida contra a canícula rigorosa; depois, reclama providências que a salvem do aguaceiro.
A fronde, a flor e o fruto representam, no entanto, o precioso prêmio.
Assim também, é a sementeira espiritual.
Nas profundezas da mente inculta caem os princípios da Divina Sabedoria.
Ninguém exija, contudo, o resultado absoluto num instante.
Quantos séculos teremos despendido, na formação da selva de nossos instintos e de nossos caprichos obscuros?
O serviço de adaptação e educação reclama tempo e paciência para que a colheita do conhecimento e do amor, em cada alma, enriqueça os celeiros da Terra.
Não esperemos que o nosso companheiro de experiência nos ofereça a perfeição impraticável de um momento para outro.
Se procuramos o Cristo, gravemos as lições dEle, em nós mesmos, antes de impô-las aos semelhantes.
Adubemos o solo dos corações com a luz do bom exemplo, com a bênção da fraternidade, com flor do estímulo e com o silêncio da compreensão.
Não firamos, onde não possamos auxiliar.
O Sol resplandece sem palavras, curando as chagas do Planeta.
A fonte rola contando, sem acusações, colada ao dorso da Terra.
O vento fecunda a natureza, sem exigências.
Amemos sempre.
O coração que se devota à fraternidade não usa o poder do verbo para denegrir ou dilacerar.
Passemos auxiliando.
Compadeçamo-nos do cardo que ainda conserva aguçados acúleos.
Compadeçamo-nos das ervas envenenadas, que ainda não conseguiram modificar a própria seiva.
Compadeçamo-nos das árvores infelizes, cujos galhos ressecaram pela pobreza do ambiente em que nasceram.
A senda é longa.
A romagem solicita o esforço das horas incessantes.
Sigamos improvisando o bem, por onde passarmos.
Guarde a nossa luta a sublime experiência do semeador.
Compreendamos o cipoal, auxiliemos o chão duro do destino e aproveitemos a lama da estrada para o bem geral, projetando na terra das almas as sementes benditas que o Mestre nos confiou.
E, esperemos o tempo, de vez que o tempo é o patrimônio da Divina bondade que na esteira dos dias, dos anos e dos séculos, nos oferecerá sempre à colheita de nossa vida, segundo as nossas próprias obras.
(Do livro Doutrina e Aplicação, André Luiz, Francisco Cândido Xavier, Espíritos Diversos)
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