Lao Tzu
Lao Zi ( também escrito e pronunciado Laozi, Lao Tzu, um famoso filósofo chinês que viveu aproximadamente no Século VII a.C., durante as Cem Escolas de Pensamento e o Período dos Reinos Combatentes.
A ele é atribuída a autoria de uma das obras fundamentais do Taoísmo: o Tao Te Ching .
Alguns consideram Lao Zi um personagem mítico, no limite das lendas.
Seu nome quer dizer "O velho", ou "velho Mestre". Uma lenda conta que ele nasceu com a aparência de um velho, por isto teria recebido este nome.
Muitos consideram que esta lenda pode ser interpretada como uma metáfora sobre a antiguidade do taoísmo, fundamentado em conceitos filosóficos tradicionais anteriores à própria redação do Tao Te Ching.
Biografia:
As poucas indicações que possuímos dele provêm de um historiador chinês chamado Tsu Ma Cheng, que publicou suas memórias entre os anos 99-90 a.C. De acordo com estas, Lao Tzu haveria nascido no ano 570 a. C. no reino de Tcheno qual pertencia a nobre família dos Lao Che.
Os filósofos chineses designam ao Taoísmo e ao Confucionismo, uma origem anterior ao que em geral se admite no Ocidente.
As obras de Lao Tzu encontram-se parcialmente inspirado no livro das Mutações chamado I Ching sendo este considerado como a essência do pensamento da cultura e da sociologia da China antiga.
Historicamente se sabe muito pouco sobre a vida desse Mestre e, na opinião de alguns estudiosos, absolutamente nada, mas como fontes gerais de informações se menciona o Shi Chih de Tze machien, o Tao Teh Ching recopilado por Yin Si, o Lien Hgien Chuen de Koo Hung (século IV), o livro da Ascensão ao Oeste.
Mitologicamente conta-se o nascimento de LAO TZU de uma forma totalmente anormal, para nosso entender racional e especulador.
Teve um nascimento extraordinário ao existir no ventre de sua mãe durante 72 anos.
Havendo ela alcançado a idade de 161 anos, sentou-se para repousar em uma cerejeira. Estando o sol ao zênite, emanou um ovo de cinco cores do tamanho de uma pérola (símbolo chinês da longa vida), que penetrou a boca da anciã a qual deu a luz a um menino-ancião e barbado, o qual disse à sua mãe : "desta árvore tomarei meu nome.
" Assim, o mito quer dizer que seu apelido Li-Er não apenas seja traduzido como orelhas compridas (ou que escuta muito) como também, orelhas de cereja (Li= Cereja).
Quando o povo soube de tão estranho nascimento, acreditaram que o menino ancião era um demônio (segundo alguns um Dragão, símbolo de sabedoria) e queriam matá-lo, mas um certo homem chamado Lin Poi o salvou.
Algumas versões taoístas mencionam este enigmático personagem como uma grande alquimista ou uma mago, e outros como próprio Pai de Lao Tzu. Entretanto, este mito é a única versão que se refere ao LAO TZU e sua vida. Podemos dizer a grasso modo que todo nascimento narrado dessa forma fantástica, como nascimento do Menino Jesus e o nascimento de Sidarta Gautama, o Buda, é simplesmente uma forma de encobrir o verdadeiro nascimento de um ser que de humano, só tem o corpo.
A única forma em que o povo chega a compreender estes nascimentos é através de mitos e lendas, cobertas por um ar de mistério, a fim de que a imagem de tão elevado ser não seja algo de todo o tipo de formas negativas, desde os planos sutis até os planos mais materiais.
Semelhante ao menino Jesus, Lao Tzu, também foi perseguido e trataram de eliminá-lo fisicamente, a fim de não permitir, que se manifestassem entre os homens um novo ser espiritual.
Havendo nascido o menino-ancião, diz-se que em nove dias trocou de forma, nove vezes, até aparecer como um homenzinho velho, vestido com as vestimentas dos filósofos.
Trataremos de dar uma explicação sobre todo este mito a fim de que possa ser mais bem entendido seu símbolo.
Quando na China fala-se que o menino é velho, estão dando caráter de que ele não tem mais nada que aprender neste mundo; igualmente na Índia, o fato de ter os olhos pequenos e as orelhas grandes como o elefante simboliza que não se necessita olhar nada, porém que se escuta muito (símbolo este do homem sábio).
Lao Tzu também tinha as orelhas grandes, seu nome poderia ser traduzido como velho mestre ou velho filósofo; grande solitário que vagava pelos bosques desertos e evitava todos os contatos com as outras pessoas.
Conta-se que em umas de suas caminhadas encontrou-se como famosíssimo mago Tei Yih Yuen Chuen o qual lhe mostrou as artes mágicas e alquímicas.
O ovo do tamanho de uma pérola, proveniente do Sol, (quando este está no seu apogeu), nos mostra uma clara alusão de qualidade de um ser tipicamente Solar, assim como aparece em toda a grande civilização um governante, descendente direto de um casal mitológico onde o Sol ocupa proeminentemente a posição central.
A fecundação de sua mãe é idêntica à fecundação de Maria, a mãe de Jesus.
Os cristãos falam do Espírito Santo (energia pura emanando mais alto, ou seja, a fonte de vida e de luz que pode ser o Sol Espiritual, sede da mais elevada consciência planetária).
Os Taoístas falam que a mãe o teve 72 anos dentro de seu ventre.
Que ele nasceu velho; ora o menino Jesus com menos de 12 anos já discutia com os sábios daquele tempo, também era velho.
Na verdade o nascimento de uma pessoa não se dá somente no corpo físico e sim também acontece anteriormente, no plano mental e anteriormente nos planos mais sutis da natureza, pois se entende que o ser humano e mais ainda estes seres divinos, que vêm a este mundo para cumprir uma função determinada visando o advento do mundo espiritual nesta terra, tomam suas formas e suas qualidades dos arquivos espirituais da natureza, formando primeiro seus corpos sutis, para logo mais tarde concretizar o corpo físico que nada mais é que uma sombra da parte espiritual.
As cinco cores da pérola estão representando as cinco qualidades dos mestres que estão ligadas diretamente às cores de cada um de seus corpos.
O número cinco tem a ver com o quinto princípio que no homem comum não está acordado, a Mente Pura, refletida por Lao Tzu, no Tao Te Ching sua obra magna.
Também, (de acordo com a mística Budista tibetana) quando um mestre atinge o Maximo de desenvolvimento espiritual para tomar uma forma humana ou para se desvencilhar da forma humana seu corpo ilusório transforma-se num corpo de "arco íris" ou um corpo de cinco cores, (as cores dos cinco elementos).
Também as cinco cores representam as cinco sabedorias completamente realizadas.
Com relação à sua vida encontramos referências de uma viagem à Índia e ao Tibete, e ainda como arquivista no ano 517 a.C., no estado de CHOU sob o príncipe Kung Wang, quando teve a célebre entrevista com Confúcio.
Entre seus ditos mais famosos encontramos:
"Os demais são felizes como se assistissem a um banquete, ou como se subisse a uma torre em primavera.
Eu somente permaneço quieto; meus desejos não se expressam.
Sou como uma criança que jamais sorriu.
Estou triste e abatido igualmente àquele que não tem um sítio ou refúgio".
Os demais possuem mil coisas supérfluas, porém eu pareço haver perdido tudo. Meu espírito é o de um estúpido, que confusão!
Os demais têm o ar de serem inteligentes, eu em troca, pareço ser um idiota.
Os outros apresentam saber discernir, eu demonstro ser uma nulidade completa, sou arrastado pelas ondas sem poder agarrar-me a alguma parte.
Os demais ocupam cargos e desempenham funções, eu sou tão inepto como um rústico, entretanto me diferencio dos demais porque eu venero ao Tao"
Idéias de Lao-Tzu
Lao-Tzu convida os chefes políticos e militares a comportarem-se como Taoístas, é claro que o que ele quis dizer foi, para eles seguirem o modelo do Tao como exemplo
Lao-Tzu crítica e rejeita o sistema confuciano, isto é, a importância dos ritos, o respeito dos valores sociais e o racionalismo.
"Renunciemos à Caridade, rejeitemos a Justiça, o povo reencontrará as verdadeiras virtudes familiares de forma natural e espontânea"
Para os confucionistas, a Caridade e a Justiça são as maiores virtudes, mas Lao-Tzu pensa de maneira diferente, vê nessas virtudes atitudes artificiais que são inúteis e perigosas.
Segundo ele, quando se abandona o Tao, recorre-se à Caridade, quando se abandona a Justiça recorre-se aos Ritos.
LaoTzu diz que os valores sociais são ilusórios e nocivos, e que a ciência discursiva leva à destruição do ser e estimula a confusão, atribuindo assim, um valor às noções relativas.
"É por esse motivo que o Santo se refugia na inação ( wu-wei ) e distribui generosamente um ensino sem palavra."
Apesar do Taoísmo originalmente ignorar um Deus Criador, os princípios do Tao, eventualmente tem o conceito de Deus.
Lao-Tzu escreveu: Antes do Céu e da Terra existirem, havia algo de nebuloso... Eu não sei o seu nome, eu chamo-o de Tao.
Tao - O Que É?
Para entender por que o taoísmo e o confucionismo vieram a exercer tão profunda e duradoura influência sobre o povo chinês, bem como sobre o do Japão, da Coréia e de outras nações circunvizinhas, é necessário entender algo do conceito fundamental chinês do Tao.
A palavra em si significa "caminho, estrada, ou vereda".
Por extensão, pode também significar "método, princípio, ou doutrina".
Para os chineses, a harmonia e o funcionamento ordeiro que perceberam no universo eram manifestações do Tao, uma espécie de vontade ou legislação divina que existe no universo e o regula.
Em outras palavras, em vez de crerem num Deus Criador, que controla o universo, eles criam numa providência, uma vontade do céu, ou simplesmente o próprio como a causa de tudo.
Aplicando o conceito do Tao a assuntos humanos, os chineses criam pessoa deve que existe um modo natural e correto , para realizar todas as coisas, e que tudo e todos têm seu devido lugar e sua devida função.
Por exemplo, eles criam que, se o governante cumprisse seus deveres tratando o povo com justiça e cuidando dos rituais sacrificiais pertinentes ao céu, haveria paz e prosperidade para a nação.
Similarmente, se as pessoas se dispusessem a buscar o caminho, ou Tao, e o seguissem, tudo seria harmonioso, pacífico e eficiente.
Mas, se elas o contrariassem, ou lhe resistissem, o resultado seria o caos e o desastre.
Este conceito de seguir o Tao e não interferir em seu fluxo é um componente central do pensamento filosófico e religioso chinês.
Pode-se dizer que o taoísmo e o confucionismo são duas expressões diferentes do mesmo conceito.
O taoísmo faz uma abordagem mística, e, em sua forma original, defende a inação, a quietude e a passividade, evitando a sociedade e retornando à natureza.
Seu conceito básico é que tudo sairá bem se as pessoas se acomodarem, nada fizerem, e permitirem que a natureza siga seu curso.
O confucionismo, por outro lado, faz uma abordagem pragmática.
Ensina que a ordem social será mantida se toda pessoa desempenhar o papel que lhe cabe e cumprir com o seu dever.
O Significado do Tao
O vocábulo Tao tem um sentido muito próprio que é Caminho, via, mas ele significa também dizer donde deriva o sentido de doutrina
O Tao, evoca antes de tudo a imagem de um caminho que se há a seguir e a idéia de direção de conduta, de regra moral ", mas também " a arte de pôr em comunicação o Céu e a Terra, as forças sagradas e os homens
Para o pensamento filosófico e religioso comum, Tao é o princípio de ordem em todos os domínios correspondentes ao real, fala-se do Tao Celeste e do Tao da Terra como também do Tao do Homem.
Entre o Tao Celeste e o Tao da Terra existe uma oposição mais ou menos como o yang e o yin.
O yang sugere a idéia de exposição ao sol e de calor, por seu lado o yin evoca a idéia de frio e encoberto, é aplicado ao que é interior.
O Tao do Homem exerce a função de intermediário entre o Céu e a Terra.
Segundo um fragmento cosmogónico, o Tao é designado como sendo um ser indiferenciado e perfeito, nascido antes do Céu e da Terra.
O ser indiferenciado e perfeito é interpretado por um hermeneuta do século II a.C. como a misteriosa unidade do Céu e da Terra, que constitui de uma forma caótica ( huen-tuen ), a condição do bloco de pedra não trabalhado
Sendo assim, o Tao poderá ser considerado como a totalidade primordial, viva e criadora, mas sem nome e sem forma.
O que não tem nome é origem do Céu e da Terra, e o que tem nome é Mãe dos dez mil seres, isto está escrito noutro fragmento cosmogónico.
O Tao expressa noções que prolongam a imagem cosmogónica.
É importante referir alguns como:
O caos ( huen-tuen ), o vazio (hsu ), o nada ( wu ), o grande ( ta ), e o um ( i ).
As Fontes Clássicas do Taoísmo
As fontes clássicas do taoísmo são o Tao- Te Ching de Lao- Tzú.
A lenda situa o nascimento de Lao-Tzu entre 571 e 604 a.C.
No entanto, em relação ao nascimento do Tao-Te Ching Clássico do caminho da virtude ", as opiniões já são mais divergentes, há autores que preferem a versão tradicional, mas, existem outros que centram o seu nascimento numa data de composição bastante recente, 240 a.C.
O Tao-Te Ching proclama a supremacia do nada sobre o ser, do vazio sobre o cheio, isto não deve ser entendido como uma negação de vida, uma vez que os objetivos mais recentes do Taoísmo é a obtenção da imortalidade.
O ser humano é a imagem do universo, animado por um sopro primordial dividido da seguinte forma:
Em yin e yang, masculino e feminino, e Terra e Céu.
Estas são as manifestações que estão por trás de um sopro que se encontra escondido.
" Lao-Tzu cultivava o Tao e o Te, segundo uma doutrina, o homem deve procurar viver escondido no anonimato ".
O viver distante da via pública e desprezar honrarias seriam precisamente o contrário do homem proposto por Confúcio.
No que diz respeito à existência " escondida e anônima " de Lao- Tzu explica a falta de qualquer informação em relação à sua respectiva biografia.
Conforme diz a tradição, ele foi durante algum tempo arquivista da corte dos Tcheu, encontrava-se em grande desânimo em relação à casa real, por esse motivo fez renúncia ao cargo e partiu para Oeste.
Quando estava prestes a atravessar o passo Hien -Ku, redigiu, a pedido do Guarda, " uma obra de duas partes, na qual expunha as suas idéias sobre o Tao e o Te e que continha mais de 5500 palavras, depois partiu e ninguém sabe o que foi feito dele ".
O livro que continha mais de 5 mil palavras era o famoso Tao Te Ching , o texto mais profundo e o mais enigmático de toda a literatura chinesa, mas não sabemos quem foi o seu autor nem a data que foi escrito, as opiniões são contraditórias.
O Tao Te Ching exprime um pensamento coerente e também original, contém uma quantidade de conceitos dirigidos aos soberanos e aos chefes políticos e militares.
Lao- Tzu afirma que os negócios do Estado só podem ser administrados com sucesso se o príncipe seguir o caminho do Tao, ou seja, se praticar o método wu- wei, o " não fazer " ou o " não obrar ".
Porque Tao permanece sempre inativo e não existe nada que ele faça É por esse motivo que o Taoísta jamais intervém no curso das coisas
Os Taoístas e a Alquimia
Certos ritos e mitologias dos metalúrgicos, fundidores e ferreiros foram retomados e reinterpretados pelos alquimistas.
As concepções arcaicas relativas aquecimento dos minerais no ventre da Terra, à transformação natural dos metais em ouro, assim como ao complexo ritual Ferreiros-confrarias iniciatórias de ofício, voltam a ser encontradas na doutrina dos alquimistas.
A alquimia chinesa constitui-se como disciplina autônoma, utilizando os princípios cosmológicos tradicionais, os mitos relacionados com o elixir da imortalidade e os Santos Imortais, e as técnicas que visam ao mesmo tempo, o prolongamento da vida, a beatitude e a espontaneidade espiritual.
Os três elementos (princípios, mitos e técnicas), pertenciam ao legado cultural da proto-história, e seria um erro acreditar que a data dos primeiros documentos que os atestam nos informe também acerca da sua idade
De Filosofia a Religião
Na sua tentativa de estar em comunhão com a natureza, os taoístas tornaram-se obsedados com a perenidade e a resiliência da natureza.
Especulavam que, se a pessoa vivesse em harmonia com o Tao, ou o caminho da natureza, ela talvez pudesse de algum modo penetrar nos segredos da natureza e tornar-se imune ao dano físico, a doenças e até mesmo à morte.
Embora Lao-tzu não insistisse nisso, certos trechos em Tao Te Ching parecem sugerir tal idéia.
Por exemplo, o capítulo 16 diz: "Estar em comunhão com o Tao é eterno.
E, embora o corpo morra, o Tao jamais perecerá."'
Chuang-tzu também contribuiu para tais especulações.
Por exemplo, num diálogo em Chuang Tzu, um personagem mitológico perguntou a outro: "És de idade avançada, no entanto, tens a pele de criança.
Como pode?"
Este último respondeu: "Eu aprendi o Tao." Sobre outre filósofo taoísta, Chuang-tzu escreveu: "Ora, Líehtse podia cavalgar no vento.
Deslizava feliz na fresca brisa, continuaria por quinze dias antes de retornar. Entre os mortais que conseguem a felicidade, tal homem é uma raridade."
Histórias assim acenderam a imaginação dos taoístas, e eles passaram a fazer experiências com meditação, dietas e exercícios respiratórios que supostamente podiam retardar a degeneração e a morte física.
Logo começaram a circular lendas a respeito de seres imortais que podiam voar sobre as nuvens e aparecer e desaparecer a seu bel-prazer, vivendo em montanhas sagradas ou em ilhas remotas por incontáveis anos, sustentados pelo orvalho ou por frutas mágicas.
A história chinesa conta que em 219 a.C., o imperador Ch'in, Shih Huang-Ti enviou uma frota de navios com 3.000 meninos e meninas para encontrar a lendária ílha de P'eng-lai, a morada dos imortais, para trazer de volta a erva da imortalidade.
Desnecessário é dizer, eles não retornaram com o elixir, mas, diz a tradição, povoaram as ilhas que vieram a ser conhecidas como Japão.
Durante a dinastia Hã (206 a.C.-220 d.C.), as práticas mágicas do taoísmo atingiram um novo apogeu.
Consta que o imperador Wu Tí, embora promovesse o confucionismo como ensino oficial do Estado, sentia-se muito atraído ao conceito taoísta da imortalidade física.
Entusiasmou-se especialmente com as engendradas 'pílulas da imortalidade' da alquimia.
No conceito taoísta, a vida surge quando as forças opostas yin e yang (feminina e masculina) se unem.
Assim, fundindo chumbo (escuro, ou yin) com mercúrio (claro, ou yang), os alquimistas estariam imitando os processos da natureza, e o produto, pensavam eles, seria uma pílula da imortalidade.
Os taoístas também desenvolveram exercícios tipo ioga, técnicas de controle da respiração, restrições dietéticas e práticas sexuais que alegadamente fortaleciam a energia vital da pessoa e prolongavam a vida.
Sua parafernália incluía talismãs mágicos que, segundo se dizia, tornavam a pessoa invisível e invulnerável a armas, ou a capacitavam a andar sobre água au a voar no espaço.
Tinham também selos mágicos, usualmente contendo o símbolo yin yang, que eram afixados em prédios e sobre o vão de portas para repelir maus espíritos e feras.
Por volta do segundo século EC, o taoísmo tornara-se organizado. Um certo Chang Ling, ou Chang Tao-ling, fundou uma sociedade taoísta secreta na China ocidental e praticava curas mágicas e alquimia.
Visto que de cada membro se cobrava uma taxa de cinco celamins de arroz, seu movimento ficou conhecido como Taoísmo dos Cinco-Celamins-de-Arroz (wu-tou-mi tao).
Afirmando ter recebido uma. revelação pessoal de Lao-tzu, Chang tornou-se o primeiro "mestre celestial".
Por fim, afirmou-se que ele conseguiu fazer o elixir da vida e que ascendeu vivo ao céu, montado num tigre, a partir do monte Lung-hu (Monte do Tigre-Dragão), na província de Kiangsi.
Com a presença de Chang Tao-ling ali teve início uma sucessão, de séculos de duração, de "mestres celestiais" taoístas, cada qual sendo alegadamente uma reencarnação de Chang.
Fundação da Religião Taoísta
A religião Taoísta " Tao Kiao ", foi fundada, por volta do final do século II A.D., por Chang Tao-ling.
Chang subiu ao Céu e recebeu o título de " Senhor Celeste " ( t'ien shih ). Instaurou numa província chamada Sseu-tch'uan uma teocracia na qual se destacavam os poderes temporal e espiritual.
Há uma esperança de regeneração do Tao que caracteriza um movimento Taoísta, é a seita de T'ai-p'ing " A Grande Paz ".
Por volta de 184, o líder de uma seita que se chamava Chang Chuen, anunciou a iminência da renovação e diz que o " Céu Azul " devia ser " Céu Amarelo " (era precisamente por esse motivo, que os fiéis usavam turbantes amarelos).
Como era de esperar, desencadeou-se uma revolta que quase derrubou a dinastia.
Esta foi sufocada pela intervenção das tropas imperiais, no entanto, a febre messiânica prolongou-se durante toda a Idade Média.
O último líder dos " Turbantes Amarelos " foi executado em 1112.
Podemos dizer, que foi precisamente a partir do século II que se desenvolveu uma vasta gama de tradições religiosas na China.
O Taoísmo baseia-se no sistema politeísta e filosófico de crenças que assimilam os antigos elementos místicos e enigmáticos da religião popular chinesa, como o culto aos ancestrais, os rituais do exorcismo, a alquimia e a magia.
Tao Te Ching
No Tao Te Ching se manifesta em forma muito clara este princípio:
O homem segue a Lei da terra.
A terra segue a Lei do céu.
O céu segue a lei do Tao.
O Tao segue sua própria Lei" (Tao Teh King, Canto XXV)
É a eterna luta entre espírito e matéria.
Na ordem dos valores morais, é a negação de todos os valores, é a revisão de todas as escalas de julgamento e discernimento.
Tao é a afirmação de que tudo é instável e sujeito a impermanencia porém, ao mesmo tempo eterno.
É o hálito cósmico realizando-se em todas as coisas e em todos os seres.
O que é sua própria Lei?
Sua própria Lei é a Lei da Natureza a qual consiste em dois aspectos:
O movimento do Tao consiste em Retorno".
O uso do Tao consiste em suavidade" (Cap. 40)
Por esta mensagem devemos compreender que o Tao necessita mover-se.
Sem seus movimentos não há Universo.
Com seus movimentos deve haver mudança e com mudança, há Retorno
Assim Lao Tzu disse:
"Enquanto todas as coisas se agitam".
Eu apenas contemplo o Retorno." (Cap. 16)
De acordo com Weng Shan Huang, em seu "Fundamentos do Tai Chi Chuan", "retorno ou reversão" é a Lei da Natureza e Cultura que tem sido defendida tanto por Lao Tzu como pelo I Ching (o livro das mutações), interpretado pelos Confucionistas.
"Quando o desenvolvimento de qualquer coisa chega a seu extremo, o retorno ao outro extremo toma lugar; esta é a dialética de Hegel; tudo envolve sua própria negação.
Na vida social, como apontado por Derk Bodde.
Esta teoria tem um grande efeito sobre o povo chinês e contribuiu muito para a superação de muitas dificuldades que encontraram através de sua longa história."
Lao Tzu também enfatiza a Lei da Suavidade quando afirma:
Quando um homem está vivo, é suave e flexível".
Quando morre, se torna rígido e duro.
Quando uma planta está viva, é suave e tenra.
Quando morre, se torna dura e quebradiça.
Assim o duro e rígido são qualidades de morte.
O macio e flexível são qualidades de vida." (Cap. 75 - Tao Teh King)
E o que tem sido considerado um lema para os praticantes das Artes Marciais Chinesas de Linha Interna é:
"A suavidade de todas as coisas anula a dureza de todas as coisas." (Cap. 43 - Tao Teh King)
Os seguidores de Lao Tzu enfatizam os símbolos da "água" e do "feminino", devido a que a água é complacente e o feminino é receptivo e passivo, qualidades importantíssimas cultivadas pelos Artistas Marciais mais sinceros.
Lao Tzu disse:
"A mais alta forma de bondade é como a água".
A água sabe como beneficiar todas as coisas sem lutar com elas" (Cap. 8)
"Conhecer o masculino",
Conservar o feminino." (Cap. 28) Assim os conceitos de "Complacência"
ou "Docilidade" tiveram grande importância na sociedade chinesa, influenciando sua cultura em todos os aspectos, dando inclusive uma espécie de receita para a sobrevivência a partir da suavidade.
A este respeito, adverte Lao Tzu:
"Esforce-se e você será completo",
Curve-se e você estará ereto,
Envelheça e você ganhará,
Tenha muito e você ficará confuso." (Cap. 22 - Tao Teh King)
O objetivo primeiro dos taoístas é a aquisição da imortalidade: HSIEN.
Criaram diversas técnicas para impedir o processo de envelhecimento e até de fazer que o organismo volte à mesma condição de quando era jovem.
Preparavam-se assim com uma quantidade enorme de treinos:
1.Técnicas Respiratórias
2.Técnicas Helioterapêuticas
3.Técnicas de Ginástica
4.Técnicas Sexuais
5.Técnicas Farmacêuticas
6.Técnicas Dietéticas.
E, dentro desta filosofia, podemos concluir que o Taoísmo como religião nos demonstra magnificamente que "O Destino de mim mesmo de pende de mim e não do Céu", oferecendo ao homem a oportunidade de arcar com a responsabilidade de sua própria existência...
Sua influência então, sobre as Artes Marciais da China, parte principalmente de sua idealização a respeito da mente e espírito assim como a Lei da Natureza e práticas de longevidade que fortalecem muitíssimo a seus praticantes.
Pensamento dos Filósofos Taoístas
É importante mencionar que tanta os filósofos Taoístas como os eremitas e os iniciados têm como objetivo a busca da longevidade e a imortalidade, procuram restabelecer uma condição paradisíaca, particularmente em busca da perfeição e da espontaneidade original.
Os elementos essenciais, comuns a todas as escolas Taoístas, era a exaltação da condição humana primitiva, já existente antes do triunfo da civilização.
Era precisamente, contra esse retorno à natureza que se levantavam todos os problemas pois queriam instaurar uma sociedade justa e policiada, governada pelas normas e inspirada em certos exemplos de reis que contribuíram de forma fabulosa para a nossa sociedade e os heróis- civilizados.
No início os Taoístas pensavam que uma existência que fosse desenvolvida sob o signo do Tao era somente possível no começo.
No entanto, havia outros que diziam que este tipo de existência só era possível numa sociedade justa e civilizada.
Os taoístas conhecem várias técnicas capazes de prolongar indefinidamente a vida até obter uma imortalidade física
A busca de longa vida faz parte da busca do Tao.
Porem não aparece em nenhum registro que o próprio Lao Tzu tenha aderido muito a estas idéias.
A técnica taoísta do êxtase é origem e estrutura xamânica.
Durante o transe, a alma do xamã liberta-se do tempo e do espaço: voa para o Centro do Mundo, regressando assim à época paradisíaca de antes da queda, quando os homens podiam subir ao Céu e conversavam com os Deuses.
A viagem de Lao-Tzu à origem das coisas constitui uma experiência mística de outra ordem, pois transcende os condicionamentos que caracterizam a condição humana e, por conseguinte, altera radicalmente o seu regime ontológico.
Conceito de Alma para o Taoísmo
O problema da alma para o Taoísmo é um assunto complexo, pois aparece numa linguagem esotérica que dá origem a diversas interpretações.
Evidentemente, o Taoísmo aceita a ação de uma alma, pois dentro de sua filosofia, existem os mortais, mas o tema se complica quando queremos determinar as características desta alma.
Dentro das duas grandes linhas do universo dualista, o que determina o Taoísmo, a alma do homem também é Dual.
Estaria formada por duas partes, uma partícula de substância Yang e uma de substância Yin.
A substância de energia Yang é chamada Shen que após a morte retorna ao Céu e se funde ao Espírito Universal; e a partícula de substância Yin depois da morte fica ao nível da terra e dá origem aos diversos espíritos subalternos do Taoísmo.
Existem autores que deduzem dos textos taoístas a noção de uma alma tripla, afirmando que são as seguintes partes que a compõem:
SHEN, as partes etéreas, opostas à parte material do corpo humano;
CHI, o instinto de vida que se transforma em matéria viva;
CHING , a mente ou espírito animal ou consciência.
Da diferente porção destes três elementos, resultam os diversos seres; assim, os que contêm CHI são corpos minerais, os que contêm CHI e CHING são os corpos vegetais e animais inferiores, e aqueles que possuem CHING, CHI e SHEN são os seres humanos.
A morte é para o Taoísmo a separação do corpo da Alma. Alma e corpo gastam-se em sua vã luta pela existência sendo que do esgotamento de um e de outro, sobrevêm a morte que faz com que SHIEN se separe e retorne ao Tao original. Desta premissa flui logicamente a receita Taoísta para obter a imortalidade; é necessário não lutar, não gastar, não agir.
Não esgotar o corpo com esforços inúteis, nem a alma com desejos tolos ou ambições.
LIVROS
Lao-Tze_-_TaoTe_King_-_Cartea_Căii_şi_a_Virtuţii_Supremului_Adevăr.pdf
Richard_Wilhelm_-_I-Ching_(O_Livro_das_Mutações)_Prefacio_de_Carl_Gustav_Jung.pdf
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