sexta-feira, 18 de outubro de 2013


PSICOGRAFIA

 Pesquisa: ClaudiaC e Elio Mollo

Estudo com base no cap. XIII, da parte II de O Livro dos Médiuns (Allan Kardec).

 

PSICOGRAFIA INDIRETA: CESTAS E PRANCHETAS - PSICOGRAFIA DIRETA OU MANUAL

 

A Ciência Espírita em suas atividades iniciais fez uso daquelas que foram as primeiras manifestações inteligentes, mesas que se moviam e ‘batiam’ o pé, respondendo conforme convencionado por “sim” ou “não” às perguntas feitas, estas foram conhecidas como as mesas falantes, utilizadas para se comunicar com os Espíritos. (1)

 

Figura 1  

Mesa falante

 

Figura 2 

Primeiras manifestações inteligentes do séc. XIX.

 

Eis os termos em que foi dado em Paris, a 10 de julho de 1853, a um dos mais fervorosos adeptos da doutrina, que há muitos anos, desde 1849, se ocupava com a evocação dos Espíritos: “Vá buscar no quarto ao lado a cestinha; prenda nela um lápis, coloque sobre o papel e ponha-lhe os dedos na borda”. Feito isso, depois de alguns instantes a cesta se pôs em movimento e o lápis escreveu legivelmente esta frase: “Isto que eu vos disse, proíbo-vos expressamente de dizer a alguém; da primeira vez que escrever, escreverei melhor”.

(2)

 

O objeto que se adapta ao lápis por ser apenas um instrumento não requer a necessidade de uma natureza ou forma específica, desta forma pouco a pouco, meios melhores para estas comunicações foram surgindo, mais cômodos, em especial para a escrita.

 

PSICOGRAFIA (do gr. psyché, borboleta, alma, e graphô, eu escrevo) – transmissão do pensamento dos Espíritos por meio da escrita, pela mão de um médium. No médium escrevente a mão é o instrumento, mas sua alma, ou o espírito nele encarnado é o intermediário ou o intérprete do Espírito estranho que se comunica.

 

Psicografia mediata ou indireta – quando o lápis é adaptado a um objeto qualquer que serve, de certo modo, de apêndice à mão, como uma cesta, uma prancheta, etc..

 

Psicografia imediata ou direta – quando o próprio médium escreve pegando o lápis como para a escrita ordinária.

 

 

Figura 3

 

Tomemos, por exemplo, uma cestinha de 15 a 20 centímetros de diâmetro que pode ser de madeira ou de junco, a substância é indiferente (ver figura 3). Então, através do fundo dessa cesta se faz passar um lápis fixado solidamente, com a ponta para fora e para baixo, mantendo-se o todo em equilíbrio sobre a ponta do lápis colocado sobre uma folha de papel, aplicando-se os dedos sobre a cesta, se os Espíritos desejarem comunicar-se, esta se moverá naturalmente, formando traços, desenhando ou escrevendo, palavras, frases ou mensagens completas. Porém, a escrita assim obtida nem sempre é legível.

 

Nesta fase usou-se, também, a ardósia com um lápis apropriado, também, designada cesta pião. Depois, várias outras disposições foram imaginadas para atingir o mesmo fim. A mais cômoda é a denominada de cesta de bico, e que consistia em adaptar sobre a cesta uma haste de madeira inclinada, fazendo saliência de 10 a 15 centímetros de lado, como se fosse na posição do mastro de gurupés ou de um navio.

 

Exemplos de psicografia indireta:

 Figura 4

A escrita é feita em espiral que obriga a girar o papel. Neste caso, a escrita nem sempre é legível

 

Figura 5

Caixa de papelão com um lápis ou um giz no centro

 

Figura 6

Com a cesta pião a escrita se tornou mais legível. Com este aparelho a cesta volta quando for necessário corrigir ou sublinhar, caso o Espírito desejar. Inclusive o Espírito faz sinal de sim e de não e outras vezes, para dirigir-se a alguém, aponta com o lápis na sua direção.

Inúmeros dispositivos foram imaginados para atingir o mesmo fim. Algumas pessoas substituíram a cesta por uma espécie de mesa em miniatura, feita especialmente, de doze a quinze centímetros de comprimento por cinco a seis de altura, e três pés a um dos quais adaptou um lápis. Os outros dois são arredondados ou munidos de uma bolinha de marfim, para deslizarem facilmente sobre o papel. Outras pessoas se servem de uma tabuinha de quinze a vinte centímetros quadrados, em forma triangular, oval ou retangular, tendo nadas bordas um furo oblíquo para se enfiar o lápis. Colocando-se um papel para escrever, ela fica apoiada num dos lados. O lado que pousa no papel é às vezes guarnecido de duas bolinhas rolantes para facilitar o movimento.

 

 Figura 7

 

Outros ao invés da cesta-pião usaram um funil com um lápis no gargalo. O que importa conhecer não é o instrumento, mas a maneira de obtenção das comunicações. Se as obtemos pela escrita, seja qual for o suporte do lápis, trata-se de psicografia

 

Esses dispositivos não têm nada de absoluto, eles foram usados conforme a comodidade do médium e, quando esse processo foi usado no tempo da codificação espírita foi denominado de psicografia indireta. No uso desses aparelhos eram usados dois operadores, não sendo necessário que ambos sejam médiuns, apenas que um deles servia para ajudar no equilíbrio do aparelho e assim diminuir a fadiga do médium.

 

Na psicografia indireta o Espírito comunicante age sobre o médium; este, influenciado, move maquinalmente o braço e a mão para escrever, onde geralmente o médium não tem a menor consciência do que escreve. Sua mão age sobre a cesta e esta movimenta o lápis.

 

Psicografia direta
 

Não é a cesta que se torna inteligente, mas esta apenas serve de instrumento a uma inteligência. A cesta nada mais é, praticamente, do que um instrumento da mão ou um intermediário entre a mão e o lápis. As mesas, as pranchetas e as cestas não são instrumentos inteligentes, embora momentaneamente animados de uma vida factícia. Estes instrumentos não se movem nem se comunicam por si mesmos. Suprimindo-os como intermediários e pondo o lápis diretamente na mão do médium, temos o mesmo resultado com um mecanismo muito mais simples, e o médium passa a escrever como se o fizesse em condições normais, e assim temos a psicografia direta (3). Nesta é a própria mão do médium impulsionada de maneira involuntária que escreve sob a influência de um Espírito. Sem o concurso da vontade ou do pensamento do médium. Este novo processo de psicografia substituiu de maneira definitiva todos os dispositivos, pois foram considerados desnecessários para esta prática mediúnica.

 

O espírito que deseja se comunicar atua sobre um corpo vivo com o auxílio de seu perispírito, da mesma forma que com o mesmo fluido age sobre a matéria inerte, movimentando mesas e objetos e fazendo ruídos. Como ele não tem um corpo tangível para agir de forma ostensiva quando deseja, acaba servindo-se do corpo de um médium, como que toma emprestado os órgãos necessários a sua manifestação, fazendo-os agir como se fossem seu próprio corpo, isto devido à emanação fluídica que verte sobre ele.

 

É preciso imaginar o espírito comunicante não no médium, mas ao lado deste, dirigindo sua mão ou lhe transmitindo seu pensamento por uma emanação fluídica.

 

 

Figura 8

 

Muitas vezes o médium pode escrever em outras línguas que desconhece, falar de assuntos além de sua instrução, escreverem muitas vezes quando não sabem escrever, outras vezes pode reproduzir a escrita e a assinatura do espírito quando estava encarnado, embora não o conheça. Este fenômeno é similar ao que ocorre quando vemos uma criança escrever, guiada sua mão. Porém esta aptidão do médium para coisas que lhe são estranhas está sempre ligada ao conhecimento que ela já adquiriu em outras encarnações e tendo este conhecimento sido adquirido pelo espírito, este lhe guarda a intuição. 

 

Dentre todas as formas de comunicação mediúnica a psicografia é a mais simples, cômoda e a mais completa. Kardec no O Livro dos Médiuns incentiva que todos os esforços devem ser feitos para o seu desenvolvimento, haja vista que é a mais fácil de se desenvolver pelo exercício, porque com ela é possível estabelecer relações permanentes e regulares com os espíritos, da mesma forma que mantemos entre nós. Através dela os espíritos revelam melhor a sua natureza e o grau de sua perfeição ou de sua inferioridade, transmitem seus pensamentos mais íntimos o que nos permite apreciá-los e julgá-los em seu justo valor.

 

NOTAS:

 

(1) O progresso acentuado por Kardec foi realmente rápido.  Mas depois verificou-se um retardamento. Na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, que abre O Livro dos Espíritos, Kardec aponta "a leviandade do Espírito humano" como causa do desinteresse e até mesmo da reação contra os estudos espíritas. "A dança das mesas" foi considerada indigna da atenção dos homens que se julgam sábios, o mesmo acontecendo com a escrevente. A tola vaidade humana e também os interesses feridos, as tradições ameaçadas, a fascinação do imediatismo impediram que a Ciência Espírita prosseguisse em seu desenvolvimento rápido. Mas o próprio desenvolvimento das Ciências materiais está hoje forçando os homens a reencontrarem a verdade espírita. (Nota de J. Herculano Pires) 

 

(2) O

Livro dos Espíritos, Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, IV – Manifestações Inteligentes.

 

(3) A insistência de Kardec nesta explicação tem uma razão especial. É que havia surgido em Paris e era amplamente divulgada na imprensa uma estranha teoria dos médiuns inertes, segundo a qual os objetos eram médiuns. Ver este curioso episódio na Revista Espírita. A psicografia direta foi estudada na Psicologia como escrita automática, e as interpretações anímicas que Pierre Janet e outros lhe deram não invalidam a realidade do fenômeno. Na Parapsicologia, como na Metapsíquica, tem sido utilizada para experiências telepáticas eficazes. (Nota de J. Herculano Pires)

 

Fontes:

Allan Kardec, O Livro dos Médiuns

__________, Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas

__________, Revista Espírita, agosto de 1859

__________, O Livro dos Espíritos

__________, A Gênese

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