quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

As Cartas de Cristo (Carta 1 - Parte 7) - Minha Juventude



As Cartas de Cristo (Carta 1 - Parte 7) - Minha Juventude
... E as experiências no Deserto

Eu nasci na Palestina.

Minha mãe estava convencida de que eu era o Messias.

Ao contrário da crença popular, eu não era uma criança santa.

Aos 12 anos, levaram-me até o Templo para ser entrevistado pelos Sumos Sacerdotes, para que se determinasse se eu estava pronto para iniciar o Treinamento Religioso Judeu: fui rejeitado por ser demasiado teimoso.

 Amargamente decepcionada, minha mãe me levou para casa e fez o seu melhor para criar-me na santidade que marcou o seu próprio comportamento em todos os momentos.

Aquela era uma tarefa impossível já que eu era, acima de tudo, um individualista de comportamento indisciplinado.

Fiquei ressentido com as orientações de minha mãe e sua tentativa de disciplinar-me.

Como jovem, me tornei impossível de controlar - um verdadeiro rebelde!

Rejeitei a adesão incondicional de minha mãe à fé e tradições judaicas, preferindo o riso às atitudes hipócritas.

Recusei-me a aprender um ofício que me confinasse à rotina.

Escolhi misturar-me com todo o tipo de gente das classes mais desfavorecidas, bebendo com eles, conhecendo prostitutas e me divertindo, conversando, discutindo, rindo e sendo um ocioso.

Quando precisava de dinheiro, ia trabalhar nos vinhedos por um dia ou dois ou fazia trabalhos que me pagassem o suficiente para comer e beber, propiciando-me o lazer que desejava.

 Apesar de todos os meus defeitos como ser humano, minhas atitudes descuidadas e indolentes, minha obstinação e determinação egocêntrica para pensar minhas próprias ideias sem me importar com o que os demais pudessem pensar a meu respeito, eu tinha uma profunda preocupação com as pessoas.

Eu era profundamente emocional.

Em palavras atuais eu seria chamado de “hiper-reativo”, “hiperemotivo”.

Tinha um coração caloroso, compassivo e empático.

A presença da doença, da aflição e da pobreza me comoviam profundamente.

Era um acirrado defensor daqueles que você chama de “desamparados”.

Poderia se dizer que eu era “gente do povo”.

Vivi muito perto dele em um espírito de companheirismo, escutando suas aflições, compreendendo-o e me importando.

 É importante entender minhas verdadeiras origens e minhas características na juventude, pois foram os aguilhões que me incitaram, empurraram e impulsionaram a finalmente ser o Cristo.

O que mais fortemente detestei e combati foi a miséria, a doença e a pobreza que via ao meu redor.

 Isso me enfureceu e me tornei apaixonada e vociferantemente zangado por ver as pessoas maltrapilhas, magras e famintas, doentes e aleijadas, sendo cruelmente intimidadas pelos líderes Judeus que as sobrecarregavam com leis e práticas sem sentido, ameaçando-as com punições de Jeová caso não obedecessem.

Declarei a todos os que poderiam escutar-me que aquelas pobres pessoas já suportavam o suficiente para também serem esmagadas por medidas sem sentido e restritivas do prazer.

Qual era a razão de viver se não nascíamos para ser felizes?

 Recusei-me a acreditar em um Deus “justo” segundo as tradições judaicas.

As advertências bíblicas proféticas sobre o “julgamento e cólera” de Jeová contra as pessoas me indignaram.

Apesar de tudo, pessoas são pessoas, fazendo o que sua natureza humana as impulsionava a fazer.

Nasceram pecadoras - então por que deveriam ser julgadas e condenadas a levar uma vida de sofrimento e pobreza por não terem cumprido os Dez Mandamentos?

Qual era o sentido de tais afirmações?

 Para mim, essa crença judaica representava um “Deus” ilógico e cruel e eu não queria nada com “Ele”.

Parecia para mim que se existia tal “divindade”, então o homem estava condenado à miséria eterna.

 A simplicidade e liberdade que encontrei nas encostas das colinas, nas planícies, nos lagos e montanhas, refrescaram meu espírito interior e aquietaram minha cólera que murmurava contra o Deus Judeu.

Assim, neguei-me a acreditar em qualquer palavra do que os anciões Judeus tentavam ensinar-me.

 No entanto, lá pelos vinte e cinco anos de idade, uma nova linha de questionamento tomou conta dos meus pensamentos.

Enquanto eu caminhava sozinho pelas colinas cada vez com mais frequência, minha rebeldia foi aos poucos sendo substituída por uma ânsia que me consumia, de saber e compreender a verdadeira natureza DAQUELE que sem dúvida nenhuma devia inspirar e respirar por meio da criação.

 Revisei meu estilo de vida e percebi quanto sofrimento minhas ações haviam causado à minha mãe e a muitas outras pessoas.

Embora eu sentisse profunda compaixão pelos fracos e sofredores, minha natureza rebelde havia me levado a um comportamento egoísta e sem consideração para com minha família.

O amor subjacente por eles agora brotava em mim e me percebi igualmente rebelde contra meu comportamento anterior.

Escutei falar de João Batista e do trabalho que fazia entre os Judeus que vinham até mesmo de Jerusalém para ouvir suas palavras.

Decidi visitá-lo para que me batizasse.

 A caminho do Rio Jordão, senti-me muito entusiasmado com a possibilidade de ser batizado e começar uma nova vida.

Eu sabia que apesar de meu emocionalismo indisciplinado, também tinha nascido com uma inteligência aguçada e com um dom para o debate inteligente e persuasivo, o qual eu tinha usado caprichosamente e de forma negativa, levando as pessoas a desenfreadas discussões.

Eu havia jogado fora o meu talento em troca de uma vida de egoísmo, preguiça e prazer.

Como resultado, havia perdido todo o respeito dos demais e nem eu mesmo me respeitava mais.

Pela primeira vez, isto me pareceu intolerável.

Ocorreu-me que no futuro eu poderia e deveria empenhar meus dons naturais para um melhor uso.

Ao invés de apenas ficar fazendo barulho, talvez eu pudesse encontrar um caminho para aliviar a carga daqueles de quem eu tanto me compadecia.

Até então, eu não havia sido útil para ninguém.

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