sexta-feira, 6 de julho de 2012

As 5 maiores implicações em encontrar o bóson de Higgs

A descoberta do bóson de Higgs e o fato de conhecermos sua massa tem implicações enormes para a física.

Veja abaixo cinco delas:

1 – A origem da massa
 



O bóson de Higgs é tido como a chave para resolver o mistério da origem da matéria.

Ele é associado com um campo, que, adivinhe, tem o nome de campo de Higgs, permeando o universo.

Conforme as partículas viajam através dele, elas adquirem massa, assim como nadadores atravessando uma piscina ficam molhados.

“O mecanismo de Higgs é o que nos permite entender como as partículas ganham massa”, afirma João Guimarães da Costa, físico de Harvard e especialista no Modelo Padrão da física no LHC.

“Se não houvesse tal mecanismo, tudo seria sem massa”.

Se os físicos confirmarem a existência do bóson, a descoberta também confirmaria esse mecanismo.

E talvez ofereça pistas para o próximo mistério, que é por que cada partícula tem uma massa específica.

“Isso pode ser parte de uma teoria enorme”, afirma outra física de Harvard, Lisa Randall.
 
 
2 – O Modelo Padrão
 
 


O Modelo Padrão da Física é a teoria reinante das partículas físicas, tratando dos menores constituintes do universo.

Toda partícula prevista nesse modelo já foi descoberta, com exceção de uma: o bóson de Higgs.

“É a parte que falta no Modelo Padrão”, comenta Jonas Strandberg, um pesquisador do LHC. “Então, seria uma confirmação de que as teorias que temos estão corretas.

Se não acharmos o Higgs, significa que fizemos algumas acepções erradas, e vamos ter que começar de novo”.

Mas o Modelo Padrão não é completo.

Ele não abrange a gravidade, por exemplo, e também deixa de fora a matéria escura – que se imagina cobrir 98% do universo.

“O Modelo Padrão descreve o que já mensuramos, mas sabemos que não há a gravidade ali, nem a matéria escura”, afirma outro físico do colisor, Willian Murray.

“Estão estamos ansiosos para expandir isso e incluir mais coisas”.
 
 
3 – Força eletrofraca




A descoberta do bóson de Higgs também ajudaria a explicar como duas forças fundamentais do universo – a eletromagnética, que governa as interações entre partículas carregadas, e a fraca, responsável pela queda radioativa – poderiam ser unidas.

Toda força na natureza está associada com uma partícula.

A associada com o eletromagnetismo é o fóton.

A força fraca está associada com os bósons W e Z, que têm muita massa, ao contrário do fóton.
O mecanismo de Higgs é tido como o responsável por isso.

“Se você introduzir o campo de Higgs, os bósons W e Z se misturam nele, e através disso ganham massa”, comenta Strandberg.

“Isso explica porque os bósons W e Z têm massa, e também unifica a força eletromagnética e a fraca na força eletrofraca”.

Apesar de outras evidências terem ajudado na união das duas, a descoberta de Higgs fecharia o acordo.

“Isso já é bem sólido”, afirma Murray.

“O que queremos é encontrar a prova maior”.
 
 
4 – Supersimetria
 
 


Outra teoria que será afetada com a descoberta do Higgs é a da supersimetria.
A ideia é que toda partícula conhecida tem uma “superparceira”, com leves diferenças.

Essa teoria é interessante pois pode ajudar a unificar algumas das forças da natureza, e até eleger um candidato a partícula que forma a matéria escura.

Dependendo da massa do bóson de Higgs, pode dar crédito à supersimetria ou dúvida a ela.

“Se o bóson de Higgs tiver pouca massa, que por enquanto é única janela aberta, isso tornaria a supersimetria uma teoria viável”, comenta Strandberg.

“Mas ainda teríamos que provar sua existência”.


5 – Validação do colisor de partículas



O Grande Colisor de Hádrons é o maior acelerador de partículas do mundo.

Ele foi construído com cerca de 18 bilhões de reais da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN).

Encontrar o bóson de Higgs é um dos objetos maiores da empreitada.

A descoberta do Higgs daria validação ao LHC e aos cientistas que vêm trabalhando na pesquisa por muitos anos.

“Se o Higgs eventualmente for descoberto, será um grande passo”, afirma Guimarães da Costa.

“É importante para o campo, porque construir essas máquinas custa muito dinheiro, e você precisa justificar isso.

Se conseguirmos essa importante descoberta sobre o universo, é uma justificativa do porquê do investimento”.

A descoberta também teria implicações para o cientista Peter Higgs e seus colegas, que propuseram o mecanismo Higgs em 1964.

“É certo que várias pessoas vão ganhar o prêmio Nobel”, comenta Vivek Sharma, físico da Universidade da Califórnia, e líder da busca pelo Higgs no LHC.

[LiveScience]

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