‘Para sempre’, em minha opinião, é nada mais nada menos
que um dia depois do outro.
Ou seja, é construção.
Em princípio, não existe.
Mas
basta que façamos a mesma escolha sucessivamente e teremos construído o ‘para
sempre’.
O que quero dizer é que o ‘sempre’
não é magia nem tampouco um tempo que pré-exista.
Ele é consequência.
Nada mais
que consequência de uma sucessão de dias, vividos minuto por minuto.
Quanto ao amor, tem gente
que acredita que só é de verdade se durar “até que a morte
os separe”. Outras, como o grande Vinícius de Moraes poetizou,
apostam no “que seja eterno
enquanto dure”. Eu, neste caso,
admiro a coragem de quem vai até o fim, de quem se entrega inteiramente ao que
sente, de quem se permite viver aquilo que seu coração pede até que todas as
chamas se apaguem.
Mais do que isso: até que as brasas esfriem e – depois de todas as tentativas – nada mais possa ser resgatado do fogo que um dia ardeu.
Mais do que isso: até que as brasas esfriem e – depois de todas as tentativas – nada mais possa ser resgatado do fogo que um dia ardeu.
Claro que não estou
defendendo a constância indefinida de atitudes desequilibradas, exageros
desnecessários ou situações destrutivas. Mas concordo plenamente com o que está
escrito no comovente “Quase”, de Sarah Westphal (muitas vezes atribuído a Luiz
Fernando Veríssimo):
... “Pros erros há
perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar”...
Porque de corações partidos
por causa de um amor vivido pela metade as ruas estão cheias.
Assim como de
almas que perambulam feito pontos-de-interrogação, a se questionar o que mais
poderiam ter feito para que o outro também estivesse presente, para que não
fugisse tão
furtivamente, tão covardemente, tão sordidamente.
furtivamente, tão covardemente, tão sordidamente.
É por isso que insisto: muito mais do que nos
preocuparmos com o ‘para sempre’, precisamos começar a investir no ‘até o fim’,
para que o ‘agora’ tenha mais significado, para que as intenções,
as palavras, as atitudes e todos os recomeços façam parte de uma história mais sólida, menos prostituída, que realmente valha a pena.
as palavras, as atitudes e todos os recomeços façam parte de uma história mais sólida, menos prostituída, que realmente valha a pena.
Então, questione-se: o
coração ainda acelera quando o outro se aproxima?
O peito ainda dói de saudade?
O desejo ainda grita, perturbando o silêncio da noite?
Não chegou ao fim!
Não
acabou.
Sei que, em alguns casos, motivos de
força maior impedem um amor de ser vivido
(e daí a separação pode ser sinal de maturidade), mas na maioria das vezes o que afasta dois
corações é muito mais intolerância, ilusões ou auto-defesas tolas do que algo que realmente
justifique o lamentável desfecho.
(e daí a separação pode ser sinal de maturidade), mas na maioria das vezes o que afasta dois
corações é muito mais intolerância, ilusões ou auto-defesas tolas do que algo que realmente
justifique o lamentável desfecho.
O outro não quer?
Desistiu?
Acovardou-se?
Ok!
Por mais incoerente que pareça, é um direito dele.
Esteja
certo de que você fez o que estava ao seu alcance e depois... bem, depois
recolha-se e
pondere: “pros amores impossíveis, tempo”.
pondere: “pros amores impossíveis, tempo”.
Tempo em
que você terminará descobrindo que a vida tem seu jeito misterioso de fazer o
amor acontecer, mas que – no final das contas – feliz mesmo é quem, apesar de
tudo, tem coragem
de ir até o fim!
de ir até o fim!
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