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quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Cerveja e doces, boas heranças da família real portuguesa no Brasil
Fotografia do Museu da Bohemia em Petrópolis, RJ. Cervejas produzidas pela Imperial.
Um dos primeiros rótulos da brasileira "Brahma"
Conta-se que a origem da cerveja é muito antiga.
Atribui-se que qualquer bebida que tenha sido elaborada com cereais nos últimos 8.000 anos possa ser considerada como cerveja, mesmo que ela tenha mudado a sua apresentação ou o seu gosto ao longo dos anos.
Estima-se que os sumérios e egípcios produziam cervejas há mais de 5.000 anos.
Também os babilônios já fabricavam mais de dezesseis tipos de cerveja de cevada, trigo e mel há mais de 4.000 anos antes de Cristo.
De fato, a bebida é muito antiga.
Na América do Sul, séculos antes da chegada dos espanhóis, os incas já bebiam cerveja de grãos de milho.
O mais antigo código de leis conhecido, Hamurabi, declarava que a pena de morte poderia ser imposta àqueles que diluíam a cerveja que vendiam.
Papiros egípcios, de cerca de 1.300 antes de Cristo, já se referem ao regulamento de venda de cerveja. Na Idade Média, a cerveja foi utilizada como mercadoria para comércio, pagamento e impostos.
Os monges aperfeiçoaram a tecnologia cervejeira e serviram, de certo modo, como vendedores por atacado.
No século 14, a cidade de Hamburgo, no norte da Alemanha, era o centro cervejeiro da Europa, com mais de mil mestres cervejeiros.
A Lei da Pureza (“Reinheitsgebot”), que é o mais antigo código de alimentos do mundo vigente no mundo, determinava que apenas água, malte, lúpulo e levedura podem ser utilizados na elaboração da cerveja. Ela foi instituída pelo Duque Guilherme IV da Baviera, em 1516.
"Cerveja Marca Barbante" foi a denominação genérica dada às primeiras cervejas brasileiras que, com sua fabricação rudimentar, tinham um grau tão alto de fermentação que, mesmo depois de engarrafadas, produziam uma enorme quantidade de gás carbônico, criando grande pressão.
A rolha era, então, amarrada com barbante para impedir que saltasse da garrafa.
Refrescante e de baixo teor alcoólico, a cerveja foi aos poucos conquistando popularidade em nosso país tropical.
No Brasil, a cerveja demorou a chegar, pois os portugueses temiam perder o filão da venda de seus vinhos.
A cerveja chega ao Brasil em 1808, trazida pela família real portuguesa, acompanhando a mudança para o então Brasil-Colônia. Consta que Dom João VI, grande apreciador de cerveja, não podia ficar sem consumir a bebida.
Com a abertura dos portos às nações amigas de Portugal, a Inglaterra foi a primeira a introduzir a cerveja na antiga colônia.
Companhia Antarctica Paulista
A bebida consumida pela população era a“Gengibirra”, feita de farinha de milho, gengibre, casca de limão e água, essa infusão descansava alguns dias, sendo então vendida em garrafas ou canecas, ao preço de 80 réis.
A “Caramuru” feita de milho, gengibre, açúcar mascavo e água, esta mistura fermentava por uma semana e custavam 40 réis o copo.
Bem antes, entre mitos, lendas e a história propriamente dita, pesquisas apontam ainda a ocorrência de menções à cerveja ao longo da história brasileira e a principal narrativa conta que ela começa com a chegada de Maurício de Nassau ao Recife em 1637.
Ele veio rodeado de artistas, cientistas, astrônomos e médicos, mas não se esqueceu da cerveja.
Neste período próspero, a cidade de Recife tornou-se o principal porto da Companhia das Índias Ocidentais no Brasil, tendo também a primeira ponte, o primeiro observatório astronômico e a primeira fábrica de cerveja das Américas (Nassau trouxe uma fábrica de cerveja desmontada para o Brasil).
Cerveja Guarany, da Brahma
Propaganda das cervejas Brahma
Com esta influência europeia, sobretudo pela mão das senhoras portuguesas, nossa mesa brasileira ficou cheia de deliciosas maravilhas.
A ceia com peru, as bebidas, o bom vinho, as rabanadas, bolos, o bacalhau, as castanhas, o quindim, os pastéis e o cozido.
Fartamos nossos hábitos destes estrangeirismos, muito pelas mãos influenciadoras da família real, que nos ensinou e expandiu estas tradições.
Alguns dos famosos doces portugueses "conventuais".
Gilberto Freyre chegou a dizer que “sem o português não haveria a cozinha brasileira”.
Exatamente na maravilhosa confeitaria, por exemplo, é onde ainda se aplicam muitas das técnicas da gastronomia lusa, onde os doces já valem também pela história.
Em Portugal, as freiras usavam claras de ovos para engomar seus trajes.
Assim, sobravam as gemas e dessa forma surgiram os “doces conventuais” que, no início, eram vendidos apenas nos conventos: fios de ovos, barriga de freira, toicinho do céu, pastel Santa Clara, etc
http://www.paulocannizzaro.com.br
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