Para começo de conversa, vamos deixar de lado essa
mania politicamente correta de chamar negro de afrodescendente e gordo de obeso.
Por acaso isso vai mudar a cor de nascimento de uns e o perfil abdominal de
outros?
Velho é velho.
Chamar de idoso é eufemismo inútil.
Idiotice
legal.
O fenômeno do envelhecimento
sempre me intrigou.
Como justificar a perda de altura e aumento da cintura?
Por
que os cabelos rareiam na cabeça e se mudam para as orelhas, que parecem crescer
com o tempo?
Agora, com quase setenta
anos, acredito ter entendido a velhice e possuir experiência e credenciais para
falar sobre o assunto com conhecimento de causa.
Se tirarmos 10 cópias de um
mesmo documento ou foto originais, a qualidade será idêntica, quase um clone.
Mas, se formos tirando cópia de cópia, a qualidade vai se perdendo
gradativamente, até tornar-se um simples borrão.
Pois bem, a vida é dinâmica e
as nossas células estão continuamente morrendo e nascendo, em um processo de
renovação permanente até enquanto estamos dormindo.
A ciência afirma que, em
média, a cada dois anos todas as células do nosso corpo são substituídas, isto
é, a cada dois anos somos uma pessoa inteiramente nova, embora parecida com a
anterior.
Como já caminho para a minha
35ª cópia, agora fica mais fácil entender e aceitar a barriga maior e altura
menor, a flacidez que insiste em reduzir a tonicidade muscular, a prudência (ou
medo senil) que substitui a ousadia (ou temeridade juvenil).
Assim, procuro viver cada dia
da melhor maneira possível, sem me preocupar com a natural degradação de cópias
sucessivas.
Minhas armas para amenizar o processo são: comer a metade, andar o
dobro e rir o triplo.
Também resolvi não ficar velho, decretando que, para mim,
velha é aquela pessoa que tem 20 anos mais do que eu.
Como nada podemos fazer
diante do fenômeno natural do envelhecimento, uma vez que começamos a morrer a
partir do dia em que nascemos, resta-nos a compensação cívica de deixarmos um
legado de valores morais para as novas gerações.
Carpe
diem !
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