O
impulso religioso corta os céus e vem habitar o interior dos puros.
Ele é o
caminho que ainda poderá levar os homens ao encontro de sua verdadeira
morada, que é cósmica, interna e imaterial.
Quando
autêntico, esse impulso é a via mais direta e segura para o contato com os
níveis superiores.
Estando presente, inibe a atuação das forças dissuasivas,
pois vem do interior do homem.
Mesmo
com os grandes enganos produzidos pelo chamado campo religioso da Terra, é ainda
a religião - como sentimento, busca e necessidade de união com o espírito,
reconhecida em sua essência profunda e não como instituição formal - que oferece
a possibilidade de uma aproximação mais direta com a fonte de vida.
A
energia da devoção, da entrega ao supremo ser interior e à
vida por ele norteada ilumina o caminho que aproxima a consciência
à ideia arquetípica para o próprio ser e para o serviço universal que lhe
cabe realizar.
Nesse
contexto, é imprescindível que o indivíduo descubra e pratique a oração.
Conhecendo-a, perceberá que ela é a ponte entre o mais alto e o mais baixo.
A
partir desse reconhecimento, deverá dedicar-se à oração com amor e empenho - ela
é o caminho dos que seguem por regiões nunca antes percorridas.
A
oração é como o fio de prumo que possibilita às paredes de um templo serem
erguidas no correto alinhamento.
Ao desabrochar no calor de um
coração necessitado de luz, verte-se sobre ele como um manancial.
A oração leva o indivíduo a descobrir o que realmente sustém a vida, dando-lhe a
exata compreensão do significado das palavras "nem só de pão vive o
homem".
A
verdadeira oração é um mergulho no vazio e, ainda que aparentemente
contraditório, é também o ingresso num estado de plenitude que dissolve da
consciência os laços com situações humanas.
Essa plenitude esparge-se e
promove a ascensão de energias e seres que tenham potencial interno para
elevar-se além do ponto em que se encontram.
Restrito
e limitado se tornaria o trabalho de oração se a consciência que dele participa
se envolvesse com as reações dos corpos materiais.
Mais prejudicado ainda
ficaria se, numa luta vã, o ser buscasse vencer tais reações.
Se
a fé amainou o mar bravio para que sobre ele Jesus caminhasse, não poderia ela
curar o homem?
A
oração é um estado de coligação interior no qual existe apenas a busca da
verdade.
Nada do que é do mundo consegue penetrar esse estado de conexão,
no qual o ser se entrega à sua origem, à fonte, que acolhe o objeto de sua
criação.
Tal estado produz, nos planos internos, um substrato sobre o qual as
energias extraplanetárias podem ancorar e realizar assim o trabalho
transformador sobre a consciência dos homens e da Terra.
Isso é feito no
silêncio da entrega, da fé e da vigilância, estado que se projeta no mundo
exterior como silêncio de desejos, de pensamentos e de toda ação
supérflua.
Um
ser orante, religado à sua essência, pode estimular transformações em outro que,
imerso na obscuridade, esteja buscando a luz.
É um fogo vivo irradiando
clareza e lucidez para o planeta.
Principalmente nas fases de intenso conflito, como acontece atualmente na Terra, pelo menos alguns indivíduos deveriam dispor-se a equilibrar uma parcela do caos reinante através da oração, que é uma das tarefas que cabem aos que se abrem para sua consciência interna e para auxiliar a humanidade.
Trigueirinho
Palestras
do autor poderão ser ouvidas, gratuitamente, no site: www.irdin.org.br
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