HUMBERTO MENEGHIN
Quando achávamos que já tínhamos
visto tudo que se poderia imaginar em relação ao Yoga, na terra do tio Sam surge
mais uma nova e inusitada 'modalidade' de Yoga batizada doga, 'Yoga para cachorro'
[dog ('cachorro', em inglês)
+ yoga = doga].
Foi destaque na coluna Fashion & Style, do The New York Times,http://www.nytimes.com/2009/04/09/fashion/09fitness.html?em,
com o título Bonding With Their
Downward Facing Humans.
Segundo consta o doga combina massagem e meditação com leves
alongamentos para cachorros e seus donos.
Mas, até que ponto esse entrosamento
entre donos praticantes e seus fofinhos mascotes merece ser chamado
Yoga?
Animais de estimação, em especial o
dito melhor amigo do homem, são muitos saudáveis aos seres humanos, pois além da
companhia que fazem a seus donos, ajudam a diluir a solidão característica de
quem mora nas grandes cidades e, quem sabe até amenizam fragilidades
emocionais.
O afeto desinteressado entre um
animal de estimação e seu dono é algo de imenso valor.
Porém, não precisamos
chegar a ponto de utilizar o nome Yoga para designar uma ferramenta que possa
estreitar as relações entre donos e seus cães.
Isso já é esticar demais a
coleira.
Visualize você, então, uma aula
de doga.
Vários cães e seus
donos, em uma sala, em seus mats, orientados por um professor
especializado em doga, todos
executando asanas.
Como ficam os latidos, inquietações,
brigas entre cães e outras inconveniências? Provavelmente, os simpáticos
quadrúpedes sequer sabem o que é Yoga, qual a sua finalidade e por que motivo
estão lá se exercitando em asanas, sendo acariciados e
contemplados por seus donos.
Esta situação pode parecer engraçada
ou "fofa", vista desde dentro daquela proverbial banalidade fashion, mas penso que praticantes
sinceros, com todo direito, poderiam achar isso uma afronta.
Parece mais uma
nova forma de vender o Yoga, apelando para o liame emocional entre o dono e seu
animal de estimação.
Ainda, conforme se nota em algumas
fotos disponíveis na web,
podemos verificar que alguns inocentes e graciosos filhotes, em certos momentos,
estão servindo de apoio a seus donos enquanto executam asanas.
Percebe-se, também, que toda
a atenção do praticante, que idealmente deveria estar voltada ao asana, está toda concentrada em seu
animal de estimação.
Acreditamos que os chakras cardíacos, tanto do dono quanto de seu cão
estejam bem ativados naquele momento.
Porém, chamar isso de Yoga é forçar muito
as coisas.
O Yoga que conhecemos e praticamos
não se nutre desse propósito.
Se o praticante do yoga, dono de um animal de
estimação, seja cachorro, gato,hamster ou qualquer outro, sentir a necessidade de
durante a prática de asana inserir a companhia de um deles, esteja
consciente e note que o verdadeiro Yoga não está sendo praticando, mas sim uma
troca de carícias e afeto.
O doga jamais poderá ser considerado uma nova
'modalidade' de Yoga, pois que, não visa moksha, a libertação, e sequer
possibilita o crescimento do animalzinho como yogi consciente.
Se o adho mukha svanasana, a postura do
cachorro olhando para baixo, e suas variações, tiverem como inspiração um
movimento natural de alongamento feito por um cachorro em um determinado momento
e um yogi do passado adotou esse movimento como mais
um asana, poderemos considerar
essa como uma contribuição que o melhor amigo do homem deu ao Yoga.
E, por isso,
somos gratos.
Harih Om!
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