segunda-feira, 5 de novembro de 2012

As Testemunhas de Jeová – 1ª parte

 

 
Uma dupla de religiosos muito educados, gentis e bem-vestidos bate a sua porta ou lhe aborda na rua. Eles pedem um pouco do seu tempo para falar sobre a Bíblia.
Avisam-lhe que o mundo como o conhecemos está prestes a findar, pelas mãos de deus, e que há esperança de vida eterna num paraíso terrestre para todos que fizerem a sua vontade.
Eles causam-lhe encanto com seus folhetos e revistas com imagens atraentes de cenários perfeitos. Eles se oferecem para dirigir-lhe um estudo bíblico.
Eles são Testemunhas de Jeová.

Muito provavelmente você já passou pela situação descrita acima – ou vai passar por ela.
As Testemunhas de Jeová já são um grupo religioso de muita fama ao redor do mundo, e já são contados aos milhões.
Uma de suas publicações, conhecida nos países de língua portuguesa como A Sentinela, é a revista mais traduzida do mundo.
Eles são bastante conhecidos por seu repúdio à transfusões sanguíneas e pelo seu excessivo proselitismo.
Perseguidas em alguns lugares do mundo, as Testemunhas de Jeová, lideradas pela Watch Tower Bible and Tract Society, guardam uma história cheia de conturbações que remonta a movimentos religiosos do fim do século XIX, e que não está nos livros e revistas delas.
Hoje essa história ganha destaque especial no Historiae Religionis.



A história das Testemunhas de Jeová começa com Charles Taze Russell, nascido em 16 de Fevereiro de 1852 em Pittsburgh, na Pennsylvania. Russell era de família presbiteriana, sendo seus pais Joseph L. Russell e Ann Eliza Birney Russell, irlandeses imigrantes que se estabeleceram nos EUA em 1846. Foi sócio do pai em um negócio de confecções, e chegou a ampliá-lo, dando origem a uma rede de lojas chamada J.L. Russell & Son.

Aos 16 anos, quando fazia parte da Igreja Congregacional, começou a perder a fé e a crença nas doutrinas da igreja, na Bíblia e até em deus.
Russell não aceitava os ensinos eclesiásticos sobre o Inferno, e sua ineficácia na conversão dos incrédulos de suas convicções acabou por imergí-lo no ceticismo.
Quanto à existência do Inferno, disse:

“Um Deus que usasse seu poder para criar a seres humanos cujos quais tivesse pré-conhecido e predestinado que teriam de ser atormentados eternamente não poderia ser sábio, justo nem amoroso. Guiar-se-ia por uma norma inferior à de muitos homens.”

Tempos depois se encontrou pela primeira vez com Jonas Wendell, um pregador do Segundo Adventismo cujas crenças passaram a influenciar sua teologia.

Ao que parece, por acidente uma noite entrei em um sujo e polvoriento salão onde sabia que se celebravam serviços religiosos, para ver se o punhado de pessoas que se reunia ali oferecia algo mais sensato que os credos das principais igrejas.
Ali escutei pela primeira vez algumas das crenças dos segundoadventistas [Igreja da Chegada de Cristo]; o predicador era o Sr. Jonas Wendell [...].
Portanto, reconheço-me em dívida com os adventistas, bem como com outras confissões.
Ainda que a apresentação bíblica que fez não foi muito clara, [...] bastou-me, com a guia de Deus, para recuperar a fé, vacilante então, na inspiração divina da Bíblia e para mostrar-me que os escritos dos apóstolos e os profetas eram inseparáveis.
O que ouvi me enviou à Bíblia a estudar com mais fixação e detenimento como nunca antes, e sempre agradecer-lhe-ei ao Senhor essa guia; pois ainda que o adventismo não me tenha levado a nenhuma verdade particular, me ajudou muito a me desfazer de erros e assim me preparou para a verdade.” – Russell

Russell passou então a estudar a Bíblia com os adventistas e sob a ótica destes, especialmente George Stetson, ministro da Igreja Cristã do Advento, e George Storrs, editor do Bible Examiner.
De George Storrs ele absorveu a crença na mortalidade da alma, que a cristandade constitui a Grande Babilônia e que haveria uma ressurreição universal num futuro próximo.

Iniciou um grupo de estudos bíblicos que passou a liderar e cujas reuniões tornaram-se regulares.
Neste grupo faziam-se estudos cruzados de textos bíblicos diversos num sistema em que alguém lançava um questionamento, eles o discutiam, buscavam todos os textos que tratassem do assunto e, depois de compará-los e convencerem-se de sua harmonia, anotavam suas conclusões.

Em Janeiro de 1876, Russell recebeu pela primeira vez uma cópia da revista adventista The Herald of the Morning, publicada por Nelson H. Barbour, um profeta adventista de Rochester, Nova Iorque. Russell sentiu-se atraído pela convicção de Nelson Barbour de que Jesus Cristo havia retornado invisivelmente a Terra em 1874, uma parte da doutrina que vinha servir para abafar o fracasso dos adventistas em prever o fim-do-mundo para aquele ano.

Essa idéia, contudo, não era bem aceita pelo público leitor, e a revista começou a declinar financeiramente.
No verão de 1876 Russell financiou a viagem de Barbour a Filadélfia, onde se encontraram e puderam discutir questões teológicas e o futuro da revista.
Russell passou então a contribuir com artigos e doações em dinheiro à revista, vindo a tornar-se Editor Assistente.
Charles Russell e Nelson Barbour acreditavam que a volta de Cristo em 1874 seria sucedida pelo arrebatamento na primavera de 1878.
Na data marcada para o arrebatamento, vários seguidores de Russell vestiram-se de túnicas brancas e reuniram-se na ponte de Pittsburgh, esperando o encontro com Jesus Cristo.

Depois de passado esse tempo e nada ter ocorrido, Barbour começou a lançar novas especulações, das quais Russell discordava e contra as quais incitou rejeição por parte de outros membros da revista. Em meio a esse desentendimento, Russell decidiu publicar sua própria revista, a qual chamou de Zion’s Watch Tower and Herald of Christ’s Presence (Torre de Vigia de Sião e Arauto da Presença de Cristo – atual A Sentinela), tendo lançado sua primeira edição em Julho de 1879.
A revista de Russell dedicava-se a refutar vários argumentos da The Herald of the Morning, ainda que, no princípio, contasse com a mesma lista de subscritores da revista rival.

Russell já não considerava a si mesmo um adventista, embora ainda achasse que Nelson Barbour fora um instrumento escolhido por deus.
Deixou sua vida como próspero comerciante de roupas e passou a dedicar-se inteiramente ao serviço religioso e à edição da revista, concentrando sua fortuna de 250 mil dólares nesse intento.
Ele estava convicto de que o “Tempo do Fim” havia se iniciado em 1799, que Jesus havia retornado invisivelmente em 1874 e que o Apocalipse aconteceria em 1914.
Estava cheio de esperança e da certeza de que essas datas proféticas haviam lhe sido reveladas por deus.

Em 1882, quando John H. Paton, um adventista trinitarista que contribuía na Zion’s Watch Tower, deixou a revista, Russell começou a escrever contra a doutrina da trindade.
Ele também chegou a publicar uma série de livros intitulada Estudo das Escrituras, que considerava indispensável ao estudo da Bíblia, advertindo que o desuso de tais livros poderia imergir os estudantes da Bíblia em uma “escuridão espiritual”.
Em 1903, após vários problemas conjugais, Russell e sua esposa, Maria Frances Russell, divorciaram-se.
Após perder o processo judicial do divórcio, Russell foi obrigado a pagar pensão à ex-mulher, ao que se negou.
Em receio de ter seus bens embargados, transferiu a sede da Watch Tower de Pittsburgh para Brooklyn, em Nova Iorque.

Russell passou a ensinar que a Pirâmide de Gizé, no Egito, fora projetada e instituída por deus, sendo sua segunda testemunha (a “testemunha de pedra”), ao lado da Bíblia.
Essa crença advinha da influência do astrônomo Piazzi Smyth e do pastor luterano Joseph A. Seiss. As datas proféticas se originavam, segundo Russell, de medidas do interior das passagens da pirâmide.

Suas medidas indicam a duração do ano, o peso da Terra, a distância até o Sol, etc.” – Russell

Em suas viagens pelos EUA, Russell ajuntava seguidores convictos da idéia de que o Apocalipse ocorreria em 1914.
Pregou dezenas de milhares de sermões e vendeu milhões de suas publicações impressas.
Persuadia seus seguidores a crer que ele era o “servo fiel e sábio” descrito em Mateus 24:45.
Em 1913, Russell foi acusado de vender um suposto trigo milagroso a 1 dólar por libra.

Ao perder o processo, foi obrigado a devolver o dinheiro.
Foi pedido um prazo de um ano para a devolução do dinheiro, ao que nenhum comprador solicitou devolução.
O jornal The Brooklyn Daily Eagle noticiou o caso, e chegou a ser processado por Russell:

Os experientes do Governo têm testemunhado sobre o trigo milagroso e têm deixado claro, mas lá de toda dúvida razoável, que nem é milagroso nem é demasiado bom.
O Eagle atreve-se a declarar que as provas demonstrassem que as atividades do culto religioso do Pastor Russell são lucrativas.”
Se o Pastor Russell pode fazer um dólar com meio kilograma do trigo milagroso, quanto tivesse podido fazer vendendo ações e bônus de ouro como diretor no velho Banco a União?

Os ensinos de Russell caíram no interesse de muitos pastores cristãos, cujos quais começaram a fazer diversas análises sobre sua teologia.
O reverendo J. J. Ross declarou em um folheto seu:

[Russell] Nunca assistiu às escolas de educação avançada; não sabe quase nada de filosofia, teologia sistêmica ou histórica; e é completamente ignorante dos idiomas [bíblicos, como o hebreu e grego].

Ross chegou à conclusão de que a doutrina de Russell era “anti-racional, anti-científica, anti-bíblica, [e] anti-cristiana”.
Russell começou a tentar barrar a distribuição desse tipo de material danoso a sua imagem.
Por fim, acabou reconhecendo como verdadeiras as acusações do reverendo Ross.
Quando o ano de 1914 finalmente chegou, a ânsia pelos acontecimentos divinos era grande.

O tempo previsto para isso, contudo, passou em branco, e Russell tratou então de atrasar a data para 1915.
Passado esse período, a data do “fim” foi profetizada para 1918, ano que Russell não passou em vida, tendo falecido em 31 de Outubro de 1916, desapontado pelo fracasso de suas profecias. Russell foi enterrado no Rosemont United Cemetery, em Pittsburgh, e em seu túmulo foi erigida uma pirâmide marcada pela cruz envolta pela coroa, símbolo que lhe era de grande apreço.

Uma verdade apresentada pelo próprio Satanás é tão verdadeira como a verdade enunciada por Deus. [...] Aceite a verdade onde quer que você a encontre, não importa o que ela contradiga.” – Russell

O impasse na Watch Tower

As instruções deixadas por Russell indicavam que o novo presidente da Watch Tower dividiria o poder com uma comissão editorial e com a diretoria que o próprio Russell havia nomeada de maneira vitalícia.
Ele esperava que sua posição de porta-voz para seus seguidores, os Estudantes da Bíblia, fosse assumida por uma liderança coletiva, e deixou ordem de que a The Watch Tower ficasse sob o poder de uma comissão editorial de cinco pessoas, dentre as quais pelos menos três deveriam aprovar o que quer que fosse que se intencionasse publicar na revista.
O advogado de Russell, Joseph Franklin Rutherford, contudo, logo se opôs a isso, e começou a concentrar em suas mãos o poder de diligência da organização.

Joseph Franklin Rutherford nasceu em 8 de Novembro de 1869 no Missouri e foi criado por pais batistas. Teve uma vida difícil e foi obrigado a trabalhar muito, chegando quase ao estado de pobreza. Conseguiu formar-se em Direito e passou nos exames de advocacia em 1892.
Chegou a servir como juiz substituto e foi advogado de Russell enquanto este último foi presidente da Watchtower.

Rutherford tinha um forte sentimento de repulsa e ódio pelo alto comércio e pelos políticos.
Tinha um temperamento difícil, era bastante mal-humorado e explosivo e costumava se exaltar com facilidade, além de ter problemas com o alcoolismo.
Justificava a oposição que muitos tinham por ele como sendo algo originado do Diabo.
Rutherford conheceu os Estudantes da Bíblia em 1894, e foi batizado como tal em 1906, tornando-se peregrino logo em seguida.

Enquanto advogado de Russell, enfrentou várias batalhas judiciais em favor de seu cliente. Defendeu publicamente as doutrinas dos Estudantes da Bíblia em debate e fez grande apologia aos ensinos de Russell em sua obra A Great Battle in the Ecclesiastical Heavens, lançada em 1915.
Após a morte de Russell, Rutherford não foi nomeado para a comissão editorial da The Watch Tower, tendo sido nomeado apenas como um dos cinco membros alternativos.

Contudo, Rutherford achava-se no direito de governar a Watch Tower de forma absolutista, ao invés de apenas administrar as decisões do corpo de diretores, como se lhe havia incumbido por seu cargo presidencial assumido dois meses após o falecimento de Russell.
Na época de sua eleição ele insistiu que os diretores aprovassem uma série de novos regulamentos que ampliavam o poder de autoridade dos membros da Watch Tower.

A eleição de Rutherford havia sido planejada e engendrada por Alexander H. Macmillan e William E. Van Amburgh.
Tendo sido eleito, ele buscou canalizar para si a reverência que os Estudantes da Bíblia tinham por Russell e deu início a sua conquista de uma presidência absoluta e despótica.
Começou a disputa entre Rutherford e os quatro diretores: Alfred I. Ritchie, Robert H. Hirsh, Isaac F. Hoskins, e Dennis Wright.
Em Janeiro do mesmo ano, Ritchie fora substituído na vice-presidência por Andrew N. Pierson.

O impasse começou a tomar forma quando Rutherford publicou o livro The Finished Mistery (sétimo volume de “Estudo das Escrituras”), tendo atropelado os direitos da diretoria e da comissão editorial ao lançar o livro partindo unicamente de sua própria autoridade.
Sobre o episódio o livro Jehovah’s Witnesses in the Divine Purpose, de 1959, declara em favor de Rutherford:

Ao meio-dia de 17 de Julho de 1917 este livro foi lançado no Refeitório de Betel. Tal como o Irmão Russell costumava fazer, o Irmão Rutherford ofereceu um exemplar deste livro a cada membro da família de Betel.
Foi um choque.
Completamente surpreendidos por este lançamento, os membros do corpo de diretores que se opunham aproveitaram-se imediatamente desta situação e fizeram disso um motivo para uma controvérsia de cinco horas sobre a administração dos assuntos da Sociedade.”

Ao lançar o livro, Rutherford ignorou tanto o poder e os direitos supervisivos dos diretores quanto do vice-presidente Andrew N. Pierson, valendo-se dos direitos que tinha como presidente da People’s Pulpit Association, ainda que essa fosse apenas uma subsidiária da Watch Tower, da qual recebia os fundos financeiros para suas operações.
Em Light After Darkness, que os quatro diretores e A. N. Pierson editaram, eles afirmaram:

Em primeiro lugar, nenhum dos Diretores que são falsamente acusados de serem ‘murmuradores’ sabia nada acerca da publicação do sétimo volume antes de este ter sido lançado.
Mais ainda, o assunto do sétimo volume estava completamente fora dos assuntos em discussão naquela ocasião.
Nenhum dos irmãos acusados de serem ‘murmuradores’ disse nada sobre o sétimo volume, nem tinham nenhum sentimento contra o volume.”

Joseph Franklin Rutherford, Alexander H. Macmillan, Clayton J. Woodworth e William E. Van Amburgh conspiraram contra a diretoria. Rutherford e Van Amburgh fizeram com que a inspeção aos livros da Watch Tower e as auditorias com respeito a tais publicações fossem proibidas.
Até mesmo o vice-presidente Pierson, que havia indicado Rutherford à presidência, fora proibido de ter acesso à edição das publicações.
Quanto a isto, Pierson declarou:

Nós nunca tivemos um relatório satisfatório do tesoureiro desde que tenho sido um diretor. Não sabemos qual é a situação do trust fund, nem qual é a situação da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados.
Quais são as relações financeiras entre a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados e a Associação do Púlpito do Povo?
Como é investido o trust fund?
Quais são os títulos de crédito?
Quanto rendem?

Paul S. L. Johnson, que havia trabalhado com Russell, disse que Rutherford foi cruel e cheio de ódio – a Watch Tower posteriormente passou a caluniar Johnson, e faz isso até hoje.

Em 27 de Julho de 1917, Johhson, Pierson e os diretores foram depostos e expulsos.
Sobre o fato, Pierson e os diretores declararam:

Na refeição do meio-dia, o Irmão Rutherford relatou à família de Betel que nós seríamos obrigados a deixar o lar de Betel ao meio-dia de segunda-feira.
Os irmãos então consideraram seu dever fazer uma declaração à Família.
O Irmão Rutherford desejava que a Família só ouvisse a declaração dele; mas nós insistimos, e um de nós disse que desejava ler uma carta do Irmão Pierson declarando que ele ‘tomaria posição a favor da antiga diretoria’.
O Irmão Rutherford recusou-se a deixar que a carta fosse lida e gritou que o Irmão Johnson tinha ido ver o Irmão Pierson e tinha deturpado o assunto para ele.
Depois de o Irmão Johnson ter negado isso firmemente, o Irmão Rutherford correu para ele e, usando força física, que quase levantou o irmão Johnson no ar, disse num acesso de fúria: ‘Você vai deixar esta casa antes da noite; se você não sair, será posto fora’.
Antes de anoitecer esta ameaça foi cumprida.
Os pertences pessoais do Irmão Johnson foram literalmente postos fora do Lar de Betel e foram colocados irmãos como vigias em várias portas para impedí-lo de entrar novamente na casa.”


Em seguida, Rutherford ordenou a Macmillan que chamasse a polícia para que Wright, Hoskins, Ritchie e Hirsh fossem expulsos dos escritórios da Watch Tower.
Em 31 de Julho, Rutherford e Macmillan utilizaram procurações dos acionistas da People’s Pulpit Association para promover uma votação que depôs Hirsh e Hoskins da diretoria dessa associação. Posteriormente a este cisma que pôs Rutherford no completo controle da Watch Tower, alguns grupos de Estudantes da Bíblia se desvencilharam da Sociedade e formaram novas seitas, como o Pastoral Bible Institute, o Laymen’s Home Missionary Society e os ‘Standfasters’.

Continua…

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