Dicionário da Mitologia Celta 2
GOBANNON
Deus do
fogo, espécie V. Gavannotz.
GOIBNIU
V. Cessa
ir.
GOV ANNON
Govannon é nome bretão; a forma irlandesa é Goibniu e significa
"ferreiro".
Este deus é o Vulcano das tribos celtas insulares; fornece armas aos
membros do clã e aos aliados.
Forjou a cervilheira que conferia a imortalidade.
Consideram-no, na Irlanda, o arquitecto das altas torres redondas c: das
primeiras igrejas cristãs.
GRAINNl?
Filha de
Cormac e esposa de Fionn ou Finn mac Cumhail; abandonou o esposo seduzida pelo
jovem e brilhante Diarmaid. -V. Fionn.
GWYDION
Deus
civilizador, dispensador dos benefícios e propagador das artes.
Suas aventuras
lembram as de Odin (Wotan-Woden), deus teutônico.
Nasceu misteriosamente de pais
mal conhecidos; ilustrou-se na eloqüência, na magia e na arte dos combates: foi
temível guerreiro.
Quando Gwydion perdeu seus filhos, pôs-se a criar seres
humanos, dando vida a vegetais.
Seu culto floresceu, sobretudo, no país de
Gales.
ICAUNO
Deus
tutelar de Yonne.
INDECH
Filho da
deusa Domnu; foi morto por Ogma.
ITH
Divindade do
Reino dos Mortos.
Junto com Bilé desembarcou na Irlanda e pôs fim ao poder dos
Dê Danann.
LEABHAR GABHALA
“Livro das Invasões" ou "Livro das Conquistas", obra onde vêm
relatadas as origens lendárias da Irlanda.
Nessa obra há narrações mitológicas
dos celtas de mistura com acontecimentos históricos e factos de evemerismo
cristianizado.
LLEU.
Lleu,
identificado com o deus irlandês Lugh ou Lug, é divIndade benfazeja. Quase nada
sabemos desse antigo deus. — V. Lug.
LLUD
Llud
ou Niidd ou Nuada (irlandês), filho de Dôn; é chamado HMão de Prata". Nessa
divindade encontram-se traços do Júpiter romano, o que nos faz crer tenha ela
sofrido o sincretismo comum a outras divindades. Llud deu seu nome à sua cidade
favorita, Caer Llud, que logo se tornou London (Londres); a colina de Ludgate,
em Londres, outra coisa não seria que o seu túmulo; a catedral de São Paulo, que
a coroa, ocupou o lugar onde se erguia um templo dedicado a este
deus.
LLYR
Llyr
é nome gaulês; conhecido, também, por Ler, designa o Oceano.
Seu sobrenome
Llediaith (" Meia-língua") deixa entrever que se compreende maIo que
diz.
Geoffroi de
Monmouth, nas suas Crônicas, o assimila a um antigo rei da Grã-Bretanha; e, pela
adjunção de minúcias sem dúvida pertencentes a fatos históricos, humanizou-se de
tal modo que veio a dar o Rei Lear de Sbakespeare.
Uyr, deus marinho,
teve dois filhos, Bron e Manannân, ambos mais famosos que o
pai.
LUG
Deus
irlandês, também conhecido por Lugh, chamado Lâhm-fhâda, HMão Longa"; era deus
benéfico.
A irradiação do seu semblante era tal que nenhum mortal podia olhar
para o seu rosto.
Era o senhor absoluto das artes, tanto das d.e paz como das de
guerra; davam-lhe o apelido Samhildânach, que poderíamos traduzir pelo grego
“politécnico”; ganhou fama como ferreiro, carpinteiro, poeta, harpista, campeão,
historiador e feiticeiro.
Encarnava todas as actividades da tribo.
Lug possufa
uma lança mágica que sozinha e por si mesma ia ferir o inimigo quando o deus era
ameaçado; seu arco era o Arco-1ris; na Irlanda chamavam .( e em alguns lugares
ainda usam a designação) a Via-Láctea de "Cadeia de
Lug".
LUXÓVIO
Deus tutelar das águas de Luxeuil; sua companheira era
Bricta.
MANANNAN
Filho de
Llyr; em gaulês seu nome era Manawydan ab Llyr, conhecido como bravo agricultor
e hábil sapateiro; às vezes entra em luta com divindades estrangeiras ou com as
divindades benéficas; construiu, com ossos humanos, a fortaleza de Annoeth
(península de Gower).
O Manannân mac Llyr,
irlandês, era um mágico temível; usava um capacete chamejante e sua couraça era
invulnerável; sua espada matava logo ao primeiro golpe, e possuía uma manto que
o tornava invisível; na terra, seu veloz ginete fendia os ares com a rapidez do
raio, e no mar, a barca que o copduzia vogava sem velas e sem remos para onde
ele quisesse.
Os marinheiros o invocavam sob o título de "Senhor dos Cabos" e
os mercadores pretendem que ele tenha fundado a sua corporação.
Foi rei de Man,
ilha, onde o seu túmulo gigantesco ainda hoje se pode ver, perto do castelo de
Peel.
Parece que tinha três pernas, fato testemunhado pelas armas da ilha que
ostentam as três pernas dispostas como os raios de uma roda. Chamavam-no,
também, Barr-Find, "Cabeça Branca"; tornou-se o piloto Barin que conduziu o Rei
Artur para Avallon.
MANANNAN MAC LLYR
V. o verbete anterior.
MEDB
Medb, que se
pronunciava, Meve, é a pérfida rainha que aparece no ciclo heróico de Ulster,
Cuchulainn; Shakespeare transformou-a na Rainha Mab, que aparece em Romeu e
Julieta (I, IV, 615):
Pelo que vejo, foste visitado
Pela Rainha Mab.
Ela é parteira
Entre as fadas; e é tão pequenina
Como a ágata do anel que
os conselheiros..."
O nome Mab, em welsh,
significa "criança"; Beaufort menciona a “Rainha Mag” como a rainha das fadas
Irlandesas. — V. Cuchulainn.
MENIR
Bloco de pedra mais alto que largo, assemelhando-se às vezes a um obelisco,
não(} talhado, plantado no solo.
Acredita-se que a erecção desses monumentos
atendia a fins religiosos, ainda que não esteja afastada a hipótese de sua
destinação ser funerária ou simplesmente comemorativa.
Os menires abundam no
solo francês, sobretudo na Bretanha; há também menires no oeste da Inglaterra,
na Irlanda e ao longo do litoral oeste da Europa.
Encontraram-se outros na
Africa e na Asia.
Os menires em círculo têm o nome de cromlechs.
Deriva a
palavra de men, "pedra" e hir "comprida", vocábulos
celtas..
MORRIGU
Morrigu
ou Morrigan (irlandês), "Rainha dos Fantasmas", era deusa da Guerra.
Aparecia
sob aspecto apavorante aos guerreiros e participava dos combates; não raro se
manifestava aos guerreiros antes de' estes partirem para a luta, onde seriam
vencidos ou vencedores.
Outras divindades sanguinárias e cruéis do panteão
celta, na realidade, par()'ce que são apenas encamações desta famosa Morrigu:
Badb, que se manifestava sob a figura de uma gralha; Macha, palavra que
significa "batalha" e Nemain, "pânico" ou, melhor,
"terror'.
NANTOSUELTA
Gênio ou divindade feminina, ligada ao deus Sucelo.
Seu nome
deriva de nanto, "vale".
NEMAUSUS
Deus tutelar da cidade de Nimes e génio da
fonte que abastecia essa cidade.
NEMETONA
Deusa guerreira, espécie de Belona, da qual nada se
sabe.
NIAMH
Niamh (pronuncia-se Nieve) era uma deusa-fada, filha de Manannân,
que aparece no ciclo de Ossian; levou o herói para o paraíso.
NUADA
Rei dos Tuatha Dê Danann.
No combate cortaram-lhe a mão e ele a
substituiu por uma de prata, donde o nome: "com a mão de prata".
Por causa dessa
mutilação foi obrigado a abdicar em favor de Bres; mas este, mais tarde, também
abdicou, e Nuada, novamente, subiu ao trono, pois sua mão lhe foi restituída
graças às habilidades de Miach, célebre feiticeiro filho de Diancecht, o qual,
por causa dessa operação, foi morto pelo pai, invejoso da sua
perícia.
OENGUS
Filho de Dagda. ~ o deus Cupido (deus do Amor) irlandês, irmão de
Brigit.
Os beijos de Oengus transformavam-se em pássaros que modulavam cantos
amorosos; qual outro Orfeu, quando tocava música, arrastava pós si todos aqueles
que a ouviam.
OGMA
Guerreiro que matou Indech.
ÓGMIOS
O
retor grego Luciano, no século 11 da nossa era, dedicou um pequeno
tratado "ao deus celta chamado Ógmios".
Diz ter visto a referida divindade
representada sob os traços de um ancião cheio de rugas e quase calvo, vestido
com pele de leão e munido duma formidável maça; por causa destes atributos,
identificou-o com Hércules (Héracles em grego).
Mas o poder desse Hércules celta
não está no vigor físico, mas sim na eloquência; de fato, representam-no com
cadeias que ligam sua língua às orelhas dos que o
ouvem.
Parece que o deus
Ógmios (não sabemos qual a forma exata celta deste nome) foi um herói
civilizador, deus da eloqüência e dos discursos persuasivos; na mitologia
irlandesa transformou-se no campeão Ogma (seria este seu nome primitivo, antes
de ser grecizado?), cuja espada, no curso da batalha de Mag Tured narra as
façanhas que levou a cabo; é o inventor dos caracteres ogâmicos (escrita dos
antigos povos gaélicos e escandinavos, principalmente do alfabeto dos
irlandeses; constava de linhas verticais ou oblíquas, acima ou abaixo da linha,
ou simplesmente cortando-a) e presidia, já como deus, à eloqüência;
acredita-se, pois, que Ógmios seja um avatar de um deus essencialmente celta.
Já os antigos romanos notavam o gosto que tinham os celtas pelos belos e bons
discursos.
OSSIAN
Filho de Finn, Ossian é a 'figura mais importante do chamado
ciclo feniano ou de Ossian.
Mas sua importância cresce de modo na série de
baladas pós-fenianas, nas quais as façanhas de seu pai são relatadas em forma de
diálogo entre Ossian e São Patrício, padroeiro cristão da
Irlanda.
Quando foi da
derrota de Gabhra, Ossian escapou graças à deusa-fada Niamh (q. v,), que o
conduziu na sua barca de vidro para Tir na n-Og, o paraíso céltico.
Ossian aí
passou 300 anos de deliciosa juventude, enquanto o mundo e os reinos mudavam e
se sucediam.
No fim desse tempo, saudoso do seu país natal, dos parentes e das
coisas humanas, quis retomar à face da terra.
Niarnh lhe confia a montaria
mágica que ela mesma usava, recomendando-Ihe insistentemente que não pusesse o
pé em terra; mas a correia rompe-se, a sela desliza e Ossian cai por terra;
quando se ergue, custosamente, é um ancião cego e
fraco.
As pretendidas
composições de Ossian gozaram de favor extraordinário no fim do século XVIII e
nos começos do XIX.
Ainda que fundadas em boas tradições gaélicas e imitadas de
diversas narrações em prosa devidas a autores desconhecidos, as Poesias
traduzidas de Ossian, filho de Fingal (aparecidas de 1760 a 1763), jamais foram
traduções, mas sim obras originais do pseudotradutor, o escocês James
Macpherson.
Suscitaram o entusiasmo de almas sensíveis e a ac;imiração dos mais
ilustres escritores românticos: Goethe, Herder, Mme de Stael, Chateaubríand,
Byron, Lamartine. ..Napoleão lia e relia Ossian. Mesmo quando começou a se
duvidar da origem das poesias de Ossian, não perderam de todo o valor.
O
introdutor do Romantismo no Brasil, José Bonifácio (e não Domingos de
Magalhães), lia sempre com renovado prazer as poesias de
Ossian.
Mas os nomes
primitivos, nessas poesias, estão desfigurados, e tomaram consonâncias poéticas,
a fim de corresponder aos "anseios da época romântica": Finn tornou-se Fingal,
Conor transforma-se em Caibar, Deidré em Darthula, Conlaoch em Carthon,
Cuchulainn em Clessamor, Aiffé em Moina...
PARTHOLON
Príncipe que veio da Grécia e colonizou a Irlanda.
PWYLL
nome
gaulês.
Esta divindade é aliada dos filhos de Llyr na sua luta contra os filhos
de Don.
Casou-se com Rhlannon (H Grande Rainha H) e teve um filho, Pryderi, que
o sucedeu enquanto reinava em Annwfn (o Além bretão).
Pwyll partilhou seu trono
no Reino das Sombras com Manawydan ab Llyr.
SETANTA
Nome
primitivo de Cuchulainn, (q. v.). SIDI -Sidi ou Aes Side, "Os habitantes da
colina", era um antigo nome irlandês para designar os deuses.
Sideoga,
diminutivo de Sidi, é o nome moderno das fadas.
SIRONA
Deusa de
natureza astral.
SMÉRTRIOS
Deus
gaulês que foi assimilado pelos romanos a Hércules.
Smértrios aparece no
monumento dos nautas parisienses combatendo com a serpente; é tudo o que dele
sabemos.
SUALTAM
Pai
putativo de Cuchulainn. Era um famoso profeta
SUCELOS
'Aquele
que bate fortemente", divindade que figura em vários monumentos, sob o aspecto
de homem cabeludo e barbudo, vestido com amplo manto apertado na cintura e
brandindo um malho ou martelo; seu outro atributo era um vaso para beber.
Este
mesmo deus, na Gália narbonense, se chamava Silvano, que é um deus típico dos
romanos (de silva, "floresta") e que presidia à vegetação em geral e às
florestas e bosques.
Sucelos andava associado à deusa Nantosuelta, deusa
puramente céltica.
A assimilação de
Sucelos a Silvano é um dos casos mais típicos da fusão religiosa
galo-romana..
Na região de Salzbach,
Sucelos estava associado à deusa Aeracura (nome que parece não ser gaulês),
representada com um corno da abundância (Cornucópia) e com um cesto cheio de
frutos.
TÁRANIS
Táranis, em irlandês Torann, "Aquele que Troveja, era o deus do Trovão, do Raio
e da Tempestade. Correspondia ao Júpiter latino.
É só o que dele
sabemos.
TEUTATES
Como seu nome indica, teuta, em gaulês touta e em irlandês tuath,
"tribo" ou "povo", era, ao menos no início, "deus da tribo", divindade tribal de
amplos poderes.
Era o deus principal dos celtas.
Outra hipótese pretende que
Teutates não é nome próprio individual mas um título ou nome genérico, como, por
exemplo, o de faraó, aplicado aos reis do Egito; efeti-: vamente, em inscrições
lê-se: Marti Toutati, "ao Marte-Toutates (ou Teutates)"; seria, nesse caso, um
deus gaulês paralelo ao Marte romano, isto é, deus da guerra ou divindade
guerreira.
Parece que cada tribo gaulesa tinha o seu próprio "Teutates", adorado
de modo diverso e com denominação diferente: Albiorix, "Rei do Mundo" (?),
Caturix. "Rei dos combates".
Lucetius, Aquele que brilha" (essa palavra é
genuinamente latina, de lux, lucis, Hluz"), Rigisamos, "Muito
real"...
Todas essas
designações são muito imprecisas, pois, na maioria dos casos, trata-se de nomes
latinos.
TOUTIORIX (ou Tutiorix)
Nome de Apolo.
Parece que a palavra significa "Rei Protetor";
.estava associado a Sirona, deusa de natureza astral.
Não sabemos qual a forma
primitiva do nome desse deus nem o seu caráter particular.
É provável que seja o
mesmo Borvo (Bormo ou Bormanus) ou Belenos: "Aquele que
Brilha".
TRICÉFALO
"Três Cabeças", nome que os mitológicos dão à figura que aparece em 32 efígies
recolhidas, principalmente, no nordeste da Gália.
Tricéfalo é uma
personagem com três cabeças ou com três rostos.
Numa estela encontrada em La
Malmaison, perto de Reims, o Tricéfalo domina o par divino formado por Mercúrio
e Rosmerta.
Explicam alguns
mitólogos, com fundadas razões, que essa personagem seja apenas uma
representação do deus que os romanos identificaram ao seu Mercúrio e do qual
nada sabemos; a multiplicação das cabeças seria o meio prático de aumentar o
poder da representação divina: é o princípio da "repetição de intensidade".
Com
efeito, vários deuses diferentes são às vezes dotados de três cabeças pelos
artistas gauleses; não raro triplicavam a própria pessoa divina, como é o caso
das Matres, deusas mães célticas, comumente anonimas, comumente adoradas com
Domes estritamente locais ou regionais; este carácter anónimo e este gosto pela
"trindade" fazem parte, parece, de antigos conceitos da velha religião celta,
da qual nada sabemos.
VOSEGO
Deus tutelar dos Vosges.
(Fonte: Autoria::”Dicionario de mitologia”, de
Tassilo Orpheu Spalding
http://amorceltadruida.blogspot.com.br
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