Escuta filha, vê e presta
atenção,
Esquece o teu povo e a casa de teu
pai.
De tua Beleza se encantará o
rei;
Ele é teu Senhor, inclina-te diante
dele!”
(Salmo 44)
Chiara Favarone di Offreduccio nasceu a 16
de julho de 1194, em Assis. Seu nome, dado pela mãe, é a sua carteira de
identidade: “Clara de nome, mais clara por sua vida e claríssima nas virtudes”
(1Cel 8 ).
Esta é a nossa Clara de Assis, Santa Clara, Mãe e Irmã, sopro do
Espírito, luz para os que buscam as trilhas do sagrado e a plenitude do humano!
Santa Clara morreu aos 11 de Agosto de 1253, no Convento de São Damião, aos
sessenta anos, apertando nas mãos e no coração a Regra de Vida aprovada por
Inocêncio IV, seu sonho, vocação e realização.
Aos dezoito anos, no
dia 19 de Março de 1212, junta-se a Francisco de Assis, na Igreja de Santa Maria
dos Anjos, a Porciúncula e, a partir dali, Assis e o mundo ganham um modo
fascinante e próprio de encarnar o Evangelho.
A gentil dama assisiense diz adeus
aos projetos da família biológica, às ofertas do mundo, à sua beleza e aos dotes
matrimoniais, à riqueza, ao palácio, castelo e nobreza, à presença na sociedade
de Assis, e vai, com sensibilidade e coragem indomável, seguir os caminhos do
Senhor numa nova família espiritual.
Esta escolha juvenil teve as marcas da
fidelidade por quarenta anos.
Na sua adolescência e
juventude, antes de seguir radicalmente o Evangelho e o jeito de Francisco,
Clara já acolhia, atendia, cuidava e nutria enfermos, pobres e leprosos.
Distribuía sorrisos, presença, sopa, ataduras e aquele modo feminino de aliviar
as misérias de então.
Uma mulher como ela, destinada às cortes e aos príncipes,
que encontra tempo para os que estão fora do status e da riqueza, só pode
inaugurar um virtuoso caminho que leva à santidade.
Esta mulher bela,
inteligente, amável, segura, piedosa e admirada, constrói no jeito natural de
sua juventude, a grande fundadora da Segunda Ordem, as Damas Pobres, as Reclusas
de São Damião, as Damianitas, enfim as Clarissas.
Quem tem uma vida concreta
arrasta atrás de si seguidoras: Inês e Beatriz, suas irmãs de sangue, sua mãe
Ortolana, cinqüenta Irmãs naquele primeiro Mosteiro de Assis e tantíssimas Irmãs
Clarissas espalhadas pelo mundo.
Quem são as Clarissas?
Vamos buscar a resposta
nas Fontes primitivas:
O biógrafo medieval,
Tomás de Celano, assim diz: “Este é aquele feliz e santo lugar em que, decorrido
já o espaço de quase seis anos da conversão do bem-aventurado Francisco, teve
feliz início, por intermédio do mesmo homem bem-aventurado, a gloriosa Religião
e excelentíssima Ordem das Damas Pobres e virgens santas; neste lugar, viveu a
Senhora Clara, oriunda da cidade de Assis, pedra preciosa e fortíssima,
fundamento de outras pedras sobrepostas. (...)
Ela foi posta como proveito para
muitas e, como exemplo, para inúmeras.
Nobre pela estirpe, mais nobre pela
graça; virgem no corpo, castíssima no espírito; jovem na idade, mas madura no
espírito; firme no propósito e ardentíssima no desejo do amor divino; dotada de
sabedoria e de especial humildade.(...)
Sobre ela ergueu-se a nobre estrutura de
preciosíssimas pérolas, cujo louvor provém não dos homens, mas de Deus (Rm2,29),
visto que nem a limitada faculdade de pensar é capaz de meditá-la, nem a concisa
linguagem é capaz de explicá-la.
Pois, antes de tudo, vigora entre elas a
especial virtude da mútua e contínua caridade que de tal forma une as vontades
delas que, morando juntas quarenta ou cinquenta no mesmo lugar, o mesmo querer e
o mesmo não querer fizeram nelas de diversos um único espírito.
Em segundo
lugar, em cada uma brilha a gema da humildade que de tal modo conserva os dons
concedidos e os bens recebidos dos céus que merecem as demais virtudes.
Em
terceiro lugar, o lírio da virgindade e da castidade de tal maneira asperge
todas com admirável odor que, esquecidas dos pensamentos terrenos, elas desejam
meditar unicamente os celestes, e de fragrância dele nasce tão grande amor para
com o Esposo eterno nos corações delas que a integridade deste sagrado afeto
exclui delas todo costume da vida anterior.
Em quarto lugar, todas foram
marcadas pelo título da altíssima pobreza a ponto de mal ou nunca consentirem em
satisfazer a extrema necessidade do alimento e da veste” (1Cel 8,
18-19).
Juntemos a esta
precisa descrição de Celano a verdade de que Clara e suas filhas tem a coragem
de centrar toda a energia do amor no Único Esposo, um amor incondicional, um
amor de intimidade; que encontram na oração e na contemplação os canais mais
convergentes para o Divino; na quietude e na solicitude, na fraternidade e na
atividade, na minoridade e na benignidade, a tarefa de amar e
servir.
Clara e Irmãs
Clarissas, tronco da mesma raiz, flores femininas da mesma planta; missionárias
da prece, comunhão eclesial, guardiãs do melhor que o Carisma tem: revelação,
inspiração, reconstrução.
Elas cuidam do manancial de onde brota a nossa vida
evangélica franciscana, água viva com sabor clariano, que não podemos deixar de
beber.
Na Festa de Santa Clara vamos pedir a bênção para a
Mãe!
Fonte Frei
Vitório Mazzuco Filho: http://carismafranciscano.blogspot.com/
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