segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Além do que podemos carregar



Ouvimos, como motivação ou intenção de consolo, talvez mesmo um pequeno raio de esperança, que Deus não nos dá a carga além da que podemos carregar.

É assim que suportamos, passo a passo, os fardos que chegam a nós e as misérias que ouvimos, previstas há séculos, às quais recebemos sempre como algo surpreendentemente novo e assustador.

Não sabemos como vai ser o amanhã, mas nos sabemos cabeças nuas e sujeitas ao que vier. Não estamos preparados para a dor e desolação e jamais estaremos.

Pés calejados não suportam melhor os calçados apertados.

É assim que, mesmo "preparados" mal suportamos as cargas e com lágrimas as carregamos.

Sobrevivemos a elas e os que não sobrevivem é por que os limites foram atingidos.

Se a dor vence a força é porque a paz estava no descanso eterno.

Compreendemos mal essas verdades; vivemos mal essas verdades e se não aceitamos, aprendemos o que significa a resignação.

Grandes tragédias sempre existiram.

Guerras, enchentes, terremotos, pragas e pestes, cidades inteiras destruídas já são citadas no Antigo Testamento... o que é diferente nos dias atuais são os meios de comunicação que tornam tudo imediatamente acessível, aos ouvidos e olhos.

Se não sabemos, não sofremos; se sabemos e não vemos, sofremos menos.

Nosso amor a Deus não pode ser condicional ao que vivemos, por que o amor dEle não é condicional ao que oferecemos.

Isso não é uma palavra de consolo, nem uma pequena luz de esperança para o dia de amanhã, mas uma verdade que nos conduzirá ao sentimento de paz e à vida eterna.

Se as cargas são por demais pesadas e aparentemente insuportáveis e continuamos de pé é que ainda temos um caminho pela frente, para viver e estender a mão aos que carregam cruzes mais pesadas que as nossas.


Letícia Thompson

Nenhum comentário:

Postar um comentário