terça-feira, 8 de novembro de 2011

Você ama demais?



No amor maduro e real, não existe dependência, defende psicanalista

Estou certo de que todos, ao lerem o título, dirão que sim.
Que amam, que se entregam de corpo e alma.
E é disso que falo: o cuidado que devemos ter no amor.

Amar, decerto, é compromisso, entrega, mas não podemos ultrapassar os limites do ser amado, nem deixar que ele ultrapasse os nossos.
No relacionamento saudável, há uma troca, um compartilhamento, uma cumplicidade feliz.
Cada um é cada um.
Não existe "metade da laranja", nem "alma gêmea".

No amor maduro e real, não há duas metades se relacionando, mas duas pessoas, com suas próprias idéias, gostos e personalidades.
Dois seres distintos que se unem por prazer e escolha.
Não há sofrimento.

Para saber se você está vivendo um amor de verdade, basta sentir seu coração, sua alma. Você está feliz?
Não?
Então, não está amando nem sendo amado.
Você vive os dias pensando no ser amado?
Espera com, ansiedade o telefone tocar?
Conta os minutos para o próximo encontro?
Isso não é amor.
É dependência, e faz sofrer muito.

O amor de verdade é sereno, faz bem à alma.
Quando você ama de fato, não esquece seus amigos, seus hobbies ou o seu trabalho.
Tudo é compartimentado, tem seu lugar na sua vida.
Você se nutre um pouco de tudo e seu companheiro ou companheira vem acrescentar.
Você o(a) escolheu, mas não precisa dele(a).

Precisar não é amar.
Canções nos incutiram por décadas a idéia de que amar é sofrer, chorar, sentir saudades e ciúmes.
Essa visão não condiz com o verdadeiro amor e sim, com a falsa idéia do que é amor. Traduzindo, trata-se de dependência, e esta é um vício, uma doença a ser devidamente tratada.

Há que se atentar para outro detalhe muito importante: você é correspondida(o)? Recebe carinho, atenção, respeito, admiração na mesma intensidade?
Ou seu amor é do tipo desligado, sempre ocupado para você?
Se for assim, cuidado.
Você está entrando em terreno perigoso e devastador.
Querer quem não nos quer é sofrimento certo, perda de um tempo precioso.
E nem pense em mudar seu amado(a) se tem esta intenção, vai sofrer uma grande frustração.
Provavelmente você vem de uma família na qual cresceu uma criança ávida pelo amor do pai ou da mãe.
Ou ainda, sofreu abusos ou repressão, trazendo dentro de si uma criança assustada e triste.

Portanto, preste muita atenção: se amar para você é uma escolha, está no caminho certo.
Mas se você precisa de alguém para amar, alguma coisa está fora do lugar.
O melhor "norte" para seu caminho é o auto conhecimento.
Entretanto, se você está confusa(o) e já não sabe mais se ama ou se precisa, se está apaixonada(o) ou dependente, misturando tudo no caldeirão de suas emoções, é hora de procurar ajuda, pois você tem o direito e o dever de ser feliz.
Não dependa.



*Paulo Plaisant é Psicanalista com formação pelo Centro Avançado de Psicologia de MG, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise e da Sociedad Iberoamericana de Derecho Medico-Uruguay.

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