quarta-feira, 14 de setembro de 2011

SETEMBRO, MÊS DA BÍBLIA



Pe. Lucas de Paula Almeida
Porque Setembro é o mes da Bíblia?

Por causa do aniversariante São Jerônimo, dia 30 de setembro, autor no Século IV da tradução latina da Bíblia, e grande estudioso e apaixonado pela Sagrada escritura.

Chegou setembro anunciando a chegada da primavera, cheia de vida e de flores.

E setembro traz para a Igreja a celebração do mês da Bíblia, essa Bíblia que é toda ela um jardim florido com as flores de Deus.

Desde a majestosa simplicidade da História dos Primórdios nos primeiros capítulos do Gênesis, a vocação de Abraão, a era dos patriarcas, o Êxodo, dominado pela figura empolgante de Moisés, e a grande gesta do deserto, das maravilhas de Deus, da Aliança do Sinai.

Depois, os juizes e os reis, com as figuras inexcedíveis de Davi e Salomão.

E a divisão do povo em dois reinos: O de Judá e de Israel.

O Exílio na Babilônia e a volta e a recomposição.

Tudo isso iluminado pela Palavra dos profetas, que iam mostrando o sentido das coisas de Deus para além das vicissitudes das guerras e do domínio da terra.

E tudo cantado em canções de louvor, de súplica e às vezes de dor e contrição.

São os Salmos, cuja poesia não é superada por nenhuma poesia humana.

Depois vem o Novo Testamento, quando Deus, "depois de ter falado mil vezes e de diversos modos aos Pais pelos profetas, falou definitivamente no filho a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual fez os séculos" (Hb 1,1s).

Nada mais sábio nem mais santo do que o livro do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, nas quatro redações dos sinóticos e de São João, continuando depois como que num eco de vida e de eficácia no Livro dos Atos dos Apóstolos e nas cartas de São Paulo e de outros apóstolos, terminando com o Apocalipse, que é um cântico de vitória e de esperança.

Na Bíblia, Deus nos revela através de palavras e de acontecimentos intimamente entrelaçados, de tal sorte que as obras ajudam a manifestar e confirmar os ensinamentos e realidades significadas pelas palavras; e estas, por sua vez, proclamam as obras e elucidam o mistério nelas contido (cfr DV 2/162).

E Deus se serve de autores humanos, por Ele inspirados e de linguagem humana e até dos gêneros literários usados em cada época para nos manifestar a sua verdade.

É o que São João Crisóstomo chamou de "Divina Condescendência".

Deus desce até nós.

Fica perto de nós.

A Bíblia mais do que um livro, se poderia dizer uma carta cheia de ternura de um pai que se comunica com seus filhos.

A Igreja - como nem poderia deixar de ser - tem a maior estima com a Bíblia .

E nela "escuta religiosamente a palavra de Deus, santamente a guarda e fielmente a expõe" (Ibid. 10/176).

E, para que realmente possa ser fiel a sua exposição da palavra de Deus ao seu povo, encoraja e oriente uma multidão de estudiosos, de peritos e de exegetas, que nos ajudam a entender bem hoje de livros que foram escritos há tantos séculos e traduzidos e transcritos em infinitas cópias.

Esses homens doutos realizam como que um trabalho preparatório para que possa amadurecer convenientemente o julgamento da Igreja.

Eles tem consciência de que a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada naquele mesmo Espírito em que foi escrita e, para isso, tem presente o conteúdo e a unidade de toda a Escritura, levando em conta a tradição viva da Igreja e a analogia da fé.

O Mês da Bíblia há de nos ajudar a nos familiarizarmos sempre mais com o texto sagrado, não só pela leitura que deles se faz na liturgia, mas em nossas leituras e meditações pessoais ou nos círculos Bíblicos e grupos de reflexão que hoje fazem crescer tanto a Igreja, alimentada com a Palavra de Deus.

E seria muito importante nos lembrarmos de que o Espírito não só inspirou os autores sagrados para que escrevessem os livros, mas continua de algum modo misterioso a inspirar a Igreja e os fiéis, quando lemos esses livros.

Por isso mesmo, não se lê a Sagrada Escritura apenas por uma curiosidade científica ou para deleite estético.

É um falar com Deus.

Lembramo-nos de que assim se estabelece colóquio entre Deus e o homem, uma vez que " A Ele falamos quando rezamos e a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos"

(Santo Ambrósio , apud DV 25/196).

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