sexta-feira, 23 de julho de 2010

EMOÇÕES E DOENÇAS


Pretendemos aqui, tão somente compartilhar com nossos amigos, algumas idéias sobre as emoções e sua influência na saúde e/ou na doença, dado o número expressivo de casos que surgem envolvendo essas variáveis.

Do ponto de vista psicológico, existem emoções naturais e fisiológicas que aparecem em todas as pessoas com um importante substrato biológico e essas emoções atuam como poderosos motivadores da conduta humana.

Elas podem ser a alegria, o medo, a ansiedade ou a raiva, entre outras.
Essas emoções são agradáveis ou desagradáveis, mobilizam as pessoas para a atividade e tomam parte na comunicação interpessoal.

Não obstante, as emoções podem ter um importante papel no bem estar psicológico ou nos estados doentios, influindo sobre a saúde e sobre a doença.

O termo emoções negativas se refere às emoções que produzem uma experiência emocional desagradável, como a ansiedade, a raiva e a tristeza, estas, consideradas as três emoções negativas mais importantes.

As emoções positivas são aquelas que geram uma experiência agradável, como a alegria, a felicidade ou o amor.

Hoje em dia há dados suficientes para que se possa afirmar que as emoções positivas potencializam a saúde, enquanto as emoções negativas tendem a comprometê-la.

Por exemplo, em períodos de estresse, quando as pessoas desenvolvem muitas reações emocionais negativas, é mais provável que surjam certas doenças relacionadas com o sistema imunológico, como por exemplo, a gripe, herpes, diarréias, ou outras infecções ocasionadas por vírus oportunistas.

Em contra partida, o bom humor, o riso, a felicidade, ajudam a manter e/ou recuperar a saúde.

Dentro das emoções negativas, uma das reações emocionais que mais se tem estudado é a ansiedade, que é um estado emocional associado a múltiplos transtornos.

Uma outra emoção negativa que está sendo muito estudada é a raiva, por sua estreita relação com os transtornos cardiovasculares.

Finalmente, a tristeza e sua representação psicopatológica, a depressão, pelo fato desta ser acompanhada, em geral, de altos níveis de ansiedade.

Tais recursos teriam como objetivo o enfrentamento das possíveis conseqüências negativas.
Apesar da ansiedade ser uma emoção natural, de caráter adaptativo, quando excessiva ela pode estar na base de muitos processos que podem levar à doença.

Quando uma pessoa experimenta altos níveis de ansiedade, durante tempo prolongado, seu bem estar psicológico se encontra seriamente prejudicado, seu sistema fisiológico pode se alterar por excesso de solicitação, seu sistema imunológico pode ser incapaz de defender seu organismo, seus processos cognitivos podem ser prejudicados, provocando uma diminuição do rendimento e, finalmente, a evitação das situações que provocam essas reações ansiosas pode comprometer sua vida sócio-ocupacional, como por exemplo, o rendimento intelectual nos exames ou em outras situações de avaliação pode deteriorar-se.

Existem indivíduos que se congratulam por saberem "controlar" as emoções, mas, o fato de não se comportarem de acordo com esses sentimentos negativos não significa que não os estão experimentando.

Pois, mesmo controlando as reações de ansiedade, pode haver níveis elevados da ativação fisiológica global, de alterações do sistema nervoso autônomo, de mudanças no sistema imune, etc.

Ao invés de se imunizarem contra as emoções negativas, que seria o ideal, as pessoas que se dizem "controladas", podem não estar reconhecendo os estados emocionais negativos que estão experimentando, dissimulando a raiva, a ansiedade, o medo ou a tristeza.

As tentativas de dissimular essas emoções negativas nem sempre tem êxito, pois algumas pessoas que aparentam uma certa tranqüilidade podem estar desenvolvendo uma alta reatividade fisiológica.

São pessoas obrigadas, pelo papel social que desempenham, a dissimular sentimentos dia e noite, mas nem por isso significa que não estão, intimamente, experimentando tais emoções.

Uma ampla variedade de transtornos psicossomáticos pode estar associada à ansiedade, entre eles os transtornos cardiovasculares, digestivos, as cefaléias, a síndrome pré-menstrual, a asma, transtornos dermatológicos, transtornos sexuais, a dependência química, os transtornos da alimentação, debilidade do sistema imune etc.

As classificações tradicionais de tais transtornos acabam perdendo o valor, com o crescente reconhecimento da implicação de fatores psicológicos ou emocionais no desencadeamento e/ou agravamento da maioria das enfermidades orgânicas, porque quanto mais avançam os meios de investigação da patologia, mais se evidencia relevância dos fatores psicológicos na etiologia e desenvolvimento de um grande número de doenças até então não consideradas como psicofisiológicas.

As emoções negativas podem determinar não apenas uma repercussão orgânica ou psicossomática, mas, sobretudo, uma repercussão psicoemocional.
Neste caso, o excesso de ansiedade poderia se traduzir por Transtornos de Ansiedade, com as seguintes manifestações clínicas da ansiedade patológica:

Ataque De Pânico: caracteriza-se por crise súbita de sintomas de apreensão, medo intenso ou terror, acompanhados habitualmente de sensação de morte iminente.
Aparecem também durante estes ataques, sintomas como palpitações, opressão ou mal estar torácico, sensação de sufocamento, medo de perder o controle, de ficar louco.

Agorafobia: caracteriza-se pelo aparecimento de ansiedade ou comportamento de evitação de lugares ou situações de onde escapar pode ser difícil ou complicado, ou ainda de onde seja impossível conseguir ajuda no caso de se passar mal.

Fobia Específica: caracteriza-se pela presença de ansiedade clinicamente significativa, como resposta à exposição a determinadas situações e/ou objetos específicos temidos irracionalmente, dando lugar a comportamentos de evitação.

Fobia Social: caracteriza-se pela presença de ansiedade clinicamente significativa como resposta a situações sociais ou atuações em público, e também podem dar lugar a comportamentos de evitação.

Transtorno Obsessivo-Compulsivo: caracteriza-se por obsessões que causam ansiedade e mal estar significativos, e/ou compulsões, cujo propósito é neutralizar a ansiedade. As obsessões são idéias involuntárias, recorrentes, persistentes, absurdas e geralmente desagradáveis que aparecem com grande freqüência sem que a pessoa possa evitá-las.
As compulsões são comportamentos repetitivos e litúrgicos que se realizam em forma de rituais.

Transtorno Por Estresse Pós-Traumático: caracteriza-se pela recorrência de experiências ou de acontecimentos altamente traumáticos, e comportamento de evitação dos estímulos relacionados com a situação vivida como traumática.

Transtorno Por Estresse Agudo: caracteriza-se por sintomas parecidos com o transtorno por estresse pós-traumático que aparecem imediatamente depois de um acontecimento altamente traumático.

Transtorno De Ansiedade Generalizada: caracteriza-se pela presença de ansiedade e preocupações excessivas e persistentes durante pelo menos seis meses.

Transtorno De Ansiedade Devido A Enfermidade Médica Geral: caracteriza-se por sintomas proeminentes de ansiedade que se consideram secundários a efeitos fisiológicos diretos de uma enfermidade subjacente.

Transtorno De Ansiedade Induzido Por Substâncias: caracteriza-se por sintomas proeminentes de ansiedade secundários aos efeitos fisiológicos diretos de uma droga, fármaco ou tóxico.

Entre as diversas emoções com respostas fisiológicas importantes devemos destacar a ansiedade e a raiva.

A maioria das pessoas com estilo repressivo de enfrentamento de suas emoções negativas não costuma ter consciência de sua alta ativação fisiológica e, inclusive, podem referir-se a si mesmos como pessoas relaxadas, calmas e tranqüilas.
Na realidade não são bem assim.

Deve ser destacado que as emoções são reações naturais, universais, que têm uma finalidade adaptativa mas, não obstante, quando demasiadamente intensas e/ou freqüentes, essas mesmas reações podem provocar alterações patológicas na saúde.

Se essas emoções não podem ser relacionadas diretamente ao desenvolvimento de doenças, no mínimo elas provocam uma alteração no nível e qualidade de vida que favorecem o desenvolvimento patológico.

A ansiedade, a tristeza e a raiva, quando em níveis demasiadamente intensos, ou freqüentes, quando se mantêm por um tempo longo, tendem a determinar mudanças na conduta, ao ponto de determinar atitudes não sadias, como por exemplo, o consumo de fumo, álcool, sedentarismo, apatia, falta de exercícios, transtornos alimentares, etc.

Hoje, a ciência, em seus diversos aspectos, tem se interessado em ajudar pessoas a diminuir sua ativação fisiológica, a reduzir o mal estar psicológico e a facilitar uma expressão emocional mais sadia.
Com isso pretende-se melhorar a qualidade de vida e a saúde das pessoas.

Lauro Gimenes.

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