Assassinos em série mataram ou torturaram animais, quando crianças.
Esta conclusão foi o resultado da análise da história de vida desses criminosos, realizada nos Estados Unidos pelo Federal Bureau of Investigation (FBI, a polícia federal norte-americana), na década de 1970.
Pela primeira vez, a relação entre crueldade contra animais e crueldade contra pessoas foi reconhecida no país.
Hoje considerada como sinal de distúrbios psiquiátricos, a crueldade animal virou tema de livro para adolescentes.
Publicado em julho de 2001, pela HSUS (sigla para Sociedade Humanitária dos Estados Unidos), uma das maiores organizações de proteção animal do mundo, Understanding Animal Cruelty (Entendendo a crueldade contra o animal) está disponível no website da entidade.
A publicação, dirigida também a professores, examina conceitos e causas associadas ao problema, leis sobre maus-tratos de animais e a relação entre esse tipo de crueldade e a violência doméstica.
Há ainda questões que incentivam o pensamento crítico e sugestões de atividades a serem desenvolvidas pelo próprio leitor.
Um estudo nacional sobre o perfil dos casos de crueldade animal nos Estados Unidos, conduzido pela HSUS, em 2000, descobriu que 94% da crueldade animal intencional foi cometida por homens; 31% dos responsáveis tinham 18 anos ou menos.
"Agressores sexuais juvenis e suas experiências com pets", um estudo desenvolvido pelo Departamento de Psicologia da Universidade de Erlangen, na Alemanha, também demonstrou a conexão entre violência contra animais e violência contra o homem.
O trabalho foi apresentado durante a 9ª Conferência Internacional sobre as Interações Homem Animal, em setembro, no Rio de Janeiro, e deve ser publicado até o final do ano.
Quem Maltrata Animais Maltratara os Homens
Barnard (2000) refere haver várias razões psicológicas para a perpetuação do abuso: falha da inibição (crianças que não conseguem controlar seus impulsos agressivos contra animais, freqüentemente crescem e tornam-se adultos que têm dificuldade em inibir esses impulsos contra pessoas; tipicamente, ou seus pais falharam ao tentar controlar o comportamento agressivo ou realmente foram incentivados nesse comportamento com recompensas.
Agressividade não é usualmente devido ao sadismo, pois pode-se ter um impulso agressivo, o problema é a deficiência em interromper a progressão da ação desse impulso.
O autor refere aqui participantes de rinhas de galo e de brigas de cães, e a maioria dos pesquisadores que utilizam animais, pois seus valores foram desenvolvidos em uma cultura cuja ciência não reconhece o sofrimento, e nutrem defesas contra o reconhecimento do sofrimento de seres sencientes não-humanos.
O autor postula que, se fosse apenas sadismo, uma grande mudança de personalidade deveria ocorrer para que reconhecessem a crueldade de seus atos, mas aprendendo sobre as conseqüências de suas ações muitos foram levados à diminuição dos seus impulsos agressivos); racionalização (o autor cita que há uma forte tendência em defender o que é habitual, e racionalizar permite encontrar razões para explicar as ações.
Nessa instância, dissecações são racionalizadas como uma simples e permitida experiência escolar.
A racionalização piora quando há fatores econômicos envolvidos); animais como lembranças da fase infantil (crianças naturalmente reconhecem os fatores comuns entre diferentes espécies, sentem um vínculo com animais, e incorporam esse vínculo as suas brincadeiras e histórias.
Quando crescem, as crianças tendem a deixar as relíquias da infância para trás.
Portanto, associações com animais podem trazer desconforto principalmente aos homens, pois se preocupar e cuidar do sofrimento de animais pode trazer de volta a infância que ele está tentando esquecer.
Algumas pessoas usam perversamente a imagem de animais ou as envolvem em suas atividades cruéis como parte de sua luta no reconhecimento da fase adulta - como significado de masculinidade.
O autor reconhece que, felizmente, as pessoas aprendem sobre as complexidades dos não-humanos e seus papéis no desenvolvimento no mesmo plano que o delas, e uma apreciação das outras formas de vida rapidamente torna-se uma marca de sofisticação e não de infantilidade); dominação e estratégias entrelaçadas (machos humanos também são preocupados com a exibição de força que indique sua adequação genética.
O jogo da dominação é importante na caça e especialmente em rodeios, onde virtualmente cada uma das modalidades envolve arremessar animais ao chão, amarrando-os, e imobilizando-os.
Essas exibições de dominância são intencionais, talvez inconscientemente, para impressionarem as fêmeas e competir com os outros machos); protelando a autoridade (muitas pessoas assumem que doutores e cientistas possuem conhecimento, e julgamento moral, superiores à média humana); fantasias sobre animais (as pessoas projetam seus impulsos agressivos sobre os animais.
Felinos são geralmente vistos como furtivos ou indiferentes, provavelmente por causa de seus músculos faciais que não permitem tantas expressões como cães e primatas.
O autor sugere não ser um sentimento óbvio, e para as pessoas para quem hostilidade é o maior problema tendem a imaginar esse sentimento refletido nos gatos, ou a projetarem seus impulsos agressivos sobre eles.
Pessoas que torturam animais vitimizam gatos muito mais freqüentemente do que cães.
E porque há uma associação entre felinos e mulheres, homens que são violentos contra mulheres geralmente abusam de gatos também.
Fantasias negativas sobre animais tendem a exagerar características relevantes e a conduzir ações contra eles); pensando em apenas duas categorias (crianças tendem a categorizar o mundo em termos de extremos como bom vs. mau; nós vs. eles; claro vs. escuro; preto vs. branco.
Uma maior maturidade é necessária para perceber as tonalidades de cinza.
Pensamentos nós vs. eles podem ter continuidade na fase adulta - o que pode ser explorado por políticos e diretores de cinema.
Diferenças entre homens e animais podem parecer oprimir similaridades e confina-os em uma categoria distinta da humana.
Esse tipo de pensamento leva ao preconceito, mesmo que moralmente relevante, como base de decisões éticas).
Na infância ocorre um desenvolvimento da capacidade de agir sobre um impulso antes do desenvolvimento da capacidade de inibir ou modular essa ação.
Nós renunciamos ao canibalismo, humanos escravos foram libertados, e depois de tudo pelo qual a humanidade passou e depois de tudo o que realizou, espancar a esposa e maltratar animais é inaceitável.
A humanidade, como animais, está apenas emergindo da fase de balbuciar e destruir, e um dia olhará para trás com embaraço e vergonha do sofrimento que causou por tão longo tempo (BARNARD, 2000).
Com a negligência no que se refere à sensibilidade dos animais anda-se meio caminho até a indiferença a quanto se faça a seres humanos (Ementário 1902 do STF - 03/06/97) (FALABICHO, 2001)
Existe uma relação entre crueldade com seres humanos e com animais?
Muitos assassinos em série começaram matando animais.
Pesquisas norte-americanas mostram que a crueldade animal pode ser sintoma de uma mente doentia.
Em 1998, Russell Weston entrou no Capitólio, puxou uma arma e começou a atirar ao redor.
Quando terminou, dois policias estavam mortos e um visitante ferido.
Poucas horas antes, Weston já havia atirado numa dúzia de gatos de rua alimentados por seu pai.
Ally Walker, estrela da televisão norte-americana, tem certeza de que os dois acontecimentos estão relacionados e que Russel não é um caso isolado.
Em um documentário na TV, ela procura esclarecer que a violência contra animais muitas vezes antecede a violência contra pessoas.
"Segundo dados do FBI, 80% dos assassinos começaram torturando animais", afirma Ally.
Relacionamos abaixo o nome dos criminosos, os crimes que cometeram e a crueldade anterior aos animais:
Albert de Salvo (O Estrangulador de Boston):
Assassinou 13 mulheres.
Na juventude prendia cães e gatos em jaulas para depois atirar flechas neles.
Brenda Spencer
Uma colegial que matou duas crianças nos EUA.
Costumava se divertir ateando fogo na cauda de cães e gatos e ninguém deu muita importância a isto.
David R. Davis
Assassinou a esposa para receber o seguro.
Matou dois poneys, jogava garrafas em gatinhos, caçava com métodos ilegais.
Edward Kemperer
Matou os avós, a mãe e sete mulheres.
Cortou dois gatos em pedacinhos.
Henry L. Lucas
Matou a mãe, a companheira e um grande número de pessoas.
Matava animais e fazia sexo com os cadáveres.
Jack Bassenti
Estuprou e matou três mulheres.
Quando sua cadela deu cria enterrou os filhotes vivos.
Jeffrey Dahmer
Matou dezessete homens.
Empalava sapos quando crianças e matava animais deliberadamente com seu carro.
Johnny Rieken
Assassino de Christina Nytsch e Ulrike Everts.
Matava cães, gatos e outros animais quando tinha 11 ou 12 anos.
Luke Woodham
Aos 16 anos esfaqueou a mãe e matou a tiros duas adolescentes.
Incendiou seu próprio cachorro despejando um líquido inflamável na garganta e pondo fogo por fora e por dentro ao mesmo tempo.
"No sábado da semana passada, cometi meu primeiro assassinato.
A vítima foi minha querida cachorra Sparkle.
Nunca vou esquecer o uivo que ela deu.
Pereceu algo quase humano.
Então nós rimos e batemos mais nela".
Esta frase foi extraída do diário de Luke Woodham.
Michael Cartier
Matou Kristen Lardner com três tiros na cabeça.
Aos quatro anos de idade puxou as pernas de um coelho até saírem da articulação e jogou um gatinho através de uma janela fechada.
Peter Kurten (O Monstro de Düsseldorf)
Matou ou tentou matar mais de 50 homens, mulheres e crianças.
Torturava cães e fazia sexo com eles, enquanto os matava.
Randy Roth
Matou duas esposas e tentou matar a terceira.
Passou um esmeril elétrico em um sapo e amarrou um gato ao motor de um carro.
Richard A. Davis
Assassinou uma criança de doze anos.
Incendiava gatos.
Richard Speck
Matou oito mulheres.
Jogava pássaros dentro do elevador.
Richard W. Leonard
Matava com arco e flecha ou degolando.
Quando criança a avó o forçava a matar e mutilar gatos com sua cria.
Theodore R. Bundy:
Matou 33 mulheres.
Presenciava o avô sendo cruel com os animais.
Entretanto, mais assustadores ainda são os recentes tiroteios em diversos colégios dos Estados Unidos.
Todos eles têm algo em comum: os adolescentes criminosos já se haviam destacado anteriormente por atos de violência contra animais.
Encarregados da Proteção aos Animais estão cientes desta tendência.
Em São Francisco os funcionários já são orientados para reconhecerem o abuso infantil baseado na sua relação com o abuso animal.
Segundo dados da Comissão de Combate ao Abuso Infantil, os moradores da cidade muitas vezes denunciam com maior rapidez o abuso contra animais porque são visíveis.
Segundo Ally Walker, "o abuso contra animais é um crime a ser levado a sério com conseqüências graves para todos".
Em seu papel de apresentadora de TV a atriz espera ajudar a chamar a atenção da população para sinais precoces de comportamento assassino e, desta forma, salvar vidas — de animais e de pessoas.
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