segunda-feira, 14 de junho de 2010

A espiritualidade punitiva



A espiritualidade é a própria manifestação de uma consciência mais ampla, que se dá através de uma conexão simples, direta e, principalmente, natural.
Essa conexão acontece pelo canal do coração (sentimento) e da mente (intenção).


Na atualidade, as pessoas buscam uma espiritualidade leve, sem muitas regras ou premissas engessadas e deterministas.
Ninguém agüenta mais os termos: pecado, blasfêmia, confissão, castigo, sofrimento, salvação, vida eterna, culpa, extrema unção, etc.

Não estou aqui dizendo que os erros não aconteçam e, principalmente, que a busca de evolução não seja necessário.
Ao contrário, escrevo sempre com o objetivo principal de mostrar meios para ajudar as pessoas evoluírem, transformando seus erros em crescimento pessoal.
Mas quero lembrar que a espiritualidade punitiva está totalmente fora de moda.
Que tremenda injustiça dizer que Deus castiga, vendo toda a grandeza do universo e a Lei do Livre Arbítrio que nos dá tanta liberdade.
A lei do karma como exemplo: justa, reta e precisa como um bom relógio suíço.

Certa vez, fui a uma ótima livraria no interior do estado do Rio Grande do Sul.
Surpreendi-me pela grande variedade de livros de espiritualidade, auto-ajuda, entre outros que tanto aprecio.
Quando estava saindo, vi um pequeno livro que me chamou a atenção por um motivo que na hora eu não conseguia entender.

Então, fui na direção daquele livro, podendo ler perfeitamente o que estava escrito na capa.
Surpreendi-me com o título, que por uma questão de respeito não vou revelar.
Posso dizer que a mensagem principal do livro era determinar quais coisas as pessoas seguidoras daquela religião (tão cheia de adeptos aqui no Brasil) não deveriam fazer, impondo de forma determinista.

Eu fiquei estarrecido, pensei: como pode?
Determinar impositivamente não faça isso, não faça aquilo, etc.
O pior é que os argumentos eram baseados em citações da Bíblia, que foram interpretados de maneira tão distorcida, que cheguei a repudiar aquele livro.
Mas pensei: não vou parar de ler, vou mais adiante, acreditando que iria ficar mais interessante.

Foi, então, que insisti em procurar sobre dicas que pudessem estimular os leitores a analisar todas as coisas de maneira mais amorosa.
Na verdade, eu queria encontrar naquele livro coisas que não encontrei.
Eu não podia acreditar que alguém fizesse uma obra daquelas - sinceramente fiquei triste.

Até respeito o fato de que a idéia do livro fosse alertar o seu leitor sobre os perigos de algumas práticas que não fossem condizentes a tal religião, mas daí até determinar com tanta arrogância o que cada ser deveria fazer...
O que eu gostaria de ter visto naquele livro, na verdade, é que seu alerta fosse dado, mas que recomendasse seu leitor a meditar sobre cada ato, a questionar de coração e a ouvir a voz da intuição.
Mas, pelo visto, neste tipo de espiritualidade punitiva, a intuição não tem vez.

Por isso pergunto:
Que caminhos espirituais são esses que não deixam as pessoas se guiarem pelos seus lemes interiores, que são seus corações e intuições?
Que espiritualidade é essa que não respeita o livre arbítrio de cada pessoa e que usa o determinismo como forma de controle?


Vejo com bons olhos as religiões que transferem para cada próprio ser as responsabilidades de crescer, evoluir, ser feliz ou ser triste, alertado sobre as inferioridades e atitudes negativas, no entanto permitindo tomar suas decisões.
Por esse motivo é que estamos vendo um movimento anti-religião que assusta aos interessados em mantê-las, e por que será?

As igrejas mais tradicionais do ocidente estão experimentando uma evasão de fiéis muito grandes.
Isso tudo acontecendo porque as pessoas estão como nunca sentindo que essa liberdade de expressão conquistada é muito positiva no que se refere à espiritualidade, e isso é ótimo se a pessoa quiser evoluir e buscar Deus com leveza.

Não estou tripudiando as religiões, tampouco as ridicularizando.
Estou alertando para a necessidade de buscarmos a espiritualidade, sim, a todo tempo e intensamente.
No entanto, sempre estimulando que essa busca aconteça de forma livre, universalista, leve e natural.

Bruno J. Gimenes


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Reflexão
Brian L. Weis.

(...) A Felicidade se baseia na simplicidade.
A tendência para o excesso em pensamento e ação a diminui.
O excesso obscurece os valores básicos.
As pessoas religiosas nos dizem que a felicidade está em encher o próprio coração de amor, em ter fé e esperança, em ser generoso.
Estas atitudes levarão ao equilíbrio e harmonia, constituindo-se num modo novo de ser.
É como se a humanidade não estivesse no seu estado natural, enquanto vive na Terra.
É preciso alcançar um estado novo para se encher de amor, caridade e simplicidade, para sentir a pureza, para se livrar do medo crônico.

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(...) Intelectualmente as respostas são claras, mas a chave da questão está em atualizá-las pela experiência e tornar a marca subconsciente permanente através da pátria e da emocionalização do conceito.
Decorar o que se aprende na igreja não basta.
Falar sem agir não tem valor.
É preciso ler ou falar sobre amor, caridade e fé.
Mas fazer, sentir requer um estado novo de consciência, e ele só se mantém pelo comportamento físico, pelos atos e ações, pela prática.
É pegar algo quase místico e transformá-lo em algo familiar e cotidiano e através da prática, torná-lo um hábito.

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(...) É como que cada pessoa neste planeta fosse um grande diamante.
Imagine um grande diamante de 30 centímetros e mil facetas, cobertas por pó e breu.
Limpar cada uma delas é tarefa da alma, até que a superfície brilhe e possa refletir um arco-íris.
Agora, uns limparam várias delas e estão brilhando, outros, somente algumas, então não brilham tanto.
Mas sob a poeira, cada ser humano é uma centelha Divina, este diamante com centenas de facetas cintilantes.
O diamante é perfeito, sem falhas.
A única diferença entre as pessoas é o número de facetas limpas, mas cada diamante é o mesmo e todos perfeitos.
Quando todas as facetas estiverem limpas e brilhando num espectro luminoso, o diamante voltará à energia pura de onde se originou.
A luz permanece.
É como se o processo de produzir um diamante se invertesse, libera toda pressão.
A energia pura existe no arco-íris das luzes e estas possuem consciência e conhecimento e todos os diamantes são perfeitos...


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(...) Ninguém é diferente e maior que ninguém.
Devemos sentir isto.
Remamos todos no mesmo barco.
Se não nos esforçarmos juntos, ficaremos muito sozinhos.



Brian. Weiss
Pesquisador, Médico Psiquiatra e Neurologista formado pela Columbia University

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