quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ayahuasca



Ayahuasca sendo preparada na Região do Napo no Equador.

Ayahuasca, nome quíchua de origem inca, refere-se a uma bebida ritual produzida a partir da decocção de duas plantas nativas da floresta amazônica: o cipó Banisteriopsis caapi (caapi ou douradinho), que serve como IMAO e folhas do arbusto Psychotria viridis (chacrona) que contém o princípio ativo dimetiltriptamina.

É também conhecida por yagé, caapi, nixi honi xuma, hoasca, vegetal, Santo Daime, kahi, natema, pindé, dápa, mihi, vinho da alma, professor dos professores, pequena morte, entre outros.

O nome mais conhecido, ayahuasca, significa "liana (cipó) dos espíritos".

Utilizada pelos incas e também por pelo menos setenta e duas tribos indígenas diferentes da Amazônia.

É utilizada em paises como Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Brasil.

Seu uso se expandiu pela América do Sul e outras partes do mundo com o crescimento de movimentos religiosos organizados, sendo os mais significativos o Santo Daime, A Barquinha, Natureza Divina e a União do Vegetal, além de dissidências destas e grupos (núcleos ou igrejas) independentes que o consagram em seus rituais.




Preparo
Os métodos de preparo variam conforme a tradição de cada local e da ocasião em que o consumo se dá.

De qualquer maneira, o processo é longo e leva quase um dia para o preparo...

No Santo Daime, em seu preparo há reuniões de consagração da mesma, onde são socados o cipó caapi (Banisteriopsis caapi) pelos homens, e são limpas e escolhidas as folhas da chacrona ou rainha (Psychotria viridis) pelas mulheres.

Podem-se acrescentar outras plantas conforme a tradição do feitor da ayahuasca.

As religiões ayahuasqueiras do Brasil usam somente Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis nos preparos.

Efeitos
Segundo algumas correntes de defensores do seu uso religioso e ritualístico, a ayahuasca não é um alucinógeno.

Seus defensores preferem utilizar o termo enteógeno (gr. en- = dentro/interno, -theo- = deus/divindade, -genos = gerador), ou "gerador da divindade interna" uma vez que seu uso se dá em contextos ritualísticos específicos.

Para seus críticos, contudo, a opção sócio-cultural do usuário ou a tolerância religiosa de alguns países ao seu princípio ativo, o DMT, não altera sua classificação, uma vez que o objetivo continua sendo o de induzir visões pessoais e estados alterados por meio da ingestão de uma substância.

Segundo os relatos dos usuários, a ayahuasca produz uma ampliação da percepção que faz com que se veja nitidamente a imaginação e acesse níveis psíquicos subconscientes e outras percepções da realidade, estando sempre consciente do que acontece — as chamadas mirações.

Os adeptos consideram esse estado como supramental "desalucinado" e de "hiperlucidez".

Num contexto religioso, tais fenômenos são atribuidos à clarividência, projeção da consciência, acesso a registros etéricos (arquivos akáshicos) ou contatos espirituais. Noutras experiências, dependendo da formulação de cada grupo e tolerância particular, o estado alterado se dá pelas visões interiores próximas de um estado meditativo, em que o usuário consegue distinguir tais "mirações" pessoais da "realidade exterior".

Cientificamente, a propriedade psicoativa da ayahuasca se deve à presença, nas folhas da chacrona, de uma substância alucinogéna denominada N,N-dimetiltriptamina (DMT), produzido naturalmente (em doses menores) no organismo humano, Rick Strassman especulou que a Glândula pineal seja o seu produtor no corpo humano, contudo, não existem estudos clínicos que o comprovem de fato .

O DMT é metabolizado pelo organismo por meio da enzima monoamina oxidase (MAO), e não tem efeitos psicoativos quando administrado por via oral.

No entanto, o caapi possui alcalóides capazes de inibir os efeitos da MAO: harmina, tetraidroarmina e harmalina, principalmente.

Desse modo, o DMT fica ativo quando administrado por via oral e tem sua ação prolongada.

A ayahuasca provoca alteração da consciência sem causar danos físicos.

Muitos consumidores atribuem à substância propriedades curativas, como reativar órgãos danificados e melhoras em quadros de dependência química, por exemplo.

De fato, não há dependência física conhecida, ainda que a necessidade intrínseca do uso da planta em todos os ritos para se atingir estados alterados seja visto por alguns como manifestação de uma dependência psíquica bastante estimulada pelo contexto religioso e social.

Existe também um estudo, realizado com desenho duplo-cego controlado com placebo, que demonstrou que a ayahuasca, administrada de forma aguda para consumidores com larga experiência com a bebida, reduz sinais relacionados ao pânico, diminui a desesperança e não altera os sinais relacionados com a ansiedade.



Xamã urarina, 1988

Caráter religioso e sintomatologia
Está associado a práticas religiosas e parece ser utilizada por tribos indígenas da Amazônia há séculos.
As seitas religiosas e espiritualistas mais conhecidas no Brasil cujos rituais envolvem o consumo do ayahuasca são a União do Vegetal (CEBUDV), Santo Daime (vertentes do Mestre Irineu o Alto Santo), A Barquinha e Irmandade Natureza Divina, além de núcleos e igrejas dissidentes e outros grupos independentes.

Segundo linhas tradicionais de uso, a ingestão dessa bebida pode provocar a absorção do "Espírito da Planta".

Usuários relatam, dentre outras sensações, ter os sentidos expandidos, os processos mentais e as emoções tornarem-se mais profundos.

A experiência vivenciada pode mover-se em muitas dimensões: "o vôo da alma", uma sensação de partida do espírito do corpo físico e sensação de flutuar, etc.

A experiência pode em algum ponto revelar visões notáveis, insights, produzir catarses e conseqüentes experiências de renovação e de renascimento; visões arquetípicas, de animais, de espíritos elementais, de cenas de vidas passadas, de divindades etc.

Abre-se o portal para outras formas de realidade.

Nem todos recebem visões na primeira vez que experimentam.

O trabalho com ayahuasca é um processo que exige exame, dedicação, disciplina, perseverança e tempo para um benefício mais completo.

Às vezes são necessárias várias sessões para se conseguir uma experiência válida.

Uma vez iniciado o processo da renovação e transformação, estas continuam.

O grande passo no trabalho com a ayahuasca é a assimilação dos ensinamentos espirituais e a prática na vida diária.

À ayahuasca atribui-se a cura de males físicos, psicológicos, mentais e espirituais.

Há estudos científicos preliminares sobre aplicações médicas e psicoterapêuticas, contudo não conclusivas.

No Peru os xamãs evocam guardiães, protetores espirituais. Evocam carcanas (escudos protetores) por meio de cânticos de poder (ícaros), fumo de tabaco, uma poção de limpeza (vomitiva), camalonga, e algumas águas perfumadas (água de Florida, flores de Kananga) que atraem os espíritos.

A jornada com ayahuasca leva à exploração tanto deste mundo ordinário como de mundos paralelos, que estão além de nossa percepção corrente.

Podem ocorrer sensações de liberação dos limites normais de espaço-tempo.

Legalidade
Após 18 anos de estudos, o CONAD (Conselho Nacional Antidrogas) do Brasil, retirou a ayahuasca da lista de drogas alucinógenas e dispôs a regulamentação de seu uso para fins religiosos.

A Suprema Corte dos EUA decidiu (em 20/02/2006) que o governo estadunidense não pode impedir a filial da União do Vegetal no Estado do Novo México de utilizar o chá ayahuasca em seus rituais religiosos.

O veredicto atesta que o grupo religioso está protegido pelo Religious Freedom Restoration Act, aprovado pelo congresso em 1993, e que foi peça jurídica fundamental no processo que legalizou o uso ritual do cacto peiote (cujo princípio ativo é a mescalina) pela Native American Church — congregação que reúne descendentes de algumas etnias indígenas norte-americanas.

A ONU emitiu um parecer favorável recomendando a flexibilização das leis em todos os países do mundo no que se refere à ayahuasca.

Riscos para a saúde

Não há dados científicos que indiquem riscos em relação à saúde física.

Há, contudo, constantes relatos de vômitos e sudorese em alto percentual dos que a experimentam, o que sugere tentativas do corpo em expelir a substância.

O uso contínuo, entretanto, parece favorecer uma tolerância química ao princípio ativo e conseqüente diminuição da intensidade dos sintomas.

Em alguns casos, a ingestão pode levar a sensação de medo e perda do controle, levando a reações de pânico.

Na maior parte das vezes tais reações passam junto com o efeito da bebida, sem necessidade de atendimento médico, não existe o risco de desencadear nenhum tipo de quadro de síndrome de pânico.

O consumo da bebida pode também desencadear quadros psicóticos em pessoas predispostas a essas doenças, ou desencadear novas crises em indivíduos portadores de doenças psiquiátricas tais como transtorno bipolar e esquizofrenia.

Pessoas com transtorno bipolar (antiga psicose maníaco-depressiva) devem merecer atenção especial. Os alcalóides inibidores de monoamina oxidase presentes na bebida, como a harmina e harmalina, têm efeito análogo a alguns antidepressivos, como a moclobemida (Aurorix®).

Importante observar que antidepressivos, sejam inibidores de monoamino oxidase, inibidores seletivos de recaptação de serotonina ou ainda de outras classes são associados a maior risco de episódios de mania nos casos de transtorno bipolar.

Há significativo risco de surtos psicóticos em indivíduos com predisposição genética. Pode ainda ocorrer persecutoriedade, fuga da realidade e alienação.

Interações com medicamentos
Recomenda-se administrar com cuidado a pessoas que estejam tomando antidepressivos, de qualquer classe.
Talvez o maior perigo na interação de antidepressivos com ayahuasca seja a ocorrência de um quadro de síndrome serotoninérgica ainda que num grau leve a moderado.

Pode haver interação também com anti-histamínicos.Calmantes, como benzodiazepínicos, podem potencializar os efeitos da ayahuasca.

Durante o efeito, o usuário pode vomitar com frequência.








Las Puertas de la Percepcion - Ayahuasca - Parte 1 de 6





Las Puertas de la Percepcion - Ayahuasca - Parte 2 de 6





Las Puertas de la Percepcion - Ayahuasca - Parte 3 de 6




Las Puertas de la Percepcion - Ayahuasca - Parte 4 de 6




Las Puertas de la Percepcion - Ayahuasca - Parte 5 de 6





Las Puertas de la Percepcion - Ayahuasca - Parte 6 de 6









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